I Congresso Internacional de Neuropsicol
I Congresso Internacional de Neuropsicol
ISSN 1980-5764
Dementia
Neuropsychologia
OFFICIAL JOURNAL OF THE COGNITIVE NEUROLOGY AND AGEING DEPARTMENT OF THE BRAZILIAN ACADEMY OF NEUROLOGY AND OF THE BRAZILIAN ASSOCIATION OF GERIATRIC NEUROPSYCHIATRY
Editor
Ricardo Nitrini
University of São Paulo, São Paulo, Brazil
Associate Editors
Letícia Lessa Mansur Sonia Maria Dozzi Brucki
University of São Paulo, São Paulo, Brazil Federal University of São Paulo, São Paulo, Brazil
Indexed in: LILACS (Literature on the Health Sciences in Latin America and
the Caribbean), Scopus, PsycINFO (American Psychological Association).
Full texts available electronically at:
www.demneuropsy.com.br and www.abneuro.org
Copydesk
Área Visual Comunicação Gráfica Ltda
Fones: (11) 5573-7929 / 5575-8515
www.areavisual.com.br - E-mail: [email protected]
Comissão Científica
índice
Presidente
Prof. Dr. Leonardo Caixeta (UFG-CNPq)
Conferências..............................................1
Componentes
Conferências
NEUROPSICOLOGIA E DEUS: BUSCANDO A litation of people with brain injury is now seen as a par-
ALMA NO CÉREBRO tnership between survivors of brain injury, their families
Caixeta, L (UFG); Peleja, AC (Setor de Neuropsicolo- and professional staff who negotiate and select meaningful
gia Médica do Instituto da Memória e Comportamen- goals to be achieved1. It is now accepted that rehabilita-
to); Barros, N (Setor de Neuropsicologia Médica do tion should begin in intensive care. There is a widespre-
Instituto da Memória e Comportamento) ad recognition that cognition, emotion and psychosocial
A sede da alma tem sido um conceito ardiloso para fi- functioning are interlinked and all should be targeted in
lósofos, acadêmicos e leigos ao longo dos séculos. Em um rehabilitation. This is the basis of the holistic approach2.
esforço para revelar muitos das origens históricas deste There is increasing use of technology to compensate for
debate, nos propomos a revisar uma série das principais cognitive deficits3; there is a greater understanding that
personalidades históricas e as suas idéias sobre a localiza- rehabilitation needs to draw on a number of theories, mo-
ção da sede da alma. Para isto, foram pesquisados perío- dels and frameworks to address the many and complex
dos dos antigos egípcios, gregos e romanos, o começo da consequences of brain injury4; and a realisation that good
era medieval e o final da era cristã, bem como o renasci- evaluation of rehabilitation involves more than randomi-
mento, o iluminismo e os períodos modernos, para deter- sed control trials5,6. The presentation will describe what
minar as idéias mais recorrentes em relação à natureza e à the author considers to be ten of the most important de-
localização da alma. Descrevemos as mais representativas velopments in neuropsychological rehabilitation over the
idéias filosóficas, teológicas e científicas dos ocidentais so- past five years, in order of mounting importance. Many
bre a natureza e a localização da alma, dos egípcios até a potential topics were considered and omitted, not because
contemporaneidade, bem como tentamos determinar os they are not important but because they were just outside
principais temas que têm estruturado a história do de- what the author believes to be the “top ten” to be consi-
senvolvimento do conceito de alma e as implicações desse dered within the limited time available. The topics which
conceito na teoria e na prática médica e neuropsicológica. nearly made the top ten include fatigue after brain injury,
Uma extensão lógica da discussão sobre a alma é o nível awareness issues, virtual reality, pharmacological studies,
permanente de investigação científica e filosófica da rela- and developments in cognitive behaviour therapy (CBT).
ção mente-cérebro. Na história do pensamento ocidental If this paper is repeated in five years time, these topics may
teológico, filosófico, científico e médico, existem dois con- well be included. Listeners may well disagree with the ten
ceitos de alma dominantes e, em muitos aspectos, incom- I have chosen and will probably disagree with the order
patíveis: um que entende a alma como espiritual e imortal, but, for better or worse, the ten I have chosen include
e outro que entende a alma como material e mortal. Em computational models; support for people with dementia;
ambos os casos, a alma tem sido descrita como estando si- new assessment procedures; new treatment strategies for
tuada em um determinado órgão ou estrutura anatômica cognitive, emotional and psychosocial problems; new the-
ou como pan-corpórea, que permeia todo o corpo e, em oretical models to improve our understanding of the con-
alguns casos, trans-humana e até mesmo pan-cósmica. sequences of brain injury; and recognition of the need to
find new ways to evaluate the efficacy of rehabilitation. The
final section of the talk considers possible future develop-
NEUROPSYCHOLOGICAL REHABILITATION: ments in rehabilitation, including stronger links with basic
WHAT IS NEW? neuroscience; better use of imaging procedures; collabo-
Wilson, BA (MRC Cognition and Brain Sciences Unit, ration with pharmaceutical companies; better evaluation
Cambridge. The Oliver Zangwill Centre for Neurop- of our programmes; and the need to educate researchers
sychological Rehabilitation, Ely) and practitioners as to the meaning of rehabilitation.
Neuropsychological rehabilitation is concerned with References: [1] Wilson BA, Evans JJ, Gracey F, Bateman A. Neu-
the amelioration of cognitive, emotional, psychosocial and ropsychological rehabilitation: theory, therapy and outcomes. Cambridge:
behavioural deficits caused by an insult to the brain. Major Cambridge University Press, 2009. [2] Ben-Yishay Y, Prigatano GP. Cogni-
changes have occurred over the past decade or so. Rehabi- tive remediation. In: Rosenthal M, Griffith ER, Bond MR, Miller JD (Eds).
1
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Rehabilitation of the adult and child with traumatic brain injury. 2nd Ed. of Aveiro); Pereira, A (University of Aveiro); Ama-
Philadelphia: FA Davis, 1990:393-409. [3] Wilson BA. Memory rehabilita- ral, V (University of Aveiro); Pereira, A (University
tion: integrating theory and practice New York; Guilford Press, 2009. [4] of Aveiro); Vasconcelos, G (University of Aveiro);
Gracey F, Evans JJ, Malley D. Capturing process and outcome in complex Nossa, P (University of Minho); Silvério, J (Univer-
rehabilitation interventions: A “Y” shaped model. Neuropsychological sity of Minho); Rodrigues, V (Faculty of Medicine,
rehabilitation 2009;19:867-890. [5] Malec JF. New methodologies for in- Coimbra); Cotrim, T (University of Lisbon); Domin-
tervention and outcome measurement (special issue) Neuropsychologi- gos, M (Hospital Júlio de Matos)
cal Rehabilitation 2009;19:785-806. [6] Perdices M, Tate RL. Single sub- Considerando a multiplicidade de funções que com-
ject designs as a tool for evidence-based practice: are they unrecognised preende o conceito de função executiva, recentemente têm
and undervalued? Neuropsychological Rehabilitation 2009;19:904-927. surgido na literatura estudos que salientam a importância
da avaliação das funções executivas em contexto laboral.
Neste sentido, o nosso estudo teve como principal obje-
NEUROPSICOLOGIA DAS FUNÇÕES EXECU- tivo compreender o impacto que o grau de deterioração
TIVAS das funções cognitivas executivas tem na capacidade para
Malloy-Diniz, LF (UFMG) o trabalho e de que modo a presença de diferenças indi-
As funções executivas (FEs) estão entre os processos viduais (ex.: sexo, idade, personalidade) poderão mediar
cognitivos mais complexos do nosso repertório compor- esta relação. Neste sentido, utilizou-se uma amostra cons-
tamental consistindo em um conjunto de processos men- tituída por 62 enfermeiros da região de saúde do centro de
tais que permitem o comportamento dirigido a metas. O Portugal (79% do sexo feminino), com idades compreen-
conceito de FEs engloba diversos domínios da cognição didas entre os 24 e 60 anos, que responderam ao índice de
como a memória operacional, planejamento e solução de capacidade para o trabalho, ao questionário de personali-
problemas, controle inibitório, fluência, abstração, auto- dade de Eysenck, ao teste de categorias de Halstead e à tor-
monitoramento, autorregulação, entre outros. O funcio- re de Hanoi. Os resultados sugerem que o funcionamento
namento das FEs estão geralmente relacionados aos cir- executivo e a capacidade para o trabalho se relacionam de
cuitos fronto-estriatais. O interesse pelo estudo das FEs modo significativo e o funcionamento executivo varia na
em condições normais e em patologias tem aumentado razão inversa com a idade. Por outro lado, das dimensões
significativamente nas últimas décadas, sendo que na base de personalidade estudadas, apenas o neuroticismo se
de dados da PUBMED realizando busca com o descritor correlacionou negativamente com o índice de capacidade
“executive functions” em abril de 2010 encontramos ao para o trabalho. Estes dados advertem para a importância
todo 3656 referências, das quais 875 (24%) foram publica- de desenvolver e implementar técnicas e estratégias pre-
dos nos últimos 12 meses. Dentre os principais aspectos de ventivas de promoção para a saúde, aplicadas ao contexto
interesse sobre as FEs estão a compreensão de seu substra- laboral, de modo a contribuir para uma melhor capaci-
to neurobiológico, desenvolvimento no ciclo vital, o com- dade para o trabalho, favorecendo um melhor bem-estar
prometimento de tais funções em transtornos mentais e a pessoal, social e profissional do trabalhador.
abordagem clínica no âmbito da avaliação e reabilitação. Palavras-chave: capacidade para o trabalho, funções
As FEs consistem em processos cognitivos diretamente re- cognitivas executivas, personalidade.
lacionados à adaptação do indivíduo ao contexto em que
está inserido. Em diversas patologias cerebrais, adquiridas
ou decorrentes de um desenvolvimento anormal do siste- PRINCÍPIOS DA NEUROPLASTICIDADE NA
ma nervoso, podem ser observadas disfunções executivas. REABILITAÇÃO DAS AFASIAS
Uma avaliação neuropsicológica bem fundamentada e Mendonça, LIZ (HC/FMUSP)
conduzida é uma ferramenta de extrema valia para a prá- Plasticidade neural é a capacidade do sistema nervoso
tica clínica nos diferentes campos da neurociência, poden- central de sofrer mudanças em resposta a demandas fun-
do identificar dificuldades nestas e em outras modalidades cionais e ambientais. A neuroplasticidade está presente
cognitivas e fundamentando os processos de intervenção. nas aquisições durante o desenvolvimento da criança e
do jovem, no aprendizado de novas experiências ao longo
da vida e após lesão cerebral. A neuroplasticidade envol-
CAPACIDADE PARA O TRABALHO E FUNÇÕES ve a expressão de genes, que precede a sinaptogênese, a
EXECUTIVAS: UM ESTUDO EMPÍRICO qual irá determinar a reorganização dos mapas corticais.
Silva, CF (University of Aveiro); Costa, J (University Após lesão cerebral, as mudanças na circuitaria cerebral
2
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
que ocorrem nas áreas perilesionais e à distância tentam ORIENTAÇÃO DE PAIS NA REDUÇão DE
compensar os efeitos do dano, conduzindo à recuperação COMPORTAMENTOS ANTIsSOCIAIS
espontânea. As técnicas de reabilitação podem utilizar os DUARTE, AMM (PUC-GO); SILVA, WLM (PUC-GO); FA-
princípios conhecidos da neuroplasticidade para ajudar a RIA, SF (PUC-GO)
guiar e otimizar a recuperação. Alguns princípios podem Os problemas de comportamento da criança são in-
ser transportados para a prática clínica, com os conheci- fluenciados por práticas educativas parentais (estratégias
mentos disponíveis: [1] Evitar o desuso e a perda da fun- de socialização usadas pelos pais) e essas estratégias estão
ção; [2] Repetir a tarefa para a consolidação das alterações diretamente relacionadas ao desenvolvimento da criança
plásticas; [3] O treino deve envolver aquisição de habili- (Alvarenga & Piccinini, 2001). Os pais são os agentes mais
dade. A terapia deve utilizar material complexo e variado efetivos para mudanças no comportamento infantil em seu
e enfatizar o carater proposicional da função no contexto ambiente natural (Melo & Silvares, 2003; Coelho & Murta,
comunicativo; [4] Os casos crônicos devem ser submeti- 2007). Quando os pais apresentam melhor repertório de
dos a terapia, bem como os pacientes idosos; [5] A neuro- habilidades sociais, os filhos apresentam maior frequên-
plasticidade depende da relevância da experiência. Man- cia de comportamentos adequados, e quando apresentam
ter a atenção e motivação do paciente é essencial. Outros repertório pobre dessas habilidades, os filhos também
princípios são controversos quando se pretende correla- apresentam déficits interpessoais e comportamentos de-
cioná-los à reabilitação dos distúrbios da fala e da lingua- sadaptativos (Pinheiro et al., 2006). Assim, em uma inter-
gem. O tempo de instalação da lesão e as características do venção familiar é fundamental capacitar os pais para que
paciente e da doença devem ser considerados para o início eles aprendam a manejar as contingências de práticas edu-
e intensidade da terapia. Existem dúvidas se a melhora da cativas positivas. Isto resulta em uma alteração ambiental
função se restringe ao aspecto treinado ou se ocorre gene- que se reflete em mudanças no comportamento dos filhos.
ralização. Os conhecimentos sobre a plasticidade cerebral (Weber, Brandenburg, & Salvador, 2006; Silvares, 2005).
derivam em grande parte das funções motora, sensitiva e A análise do comportamento tem como premissa básica
sensorial na pesquisa animal. Os movimentos necessários que o comportamento ocorre em função da interação
para atingir a inteligibilidade da fala são muito diferentes do indivíduo com o ambiente (Skinner, 2000). Skinner
dos realizados pelos membros. Apenas inferências podem (1953/1993) condena o uso de punição e alerta sobre os
ser feitas quanto à linguagem. efeitos negativos do uso de métodos coercitivos tanto em
quem é punido quanto naquele que pune. Sidman (1995)
lembra que pais que usam métodos coercitivos estão ensi-
JOGO PATOLÓGICO nando este modelo aos filhos que os imitarão. O presente
Rossini, D (HC/FMUSP); Fuentes, D (HC/FMUSP) estudo identifica comportamentos apropriados e inapro-
O jogo patológico é um transtorno do impulso, carac- priados em crianças pequenas e avalia os estilos e práticas
terizado pela dificuldade em frear o desejo exacerbado de parentais utilizadas. Uma intervenção terapêutica é utili-
jogar, envolvendo apostas, apesar da percepção de conse- zada na forma de orientação de pais que resulta em me-
quências negativas advindas da recorrência deste compor- lhora nos comportamentos das crianças.
tamento. Como a própria classificação indica, uma das
características psicopatológicas centrais é a exacerbação
de aspectos impulsivos, que é um conceito de difícil de- TEMPO E ESPAÇO EM NEUROPSICOLOGIA
finição e avaliação. Bastante embasados nos conhecimen- DAMASCENO, BP (UNICAMP)
tos neuropsiquiátricos associados à impulsividade, nesta A percepção do tempo e do espaço é levada a cabo por
conferência buscaremos explorar: [I] A caracterização de um sistema funcional, altamente complexo quanto à sua
achados de neuroimagem, do perfil neuropsicológico e de estrutura psicológica e organização cerebral. A desorien-
personalidade jogadores patológicos; [II] A modulação do tação quanto à data está associada ao envelhecimento,
comportamento de jogar, de comorbidades e de aspectos amnésia, demência e lesões cerebrais difusas ou múltiplas,
da impulsividade, incluindo a avaliação do perfil neuro- sendo estas lesões as únicas capazes de desintegrar o con-
psicológico, pré e pós tratamento. Apoiados nestas expla- ceito de tempo e avaliação quantitativa de durações. As
nações, os conferencistas buscarão levantar questões atre- regiões pré-frontais são cruciais para a organização tem-
ladas à avaliação e tratamento de jogadores patológicos e poral do comportamento. No sistema funcional envolvi-
populações clínicas psiquiátricas que indicam a impor- do na percepção do tempo distinguem-se dois principais
tância de se compreender a psicopatologia dos quadros de componentes interrelacionados: [1] zonas corticais senso-
forma ampla e multifatorial. perceptivas interconexas com regiões temporal-límbicas
3
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
e frontais ventro-mediais, para os processos temporais processos de auto-organização. Sendo o motivo dos es-
mais “elementares” (ritmos neuronais e biológicos, refle- tudos das neurociências e da psicologia, a busca da com-
xos condicionados ao tempo, e discriminação, codificação, preensão do comportamento e da atividade mental utiliza
sequenciação e registro de microintervalos); e [2] córtices contemporaneamente modelos conexionistas, de neuroci-
associativos terciários e suas conexões inter-hemisféricas, ência computacional e de redes neurais. No contexto do
críticas para o conceito de tempo e estimativa de durações SNC, redes neurais são abstrações simplificadas envolven-
A percepção do espaço resulta das sínteses simultâneas do um subset limitado de sinais de comunicação e uma
multisensoriais (visuais, vestibulares), principalmente em imagem diagramática de uma topologia tridimensional.
regiões associativas parietais posteriores e inferiores, tanto As conexões entre neurônios no SNC são muito mais
para o espaço físico como para o espaço simbólico. Estas complexas do que as implementadas nas arquiteturas de
regiões juntamente com os hipocampos são decisivas para redes em computação. Redes neuronais (redes neurais
a orientação geográfica e memória espacial. Lesões destas biológicas) apresentam regras de conectividade e funcio-
regiões resultam em desorientação geográfica, amnésia es- nais, e propriedades emergentes. Estas propriedades são
pacial e heminegligência visual para o espaço contralateral mais evidentemente expressas nas zonas de convergência,
à lesão. representadas por conjuntos neuronais dentro dos quais
muitos loops de alimentação (circuitos retroativos ou pro-
ativos) estabelecem conexões. Uma zona de convergência
REDES NEURONAIS DE LARGA ESCALA NO é semelhante a um ponto nodal de rede neural, porém
CÓRTEX CEREBRAL HUMANO representando a função integrada de grandes populações
Ragazzo, pc (ING) neuronais. Dentre as mais importantes questões estão os
Todo organismo vivo é o resultado de dois processos: possíveis mecanismos de ativação síncrona de redes neu-
um deles ontogenético e o outro, um processo evolucio- ronais (binding).Vários métodos são utilizados para o es-
nário de milhões de anos. A interação desses processos tudo de sincronia, ativação sequencial e coerência funcio-
ao longo da evolução, que levou de células primitivas a nal entre redes neuronais corticais: EEG, potenciais PET
animais com cérebros altamente evoluídos, dependeu de scanner, fMRI, near infra-red spectroscopy, e outros.
4
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
WORKSHOP
REHABILITATION OF MEMORY DEFICITS without a memory through environmental modifications
Wilson, BA (MRC Cognition and Brain Sciences Unit, [B] learn more efficiently (particularly through errorless
Cambridge. The Oliver Zangwill Centre for Neurop- learning strategies) and [C] compensate for their proble-
sychological Rehabilitation, Ely) ms through external memory aids. A memory aids resour-
This workshop begins with a discussion about the ce centre is described. The impact of memory impairment
common characteristics of people with memory deficits on emotions is considered. A summary of the main com-
resulting from brain injury followed by a description of ponents of a memory rehabilitation programme is provi-
a typical patient referred for memory rehabilitation. We ded. The overall conclusion is that rehabilitation can help
then address some general principles to help people with people to compensate for, bypass or reduce their everyday
memory deficits. These principles include ways of im- problems and thus survive more efficiently in their own
proving encoding, storage and retrieval. The next section most appropriate environments.
addresses more specific strategies to help people [A] cope
5
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
mesas-redondas
6
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
A doença de Alzheimer (DA) tem se tornado a de- sistematizada que possa a vir subsidiar programas de psi-
mência mais diagnosticada e temida no mundo. Progre- coeducação no contexto da reabilitação.
dimos na compreensão do desenvolvimento da doença na Palavras-chave: traumatismo cranioencefálico, reabi-
esperança de encontrar sua cura. Tentativas, disto foram litação, psicoeducação, interdisciplinaridade.
observadas na recente conferência da Associação Interna-
cional de DA (ICAD, 2010), onde foram apresentadas in-
vestigações promissoras em várias frentes, que poderiam ALTERAÇÕES COGNITIVAS NO PARKINSO-
levar a mudanças expressivas no diagnóstico e tratamen- NISMO
to farmacológico da DA. No entanto, a insuficiência de Carvalho, WL (HGG/PUC-GO)
investimentos para desenvolver pesquisas de tratamentos O termo parkinsonismo é definido como uma sín-
não farmacológicos, e a falta de formação de profissionais drome caracterizada por uma tétrade clássica de sinais
que atuem em equipes interdisciplinares, parecem ser o neurológicos que inclui bradiscinesia, tremor de repou-
maior obstáculo para a implementação de abordagens so, rigidez e instabilidade postural. Para o diagnóstico de
mais humanizadas que permitam o alívio aos sintomas parkinsonismo é essencial a presença de bradiscinesia as-
do paciente e proporcionem conforto ao sofrimento das sociada a pelo menos um dos outros três sinais clássicos.
pessoas que foram atingidas direta ou indiretamente com Parkinsonismo assim é uma síndrome, e não uma entida-
a doença. Na visão holística, a doença deve ser entendida de nosológica, podendo ter diversas causas, dentre elas a
em um contexto mais amplo do que o biológico, ou seja, doença de Parkinson (DP). Uma vez que cada doença que
como resultante da interação de múltiplos fatores, inclu- cursa com parkinsonismo apresenta aspectos peculiares e
sive sociais, políticos, culturais e ambientais. Diversos distintos, não apenas com relação ao aspecto motor, mas
pesquisadores já argumentaram a relevância de aborda- também nos seus aspectos não-motores, trataremos aqui
gens integradoras no atendimento de pacientes com de- especificamente das alterações cognitivas características
mência. Nesta apresentação será discutida a relevância do da DP. A descrição original da DP por James Parkinson,
modelo de reabilitação neuropsicológica de abordagem em 1817, enfatizava a presença de aspectos motores, em
holística, como alternativa para o tratamento de pacien- especial o tremor. Nos últimos anos, porém, há volumosa
tes com demência de Alzheimer, abordando os questiona- literatura que chama a atenção para a presença de mani-
mentos: quando e por que fazer a intervenção ? festações não-motoras em quase 100% dos pacientes, tais
como quadros psicóticos, demência, distúrbios autonô-
micos, distúrbios do sono, distúrbios comportamentais,
A IMPORTÂNCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NA sintomas dolorosos. Atualmente, a patogênese dos sinto-
REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM TRAU- mas não-motores na DP apóia-se na hipótese de Braak.
MATISMO CRANIOENCEFÁLICO Conforme os estudos deste autor, a DP teria início nas
Ferreira, RS (CRER); Garcia, ACF (CRER); Gervásio, porções caudais do tronco encefálico e núcleos olfató-
FM (CRER); Polia, AA (CRER); Medeiros, VM (CRER) rios, estendendo-se posteriormente à porção compacta da
A atuação de profissionais no campo da reabilitação substância negra do mesencéfalo e futuramente atingindo
de pessoas acometidas por traumatismo cranioencefálico o neocórtex, gerando neste estágio as alterações neurop-
(TCE) tem sido cada vez maior, sendo a ênfase não mais siquiátricas (transtornos do humor, distúrbios compor-
na patologia e sim nos recursos do paciente e de sua fa- tamentais, alterações cognitivas/demência, apatia). Toda
mília que contribuem no processo de integração e rein- esta teoria, porém, é ainda hipotética e, portanto alvo de
serção social. Este trabalho tem como objetivo apresentar críticas, discussões e controvérsias.
um relato de experiência profissional cuja meta é orientar Referências: [1] Lees AJ, Hardy J, Revesz T. Parkinson disease.
as famílias de pacientes com TCE internados para reabi- Lancet 2009;373(9680):2055-2066. [2] Braak H, Del Tredici K, Rub U,
litação. As famílias são orientadas sobre o diagnóstico, o Braak E. Stagin of brain pathology related to sporadic Parkinson’s dise-
prognóstico e os objetivos da reabilitação motora e cog- ase. Neurobiology Agin 2003;24(2):197-211. [3] Burke R. Evaluation of
nitiva, sendo destacada a intervenção interdisciplinar e a Braak stagin scheme for Parkinson’s disease: introduction to a panel pre-
importância da participação assertiva dos familiares no sentation. Mov Disord 2010;25(S1):S76-S77. [4] Kummer A, Teixeira AL.
processo de reabilitação do paciente com TCE. Observa-se Neuropsychiatry of Parkinson’s disease. Arq Neuropsiquiatr 2009;67:903-
que a transmissão adequada de informação contribui para 939. [5] Aarsland D, Marsh L, Schrag A. Neuropsychiatric synptoms in
o desenvolvimento de estratégias eficientes de enfrenta- Parkinson’s disease. Mov Disord 2009;24:2175-2186. [6] Goetz CG. New
mento do tratamento e nos cuidados dispensados pelos developments in depression, anxiety, compulsiveness and hallucinations
cuidadores ao paciente. Esta prática demanda investigação in Parkinson’s disease. Mov Dosord 2010;25(Suppl 1):S104-S109.
7
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
8
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
pode ser até mais incapacitante para o paciente do que as demonstrado claramente que os problemas mentais em
crises epilépticas, e a abordagem adequada destes distúr- crianças e adolescentes estão comuns em todo o mundo
bios pode favorecer positivamente o tratamento global da na atualidade, com repercussões negativas na vida fami-
epilepsia, com melhora significativa da qualidade de vida liar, escolar e social, geralmente persistindo por toda a
dos pacientes. vida desses indivíduos (Fleitlich & Goodman, 2000). Um
dos problemas mentais muito importante na atualida-
de é o Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
REABILITAÇÃO MOTORA NAS DEMÊNCIAS (TDAH), responsável por vários prejuízos médico-sociais,
Vieira, RT (UFG) especialmente dificuldades escolares. Nosso grupo de pes-
O objetivo da reabilitação motora na demência é res- quisa em neuropsiquiatria e neuropsicologia transcultural
taurar a independência funcional quando possível, faci- da UFG conduziu em 2010 um estudo neuropsicológico e
litando e aproveitando o máximo de capacidade residual neuropsiquiátrico transcultural em uma comunidade iso-
presente. Além de resultados na capacidade física, a reabi- lada de quilombolas conhecida como “Kalunga”, situada
litação também atua nos sintomas cognitivos e de humor, no nordeste de Goiás. Nos objetivamos avaliar a prevalên-
sendo uma alternativa para capacitar dementes e diminuir cia dos sinais e sintomas do TDAH em crianças e adoles-
a sobrecarga no cuidador. Várias modalidades terapêuticas centes desta comunidade. E o que se percebeu neste estudo,
mostram se como alternativas não-farmacológicas para foi que o déficit de atenção foi superior à média nacional.
atingir este objetivo, dentre elas, podemos citar: atividade
física, terapia multissensorial, treino de marcha com su-
porte parcial de peso, uso da estimulação elétrica nervosa TECNOLOGIA ASSISTIVA: UMA FERRAMENTA
transcutânea, massagem e terapia do toque, acupuntura e DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
outras intervenções mais modernas. A cinesioterapia é, de Avaliação neuropsicológica como auxílio
longe, a categoria com maior comprovação científica defi- Abrisqueta-Gomez, J (CHECK-UP DO CÉREBRO)
nida e com melhores resultados observados, atuando nas Um dos objetivos principais da reabilitação é permi-
alterações de humor, qualidade do sono, sintomas depres- tir que as pessoas com deficiência alcancem o máximo de
sivos, na oxigenação e fluxo sanguíneo cerebral, plastici- sua independência funcional. Na fase aguda das lesões ce-
dade neural, transmissão sináptica, melhorando ou retar- rebrais adquiridas (LEAs), geralmente são feitos esforços
dando a capacidade funcional e cognitiva; além de atuar para restaurar o funcionamento perdido do paciente, mas
na prevenção às demências. Não obstante, os pacientes se a restauração da função não ocorreu, e isto pode ser
com demência exibem níveis de atividade física, indepen- visto geralmente no período platô (em fase pós-aguda),
dente da gravidade da demência, similarmente a idosos a tendência dos terapeutas é ajustar seus objetivos à com-
saudáveis. Por último, os cuidadores e dementes podem se pensação da função, procurando sistemas alternativos que
envolver em um programa de reabilitação motora sendo facilitem a independência funcional do indivíduo. A tec-
relevantes e plausíveis para ambas as partes. nologia assistiva para a cognição pode ser entendida como
auxílios técnicos de compensação do funcionamento cog-
nitivo. O objetivo do apoio externo não radica no restabe-
TDAH, ETNIA E CULTURA lecimento das habilidades cognitivas, mas no desempenho
Carvalho, KCN (UFG) de comportamentos que dependem de funções cognitivas
Foi um assunto desafiador para vários dos mais in- deficientes. Portanto, a avaliação criteriosa e abrangente,
fluentes “alienistas” do século XIX a interface entre raça, considerando os diversos aspectos do contexto do usuá-
loucura e cultura. A idéia que a loucura seria rara entre rio se faz necessária para aumentar o nível de aderência
povos ditos “primitivos”, por exemplo, africanos, nativos ao uso do auxílio externo. Abordagens específicas como
americanos e certas populações orientais, foi defendida avaliação neuropsicológica (AN) são um auxílio na iden-
repetidamente por estudiosos proeminentes. Assim, mui- tificação das funções cognitivas remanescentes, inclusive
tos autores acreditaram que loucura tenderia a ficar mais porque enfatizam as estratégias ou processos que os pa-
prevalente conforme a civilização evoluísse. De acordo cientes utilizam ao desempenhar funções cognitivas com-
com tais estudiosos, a civilização tinha um efeito desfa- plexas e multifatoriais. Sendo assim, a AN aplicada para
vorável nas taxas de loucura porque ela exigiria um grau esta finalidade é vista através de uma perspectiva ecológica
mais alto de organização e produção mentais. Os estudos de “análise qualitativa” onde são descritos seletivamente os
epidemiológicos já realizados (Costelo et al., 2005; Melt- componentes incluídos na atividade e analisadas as condi-
zer et al., 2000; Giel et al., 1981; Almeida-Filho, 1981) têm ções neurodinâmicas necessárias para completar a ação.
9
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Entendendo, que o processo cognitivo ocorre no contexto A neuropsicologia do self contempla e traduz o conceito da
das dinâmicas tanto biológicas, emocionais, motivacio- ontologia quando acredita que o ser humano precisa ser
nais e ambientais da situação em que o comportamento visto como um ser social e que deva ser analisado e estuda-
acontece. Na apresentação será discutida a relevância da do a partir do seu comportamento, de suas emoções e de
AN como auxílio para a inserção de recursos de tecnologia suas características biológicas. Desde o século XIX, quando
assistiva cognitiva. a psicologia teve seu início embasado em um laboratório
experimental, o objetivo era decifrar a origem da consci-
ência a partir da decomposição de seus elementos. À me-
A COMUNICAÇÃO VERBAL NA AFASIA PRO- dida que o aprofundamento da neurociência se intensifica
GRESSIVA PRIMÁRIA: Além DA AFASIA no cenário mundial surgem inúmeras pesquisas científi-
Mendonça, LIZ (HC/FMUSP) cas que buscam correlacionar os estados subjetivos com
A afasia progressiva primária (APP) ou afasia pro- funções ou áreas cerebrais. Desta forma, tanto influências
gressiva não fluente é síndrome neurológica progressi- biológico-genéticas quanto influências socioambientais
va classificada dentro do espectro da degeneração lobar atuam na construção do self. Mas no momento em que o
frontotemporal (DLFT). Anatomicamente, o processo self passa funcionar ele próprio se constitui em uma fonte
degenerativo tem início na região frontoinsular esquer- de fluência, na medida em que funciona como uma ins-
da. Circuitos córtico-subcorticais que incluem os núcleos tância decisória e reguladora. Conhecer apropriadamente
da base são comprometidos precocemente na DLFT, in- o self desde seu processo de amadurecimento na infância
clusive na APP. Os déficits de linguagem ocorrem pre- passando por seu auge na maturidade e seu dano ou per-
dominantemente na expressão, estando a compreensão da nas patologias neuropsiquiátricas é fundamental tanto
mais preservada até as fases tardias da moléstia. Declínio para a prevenção ou tratamento de transtornos mentais
progressivo das habilidades de produção e compreensão, quanto para a própria compreensão do que é ser humano.
nas modalidades oral e escrita, é observado na evolução.
Apraxia orofacial ou da fala, caracterizada por fala lenta e
laboriosa, com hesitações e distorções fonéticas, é parte in- ASPECTOS COGNITIVOS DO ALCOOLISMO
tegrante do quadro clínico, por vezes como sintoma inau- Preste, LS (ABN)
gural. Na maioria dos casos, a APP é manifestação clínica O uso abusivo de etanol tem sido relacionado ao com-
de uma tauopatia. A apresentação precoce de apraxia oral prometimento cognitivo desde a antiguidade. Esta situação
parece particularmente relacionada a patologia da proteí- vem assumindo proporções cada vez mais preocupantes
na tau. Mutações no gene tau leva a aumento da expressão com o aumento do abuso desta substância e a precocidade
da tau 4R. A degeneração córticobasal (DCB) e a parali- de seu consumo. Entre os quadros mais conhecidos temos
sia supranuclear progressiva (PSP) tem sido consideradas a síndrome de Wernicke, descrita em 1881, sendo melhor
como tauopatias. Inclusões de tau são encontradas nes- elucidada por Korsakoff entre 1887 e 1891 e a demência
ses pacientes, associadas com excessivos níveis de Tau 4R. alcoólica, entidade nosológica reconhecida já nos anos
Distúrbios do processamento fonológico são descritos na 1990, relacionadas a um uso prolongado da bebida asso-
DCB. A APP frequentemente evolui para uma síndrome ciado a uma suscetibilidade pessoal, tendo ainda outros
clínica sugestiva de DCB ou PSP, com distonia e mão alie- fatores implicados na sua gênese, como as diferenças na
nígena. Parece haver um entrelaçamento clínico e patoló- metabolização da tiamina e até mesmo relacionados ao
gico entre essas três entidades nosológicas. A classificação sexo. Situações de um déficit cognitivo, com prejuízo des-
do espectro da DLFT tende para uma nomenclatura basea- de os amnésticos, atencionais, capacidade de julgamento
da em aspectos neuropatológicos, genéticos e moleculares. e outras funções, parecem estar presentes em um número
muito maior de usuários, mesmo aqueles não classificados
habitualmente como “bebedores pesados”, com estudos
NEUROPSICOLOGIA DO SELF demonstrando uma hipofuncionalidade de regiões como
Moysés, C (UFTO) o prosencéfalo basal e o córtex órbitofrontal. A discussão
A compreensão de self baseia-se na análise de si mesmo destas particularidades se faz necessária para uma melhor
sob o ponto de vista psicológico, neurológico e ainda so- abordagem deste que foi, é e provavelmente continuará a
bre as relações existentes entre genótipo e ambiente. Con- ser um verdadeiro problema de saúde pública.
sidera-se então que o self é um modelo que o ser humano
arquiteta de si mesmo, englobando as suas emoções, seus
sentimentos, percepções corporais e seus próprios reflexos. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO DIAG-
10
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
NÓSTICO DIFERENCIAL DAS DEMÊNCIAS recursos que compõem o universo das órteses e próteses
DEGENERATIVAS cognitivas. O processo de indicação destes equipamen-
Soares, VL (UFG) tos depende de uma avaliação aprofundada com vistas à
É fato que, com o envelhecimento populacional e a ex- investigação do desempenho ocupacional do indivíduo
pectativa de vida elevada haverá aumento significativo do e o levantamento de metas concretas e mensuráveis pela
número de idosos com doenças em relação à população equipe multiprofissional, que digam respeito ao dia a dia
em geral, principalmente as doenças de caráter crônico- do mesmo. Dentre os diversos tipos e categorias de dispo-
degenerativo. Assim, com o acentuado envelhecimento da sitivos encontram-se os equipamentos de baixa tecnologia
população brasileira, nos últimos 40 anos, torna impres- (como agendas, calendários, fichas de orientação de rotina
cindível o melhor conhecimento dos quadros de demên- e faixas para exploração do campo visual); e equipamentos
cia no Brasil, exigindo, dos profissionais da área da saú- de alta tecnologia (como celulares, palm-tops, GPS, senso-
de, medidas preventivas que possam assegurar-lhes uma res de movimento e pressão, detectores de fumaça e gás
melhor qualidade de vida. Na atualidade é reconhecido integrados a alertas comunitários e, inclusive, sistemas de
que diferentes formas de demência dão ensejo a distintos automação residencial direcionados para a independência
padrões de modificações mentais, refletindo diferenças e segurança de pessoas com prejuízos das funções execu-
na distribuição topográfica das modificações patológicas tivas, memória, atenção, entre outros). A indicação destes
do cérebro. Contrariamente ao que se acreditava tradi- equipamentos geralmente fica a cargo do terapeuta ocu-
cionalmente, a análise das características das demências pacional, que deve estar familiarizado com os princípios
pode contribuir substancialmente para seu diagnóstico gerais de prescrição de recursos de tecnologia assistiva e
diferencial. É notório que os pacientes com uma doença apto a avaliar as interferências das funções cerebrais no
demenciante exibem poucos sinais físicos. Sendo assim, a desempenho do sujeito, levantando os potenciais e limita-
avaliação das alterações mentais pode ser essencial na cons- ções para uma correta indicação, acompanhamento e uso.
trução de um diagnóstico preciso. Com o advento de no-
vos tratamentos para demência, diagnósticos diferenciais
vêm se tornando cada vez mais importantes. Além disso, a NEM TODA DIFICULDADE DE LEITURA É DIS-
compreensão do conjunto de sintomas dos pacientes pro- LEXIA: SÍNDROME DE MEARS-IRLEN NO
porciona uma base racional para o manejo dos pacien- CONTEXTO ESCOLAR
tes e para o aconselhamento aos seus cuidadores. Desta Guerra, L (UFMG); Faria, LN (UFMG); Guimarães,
forma, para que se faça o diagnóstico preciso das síndro- RQ (Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães)
mes demenciais é importante detectar causas reversíveis A aprendizagem se caracteriza pelas modificações que
de demência, permitindo ao médico predizer o curso da o sistema nervoso central (SNC) sofre durante a recepção
doença, facilitando o planejamento do paciente e da famí- de novas informações. Obstáculos para modificações do
lia quanto a suas atividades sociais. Este estudo teve como SNC, necessárias à aquisição de novos comportamentos,
objetivo comparar as alterações neuropsicológicas presen- são chamados dificuldades para a aprendizagem (DA).
tes em três grupos de pacientes com demência pontuando Estas podem ser devidas tanto a fatores neurobiológicos
os elementos neuropsicológicos diferenciadores entre eles: como a fatores sociais, pedagógicos, culturais, entre ou-
doença de Alzheimer, degeneração lobar frontotemporal, tros. As DA devidas a alterações genéticas no SNC são
parkinsonismo plus. Os resultados ressaltam que as avalia- consideradas transtornos de aprendizagem. A dislexia é
ções neuropsicológicas auxiliam no diagnóstico diferencial um desses transtornos, caracterizada por rendimento em
das demências e na localização topográfica das lesões as- leitura substancialmente inferior ao esperado para a idade
sociadas ao perfil predominante de disfunções cognitivas. cronológica, inteligência e escolaridade do indivíduo, que
ocorre apesar de uma inteligência normal, instrução esco-
lar adequada, oportunidades socioeconômicas, ausência
TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA COGNIÇÃO de déficits sensoriais, de retardo mental, de distúrbios neu-
Barbosa, DM (CRER/Instituto Movimento/NEPNEURO) rológicos graves e de problemas psicoafetivos primários.
A tecnologia assistiva para cognição (TAC) abrange O diagnóstico de dislexia requer equipe multidisciplinar
os equipamentos, dispositivos e serviços que objetivam o e as estratégias de intervenção eficientes, são trabalhosas.
aumento da autonomia de pessoas que, por qualquer mo- A síndrome de sensibilidade escotópica ou síndrome de
tivo, apresentem limitações funcionais decorrentes de pre- Mears-Irlen (SMI) também pode ser obstáculo para aqui-
juízos cognitivos. O termo TAC foi descrito por LoPresti, sição da leitura. A SMI é um distúrbio visual-perceptivo
Mihailidis e Kirch (2004) na tentativa de nomear todas os devido a falha no processamento visual central, não de-
11
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
tectado em exames oftalmológicos de rotina. Devido ao linguístico que as diferenciam. O presente trabalho com-
esforço despendido no processamento das informações parará as alterações de linguagem presentes nas demências
visuais, a leitura torna-se mais lenta e segmentada, com- corticais do tipo Alzheimer com as degenerações lobares
prometendo a velocidade de processamento cognitivo e a frontotemporais, reconhecidas como demências do tipo
memorização, produzindo cansaço, inversões e trocas de não-Alzheimer.
palavras, perda de linhas no texto, prejuízo no foco, sono-
lência, distúrbios visuais, dores de cabeça, irritabilidade,
enjoo, distração e fotofobia, após um intervalo relativa- A AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS
mente curto na leitura. O diagnóstico utiliza questioná- TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM
rios e provas que mensuram e qualificam o processamento Toschi, LS (PUC-GO)
visual central. Ao final dos testes é feita a prescrição dos Os transtornos da aprendizagem englobam, em sua
filtros seletivos para os óculos e/ou de transparência para definição, intrínseca relação com alterações de linguagem,
a filtragem espectral seletiva. Um quadro de suposta disle- o que remete à importância da participação do fonoau-
xia, reavaliado pelos procedimentos para identificação da diólogo no diagnóstico destes transtornos. Entretanto,
SMI, cujo diagnóstico é mais simples e que requer orien- vale ressaltar que as peculiaridades do ato de aprender
tação terapêutica diferente, poderia resultar em solução oferecem a esta condição a necessidade indiscutível de
para a dificuldade de leitura. um diagnóstico interdisciplinar. A constatação de anor-
malidades de aprendizagem comumente se relaciona com
comprometimentos linguístico-cognitivos, de tal modo
PERFIL NEUROLINGUÍSTICO DAS DEMÊN- que 80% dos transtornos de aprendizagem envolvem a
CIAS TIPO ALZHEIMER E NÃO-ALZHEIMER leitura deficiente (Shaywitz, 2006). Desta forma, é evi-
Soares, CD (UFG) dente que habilidades linguísticas são necessárias para
A população idosa vem aumentando em todo o mun- a aprendizagem escolar. Contudo, alterações em um ou
do e com o aumento no número de idosos maior será o mais aspectos de linguagem podem comprometer o de-
risco para o desenvolvimento de demências. Pesquisas di- sempenho do aluno em atividades acadêmicas. Os déficits
rigidas à saúde ainda não foram capazes de evitar essas linguístico-cognitivos desencadeiam dificuldades no pro-
doenças e tampouco oferecem soluções rápidas e viáveis cessamento de informações linguisticamente codificadas,
para as sequelas advindas delas, de modo a adquirir quali- dificuldades de memória, além de uma base de conheci-
dade de vida no envelhecimento. Dois desafios somam-se: mento empobrecida, que interferem no uso de estraté-
o aumento de indivíduos idosos e a incidência de doenças gias de aprendizagem pelo aluno. Cabe ao fonoaudiólo-
neurológicas e, em especial, as demências. As demências go, portanto, a investigação de habilidades linguísticas e
comprometem a vida do indivíduo nos aspectos cogni- metalinguísticas. É relativamente recente o conhecimento
tivos, comportamentais e linguísticos e, neste trabalho que a leitura e escrita tem suas bases no funcionamento
reforçamos um componente marcante dessa junção: a da fala, em especial no processamento fonológico. A aqui-
linguagem. A divisão das demências entre corticais e sição e desenvolvimento da competência metalinguística,
subcorticais revelou uma forma didática de se entender que possibilita o acesso consciente ao nível fonológico da
o padrão de manifestações clínicas e de linguagem das fala e manipulação cognitiva das representações deste ní-
diversas formas de demência e constitui ainda ponto de vel, é fundamental para que o circuito neural da leitura se
controvérsia, pois alguns estudos apontam para presença estabeleça corretamente (Shaywitz, 2006). Representações
de alterações corticais e subcorticais diante de um mesmo fonológicas estabelecidas incompleta ou imprecisamente
diagnóstico. Entre as doenças degenerativas primárias do causam falhas no processamento fonológico, que afetam
sistema nervoso central destacam-se a doença de Alzhei- as habilidades de discurso, nomeação, memória verbal
mer e as degenerações frontotemporais como exemplos e consciência fonológica. Outras habilidades linguísti-
de demências corticais em que as alterações de linguagem cas orais (sintáticas, semânticas e pragmáticas) podem,
apresentam semelhanças, com características tão peculia- igualmente, comprometer a aprendizagem. Crianças com
res que tornam o diagnóstico diferencial uma tarefa difícil. trantornos de aprendizagem, ou com padrões que alertam
Em vários estudos nacionais e internacionais verificamos para um risco de desenvolvimento desta condição, devem
a comparação entre as demências de Alzheimer com as ser submetidas à avaliação fonoaudiológica, para que se
degenerações lobares frontotemporais enfatizando mais a investigue a natureza do transtorno e se estabeleça a inter-
cognição e, dentre eles, alguns ressaltam os componentes venção mais adequada a partir das habilidades linguístico-
linguísticos da linguagem para a definição do perfil neuro- cognitivas afetadas.
12
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTIS- co, bem como a orientação parental para melhor aceitação
MO: ASPECTOS FONOAUDIOLÓGICOS e melhor evolução das crianças portadoras do transtorno.
Medeiros, ME (PUC-GO / FACINTER) Terminarei com as esperanças para o futuro: a compreen-
Segundo o DSM-IV-TR são classificadas como pertur- são do autismo tem progredido muito nos últimos anos, o
bações do espectro do autismo (PEA) as perturbações per- que aponta para um futuro mais promissor.
vasivas /globais do desenvolvimento que também incluem
as perturbações autistas, a perturbação de Asperger e a per-
turbação de Rett. O conjunto dos sintomas que caracteri- AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFANTIL
zam o autismo vem sendo estudados e revisados desde que Mendonça, EFM (PUC-GO / FACINTER)
Kanner (1943) estabeleceu o diagnóstico dessa patologia. A A avaliação neuropsicológica infantil é fundamental
tríade de dificuldades que caracterizam PEA compromete na definição de vários diagnósticos, como os dos distúr-
a comunicação, a interação social e a cognição. Essas alte- bios de natureza global, os relacionados ao aspectos de
rações podem ser observadas antes dos três anos de idade lesões cerebrais, os específicos de aprendizagem, como a
e os níveis de comprometimento do funcionamento desses dislexia ou o déficits de atenção e hiperatividade. A avalia-
indivíduos podem variar de leve a severo, podendo atingir ção neuropsicológica infantil contribui também para a de-
áreas diversificadas como a cognição, o comportamento, os limitação prognóstica, em que se esboça o perfil evolutivo
processos de comunicação, a interação social, a capacidade do distúrbio aliado ao perfil evolutivo da criança em rela-
de adaptação, a integração sensório-motora e o desempe- ção às funções cognitivas, psíquicas e do comportamento.
nho escolar. As alterações características das crianças com O exame neuropsicológico deve permitir entender, não só
PEA conduzem a mudanças nas abordagens de avaliações a delimitação de déficits e a repercussão no contexto se-
unidirecionais para uma concepção de integralização dos quelar, mas também as reservas funcionais do cérebro, que
fatores individuais, familiares e sociais que interagem e in- vão dar base para a escolha de alternativas de reabilitação
fluenciam o desenvolvimento da criança. Para avaliação de em bases neuropsicológicas. A avaliação neuropsicoló-
crianças com PEA é necessário conhecer, dentro do desen- gica infantil caracteriza-se por entrevista clínica com os
volvimento normal da criança, as competências básicas, so- responsáveis pela criança, observação do comportamento
ciais, comunicativas e linguísticas, uma vez que esses mar- infantil e avaliação objetiva por meio de testes neuropsi-
cos típicos do desenvolvimento encontram-se modificados cológicos. A neuropsicologia infantil, tem por objetivo
nos quadros de PEA. É significativo notar que as descrições identificar precocemente alterações no desenvolvimento
de crianças autistas incluem alterações importantes de lin- cognitivo e comportamental. A escolha dos instrumentos
guagem, especialmente no que diz respeito a seu aspecto dependerá do objetivo da avaliação e da queixa. Exemplo
funcional. Nos últimos anos, a intervenção fonoaudioló- de alguns instrumentos utilizados: técnicas psicológicas
gica tem buscado recursos terapêuticos com o objetivo de (entrevista semiestruturada); testes psicométricos (escala
promover a adequação social do comportamento comu- de inteligência Wechsler para crianças, 3ª edição (WISC-
nicativo, possibilitando uma melhor inclusão da criança III)); testes matrizes progressivas coloridas (Raven); cole-
autista em seu meio social. Os desafios relacionados à de- ção R-2: teste de inteligência não verbal para crianças; co-
finição de etiologia, processo de diagnósticos e interven- leção TSC - Teste do span de cores; coleção BTN (bateria
ção terapêutica são infinitos, necessitando de continui- de testes neuropsicológicos); coleção bateria Piaget (head
dade nas pesquisas e definição de protocolos específicos. de orientação direita-esquerda); D2 (atenção concentra-
da); SMHSC (sistema multimídia de habilidades sociais de
crianças); House-Tree-Person (HTP) de Buck, 2003; TDE
TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVI- (teste de desempenho escolar); TDAH (escala de transtor-
MENTO: ABORDAGEM MÉDICO-COMPORTA- no de déficit de atenção/hiperatividade). Diante da deli-
MENTAL mitação diagnóstica, prognóstica e de intervenção nos dis-
Chaves, LFS (APAE / CORAE / Hospital Materno Infantil) túrbios do desenvolvimento infantil exigem a cooperação
Vou abordar uma série de aspectos do transtorno inva- de várias áreas de conhecimentos como: neurologia, fono-
sivo ou global do desenvolvimento (TIG), que varia desde audiologia, psicologia e ciências da educação. Em síntese,
os aspectos históricos, clínicos e epidemiológicos aos fato- a intervenção em neuropsicologia infantil é importante o
res genéticos e ambientais, bem como sobre as bases neu- trabalho de interação interdisciplinar ou multidisciplinar.
robiológicas do autismo. Abordarei principalmente a im-
portância multiprofissional para identificação dos sinais e
sintomas precoces para o diagnóstico e para o prognósti- Pressupostos e Experiências de Atendi-
13
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
14
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
do humor, ansiedade, esquizofrenia, transtorno de perso- processo. Leves alterações cognitivas, mencionadas por in-
nalidade dificultando a análise dos dados. O uso crônico divíduos idosos, podem ser atribuídas ao processo normal
do álcool pode comprometer a aprendizagem e memória, de envelhecimento e não serem reconhecidas como mani-
análise e síntese visual, velocidade psicomotora, funções festações iniciais de um quadro demencial, sendo o inverso
executivas, tomada de decisão e inibição de respostas. Os também verdadeiro. Exames complementares auxiliam no
efeitos nocivos residuais do uso da maconha não são bem diagnóstico nosológico de demência mas é a avaliação neu-
esclarecidos. As alterações mais significativas são déficits de ropsicológica a responsável pelo diagnóstico diferencial en-
memória em tarefas de recordação livre e aprendizagem, tre processos demenciais e outras condições neurológicas
comprometimento na atenção seletiva e atenção alternada, ou psiquiátricas. Os testes utilizados devem conter provas
expressão verbal, raciocínio matemático e dificuldade em consideradas sensíveis para a detecção dos distúrbios cog-
abstração e conceituação. As alterações pelo uso de estimu- nitivos mas, frequentes na maioria das demências como:
lantes são os déficits na memória verbal e memória visual, memória tanto recente como remota, linguagem, orienta-
funções executivas, tomada de decisão, percepção visual, ção, atenção e praxias. Testes breves avaliam um número
visuoconstrução tridimensional, velocidade de processa- limitado de domínios cognitivos, sendo necessário com-
mento e destreza manual. Os opiácios também são pouco plementar a avaliação com outros testes para estabelecer o
estudados, mas sabe-se das alterações das funções ligadas às diagnóstico de demência. O diagnóstico precoce e adequa-
áreas pré-frontais. Há concordância em vários estudos no do de quadros demenciais tem implicações importantes
que diz respeito à descoberta de que as principais funções para a orientação, prognóstico e tratamento das demências.
afetadas pelo abuso de álcool e drogas, estão intimamen-
te relacionadas ao comprometimento dos lobos frontais.
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: CLASSI-
FICAÇÕES
AVALIAÇÃO COGNITIVA: ABORDAGEM MUL- Pessoa, FB (CEAD / SECT-GO)
TIDISCIPLINAR O transtorno de aprendizagem é caracterizado por uma
Porto, CS (HC/FMUSP) inabilidade intrínseca do indivíduo no que diz respeito à
A avaliação neuropsicológica, com o desenvolvimen- compreensão oral, conversação, leitura, escrita, raciocínio
to de técnicas neurorradiológicas, teve sua contribuição ou matemática, de maneira que haja um resultado signifi-
reduzida quanto ao diagnóstico e localização de lesões cativamente abaixo do esperado para o nível de desenvol-
neurológicas. No entanto, o exame neuropsicológico pode vimento, escolaridade e inteligência do mesmo. Catego-
fornecer informações no diagnóstico diferencial de de- ricamente, os transtornos de aprendizagem são divididos
mências, além de diferenciar patologias psiquiátricas de em três entidades específicas: o transtorno da leitura, o da
quadros demenciais assim como identificar deficits com- matemática e o da expressão escrita. O transtorno da lei-
portamentais decorrentes de prejuízos cerebrais. As in- tura é caracterizado por um prejuízo significativo quanto
formações obtidas através da avaliação cuidadosa podem à habilidade de leitura, com dificuldades para compreen-
auxiliar outros profissionais envolvidos com o paciente são das palavras escritas e, consequentemente, com baixo
e oferecer dados para reabilitação cognitiva. A acurácia desempenho de tarefas que necessitam da leitura. Já no
diagnóstica dos testes é influenciada por fatores culturais, transtorno da matemática, ou discalculia, o indivíduo
escolaridade e idade. Indivíduos pertencentes a uma de- apresenta baixa capacidade para manejar números e con-
terminada população apresentam características próprias ceitos matemáticos, com dificuldade evidente para a rea-
do meio em que vivem. A avaliação deve ser criteriosa lização de operações aritméticas simples. Por fim, o trans-
para grupos com baixa escolaridade ou analfabetos, caso torno da expressão escrita, no qual ocorre uma inabilidade
contrário podem ocorrer erros de diagnóstico sendo que específica quanto à ortografia ou caligrafia, na ausência de
o mesmo cuidado deve ser tomado em relação à idade, outros prejuízos na expressão escrita. Os referidos trans-
particularmente acima de 80 anos. tornos persistem por toda a vida e não podem ser justifi-
cados por uma deficiência visual, auditiva ou motora, por
retardo mental ou perturbação emocional, bem como por
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DAS DE- desvantagens ambientais, culturais ou econômicas. Não é
MÊNCIAS surpresa a ocorrência de mais de um transtorno na vida
Porto, CS (HC/FMUSP) de um indivíduo acometido, o que é denominado de co-
Estudos revelam que 97% dos pacientes com demência morbidade. O diagnóstico deve ser feito ainda no período
não foram corretamente diagnosticados nas fases iniciais do escolar, por uma equipe multidisciplinar, composta por
15
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
profissionais especializados e aptos, e que possa avaliar o a tomada de uma consciência fonêmica para a decodi-
paciente através de uma história clínica bem detalhada e ficação e uma consciência ortográfica que corrija lapsos
por meio da aplicação de testes padronizados envolvendo visuais. Este enfoque tem como objetivo integrar o reco-
matemática, leitura ou expressão escrita. nhecimento dos sons e signos ortográficos, com a busca
de significados verbais de maior amplitude para facilitar
a compreensão do texto. O emprego de métodos fonoló-
Dislexia: Contribuições da Avaliação gicos para prevenir ou remediar a dislexia tem se tornado,
Neuropsicológica nos últimos anos, pilar fundamental do tratamento fono-
FERREIRA, SFB (PUC-GO / UFG) audiológico nesta patologia. Estudos revelam que crianças
Dificuldades na produção da linguagem escrita não que receberam intervenção baseada na consciência fono-
são incomuns na população mundial e as causas destas lógica obtiveram ganhos significativos nas habilidades de
dificuldades podem ser variadas, inclusive devidas a ina- consciência fonológica e desenvolvimento das habilidades
dequadas condições materiais, falta de acesso a educação de leitura quando comparadas àquelas que receberam ou-
formal e fraca qualidade do sistema educacional. Além das tros tipos de intervenção. A intervenção através da consci-
condições destacadas parte das dificuldades na produção ência fonológica parece desempenhar uma ajuda impor-
da linguagem escrita relacionam-se a déficits sensoriais tante para o desenvolvimento dos sistemas neurológicos
visuais e auditivos bem como a sequela de baixo funciona- especializados na leitura eficiente. Os programas com ati-
mento intelectual. Todas estas condições afastam o diag- vidades baseadas no processamento fonológico mostram
nóstico na direção de um transtorno específico da leitura. que são efetivos, tanto no âmbito educativo quanto clíni-
A dislexia adquirida decorre de lesão/disfunção de áreas co. Apresentar diferentes metodologias que tomam como
polimodais do cortex posterior occipto-temporo-parietal. pressuposto a consciência fonológica e sua utilização em
A dislexia do desenvolvimento tem sido associada a cau- programas de reabilitação é o que propõe o presente estudo.
sas genéticas e má formação do sistema nervoso central. O
diagnóstico é estabelecido em equipe multiprofissional e
um longo caminho é percorrido para excluir outras con- Avaliação Cognitiva: Contribuições
dições que cursam com dificuldades de leitura/escrita. A da Fonoaudiologia
avaliação neuropsicológica pode contribuir fornecendo MANSUR, LL (HC/FMUSP)
uma medida de inteligência; redução da eficiência em pro- A avaliação cognitiva é um processo que se desdobra
vas que envolvam papel e lápis são esperadas. Um perfil além da detecção de desvios e dirige-se ao diagnóstico,
neuropsicológico que detecte falhas na atenção, na me- prognóstico, intervenção e acompanhamento dos indiví-
mória operacional e memória episódica podem fortalecer duos acometidos. A linguagem é um dos componentes da
a hipótese do transtorno. Padrões de erro disfonéticos, avaliação que permite detectar perfis de funcionamento
diseidéticos e mistos na execução dos testes que compoem em vários aspectos da comunicação para identificar com-
a bateria podem consolidar as hipóteses. ponentes afetados e preservados e determinar a sequência
Palavras-chave: dislexia, avaliação neuropsicológica; de ações de intervenção. Ao avaliar indivíduos com sus-
dislexia do desenvolvimento. peita de alterações cognitivas o fonoaudiólogo deve obser-
var não só os aspectos fonético-fonológicos, morfossintá-
ticos, semânticos e pragmáticos, mas também habilidades
DISLEXIA: AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA cognitivas e comportamentos relacionados à linguagem.
Moraes, I (ALVO) Modernas visões conexionistas indicam que a linguagem
Em relação à remediação das dificuldades relaciona- não pode ser desvinculada de outros componentes cogni-
das a dislexia, não há um tratamento de intervenção com tivos. Sabe-se que alterações nessas funções mentais têm
enfoque único que tenha demonstrado a capacidade de impacto na linguagem e, assim sendo, a avaliação de lin-
proporcionar melhoras a longo prazo. O clínico que se ha- guagem deve incluir a apreciação desses componentes. A
bilita a tratar uma criança com dislexia deve conhecer as identificação da preservação de funções e do predomínio
numerosas estratégias de intervenção e tratamentos já pro- de um deficit linguístico pode ter importante peso na in-
postos. Primeiramente, a ação terapêutica deve consistir clusão diagnóstica. Quanto ao instrumental, as avaliações
em ajudar indivíduos diagnosticados como portadores de de linguagem devem incluir provas de recepção (discri-
dislexia a aprenderem a organizar verbalmente estímulos minação, designação e compreensão) e de produção (no-
visuais e auditivos para facilitar sua posterior associação meação, repetição, construção de frases e de textos) com
com o significado. Ao mesmo tempo, deve-se estimular material linguístico de diferentes complexidades, em mo-
16
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
dalidades oral e escrita. Além disso é importante que se de afasias progressivas primárias e demências semânticas
observe funções de interface e suporte para a linguagem, a maioria das propostas dirige-se à “recuperação do voca-
como atenção e memória operacional, memória imediata bulário” e aspectos semânticos; recentemente considerável
e memória episódica verbal. Instrumentos como a bateria importância tem sido atribuída a aspectos fonético-fono-
arizona contemplam as bases da avaliação, porém devem lógicos nos casos das afasias progressivas primárias não
ser complementados por exames específicos, de aspectos fluentes. No caso de demências frontotemporais as propos-
semânticos, no caso de pacientes com doença de Alzhei- tas ainda estão sendo elaboradas e os resultados são mais
mer, ou avaliações de apraxia de fala nos casos de suspeita discretos. Em qualquer dos casos o investimento em reabi-
de afasia progressiva primária.Na área de neuropsicologia, litação de linguagem não prescinde da abordagem médica,
é frequente que as doenças se apresentem de modo he- com emprego de fármacos e da equipe multidisciplinar.
terogêneo, com diferentes composições de sintomas. Essa
heterogeneidade inclui variações na progressão, no caso de
doenças degenerativas. Respondem pela heterogeneidade ASPECTOS NEUROLINGUÍSTICOS DAS DOEN-
fatores intrínsecos à doença e ainda fatores individuais ÇAS CORTICAIS E SUBCORTICAIS
como idade, escolaridade, entre outros. Lacerda, MCC (UFG)
Os déficits na linguagem e comunicação estão pre-
sentes em diversas doenças neurológicas contemplando
Reabilitação da Linguagem: Princípios tanto estruturas corticais como subcorticais do encéfalo.
e Fins Sua interação com as alterações de atenção e memória,
MANSUR, LL (HC/FMUSP) somando-se as alterações de funções executivas, visuoespa-
A reabilitação da linguagem foi amplamente estudada ciais e visuoconstrutivas, determina as diversas formas de
nos quadros afásicos, decorrentes de lesões cerebrovascu- alterações neurolinguísticas. Nas demências corticais, por
lares e traumatismos cranioencefálicos. Atualmente é con- exemplo, predominam as alterações de memória declarati-
senso de que ela produz resultados positivos e tem impac- va (semântica e episódica) associadas a comprometimen-
to benéfico na funcionalidade dos pacientes acometidos tos no subsistema procedimental. Alguns tipos de demên-
por afasias. A situação não é mesma em outras alterações cia cortical caracterizam-se por significativa alteração da
linguístico-cognitivas presentes nas demências, nas quais a personalidade e do comportamento associada ao quadro,
reabilitação ainda constitui desafio e traz questionamentos com relativa preservação das funções cognitivas: praxia,
como a durabilidade dos efeitos do tratamento e generali- gnosia e memória. As habilidades visuoespaciais também
zação do aprendizado, entre outros. Dificuldades relacio- se encontram intactas. Nas demências subcorticias pode-se
nadas ao diagnóstico, a heterogeneidade de manifestações encontrar uma abundância de perfil clínico das alterações
e o caráter progressivo dos quadros, torna a indicação de linguagem visto a variedade das estruturas envolvidas,
questionável, em várias circunstâncias. No entanto, diante bem como a localização da lesão. As doenças da substância
do aumento crescente de idosos em risco de desenvolver branca são caracterizadas pelo déficit de atenção sustenta-
quadros demenciais, do resultado ainda pouco expressivo da, disfunção executiva, déficit na recuperação da memó-
de fármacos e da necessidade de se minimizar o impacto ria, comprometimento visuoespacial, disfunção psiquiátri-
da demência nas famílias, considerável investimento vem ca, função extrapiramidal normal, bem como memória de
sendo destinado à transposição dessas barreiras. Embora procedimento normal. A linguagem, por sua vez, é progres-
ainda não seja padrão a indicação de reabilitação na doen- sivamente afetada, podendo ocorrer dificuldades na com-
ça de Alzheimer, resultados de reabilitação de linguagem preensão e na expressão verbal, com redução da fluência ou
podem ser encontrados. A terapia sempre inclui o cuidador mesmo mutismo. Não necessariamente tem sempre o mes-
e familiares e aplica métodos que se baseiam no aproveita- mo perfil clínico, a característica clínica do paciente pode
mento de capacidades preservadas (memória declarativa depender das topografias específicas das lesões de substân-
semântica e memória implícita). Além da orientação para cia branca no cérebro e também da evolução da doença e
a realidade e reminiscência (adaptados), frequentemente do momento dessa evolução quando se avalia o paciente.
são empregados o aprendizado pela recuperação em tem-
po espaçado (spaced retrieval) e o aprendizado sem erro
(errorless learning). Eles são indicados para a melhoria do A inclusão da “Orientação e Treina-
acesso a conteúdos verbais específicos ou ainda nos casos mento Parental” como estratégia de
de anomias. A reabilitação de outros tipos de demências intervenção na clínica infantil
é considerada uma área emergente de prática. Nos casos Vieira, MFJA (PUC-GO)
17
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
18
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
ação e avaliação. A mudança cognitiva é proporcionada da memória episódica seguido de outras alterações cogni-
pela qualidade do processo mediacional e visa a transcen- tivas envolvendo a linguagem (afasia), o reconhecimento
dência dos conhecimentos angariados no contexto da me- de objetos (agnosia), a dificuldade para movimentos pre-
diação. Os resultados de pesquisas realizadas em Israel no cisos (apraxia), além de desatenção, desorientação, difi-
contexto das dificuldades de aprendizagem relataram me- culdade de abstração e planejamento. Outros sintomas
lhoras em tarefas cognitivas de natureza verbal, numérica, como modificações do humor, principalmente depressão,
espacial, de raciocínio e velocidade perceptiva. Nos Esta- alterações sensoperceptivas (alucinações auditivas e visu-
dos Unidos o PEI foi testado em crianças com dificuldades ais), irritabilidade, agressividade, insônia, apatia, dentre
de aprendizagem e deficiência mental e revelou um ganho outros também podem ocorrer, tanto antes (pródromos)
intelectual de 7 a 8 pontos. Estudos conduzidos na Europa como durante a evolução dos estágios da doença. Em fase
e África confirmam a eficácia da experiência da aprendi- mais avançada ocorrem outros sintomas neurológicos
zagem medida (EAM) tornando-se uma ferramenta útil a mais graves como incontinências urinária e fecal, convul-
ser incorporada aos programas de reabilitação. sões e incapacidade para deambular. Ao lado dos sintomas
cognitivos e psiquiátricos e de comportamento ocorre o
comprometimento funcional para a atividades de vida
Políticas Públicas de Atenção ao diária mais complexas (instrumentais), inicialmente, e
Idoso posteriormente, para as atividades de vida diária básicas
COSTA, FG (SMS-GO) (higiene, alimentação, vestir-se) aumentando gradativa-
O envelhecimento populacional é uma resposta à mu- mente o grau de dependência do paciente. O diagnóstico é
dança de alguns indicadores de saúde, especialmente a essencialmente clínico. Exames laboratoriais e de neuroi-
queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da magem são usados para afastar outras causas de demên-
esperança de vida. Não é homogêneo para todos os seres cia. O diagnóstico definitivo pode ser realizado em exame
humanos, sofrendo influência dos processos de discrimi- neuropatológico. Para o diagnóstico com maior margem
nação e exclusão associados ao gênero, à etnia, ao racismo, de segurança, denominado diagnóstico provável, deve-se
às condições sociais e econômicas, à região geográfica de utilizar, além da avaliação clínica e exames complementa-
origem e à localização de moradia. Assim, a elaboração e a res o teste neuropsicológico. Este último auxilia no diag-
efetivação de políticas públicas, está diretamente relacio- nóstico e no planejamento do tratamento de reabilitação a
nada à formação e estruturação de uma rede de atenção ser proposto. O teste neuropsicológico pode oferecer uma
que integrem diversos setores, de forma especial, as rela- avaliação mais criteriosa nos casos incipientes e que ainda
cionadas à saúde pública, através de ações que visam man- não apresentam sintomatologia exuberante para o diag-
ter a autonomia e independência dos idosos, garantindo a nóstico clínico, além de permitir a identificação dos casos
sua cidadania e melhorando a qualidade de vida. que tem sintomatologia sobreposta de mais de um tipo
de demência (demências mistas) ou o diagnóstico dife-
rencial entre formas com perfis cognitivos semelhantes. O
DEMÊNCIA DE ALZHEIMER tratamento farmacológico disponível na atualidade é sin-
Campos, WC (UFG) tomatológico ou compensatório, apesar de alguns estudos
A demência de Alzheimer (DA) é a demência neurode- sugerirem que estas drogas possam retardar a evolução da
generativa de maior prevalência no Brasil, onde não temos demência. As drogas ditas modificadoras ou que teriam
a DA familial, o fator de risco principal é a idade avançada. efeito sobre a evolução da doença ainda estão em fase de
Há uma incidência maior entre as mulheres, embora não pesquisa e algumas com resultados promissores em fase
se saiba com precisão o fator responsável por esta variação adiantada. Além das drogas estão indicadas estratégias
epidemiológica entre os sexos.A incidência anual na po- de reabilitação com técnicas que melhoram a cognição e
pulação geral está em torno de 1%, sendo que estes valores facilitam o manejo dos pacientes. Apesar das limitações
aumentam com o avançar da idade. Este tipo de demên- dos tratamentos oferecidos e da evolução inexorável da
cia instala-se de forma insidiosa e evolui com piora pro- demência de Alzheimer existem recursos suficientes para
gressiva e apresenta três estágios de evolução, sendo que melhorar a qualidade de vida não somente do paciente
cada um tem duração em média de três anos. Há casos de mas dos seus cuidadores, sejam formais ou informais.
evolução mais rápida e outros que podem alcançar até 20
anos. Cada estágio apresenta características sintomatoló-
gicas próprias que podem ser identificadas clinicamente. A SOCIOPSICOMOTRICIDADE RAMAIN-
O primeiro sintoma, geralmente, é de comprometimento THIERS E SUAS INTERFACES COM A REABILI-
19
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
20
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
deu origem à classificação sindrômica das afasias (Mansur, afasias é realizada através de testagem dos diferentes ní-
2004).” Eu percebi que queria falar, mas não encontrava as veis de atividades linguisticas: compreensão oral e escrita,
expressões necessárias, o pensamento estava pronto, mas leitura, escrita, repetição e nomeação. Na reabilitação das
os sons que deveriam confirmar este pensamento não esta- afasias não há técnicas específicas, é um processo versátil
vam mais a minha disposição” (Lordat, 1825). Nas afasias e dinâmico. Entre as técnicas utilizadas estão a terapia de
encontramos sujeitos que podem apresentar: dificuldade ação visual, terapia melódica, terapia de contenção associa-
de compreender o que ouve e o que lê, dificuldade de en- da ao uso da memantina (terapia intensiva), comunicação
contrar nomes (anomia), dificuldade de combinar frases alternativa (sim e não, figuras, palavras) e treino auditivo
(agramatismo), troca de palavras (parafasias), dificuldades para aqueles com surdez verbal.Esse treinamento deve ser
de organizar comandos motores (apraxias), dificuldade intensivo nos 3 (três) primeiros meses após a instalação da
para ler e escrever (alexia e agrafia) e não raramente al- lesão, 5 vezes por semana/1 hora diária (Bhogal, KS; Tea-
terações da cognição (atenção, memória). A avaliação das sell, R; Speechely, M - American Heart Association, 2003).
21
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Mini-cursos
TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE estimulam sistemas altos (sistema executivo) com treina-
CARTAS: UTILIZAÇÃO NA AVALIAÇÃO NEU- mento de estratégias metacognitivas e de autocontrole. O
ROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS objetivo da reabilitação é corrigir ou minimizar os efeitos
Rego, AN (PUC-GO) de déficits cognitivos genéricos, de forma que os pacientes
Funções executivas é um termo utilizado para definir encontrem meios adequados e alternativos para alcançar
diversos processos cognitivos complexos que permitem metas funcionais específicas. Uma abordagem multipro-
aos seres humanos comportar-se intencionalmente, es- fissional é quase sempre necessária. Do ponto de vista das
tabelecendo objetivos e planos de ação, agindo mediante contribuições da psicologia destaca-se que a psicomotrici-
o que foi planejado e mantendo ou modificando o plano dade e o programa de enriquecimento instrumental (PEI)
pré-estabelecido de acordo com as demandas do ambiente. aliados a estratégias metacognitivas podem fornecer os
Processos como planejamento, formulação de hipóteses, meios para potencializar e maximizar o desenvolvimento
flexibilidade cognitiva, tomada de decisão, dentre outros, de funções cognitivas.
são considerados funções executivas. Para a investigação do Palavras-chave: neuroplasticidade, reabilitação neuro-
comprometimento executivo é preciso considerar que as psicológica, estratégias Bottom-up, estratégias Top down,
medidas de funções executivas são relativamente indepen- programa de enriquecimento instrumental.
dentes do desempenho em testes de inteligência, atentar-se
para a pouca especificidade dos instrumentos utilizados na
avaliação neuropsicológica e para o benefício oferecido nas PSIQUIATRIA FORENSE E COGNIÇÃO
instruções estruturadas passo a passo. O teste Wisconsin de Fridman, S (UFRJ)
classificação de cartas é um instrumento frequentemente Situada epistemologicamente num campo intermediá
utilizado na neuropsicologia para investigar a integridade rio entre as ciências da natureza, humanas e jurídicas, a
do funcionamento executivo, sendo considerado como uma psiquiatria forense sofre as contingências metodológicas e
ótima medida para tal finalidade. Através de sua aplicação conceituais das confusões e complementações entre estes
observa-se a capacidade de abstração, formação de concei- campos, agravadas pelas consequências dramáticas, ime-
tos, flexibilidade cognitiva e perseveração. No Brasil o teste diatas e irrevogáveis das conclusões avaliativas delas de-
Wisconsin é padronizado para faixa etária de seis anos e correntes. Sua constituição intrinsecamente complexa não
meio até 17 anos e 11 meses e para idosos acima de 60 anos. a livra, entretanto, das indevidas mas inevitáveis violências
Palavras-chave: funções executivas, avaliação neuropsi que lhe empurram ora para uma, ora para outra forma de
cológica, teste Wisconsin de classificação de cartas. reducionismos, e como tal, enviesando-lhe sistematica-
mente os resultados, distorcendo a prestação jurisdicional,
gerando injustiça, lesando as pessoas e a sociedade.
REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFAN-
TIL: PRESSUPOSTOS E INSTRUMENTOS
Ferreira, SFB (UFG / PUC-GO) COMORBIDITY OF DYSLEXIA AND ATTEN-
A neuroplasticidade refere-se a um processo compen- TION DEFICIT HYPERACTIVITY DISORDER
satório conhecido como reorganização funcional através Carreiro, LRR (Mackenzie); Barbosa, ACC (Macken-
do qual os circuitos neurais que sobreviveram a uma lesão zie); Mecca, TP (Mackenzie); Macedo, EC (Mackenzie)
se reorganizam para executar um dado comportamento de Dyslexia and attention deficit disorder and hyperac-
uma forma diferente. Em termos biológicos há uma mo- tivity (ADHD) are two conditions associated with the
dificação da conectividade sináptica. Existem pelo menos developmental disorders and are among the most com-
duas grandes orientações teóricas na base dos programas mon disorders and a lot of studied. The prevalence of the-
de reabilitação neuropsicológica: Os modelos baseados em se conditions is 5% of the population, and is a frequent
estratégias Bottom-up: fornecimento de estímulos ou si- concomitant occurrence of the same. Thus, this brief
nais perceptuais, motores ou gerados externamente à rede short communication aims to conceptualize dyslexia and
lesada e os modelos baseados em estratégias Top Down: ADHD and present studies that show data related to the
22
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
comorbidity between ADHD and learning disabilities and Este curso tem por objetivo apresentar e discutir os
cognitive deficits involved in these conditions to contribu- principais conceitos, áreas de interesse e pesquisas no
te for greater knowledge about this relationship. campo da qualidade de vida (QV) relacionada a saúde.
Key words: dyslexia, ADHD, comorbidity. Nos últimos anos, a psicologia da saúde tem especialmen-
COMORBIDADES ENTRE DISLEXIA E TRANSTORNO te oferecido sua contribuição ao estudo da QV de pesso-
DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE as enfermas, enquanto uma perspectiva mais humana e,
A dislexia e o transtorno de déficit de atenção e hipe- portanto, mais dialógica; constituindo, aliás, um dos temas
ratividade (TDAH) são dois transtornos associados ao de- mais atuais de seu interesse. São sempre profundas as re-
senvolvimento e estão entre os transtornos mais comuns e percussões emocionais que as doenças crônicas impõem
estudados. A prevalência destes dois transtornos é de 5% ao sujeito enfermo e à sua família, gerando um quadro que
na população, sendo que é frequente a ocorrência conco- demanda a combinação de várias ações interdisciplinares
mitante dos mesmos. Sendo assim, esta comunicação breve para efeito de atendimento. A avaliação da QV no campo
tem por objetivo conceituar tais transtornos e apresentar das enfermidades crônicas tem sido de interesse crescente
estudos que apresentam dados relacionados à comorbida- entre os profissionais da área da saúde, apesar dos primei-
de entre TDAH e transtornos de aprendizagem, bem como ros trabalhos sobre o assunto terem surgido ainda nos anos
os déficits cognitivos envolvidos nestas condições contri- 1950. Não obstante a persistente falta de consenso entre os
buindo para maior conhecimento acerca desta relação. autores sobre o conceito de QV, considera-se que os instru-
Palavras-chave: dislexia, TDAH, comorbidade. mentos de avaliação da QV de enfermos devem permitir
aplicabilidade clínica; ser adaptáveis às condições de en-
fermos em distintas fases de evolução do tratamento e/ou
INTRODUÇÃO À REABILITAÇÃO NEUROPSI- da enfermidade; e ter suficiente sensibilidade para que, no
COLÓGICA decorrer do tempo, sejam verificadas as mudanças mani-
Nery, M (CRER, Instituto Movimento, NEPNEURO) festas na sintomatologia do enfermo. Assim, na vida diária
A reabilitação neuropsicológica é um processo intera- de enfermos, a avaliação da QV pode, por exemplo, moni-
tivo entre o indivíduo que sofreu uma lesão encefálica, a torar os efeitos de terapias e de suas sequelas, contribuindo
equipe de saúde e seus familiares, visando uma indepen- para a adequação dos tratamentos, ao mesmo tempo em
dência e autogerenciamento associados a uma conscien- que confia ao enfermo um feedback relativo à sua própria
tização de suas destrezas e fraquezas cognitivas e conse- condição de saúde física, psicológica e social. Além disso, os
quente reconstrução de um novo self concludente a um estudos de QV que considerarem as singulares atribuições
maior senso de autoeficácia dentro de seu potencial. A re- de sentido manifestas pelo enfermo poderão ajudar no res-
abilitação fornece um conceito central que envolve a ava- gate do lugar da dimensão psicológica na área da saúde.
liação cognitiva, comportamental, funcional e emocional, Palavras-chave: qualidade de vida, saúde, psicologia,
associada ao estabelecimento de metas que são delineadas avaliação.
juntamente com os familiares e o paciente visando à ela-
boração de um programa individualizado sustentado por
modelos baseados em evidências. Métodos e técnicas de EMDR: EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA
reabilitação cognitiva são descritas e o processo de deline- Ribas, AB (ABSOLUT); Costa, HC (ABSOLUT); Fonse-
amento de metas discutido. A aplicação das abordagens de ca, PPEF (ABSOLUT); Faleiros, RM (ABSOLUT)
reabilitação no desempenho funcional dentro contexto do O EMDR é um modelo psicoterapêutico que compre-
indivíduo serão exploradas, demonstrando a reabilitação ende princípios, procedimentos e protocolos. O EMDR se
neuropsicológica holística e o uso de tecnologia assistiva fundamenta na premissa de que cada pessoa possui uma
como recurso voltado a potencializar as capacidades destes tendência inata para a saúde e a integração, e a capacidade
indivíduos. O resultado de todo este programa será bem interna para alcançá-las; se alicerça na ciência psicológi-
sucedido caso o indivíduo alcance, dentro de suas limita- ca, e está estruturado por pesquisas e teorias psicológicas
ções e potenciais, uma nova identidade funcional, sendo sobre o cérebro. Com o EMDR o cérebro recebe a ajuda
capaz de interagir produtivamente com o ambiente social. necessária para processar o fato e arquivá-lo. Perde-se, as-
sim, a carga negativa associada à situação, e muitas vezes
se recuperam as lembranças positivas vinculadas a isso e
QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE: ESTUDOS que antes não se podiam perceber. Muitas pessoas têm a
COM ENFERMOS CRÔNICOS sensação de que a lembrança agora está realmente no pas-
Costa-Neto, SB (HC-UFG / PUC-GO) sado e que já não incomoda quando se recordam dela. A
23
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
estimulação bilateral empregada pelo método ativa os me- mória de trabalho: wilk’s lambda=0,955, F=5,717, p<0,001;
canismos naturais de cura que agem no corpo e na mente, visuo-espacial: wilk’s lambda=0,959, F=4,379, p<0,001;
por isso a rapidez de seus efeitos é percebida em pouco aritmética wilk’s lambda=0,958, F=4,460, p<0,001). Os
tempo. Tais efeitos rápidos e positivos resultam de mu- participantes do sexo masculino apresentaram maior
danças eletrobioquímicas que reequilibram um sistema velocidade de reposta em ambas as funções executivas.
fisiológico inerente responsável pela assimilação saudá- Apresentaram, também, maior número de erros na aten-
vel do evento traumático. Parece haver um sistema ina- ção seletiva, mas não na memória de trabalho. Nas tarefas
to de processamento de informações que, se bloqueado, parietais, os participantes do sexo masculino tiveram me-
causa tais patologias. Portanto, se a memória traumática lhores resultados, apresentando respostas mais rápidas e
for acessada e o sistema for reativado (que é o que faz o mais eficientes. Os resultados indicam que o sistema está
EMDR), a informação é levada a uma resolução adaptati- adequado para medir os construtos aos quais se propõem,
va. Trata-se de um método para o tratamento de memó- com capacidade de identificar os desempenhos médios
rias traumáticas que não requer uma exposição prolon- nas populações estudadas, assim como os dissidentes.
gada a estímulos geradores de alta ansiedade, e que, ainda Desse modo, os indicadores de ProA podem ser utilizados
assim, dessensibiliza rapidamente o evento traumático. O para auxiliar na identificação de características cognitivas
objetivo do tratamento com EMDR é, então, o de meta- dos usuários, assim como para acompanhar as alterações
bolizar de forma rápida o resíduo disfuncional do passa- nos seus desempenhos.
do e transformá-lo em algo útil, por meio da modificação
espontânea da forma e do conteúdo da informação dis-
funcional. E, embora o EMDR possa aliviar rapidamente ANÁLISE COMPORTAMENTAL DA NOMEAÇÃO
a tensão perturbadora causada por um único trauma, os Nalini, LEG (PUC-GO)
clínicos devem considerar com cuidado um certo número O comportamento de nomear, como responder ver-
de fatores (história clínica detalhada, avaliação apropriada bal com função potencialmente influente em processos
e preparação para o tratamento) antes de lançar mão da de aprendizagem humana complexa, será definido e ex-
técnica. Por isso, sua aplicação requer um profissional clí- plorado a partir do referencial teórico-conceitual da aná-
nico devidamente capacitado e certificado pelo instituto lise do comportamento. Especificamente, será discutida
de EMDR dos Estados Unidos. a participação do nomear em processos de aquisição de
relações condicionais novas em tarefas de discriminação
condicional no paradigma da equivalência de estímulos.
BATERIA COMPUTADORIZADA PROA: orien- Neste contexto, dados empírico-experimentais e argu-
tações teóricas, práticas e validação mentos favoráveis e desfavoráveis à “hipótese da lingua-
do sistema gem” serão apresentados e discutidos. Possíveis implica-
Gomes, JS (UFRGS); Luft, CB (UFRGS); Priori, D (UFRGS); ções do conhecimento analítico-comportamental sobre o
Takase, E (UFRGS) comportamento de nomear para problemas de pesquisa
A bateria ProA é um software online de avaliação e mo- em neuropsicologia serão abordadas.
nitoramento cognitivo, englobando quatro habilidades:
atenção seletiva, memória de trabalho, habilidade visuo-
espacial e habilidade aritmética. O estudo de validação foi O Tratamento de Doenças Neuropsi-
realizado com 1264 pessoas, entre 9 e 45 anos, sendo 722 quiátricas através da Estimulação
do sexo masculino (56,2%). Através das análises estatísti- Magnética Transcraniana: Neuropsi-
cas, verificou-se a validade de construto tanto das tarefas cologia e Pesquisa
separadas, como da bateria como um todo (c2=17133,20; Myczkowski, ML (IPq-HC/FMUSP); Arnaut, D (IPq-
df=90; p=1,00; RMSEA=0). Analisando-se o desempe- HC/FMUSP); Tortella, G (IPq-HC/FMUSP)
nho em função da faixa etária e do sexo, verificaram-se A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma
diferenças estatisticamente significativas em todas as ta- técnica nova e promissora que desponta como instru-
refas tanto para a faixa etária (atenção seletiva: wilk’s mento inovador na terapêutica biológica dos transtornos
lambda=0,753, F=9,084, p<0,001; memória de trabalho: mentais (Marcolin e Da Costa, 1999), Vem sendo ampla-
wilk’s lambda=0,756, F=8,864, p<0,001; visuoespacial: mente empregada também na avaliação e tratamento de
wilk’s lambda=0,832, F=4,845, p<0,001; aritmética: wilk’s várias anormalidades neurológicas, incluindo as doenças
lambda=0,814, F=5,360, p<0,001) quanto para o sexo (aten- cerebrovasculares, dor e anormalidades dos movimentos.
ção seletiva: wilk’s lambda=0,960, F=4,638, p<0,001; me- Uma de suas principais vantagens é ser um método não
24
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
invasivo, indolor e seguro para a investigação da fisiopa- também ser acompanhadas por crises convulsivas. A inci-
tologia de doenças no sistema nervoso central (SNC) no dência da PC nos países desenvolvidos está em torno de 2 a
ser humano desperto. Este fato fez com que a EMT fosse 3 por 1000 nascidos vivos. Evidências apontam que a falta
difundida rapidamente (Marcolin, 2004) em vários países, de acesso a serviços adequados de saúde, tanto no período
muitas vezes, com objetivos clínicos (George & Belmaker, pré-natal, quanto a assistência inadequada a mãe e ao bebê
2000; Walsh & Pascual-Leone, 2003), (Chodroverty & no período peri e pós natal, aumentam a incidência da pa-
Chodroverty, 1995). Atualmente a EMT vem sendo pes- ralisia cerebral. O maior índice de paralisia cerebral está
quisada intensamente e os métodos de pesquisa envol- entre as crianças com extremo baixo peso e prematurida-
vem principalmente a mensuração da sintomatologia dos de, ocorrendo em torno de 19% Os fatores predispostos ou
transtornos mentais e neurológicos. A neuropsicologia desenvolvimento da PC, além da prematuridade, incluem
possui a instrumentação específica para aferir prospec- infecções congênitas, hipóxia cerebral alterações metabó-
tivamente a evolução dos tratamentos e o resultado das licas, kernicterus e crises convulsivas no período neo-na-
pesquisas. Além de dissecar as funções mentais envolvidas tal. Critérios diagnósticos e tratamento serão abordados.
e demonstrar o potencial de eficácia terapêutica. A EMT
utilizada em altas freqüências passou a ser uma técnica
neuromoduladora das funções mentais sendo capaz não CONSTRUÇÃO DE TESTES PSICOLÓGICOS
só de recuperá-las como também de melhorá-las. Através PASQUALI, L (LABPAM)
de escalas clínicas neuropsiquiátricas e de baterias de tes- A teoria e o modelo de elaboração de instrumental
tes neuropsicológicos o neuropsicólogo tornou-se funda- psicológico proposta é aplicável à construção de testes
mental na atividade de pesquisa não só com EMT. A EMT psicológicos de aptidão, de inventários de personalidade,
já passou a ter utilidade clínica comprovada e aprovada de escalas psicométricas de atitude e do diferencial se-
como terapêutica antidepressiva. Diversos estudos apon- mântico. O modelo se baseia em três grandes pólos: [A]
tam para o uso da técnica em várias condições psicopato- procedimentos teóricos, procedimentos empíricos (ex-
lógicas. A neuropsicologia tem papel fundamental nesta perimentais) e procedimentos analíticos (estatísticos). O
investigação. Durante o curso serão abordados e exempli- pólo teórico enfoca a questão da teoria que deve funda-
ficados os principais estudos realizados e em andamento mentar qualquer empreendimento científico, no caso a
no Serviço de Estimulação Magnética Transcraniana do explicitação da teoria sobre o construto ou objeto psico-
IPq-HC/FMUSP. lógico para o qual se quer desenvolver um instrumento de
medida, bem como a operacionalização do construto em
itens. Este pólo expõe a teoria do traço latente, bem como
Paralisia Cerebral a explicitação dos tipos e categorias de comportamentos
Souza, AMC (CRER) que constituem uma representação adequada do mesmo
A paralisia cerebral (PC) descreve um grupo de de- traço. O pólo empírico ou experimental define as etapas e
sordens do desenvolvimento do movimento e da postu- técnicas da aplicação do instrumento piloto e da coleta vá-
ra, causando limitações nas atividades. São atribuídas a lida da informação para proceder à avaliação da qualidade
distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em psicométrica do instrumento. O pólo analítico estabelece
desenvolvimento. As desordens motoras da PC são geral- os procedimentos de análises estatísticas a serem efetuadas
mente acompanhadas por alterações na sensação, percep- sobre os dados para levar a um instrumento válido, preci-
ção, cognição, comunicação e comportamento, podendo so e, se for o caso, normatizado.
25
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Posters Crianças/Adolescentes
TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE tante bateria de testes, fornecendo dados clinicamente re-
CARTAS EM ESCOLARES DA REDE PÚBLICA levantes para o diagnóstico do TDA/H.
ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO: EFEITO DA Objetivo: O objetivo deste trabalho é pesquisar uma
IDADE E ASSOCIAÇÃO COM O FUNCIONA- amostra diagnosticada com TDA/H a fim de investigar o
MENTO EM SALA DE AULA perfil de desempenho na WISC-III.
BATISTA, AX (UNIRIO); BRITO, GNO (UFF / FIOCRUZ) Metodologia: Para este estudo, realizou-se uma pes-
Introdução: O teste Wisconsin de classificação de car- quisa documental em 250 prontuários de avaliação neu-
tas (WCST) é considerado um dos principais instrumen- ropsicológica, e selecionaram-se 22 cuja impressão diag-
tos de avaliação de funções executivas em crianças, adultos nóstica indicou o TDA/H.
e idosos. Atualmente, questões referentes à validade ecoló- Resultados: Os resultados indicaram um perfil carac-
gica deste instrumento têm sido estudadas. terístico de crianças com o transtorno, com pontuações
Objetivo: Avaliar a influência da idade, sexo e com- reduzidas em dígitos, informação, código, arranjo de figu-
portamento em sala de aula no desempenho de alunos da ras, cubos, armar objetos e labirintos.
rede pública estadual no WCST. Discussão: Discutiu-se que além de informações
Metodologia: 82 alunos de 6 a 9 anos de idade selecio- quantitativas, a exposição da criança a uma série de ativi-
nados randomicamente entre os escolares do IEPIC foram dades possibilitou a observação qualitativa indispensável
avaliados com o WCST e escala de avaliação do compor- ao diagnóstico clínico do TDA/H.
tamento infantil para o professor (EACI-P). Os resultados
nos cinco fatores derivados da EACI-P e os principais es-
cores do WCST foram utilizados na análise estatística que Avaliação de habilidades de Lingua-
incluiu análise de variância e correlação. gem e Perceptuais na Dificuldade de
Resultados: A idade, mas não o sexo, mostrou-se signi- Leitura e Escrita
ficativamente associada ao número de categorias atingidas BARROS, AC (UFRJ); WIGG, CMD (UFRJ); MELO, CB
e ao total de erros perseverativos no WCST. Em relação aos (UFRJ); ALVES, MRP (UFRJ)
fatores da EACI-P, o total de erros perseverativos apresen- Introdução: Na avaliação de funções cognitivas das di-
tou associação significativa com o fator hiperatividade/ ficuldades de leitura e escrita são considerados os desem-
impulsividade e o número total de perdas de set apresen- penhos de habilidades perceptuais e de linguagem como
tou associação significativa com os fatores hiperatividade/ orientação visuoespacial, coordenação visuomotora, com-
impulsividade e inatenção. Não houve associação com os preensão e expressão de palavras já que possibilitam a co-
demais fatores da EACI-P. dificação, decodificação e significação das palavras.
Discussão: O efeito da idade revela a importância de me- Objetivo: Este trabalho teve como objetivo verificar o
canismos de desenvolvimento no desempenho do WCST desempenho de habilidades de linguagem e perceptuais de
e a associação significativa entre os fatores da EACI-P com crianças com dificuldade de leitura e escrita.
escores específicos do WCST sugere que esse instrumento Metodologia: Participaram 28 crianças com idade mé-
de exame neuropsicológico apresenta validade ecológica dia de 10,2 anos e escolaridade entre o 1º e 8º ano do ensino
ao menos no contexto do comportamento em sala de aula. fundamental. Utilizou-se o termo de consentimento livre
e esclarecido, entrevista estruturada com os responsáveis
e os subtestes dos indices de compreensão verbal (ICV)
WISC-III: DESEMPENHO DE SUJEITOS COM e organização perceptual (IOP), da escala de inteligência
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HI- Wechsler para crianças, 3ª edição. A análise dos dados foi
PERATIVIDADE feita pela média das notas ponderadas e classificação do
HERENIO, ACB (PUC-GO); BARBOZA-FERREIRA, SF desempenho nos subtestes.
(PUC-GO); LOTH, OAM (PUC-GO) Resultados: No ICV o subteste Informação mostrou
Introdução: A escala de inteligência Wechsler para menor média da nota ponderada (6,28) e no IOP, o sub-
crianças (WISC-III) tem sido indicada como uma impor- teste com menor média foi Arranjo de Figuras (6,61). Na
26
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
27
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
rociência vem aprimorando esta relação, contudo, a pre- alterações da voz, automutilação e agressividade. Fez uso
sença do psicólogo na escola pública continua incomum. de fenobarbital 50 mg/dia com baixa resposta a medica-
Objetivo: Descrever a atuação do neuropsicólogo ção. Em junho deste ano realizou consulta psiquiátrica
numa escola pública, localizada em Belo Horizonte/MG. para reavaliação dos parâmetros fisiopatológicos, psiquiá
Metodologia: Alunos do primeiro ciclo do ensino tricos e neuropsicológicos.
fundamental, com queixas de aprendizagem e/ou com- Objetivo: Relatar caso clínico em criança com clínica
portamentais, foram encaminhados para avaliação neu- de transtorno dissociativo, fazer diagnóstico diferencial
ropsicológica. Esta ocorreu na escola em que estudavam com crises convulsivas parciais complexas, correlacionar
e foi possibilitada a partir do estágio de neuropsicologia os sintomas com o diagnóstico de anemia falciforme e
aplicada à educação, vinculado à Universidade Federal de avaliar o tratamento psicofarmacológico empregado.
Minas Gerais (UFMG). Inicialmente, cinco alunos foram Metodologia: Revisão do prontuário, revisão da lite-
avaliados por testes neuropsicológicos. O processo envol- ratura, psicoterapia de base cognitivo-comportamentale
veu, também, anamnese com pais e professores, observa- acompanhamento ambulatorial.
ção do aluno em aula e em atividades extraclasses. Resultados: Após o uso de risperidona 1 mg/dia e se-
Resultados: A avaliação confirmou um caso de difi- guimento psicológico semanal houve redução das crises
culdade de aprendizagem; um de transtorno do déficit de em 50%, segundo relato materno e relato psicológico.
atenção/hiperatividade e outro que apresentava ambas as Discussão: Indivíduos com anemia falciforme podem
queixas. Isto demonstra que, geralmente, os professores apresentar manifestações neurológicas como crises con-
têm um olhar atento sobre o desenvolvimento dos alu- vulsivas, devido isquemia, infarto e formação de focos
nos. A partir destes resultados, a parceria com a UFMG epiléticos. Entretanto, a tomografia computadorizada de
foi aproveitada, na tentativa de encaminhar os casos aos crânio da paciente mostrou-se normal, sugerindo a con-
serviços oferecidos pela Universidade. Intervenções cog- tinuidade do tratamento psicofarmacoterápico, investiga-
nitivo-comportamentais começaram a ser realizadas na ção com RNM e polissonografia.
própria escola.
Discussão: A neuropsicologia na escola não pode ser
concebida como uma ciência que se concentra na detec- AVALIAÇÃO COMPUTADORIZADA DA ATEN-
ção de déficits, e sim como um conhecimento usado para ÇÃO VISUAL EM ESCOLARES NASCIDOS PRE-
examinar variáveis que possam interferir negativamente MATUROS E COM BAIXO PESO
na aprendizagem. Possibilitar “tratamento” aos alunos foi CAMPOS, AF (UFMG); CONDE, BRB (UFMG); AMORIM,
o ponto principal do estágio, em virtude da dificuldade de PM (UFMG); ALMEIDA, VM (UFMG); SOUZA, RL (UFMG);
acesso aos serviços públicos de saúde. A neuropsicologia CARDOSO-MARTINS, C (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF
pode sinalizar uma nova possibilidade de atuação na escola. (UFMG)
Introdução: A OMS classificou o aumento do número
de nascimentos prematuros como um problema global de
TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE TRANSE E saúde. Crianças nascidas prematuras estão mais suscetí-
POSSESSÃO EM CRIANÇA COM DIAGNÓSTI- veis a apresentar dificuldades cognitivas, incluindo déficits
CO DE ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE atencionais.
CASO Objetivo: Comparar o desempenho de crianças nas-
PRADO, CC (Unirg-To); CARMO, AM (Unirg-To); SAN- cidas com até 34 semanas de gestação e/ou peso <1500g,
CHES, L (Unirg-To); SOARES, R (Unirg-To); CHAVES, com o de crianças nascidas a termo, aos seis anos de idade,
M(Unirg-To) no teste de atenção visual (TAVIS-III).
Introdução: Quadros dissociativos envolvem proces- Metodologia: Neste estudo transversal, 20 crianças
sos psicobiológicos que produzem uma série de sintomas nascidas prematuras no Hospital das Clínicas da Univer-
e comportamentos, incluindo: amnésias, perturbações do sidade Federal de Minas Gerais e acompanhadas longitu-
senso próprio, estados de transe, mudanças rápidas no hu- dinalmente no Ambulatório da Criança de Risco, foram
mor e alucinações. São condições raras, especialmente em comparadas com 20 crianças nascidas a termo, empare-
crianças e adolescentes. lhadas por idade, sexo, escolaridade e nível socioeconô-
Relato de caso: Paciente KMM, 10 anos, feminino, mico. Todas as crianças foram submetidas às tarefas 1
com diagnóstico de anemia falciforme desde os 7 meses (atenção seletiva) e 3 (atenção sustentada) do TAVIS-III.
de idade. Em agosto de 2007 iniciou quadros dissociativos O teste não-paramétrico Mann-Whitney U foi utilizado
diários, ocorrendo desmaios, estados de transe, possessão, para comparar o tempo médio de reação (TMR) e o de-
28
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
sempenho nas medidas erros por omissão (EO) e erros cer o médico que lhe vê em média cinco vezes ao dia, etc),
por ação (EA). agressividade repentina e imotivada, apragmatismo, pen-
Resultados: Os prematuros apresentaram desempe- samento incoerente, desorientação têmporo-espacial.
nho inferior nos aspectos considerados, no entanto, dife- Discussão: Devendo ser feito o diagnóstico diferencial
renças com significância estatística foram encontradas em com outros quadros delirantes, sendo esta diferenciação o
EO na tarefa de atenção seletiva (p=0,004) e em TMR na ponto a ser abordado na discussão.
tarefa de atenção sustentada (p=0,01).
Discussão: Crianças nascidas prematuras e com baixo
peso têm mais chance de apresentar transtorno do défi- MECANISMOS COGNITIVOS E APRENDIZA-
cit de atenção/hiperatividade, quando comparadas com GEM DA MATEMÁTICA: A INFLUÊNCIA DA
crianças nascidas a termo. Assim, é importante verificar MEMÓRIA DE TRABALHO E DA REPRESENTA-
a capacidade de atenção desta população. O TAVIS-III ÇÃO DE MAGNITUDE NÃO-SIMBÓLICA
mostra-se eficiente para discriminar tais déficits. O acom- COSTA, DS (UFMG); MICHELI, LR (UFMG); MOREIRA,
panhamento longitudinal dos prematuros é fundamental PHCMS (UFMG); MOURA, RJ (UFMG); FERREIRA, FO
para a identificação de possíveis dificuldades, favorecendo (UFVJM); HAASE, VG (UFMG)
a realização de intervenções precoces. Introdução: A manipulação de números e aritmética
constituem entidades heterogêneas. Diversos mecanismos
e regiões cerebrais podem estar implicados.
DISCUSSÃO PSICOPATOLÓGICA DE QUADRO Objetivo: Pretende-se verificar a contribuição da me-
DELIRANTE EM ADOLESCENTE mória operacional (MO) e da representação de magnitude
VARGAS, CM (ASMIGO); CAIXETA, MF (ASMIGO); REI- não-simbólica no desempenho aritmético de escolares.
MER, CHR (ASMIGO); FERRO, SN (ASMIGO); CAIXETA, Metodologia: 145 estudantes, de 2ª a 6ª série (M=9,97
VM (UFG); CAIXETA, CM (PUC-GO) anos; DP=1,3; 75% da rede pública), realizaram o subteste
Introdução: A análise e diferenciação entre os diversos de aritmética do teste de desempenho escolar (TDEa) e
tipos de delírio ainda é um desafio na prática clínica. Po- tarefas que avaliam MO e comparação de magnitude não-
dem estar relacionados a várias entidades nosológicas e o simbólica. Um modelo de regressão linear foi testado para
conhecimento de seus componentes, assim como a diferen- três grupos: geral; dificuldade de aprendizagem na mate-
ça entre eles nos variados estados delirantes, é fundamental mática (DAM) (percentil igual ou inferior a 25 no TDEa)
para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado. (N=30; idade: M=9,87 anos, DP=1,3) e controle (N=115;
Este trabalho promove uma discussão neuropsicológica e idade: M=10 anos, DP=1,3). A variável dependente foi es-
psicopatológica de estados delirantes correlacionando-os core total no TDEa e as variáveis independentes (VIs) al-
com o caso clínico apresentado. cance na ordem inversa das tarefas de [1] dígitos do WISC
Objetivo: Temos como objetivo explorar o quadro deli- e [2] cubos de Corsi; [3] fração de Weber e [4] tempo de
rante de um paciente atendido e estudado na Associação de reação para tarefa de comparação de magnitude não-sim-
Saúde Mental Infantil de Goiás, utilizando seu quadro deli- bólica; [5] escore total no teste de matrizes progressivas
rante para a discussão acerca dos componentes neuropsico- coloridas de Raven.
lógicos e psicopatológicos do delírio e concluir quais são os Resultados: Para o grupo geral o modelo admitiu as 5
componentes do delírio apresentado pelo paciente estudado. VIs (R2=0,40). No grupo controle, apenas a variável 2 foi
Metodologia: Para cumprir os objetivos faremos uso excluída (R2=0,37) e, em oposição, só esta mesma variável
da descrissão de sua história clínica e de dados do exame foi significativa para o grupo DAM (R2=0,34).
psíquico. Pautados em fontes bibliográficas, faremos a di- Discussão: Tanto MO quanto representação de magni-
ferenciação e classificação nosológica de quadros deliran- tude não-simbólica parecem ser relevantes para o desem-
tes diferenciais ao quadro exposto. Como recurso didático penho matemático. Contudo, crianças com dificuldades,
utilizaremos a exposição de um vídeo do paciente junto provavelmente na ausência de outros recursos cognitivos,
ao material impresso, tornando mais prática e didática a utilizam mais o sistema de MO (visuoespacial) o que, en-
discussão. tretanto, não é suficiente para compensar os déficits nos
Resultados: Na análise do paciente, conclui-se que o demais domínios.
mesmo apresenta elementos de linha subconfusional: pro-
blemas de memória, de orientação alopsíquica, alguma
perplexidade, falsos reconhecimentos, esboço de síndro- AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO TRANS
mes disidentificatórias (não reconher a mãe, não reconhe- TORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPE
29
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
RATIVIDADE (TDA/H): RELATO DE EXPE com comprometimento de região parietal direita devido
RIÊNCIA ao acometimento de traumatismo cranioencefálico, rea-
PACHECO, FB (PUC-GO) lizado em uma clínica-escola. Durante a avaliação foram
Objetivo: Objetiva-se com o presente trabalho discutir utilizados os seguintes instrumentos: WISC-III, RAVLT,
os resultados de uma avaliação neuropsicológica em uma figuras complexas de Rey, Hooper visual organization test,
criança encaminhada a uma clínica escola de psicologia Boston naming test, clock drawing test, além da utilização
com suspeita de TDA/H. O TDAH é um transtorno neu- do jogo de memória, cara a cara, dominó de alfabetização,
robiológico associado ao hipofuncionamento de neuro- quebra-cabeças e jogo dos sete erros.
transmissores no lobo frontal envolvido na atenção con- Resultados: A avaliação apontou comprometimento
centrada e regulação do comportamento. Se trata de um grave das funções executivas, mais notadamente, na capa-
déficit de atenção primário, de forma que a tríade de sin- cidade de visuoconstrução. Os jogos utilizados serviram
tomas (desatenção, hiperatividade e impulsividade) estão como orientadores, visto que durante as suas partidas
presentes no indivíduo desde os primeiros anos de vida foi possível verificar as particularidades da deficiência do
ocasionando diferentes prejuízos funcionais. Autores afir- paciente.
mam que indivíduos com TDAH apresentam dificuldades Discussão: Acredita-se, por meio da experiência rela-
em funções executivas (planejamento, controle inibitório tada e dos suportes teóricos produzidos, que o jogo pode
e outras habilidades). A avaliação neuropsicológica é ca- valer-se como um suporte durante o processo avaliativo.
racterizada por um conjunto de técnicas (entrevistas, ob- Assim, podem contribuir para a obtenção de dados rela-
servação, uso de escalas, testes psicométricos e projetivos), cionados aos aspectos cognitivos trabalhados em cada mo-
a qual visa esclarecer a natureza dos déficits, compreen- dalidade, visto que proporcionam um espaço de detecção
dendo o sujeito a partir de sua história clínica. de limitações ou aquisições das habilidades envolvidas.
Metodologia: Participou deste estudo uma criança do Além disso, contribuem para a emergência de questões
sexo masculino, com seis anos de idade, estudante de uma es- pertinentes ao processo avaliativo por configurarem um
cola particular na cidade de Goiânia/GO. Durante a avaliação espaço de livre manifestação para a criança avaliada.
utilizou-se instrumentos como entrevista/anamnese com os
pais, hora do jogo diagnóstica, WISC-III, escala de transtor-
no de déficit de atenção/hiperatividade - versão para profes- COMPARAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO DE
sores, RAVEN - escala especial, HTP, Bender, dentre outros. CRIANÇAS DE DIFERENTES NÍVEIS SOCIO
Discussão: Corroborando os achados na literatura a ECONÔMICOS EM UMA TAREFA DE AVALIA-
respeito do TDA/H, observou-se na criança avaliada di- ÇÃO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS DO TIPO
ficuldades relacionadas a concentração da atenção, pouca “HOT”
resistência a distração, dificuldades de planejamento em PASSOS, F (UFMG / LINEU); MATA, FG (UFMG / LINEU);
situações de resolução de problemas, impulsividade, ina- GONTIJO, R (UFMG / LINEU); CAMPOS, AF (UFMG / LI-
bilidades nas interações sociais e prejuízos acadêmicos, NEU); MORAES, PP (UFMG / LINEU); MALLOY-DINIZ, LF
embora a criança tenha apresentado um QI dentro da mé- (UFMG / LINEU)
dia esperada para seu grupo etário. Introdução: A literatura em neuropsicologia ilustra a
tradição em pesquisas relacionadas às funções executivas
tipo “fria”, que envolve aspectos puramente cognitivos e
AS CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS PARA O estão relacionadas à atividade do córtex pré-frontal dor-
PROCESSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓ- solateral. Recentemente, aspectos afetivos e emocionais
GICA DA CRIANÇA relacionados às funções executivas (tipo “quente”) têm
OGIONI, FS (UFES); CORREA, MCCB (Centro Universi- recebido mais atenção. Atualmente ainda são escasso os
tário Vila Velha) instrumentos para a avaliações de processos como o de
Introdução: A neuropsicologia estuda as relações e in- tomada de decisão.
terrelações das funções cerebrais com o comportamento e Objetivo: Adaptar o children gambling task para apli-
cognição em condições normais ou patológicas. cação em crianças brasileiras.
Objetivo: Investigar as contribuições dos jogos para o Metodologia: Selecionamos 103 crianças escolares de
processo de avaliação neuropsicológica da criança, tendo Belo Horizonte (53 meninos e 50 meninas; média de idade
como referência um estudo de caso. 6,6 anos e SD 0,49 ano cursando o 2º e 3º ano do ensino
Metodologia: Este estudo de caso apresenta o processo fundamental), que foram submetidas ao teste CGT. Para
de avaliação de uma criança de nove anos, sexo masculino, avaliação da inteligência, foi utilizado o teste das matrizes
30
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
progressivas de Raven. A diferença do desempenho (es- a mesma foi encaminhada para reabilitação cognitiva e
colhas vantajosas menos desvantajosas) inicial e final foi para psicoterapia. Percebe-se que vem produzindo pro-
comparado a partir do teste não paramétrico Wilcoxon gressos no desempenho escolar e, apesar dos problemas
signed ranks. Foram considerados significativos os resul- emocionais, vem conseguindo progressos em suas habili-
tados onde p<0,05. dades sociais.
Resultados: As crianças obtiveram um desempenho
significativamente superior no último bloco com relação
ao primeiro (Wilcoxon Z= –3,72 e p=0.001). O processo TRANSCODIFICAÇÃO NUMÉRICA: ASPECTOS
de aprendizagem pode ser observado ao longo das esco- PSICOMÉTRICOS E NEUROPSICOLÓGICOS
lhas do teste, resultando no aumento da seleção de cartas SILVA, JBL (UFMG); MOURA, RJ (UFMG); CHAGAS, PP
vantajosas, de baixo risco, em detrimento às de alto risco. (UFMG); FERREIRA, FO (UFVJM); HAASE, VG (UFMG)
Discussão: Os resultados preliminares do presente in- Introdução: A transcodificação numérica, tradução
dicam a adaptação e adequação brasileira do teste. Estudos entre diferentes notações, é uma habilidade importante
futuros com amostras maiores e adotando delineamentos para um bom desempenho aritmético.
longitudinais são necessários para uma melhor compre- Objetivo: Investigar as características psicométricas
ensão da relação entre gênero, idade, características sociais de uma tarefa de transcodificação numérica desenvolvida
e individuais com o desempenho cognitivo infantil. pelo Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento
da UFMG em crianças escolares, e aspectos neuropsicoló-
gicos envolvidos na transcodificação verbal-arábico.
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFE- Metodologia: Foi utilizada uma amostra de 1325
RENCIAL NO ACOMPANHAMENTO DE Ado- crianças matriculadas entre a 1ª e a 6ª séries do ensino
lescentes COM TRANSTORNO DE HUMOR: fundamental de escolas públicas e particulares de Belo
ESTUDO DE CASO Horizonte (MG) e Mariana (MG). Todas as crianças fo-
TAVARES, JRF (NAAF); BARBOSA, LNF (NAAF) ram submetidas, além da tarefa de transcodificação, às
Introdução: A adolescência é um período de transfor- tarefas de aritmética e escrita do teste de desempenho es-
mações na vida mental do adolescente, conduzindo a di- colar (TDE). Um subgrupo (n=205) foi selecionado para
versas manifestações corporais e comportamentais que a uma avaliação neuropsicológica individual.
depender de como seja elaborada pode causar transtornos Resultados: A tarefa de transcodificação numérica
emocionais. apresentou bons indicadores psicométricos de validade,
Objetivo: Cada vez mais é comprovado que o diagnós- obtidos através de uma análise fatorial, e de precisão. A
tico diferencial alcança respostas importantes em relação análise de itens revelou índices adequados de dificuldade
ao tratamento adequado quanto ao quadro clinico. Bus- (porcentagem de acertos entre 0,58 e 0,98) e discrimina-
camos esclarecer o diagnóstico e conduta de tratamento ção (ponto-bisserial entre 0,32 e 0,83). Observou-se uma
de uma adolescente de 16 anos encaminhada pela escola correlação forte (r=0,90) entre o número de regras de tra-
com queixa de isolamento, angustia, baixo rendimento es- dução (conforme estabelece o modelo ADAPT de trans-
colar, falta de interesse e aparente imaturidade emocional codificação) e a quantidade de erros em cada item, e uma
e social. Entanto apresentava uma suposta dificuldade de maior demanda de mecanismos de memória de trabalho
concentração, onde foi levantada a hipótese de déficit de conforme aumenta o número de regras.
atenção, devido ao histórico de reprovação. Discussão: Os resultados obtidos atestam para o uso
Metodologia: Diante da queixa, foi realizada anam- da tarefa no contexto da avaliação clínica e na pesquisa
nese com paciente e os pais, escolhida a bateria de testes neuropsicológica. Além disso, o estudo oferece perspecti-
neuropsicológicos, realizada em 3 sessões com duração de vas futuras em relação ao estudo das variáveis neuropsico-
2h cada e resgate do histórico escolar. lógicas que influenciam a transcodificação e a análise de
Resultados: Após a realização dos testes neuropsicoló- aplicabilidade de modelos semânticos e assemânticos de
gicos evidenciou um quadro compatível com rebaixamen- tradução verbal-arábica.
to cognitivo e transtorno de humor, possivelmente ocasio-
nado pela dificuldade no desempenho escolar e histórico
familiar da adolescência. CORRELAÇÃO ENTRE DOENÇA CEREBRO-
Discussão: Com a avaliação neuropsicológica e o le- VASCULAR INCIPIENTE E PSICOPATOLOGIA
vantamento realizado dos sinais específicos, uma vez con- EM CRIANÇAS COM DOENÇA FALCIFORME:
firmada à dificuldade de atenção e o transtorno de humor RESULTADOS PRELIMINARES
31
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
FERNANDES, JLF (HEMORIO/UFF); FARIA, LG (HEMORIO/ Introdução: A doença falciforme (DF) é a doença he-
UFRJ); BARBOSA, ACV (UFF); QUADROS, JI (UFF); LOBO, matológica crônica, hereditária, monogênica mais comum
C (HEMORIO); PINTO, J (HEMORIO); MOURA, P (HEMO- no Brasil. Apresenta complicações e limitações físicas im-
RIO); OLIVEIRA, T (HEMORIO); CELESTINO, ACB (HE- postas pela doença, podendo comprometer o funciona-
MORIO); COSTA, UT (HEMORIO/UFF); FILHO, HSM (UFF) mento cognitivo da criança.
Introdução: A doença falciforme (DF) é a doença he- Objetivo: Avaliar as funções executivas e atenção em
matológica de maior incidência no mundo, sendo carac- crianças com DF sem histórico de doença cerebrovascular
terizada como um problema de saúde pública. Por apre- (DCV) ou infartos silenciosos na ressonância magnéti-
sentar inúmeras complicações neurológicas, estas podem ca de crânio (RMC), relacionando-as com alterações em
provocar patologias secundárias à DF, tais como quadros doppler transcraniano (DTC), tipo de hemoglobinopatia,
psicopatológicos. complicações clínicas de risco para DCV, profilaxia e nível
Objetivo: Avaliar a prevalência de psicopatologia em intelectual.
crianças com DF sem histórico de doença cerebrovascular Metodologia: Quarenta e quatro crianças com DF e
(DCV) ou infartos silenciosos na ressonância magnética RMC normal foram avaliadas através do WISC-III, TA-
de crânio (RMC) e correlacioná-la com alterações em do- VIS-III, TAC e WCST. Foram utilizados testes estatísticos
ppler transcraniano (DTC), tipo de hemoglobinopatia, não-paramétricos.
complicações clínicas e profilaxia. Resultados: O resultado do DTC foi (N -%): normal
Metodologia: Foram avaliadas 36 crianças através de (35-79,5). Os resultados dos testes de atenção foram com-
questionário de triagem de psicopatologia (child behavior prometidos (N-%) em: TAVIS-III: atenção seletiva ação
cheklist - CBCL). Foram utilizados os seguintes testes esta- (15-51,7) e omissão (18-62,1); atenção alternada ação
tísticos não-paramétricos: Mann-Whitney, Kruskal-Wallis (23-79,3) e omissão (22-75,9); atenção sustentada ação
e Spearman (p de 0,05). (17-58,6) e omissão (10-34,5); WSCT - escores T: percen-
Resultados: O CBCL apresentou de forma mais signifi- tual de erros (9-20,5); respostas perseverativas (19-43,1);
cativa as seguintes frequências (N -%) de comprometimento erros perseverativos (23-52,2); erros não perseverativos
clínico: competência em atividades (14-38,9), competência (6-13,6); respostas de nível conceitual (11-25,1); TAC (26-
total (14-38,9), problemas internalizantes (15-41,7), proble- 57,8). Não houve diferença entre os resultados médios dos
mas externalizantes (11-30,6) e problemas afetivos (11-30,6). diversos testes e variáveis clínicas, nem correlação com os
Crianças com DF tipo SS só se diferenciaram das com SC no valores de DTC.
escore de problemas de atenção. Os índices de competência Discussão: Crianças com DF sem DCV apresentam
em atividades, social e total foram piores para aqueles pa- alteração de funções executivas e de atenção. Estas altera-
cientes com histórico de síndrome torácica aguda. Não hou- ções não se relacionam com a presença de DCV, poden-
ve correlação entre o CBCL e DTC ou uso de hidroxiuréia. do estar relacionadas a outras variáveis. Faz-se necessário
Conclusão: Crianças com DF apresentaram compro- aumento do número amostral, comparação com controle
metimento de índices mais gerais do CBCL, sem possibili- saudável, correlação com outras variáveis neuropsicológi-
dade de estabelecer correlação direta entre psicopatologia cas e RNM.
e doença cerebrovascular, justificando tais alterações pelo
impacto psicossocial e limitação sistêmica. Os resultados
precisam ser replicados em uma amostra maior e compa- INTERFERÊNCIAS NO METÓDO DE ADMINIS-
rado a um grupo controle saudável para confirmação. TRAÇÃO NO METÓDO DE ADMINISTRAÇÃO
DA FIGURA COMPLEXA DE REY
LEÃO, KF (CRER, NEPNEURO, Instituto Especializado
NEUROPSICOLOGIA DA DOENÇA FALCIFOR- em Psiquiatria e Psicologia);
NERY, M (CRER, PUC-GO,
ME: ESTUDO DA ATENÇÃO E FUNÇÃO EXE- NEPNEURO, Instituto Movimento); AFIUNE, FG (CRER,
CUTIVA E CORRELAÇÃO COM DOENÇA NEPNEURO); MAURANO, STP (NEPNEURO, Núcleo Des-
CEREBROVASCULAR EM CRIANÇAS COM DO pertar); BARBOSA, DM (CRER, NEPNEURO, Instituto
ENÇA FALCIFORME Movimento)
RIO, P (HEMORIO/UFF); FERNANDES, JL (HEMORIO/UFF); Introdução: A carência de instrumentos devidamen-
TAVARES, R (HEMORIO/UFF); SILVA, J (HEMORIO/UFF); FA- te padronizados e normatizados para a nossa população
RIA, LG (HEMORIO/UFRJ); PINTO, J (HEMORIO); MOURA, P constitui um dos maiores desafios enfrentados pelos neu-
(HEMORIO); OLIVEIRA, T (HEMORIO); CELESTINO, ACB ropsicólogos no Brasil. A figura complexa de Rey é um tes-
(HEMORIO); COSTA,UT (HEMORIO/UFF); FILHO,HSM (UFF) te neuropsicológico frequentemente utilizado na prática
32
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
clínica, porém há divergências na literatura com relação à das crianças e dos adolescentes participantes foram entre-
padronização do método de administração deste teste. vistados utilizando-se o instrumento child behavior che-
Objetivo: Verificar se o método de administração da cklist for ages 6-18 (CBCL/6-18). Depois, os professores
figura complexa de Rey interfere no desempenho da me- participantes responderam ao instrumento, teacher report
mória visual. form (TRF).
Metodologia: A amostra foi composta de 33 indiví- Resultados: Os sinais e sintomas de hiperatividade e
duos com faixa etária acima de 16 anos. Foram exami- déficit de atenção foram de 5,8%, mas 16,1% crianças ti-
nados e comparados os desempenhos na cópia, evocação veram sinais e sintomas de déficit de atenção.
após 3 minutos e o tempo gasto durante a cópia da figura Discussão: A prevalência de TDAH é em média de 3%
complexa de Rey de dois grupos, sendo, o primeiro grupo e 6%, mas o que se percebeu neste estudo, foi que o défict
(GLP) composto por 16 pessoas que foram submetidas ao de atenção foi superior a média nacional.
teste através do método de administração flowchart, que
consiste na cópia utilizando apenas o lápis preto nº 2, e o
segundo grupo (GLC) com 17 sujeitos que foram subme- TESTE D2: DESEMPENHO DE SUJEITOS COM
tidos ao teste com a cópia utilizando lápis colorido. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HI-
Resultados: A média do desempenho durante a cópia PERATIVIDADE.
da figura e o tempo gasto durante a construção foi seme- LEITE, YBP (PUC-GO)
lhante nos dois grupos, porém, observou-se que o GLC Introdução: O teste d2 é um instrumento que avalia
apresentou melhor desempenho na evocação tardia, com atenção concentrada.
média de 20,2 pontos, contra 17,2 pontos do GLP. Objetivo: O objetivo deste estudo é comparar o de-
Discussão: O desempenho na memória visual diferiu- sempenho neste instrumento de crianças e adolescentes,
se na amostra estudada de acordo com o método de admi- divididos em dois grupos: controle, sem queixas de trans-
nistração utilizado. Com base na investigação, evidencia-se tornos neuropsiquiátricos; e clínico, sujeitos com TDA/H.
a importância do uso da técnica de aplicação padronizada Metodologia: Participaram deste estudo 128 sujeitos,
do instrumento no intuito eliminar a influência da mesma sendo 96 do grupo controle e 32 do grupo clínico. A apli-
nos resultados alcançados. cação foi individual e/ou em grupo.
Resultados: Os resultados indicaram que há diferenças
significativas entre os dois grupos em relação à porcenta-
Prevalência de sinais e sintomas de dé- gem de erros cometidos e prevalência de erros por intrusão.
ficit de atenção e hiperatividade em Discussão: Este resultado indica sensibilidade do teste
crianças e adolescentes da comuni- d2 ao diagnóstico de TDA/H. Estudos com maior amos-
dade quilombola Kalunga e descen- tragem, e mais intensa investigação das variáveis tipo de
dentes erro, amplitude de oscilação e distribuição de erros são
CARVALHO, KCN (UFG); CAIXETA, LF (UFG) sugeridos.
Introdução: O transtorno de déficit de atenção e hi-
peratividade (TDAH) é um distúrbio comum em crianças
e adolescentes responsável por vários prejuízos médico- A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROPSI-
sociais. Vários estudos nacionais e internacionais, em sua COLÓGICA EM CRIANÇAS APONTADAS NA
maioria aplicados a crianças em idade escolar, situam a ESCOLA COMO PORTADORAS DE TRANSTOR-
prevalência do TDAH entre 3% e 6%. NO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVI-
Objetivo: Avaliar a prevalência dos sinais e sintomas DADE (TDAH)
do TDAH em crianças e adolescentes da comunidade qui- QUEIROZ, VC (UNIMED-PB); CARAMURU, RC (CAPS Ca-
lombola Kalunga e descendentes. aporã-PB); LIRA, L (UNIMED-PB)
Metodologia: O desenho do estudo é transversal, des- Introdução: O transtorno de déficit de atenção/hi-
critivo, observacional, e quantitativo. Utilizou-se o mé- peratividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico, de
todo de estudo de prevalência. No total foram avaliados causa genética, que aparece normalmente na infância. É
204 crianças e adolescentes variando entre 6 e 18 anos caracterizado pela presença de três grupos de sintomas:
incompletos, provenientes da comunidade quilombola desatenção, hiperatividade e impulsividade. Os portado-
Kalunga no nordeste do estado de Goiás. Inicialmente, fo- res de TDAH podem também apresentar, além dos déficits
ram obtidos os consentimentos livres e esclarecidos para atencionais, alterações nas funções executivas. As crianças
participação voluntária. A seguir, os pais ou responsáveis e adolescentes com TDAH apresentam prejuízos claros no
33
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
aprendizado escolar e no desenvolvimento social e emo- Baseado no modelo ecológico, o protocolo de atendimen-
cional. Sendo muitas vezes a escola que encaminha a crian- to usado foi composto de bateria (fixa/flexível) que permi-
ça ao consultório psicológico para avaliação e diagnóstico. tiu obter o desempenho dos avaliandos.
Objetivo: O objetivo deste trabalho é ressaltar a im- Resultados: Nossos resultados derivam dos progressos
portância da avaliação neuropsicológica das crianças obtidos pelos pacientes a partir dos tratamentos realiza-
apontadas na escola como portadoras de TDAH. dos após as indicações da AN. Os resultados apontam para
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica a influência positivada aplicação dos recursos da neurop-
através de artigos científicos e livros sobre neuropsicologia sicologia em algumas desordens cognitivas e comporta-
e TDAH. mentais, mesmo quando esses resultados se apresentem a
Resultados: É a escola que, muitas vezes, através do longo prazo para o paciente.
professor(a), primeiro percebe que a criança tem alguma Discussão: Desta forma, pretendemos, a partir destes
desatenção ou hiperatividade, e oferece subsídios que au- conhecimentos, apontar os benefícios da neuropsicologia
xiliam no diagnóstico, relatando informações diárias acer- na instituição de reabilitação e oferecer subsídios teóricos
ca do nível de desenvolvimento da criança, nos dando re- e práticos para a área visando melhorar a qualidade de
ferências sobre aspectos emocionais, e de comportamento vida dessa população.
inadequado. Na avaliação neuropsicológica é importante Palavras-chave: avaliação, reabilitação; testes neuro-
levar em consideração os principais aspectos cognitivos: psicológicos.
nível intelectual global; funções de memória; funções mo-
toras/psicomotoras; funções visuoconstrutivas; linguagem
oral e escrita e matemática; aspectos emocionais e familia- DEMENCIA PRECOCÍSSIMA COM CARACTE-
res; investigação do comportamento na escola. A avaliação RÍSTICAS FRONTOTEMPORAIS
neuropsicológica pode confirmar o diagnóstico de TDAH, CAIXETA, VM (UFG); CAIXETA, LF (UFG); CAIXETA, MF
como também auxiliar na identificação de quadros de (UFG); VARGAS, CM (ESCS); CAIXETA, CM (PUC-GO)
comorbidades, com outros déficits cognitivos e/ou com- Introdução: As demências degenerativas na infância
portamentais, ou transtornos específicos do aprendizado, são geralmente progressivas, irreversíveis e raras, além de
sendo importante que continue em um acompanhamento receberem pouca atenção. Em boa parte dos casos, deve
escolar, que auxilie em estratégias de planejamento, orga- ser feito diagnóstico diferencial com oligofrenia.
nização e prioridades. Objetivo: Relatar um caso de doença degenerativa na
infância, que pode ser o caso mais precoce de demência
frontotemporal já descrito.
A NEUROPSICOLOGIA NUMA INSTITUIÇÃO Metodologia: Foram analisados dados colhidos do
DE REABILITAÇÃO E INTEGRAÇÃO SOCIAL prontuário do paciente, relacionando-os à literatura cor-
PELLEGRINO, VB (Instituição Social Dona Meca-RJ) rente do assunto.
Introdução: A Obra Social Dona Meca é um centro Relato do caso: Uma criança de 11 anos, parda, de sexo
de reabilitação e integração social que funciona na cidade masculino, iniciou alterações de comportamento aos 6
do Rio de Janeiro/RJ desde 1990 com uma equipe inter anos (agressividade, inquietude, mania de limpeza). Con-
e multidisciplinar constituída por diversos profissionais. comitantemente, iniciou alterações cognitivas, com gras-
Atende 206 crianças e adolescentes com algum tipo de ping e verbigeração. Foi a óbito aos 24 anos, em decorrên-
deficiência. Essa diversidade de atendimento exige muito cia da morbidade do processo degenerativo demencial, já
conhecimento técnico e atendimento especializado. Neste apresentando manifestações piramidais, extrapiramidais e
sentido, a neuropsicologia implantada na instituição tem demenciais severas.
por objetivo oferecer conhecimentossobre as dificulda- Discussão: Este é o caso mais jovem já relatado de
des/facilidades cognitivas no início do atendimento ou provável demência frontotemporal (até o momento, o pa-
quando não há progresso no tratamento oferecido para as ciente mais jovem a receber tal diagnóstico abriu o quadro
crianças e adolescentes. com 21 anos). Entretanto, algumas manifestações apre-
Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar os sentadas, como hepatomegalia e sinais extrapiramidais,
dados qualitativos e quantitativos encontrados em três nos obrigam a considerar outras causas, como a doença
avaliações neuropsicológicas (AN) quando não havia pro- de Wilson ou erros inatos do metabolismo (mais preva-
gresso no tratamento. lentes nessa faixa etária). A presença de importante atrofia
Metodologia: A metodologia utilizada envolve entre- frontotemporal justifica o achado de exuberantes modifi-
vistas, questionários e testes (WISC-III, Bender, BTN, etc). cações comportamentais e cognitivas (disfunção executiva
34
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
frontal). A possibilidade de que o quadro se justifique por SILVA, VS (UFRB); NETO, GSS (UFRB); FREITAS, PM (UFRB)
oligofrenia (cuja prevalência é ainda maior) deve ser con- Introdução: O princípio da dupla-dissociação identi-
siderada uma vez que, aos 24 anos, o paciente não mais fica componentes de uma função através de padrões in-
apresentava hepatomegalia, e era-se de esperar uma evo- vertidos de déficits, considerando o desempenho de dois
lução mais rápida na hipótese de demência. indivíduos.
Objetivo: O objetivo do presente estudo investigou ca-
sos de duplas-dissociações entre os componentes do pro-
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: INDICA- cessamento lexical.
TIVOS DE DÉFICITS COGNITIVOS EM UM ES- Metodologia: O estudo realizou-se com três crianças
TUDO EM SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA. com idade entre 4 a 8 anos da cidade de Santo Antônio de
NETO, GSS (UFRB); SANTOS, VS (UFRB); FREITAS, PM Jesus/BA. Utilizou-se a bateria de avaliação neuropsicoló-
(UFRB) gica do processamento lexical (BANPLE), constituída das
Introdução: Os transtornos de aprendizagem (TA) tarefas: discriminação de fonemas (DF); detecção de rimas
são caracterizados como uma dificuldade significativa na (DR); decisão lexical auditiva (DL); associação semântica
aquisição e uso de habilidades auditivas, da fala, escrita, palavra-figura (APF); associação semântica figura-figura
leitura, raciocínio ou da matemática. A investigação neu- (AFF); fluência verbal (FV); nomeação de figuras (NF);
ropsicológica procura pelas alterações decorrentes de le- repetição de palavras e pseudopalavras (RPP); julgamento
sões ou distúrbios funcionais. de rimas (JR).
Objetivo: Este estudo busca investigar os principais Resultados: O sujeito 1 apresentou as funções lexicais
TA’s, discalculia e dislexia, em crianças de 4 a 11 anos, es- e fonológicas preservadas porém as funções semânticas
tudantes de escolas públicas na cidade de Santo Antônio encontraram-se prejudicadas, obtendo o seguinte desem-
de Jesus/BA. penho nas tarefas: Tarefa RPP: 0,46%; Tarefa APF: 0,36%;
Metodologia: O instrumento utilizado na avaliação das Tarefa DF: 0,66%; Tarefa FV: 0,66%; JR: 0,00%; NF: 0,30%;
funções psicolinguísticas foi a bateria de avaliação neuro- DL: 0,50%; DR: 0,50%; AFF: 0,33%. O sujeito 2 apresentou
psicológica do processamento lexical (BANPLE) composta as funções semânticas e lexicais preservadas mas as funções
por 12 tarefas. Já as funções visuoespaciais foram avaliadas do nível fonológico estavam prejudicadas, alcançando tal
pelos instrumentos: Santucci, construções tridimensio- desempenho nas tarefas: Tarefa RPP: 0,50%; Tarefa APF:
nais e figuras hierarquizadas. A amostra foi constituída 0,46%; Tarefa DF: 0,00%; FV: 0,73%; JR: 0,00%; NF: 0,93%;
207 crianças, com idade média de 7,03 anos (dp=2,140) DL: 0,46%; DR: 0,00%; AFF: 0,90%. O sujeito 3 apresentou
anos, sendo 55,1% do sexo masculino e 44,9% feminino. a relação oposta tendo as funções fonológicas preservadas
Resultados: Nos resultados encontrados observa-se e as funções lexicais comprometidas, apresentando como
que cerca de 84% das crianças avaliadas obtiveram desem- desempenho: Tarefa RPP: 0,36%; Tarefa APF: 0,46; Tarefa
penho abaixo do ponto de corte estabelecido nas tarefas DF: 0,12; FV: 0,90%; JR: 0,46; NF: 0,70%; DL: 0,40; DR:
ligadas às funções linguísticas, o que pode indicar à pre- 0,56%; AFF: 0,56%.
sença da dislexia. Para as funções visuoespaciais observa- Discussão: Esses resultados evidenciam duplas disso-
se que cerca de 60% das crianças avaliadas apresentaram ciações do processamento lexical em crianças normais.
desempenho abaixo do ponto de corte estabelecido, o que
pode ser considerado indicativo da presença da discalculia.
Discussão: Através dos resultados é possível perceber UM ESTUDO COMPARATIVO DE DÉFICITS
o alto índice de indicativos de déficits cognitivos associa- ENTRE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES
dos aos transtornos de aprendizagem. A importância do DE MINAS GERAIS E BAHIA: AVALIAÇÃO DAS
diagnóstico está associada com o estabelecimento de um FUNÇÕES COGNITIVAS EM CRIANÇAS DE 4 A
melhor programa de intervenção, diminuindo os proble- 8 ANOS
mas de aprendizagem e suas consequências sociais. SILVA, VS (UFRB); NETO, GSS (UFRB); FREITAS, PM (UFRB)
Introdução: A neuropsicologia cognitiva procura con-
clusões sobre os processos cognitivos intactos através das
ESTUDOS DE CASOS COM CRIANÇAS DE ES- regularidades observadas em casos de déficits nas funções
COLAS PÚBLICAS EM SANTO ANTÔNIO DE cognitivas.
JESUS/BA: DUPLA-DISSOCIAÇÃO NA IDENTI- Objetivo: O objetivo do estudo foi comparar medidas
FICAÇÃO DOS COMPONENTES DAS FUNÇÕES em tarefas das funções cognitivas (inteligência, psicolin-
PSICOLINGUISTICAS guísticas e visuoespaciais) em crianças de 4 a 8 anos entre
35
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
às cidades de Santo Antônio de Jesus/BA e Belo Horizon- culadas na educação básica, sendo 82 em escolas públicas
te/MG, investigando os problemas relacionados à apren- e 25 em escolas privadas. Avaliaram-se 42 crianças de 6
dizagem e através da comparação transcultural. anos (M=77,7 meses; R=72-83; 20 meninos e 22 meninas)
Metodologia: O método utilizado foi o delineamento e 65 de 7 anos (M=89,6 meses; R=84-95; 34 meninos e
transversal com comparação entre grupos. A amostra foi 31 meninas). Os sujeitos foram testados com a utilização
constituída de 317 crianças, 174 de Belo Horizonte/MG e da versão brasileira da tarefa children’s gambling task-Br
143 de Santo Antônio de Jesus/BA. As crianças foram divi- (CGT-Br). Para comparação entre os grupos com relação
didas 62,77% de escolas públicas e 37,23 de escolas priva- ao padrão de escolhas no CGT-Br foi utilizado o teste não-
das. Os instrumentos utilizados foram divididos: avaliação paramétrico U de Mann-Whitney.
da inteligência, tarefas psicolinguísticas e visuoespaciais. Na Resultados: Os resultados apontam para a inexistên-
avaliação da inteligência utilizou-se as matrizes progressivas cia de diferenças significativas no desempenho de meni-
coloridas de Raven, na avaliação psicolinguística utilizou-se nos e meninas nos grupos etários de 6 (p=0,576) e 7 anos
a bateria neuropsicológica de processamento lexical (BAN- (p=0,905).
PLE) e na avaliação visuoespacial utilizou-se: tarefas San- Discussão: Os resultados corroboram a literatura neu-
tucci, construções tridimensionais e desenho impossível. ropsicológica que mostra que as diferenças em favor dos
Resultados: Os resultados demonstram diferenças sig- meninos no processo decisório tendem a desaparecer após
nificativas entre as escolas públicas e privadas em Santo a idade pré-escolar.
Antônio de Jesus em 13 tarefas, em Belo Horizonte em 12
tarefas, sendo o desempenho das crianças de escolas pri-
vadas melhor nessas tarefas e na comparação entre os esta- SÍNDROME FRONTAL EM CRIANÇA COM EX-
dos houve diferença em 6 tarefas na comparação entre os POSIÇÃO INTRA-UTERO A TABACO E BENZO-
mesmos grupos (públicas/públicas e privadas/privadas). DIAZEPÍNICOS.
Discussão: Os achados indicam diferenças sociocultu- ARAÚJO, RS (UNIRG); SANCHES, L (UNIRG); CARMO,
rais que podem ter sido fator de influência no desempenho AMD (UNIRG);PRADO,CC (UNIRG);CHAVES,MPR (UNIRG)
cognitivo. Os dados contribuem para investigação de pos- Introdução: Paciente de nove anos de idade com
síveis alterações no desenvolvimento cognitivo e escolar transtornos de conduta, filho de mãe tabagista inveterada
das crianças podendo auxiliar no processo de intervenção. e usuária de benzodiazepínicos durante toda a gravidez.
Objetivo: O trabalho visa mostrar o risco inerente ao
uso de duas substâncias potencialmente lesivas, teratogê-
APLICAÇÃO DO CHILDREN’S GAMBLING nicas e que culminaram em alteração comportamental e
TASK EM CRIANÇAS ESCOLARES BRASI cerebral na criança.
LEIRAS: DIFERENÇAS ENTRE MENINOS E Metodologia: Utilizou-se de avaliação clínica e tomo-
MENINAS gráfica computadorizada para o diagnóstico do menino e
GONTIJO, RAB (UFMG); MATA, FG (UFMG); PASSOS, exame clínico para a mãe.
FM (UFMG); CAMPOS, AF (UFMG); MORAES, PP (UFMG); Resultados: Verificou-se que a criança além de trans-
MALLOY-DINIZ, LF (UFMG) torno de conduta desenvolveu transtorno de gênero, hi-
Introdução: A tomada de decisão é um importante pro- percinesia e parafilia. A mãe relatou que o menino é agres-
cesso cognitivo que permite a análise de custo e benefício sivo, sente atração sexual por bonecas, pelas irmãs e por
em contextos emocionalmente significativos. Considerada pessoas do mesmo sexo. Acrescenta que já tentou suicídio
uma função executiva do tipo Hot, estando relacionada ao 13 vezes. Fez-se necessário o uso de clorpromazina 300
controle consciente do pensamento e da ação, apresen- mg/dia, carbamazepina1, 5 g/dia e ritalina 30 mg/dia para
ta substrato neurobiológico relacionado à atividade dos se obter um controle razoável do caso.
circuitos cerebrais que envolvem o córtex órbito-frontal Discussão: Alertamos para a necessidade de critérios
(COF). Há evidências de que o desenvolvimento do COF cuidadosos no trato de doenças mentais em mulheres
e do processo decisório é mais acentuado no sexo masculi- grávidas em função dos riscos de teratogênese e de lesões
no nos primeiros anos de vida, havendo poucas evidências cerebrais potencialmente graves ao nascituro. Além disto
sobre a manutenção de tal diferença em idades posteriores. ressalta-se a consequência grave que poderá ocorrer em
Objetivo: Assim, o objetivo do presente trabalho foi uma parcela grande de crianças filhas de mães tabagistas.
investigar diferenças entre meninos e meninas em idade
escolar na tomada de decisão.
Metodologia: Foram recrutadas 107 crianças matri- TRANSTORNO DE CONDUTA: CONTRIBUI-
36
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
37
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
pode acarretar diferentes níveis de disfunção neurológica. menor passa por avaliação fonoaudiológica completa, re-
A hidrocefalia (HC) está presente em cerca de 90% dos ca- torno com médico fisiatra e reavaliação fonoaudiológica.
sos. Podem estar associados à MMC alterações cognitivas Resultados: Em avaliação verifica-se que a criança
e sensitivas, porém há pouca literatura sobre as alterações apresenta quadro compatível com disartria flácida (fala
na área de linguagem. pastosa, com ressonância hipernasal, fraqueza muscular
Objetivo: Descrever alterações encontradas na aquisi- em face e língua e imprecisão articulatória). É encaminha-
ção de fala e linguagem de crianças com MMC. do para retorno com médico fisiatra que retira a medi-
Metodologia: Dezoito crianças com diagnóstico de cação. Em retorno após 20 dias, verifica-se que a criança
MMC e HC, idade média 3,2 anos, passaram por avaliação não apresenta mais os sintomas de disartria flácida, tendo
fonoaudiológica composta por: observação lúdica, intera- recuperado completamente seu padrão de fala anterior.
ção com a avaliadora e avaliação específica nas áreas de Discussão: Trata-se uma reação adversa bastante in-
fonologia e vocabulário. comum, porém pacientes tratados com baclofeno podem
Resultados: Foi observado que 14 das 18 crianças apre- apresentar disartria flácida, com remissão completa dos
sentaram atraso de aquisição de fala que variou de 6 a 13 sintomas após interromperem o uso do medicamento.
meses. Em diálogo com a avaliadora foi possível observar
que todas as crianças avaliadas usaram estruturas morfos-
sintáticas bastante simples para se comunicar e tendência UM OLHAR GESTÁLTICO SOBRE O PROCES-
a fala vazia e de conteúdo repetitivo. Sete crianças apre- SO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
sentaram episódios de ecolalia imediata em sua fala e uma INFANTIL
criança apresentou episódios de ecolalia tardia. As dezoito CAVALCANTI, ASP (Faculdade Victor Hugo); REGO,
crianças avaliadas apresentaram vocabulário pobre para a MGS (UNIP)
sua faixa etária e as alterações fonológicas também foram Entre a neuropsicologia e a Gestalt há vários pon-
bastante frequentes, estando presentes em 13 crianças. tos em comum. A princípio, pode-se destacar, que assim
Discussão: Estudos mostram que alterações cognitivas como a neuropsicologia evoluiu de uma perspectiva loca-
são comuns em crianças com MMC, devido a comorbi- lizacionista para uma holista, a Gestalt também compar-
dade com HC, agenesia de corpo caloso e Arnold-Chiari. tilha de uma visão holística do homem. A Gestalt procura
Provavelmente trata-se da mesma gênese das alterações de realizar um diagnóstico fenomenológico, considerando a
linguagem e claramente há interferência das questões cog- singularidade de cada ser humano. A neuropsicologia co-
nitivas nessa aquisição. São necessários estudos mais deta- munga deste ponto de vista quando avalia o sujeito como
lhados na área para maior compreensão destas alterações. único identificando suas “forças” e “fraquezas”. Do ponto
de vista gestáltico, podemos pensar na plasticidade cere-
bral como um processo homeostático de autorregulação
DISARTRIA FLÁCIDA TRANSITÓRIA APÓS em que o organismo procura manter um equilíbrio. Para
USO DE BACLOFENO EM CRIANÇA COM PA- a neuropsicologia plasticidade é a possibilidade que o or-
RALISIA CEREBRAL: RELATO DE CASO ganismo tem de estabelecer novas conexões neuronais em
RIBEIRO, MO (UNIFESP) busca deste equilibrio. Tendo em vista a convergência en-
Introdução: O baclofeno é uma medicação comu- tre as teorias citadas, essa pesquisa se propôs verificar se o
mente utilizada em crianças com paralisia cerebral do tipo referencial teórico e prático da Gestalt contribui com uma
espástica com o objetivo de reduzir a espasticidade carac- visão diferenciada do processo de avaliação neuropsico-
terística da patologia. São descritos diversos efeitos adver- lógica. Para isso foram detalhadas as etapas da avaliação
sos do uso do medicamento, sendo a flacidez de língua e neuropsicológica infantil e suas principais características,
falta de controle muscular um dos mais raros. bem como, os principais conceitos gestálticos, sua visão
Objetivo: Descrever o caso de uma criança com para- de ser humano e o processo saúde/doença. A partir destes
lisia cerebral que apresentou disartria flácida transitória conceitos foi analisada a relação entre as duas abordagens
após o uso de baclofeno. em busca de pontos em comum. O estudo foi comple-
Metodologia: O menor DPA, sexo masculino, 3 anos e mentado com relato de uma avaliação neuropsicológica
7 meses, diagnóstico médico de paralisia cerebral do tipo infantil, realizada sob um olhar gestáltico, salientando a
diparesia espástica, com antecedentes de atraso de aqui- importância de tal encontro para terapeuta e paciente.
sição de fala e trocas articulatórias já tratadas, retorna
acompanhado de sua mãe que traz queixa de dificuldade
para falar após 2 dias do início do uso de baclofeno. O AVALIAÇÃO DA COGNIÇÃO NUMÉRICA EM
38
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
CRIANÇAS DE BELO HORIZONTE E MARIA- sempenho aritmético de crianças do sexo masculino e fe-
NA/MG minino com e sem dificuldades matemáticas.
OLIVEIRA, LFS (UFMG); CHAGAS, PP (UFMG); FERREI- Metodologia: 207 escolares de Minas Gerais realiza-
RA, FO (UFVJM); HAASE, VG (UFMG) ram o subteste de aritmética do TDE e um questionário de
Introdução: O emprego de modelos cognitivo-neu- auto relato sobre ansiedade matemática (QAM), adaptado
ropsicológicos tem sido cada vez mais valorizado na litera- de uma versão alemã (média idade=9,89 anos; dp=1,82;
tura internacional para a compreensão da aprendizagem 52,7% meninas; 76,8% escolas públicas e 67,6% contro-
matemática. O modelo mais consistente na literatura é les). As crianças foram classificadas como DAM (desem-
o código triplo, que propõe a existência de três sistemas penho inferior no TDE) ou controles.
de representação numérica: analógico-compreensão de Resultados: A análise fatorial do QAM extraiu 4 fato-
quantidades, cujas evidências tem uma base inata; arábi- res relacionados aos 4 tipos de perguntas do questionário.
co e verbal-simbólicos, influenciados pela escolarização. A Os fatores foram denominados: sentimentos relacionados
hipótese é que indivíduos com dificuldade de aprendiza- à problemas em matemática (fator 1); preocupação rela-
gem matemática (DAM) apresentam déficits gerais ou es- cionada à problemas em matemática (fator 2); autoeficá-
pecíficos nesses sistemas, tendo a inteligência preservada. cia (fator 3) e interesse pela matemática (fator 4). Medidas
Objetivo: Identificar as especificidades do perfil mate- do 3º fator e o escore bruto do TDE foram comparados
mático de DAM, através da comparação com controles. entre os sexos em ambos os grupos. No grupo controle,
Metodologia: Fizeram parte da análise 170 sujeitos, verificou-se que as meninas se consideram menos efi-
sendo 42 do grupo DAM (69% BH, x=9,96 anos, dp=1,48 cientes que os meninos em tarefas de aritmética (t=2,47;
anos, 45,8% feminino e 92,9% escola pública) e 128 con- p=0,015). Comparações do desempenho aritmético apon-
troles (74,2% BH, x=9,89 anos, dp=1,95 anos, 54,7% taram, contudo, ausência de diferenças significativas en-
feminino e 72,7% pública). As tarefas utilizadas foram tre os sexos em ambos os grupos (Controle: t= –1,182;
construídas com base no modelo. Analógico: comparação p=0,24; DAM: t= –0,51, p=0,61).
de magnitudes-pontos. Arábico: cálculos, comparação de Conclusão: Crianças do sexo feminino e grupo con-
magnitudes-dígitos. Verbal: problemas matemáticos, lei- trole tendem a subestimar suas habilidades aritméticas.
tura de números, transcodificação. Foi utilizado o teste t A ausência de diferenças significativas no senso de auto-
para comparação das médias. eficácia entre os sexos no grupo DAM precisa ser melhor
Resultados: Não foram encontradas diferenças estatis- investigada.
ticamente significativas (t= –4,5, p=0,26) na inteligência e
nos tempos de reação (TR) das tarefas de comparação de
magnitudes. Nas demais tarefas, as diferenças foram sig- O SERVIÇO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓ-
nificativas (p<0,05; d de Cohen variando de 0,26 a 2,06). GICA INFANTO-JUVENIL DA PONTIFÍCIA
Ressalta-se que a porcentagem de erros de DAM para dis- UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS/GO
criminar quantidades foi estatisticamente superior quan- FERREIRA, SFB (PUC-GO); BRASIL, MGN (PUC-GO);
do comparado com controles. LOTH, OAM (PUC-GO); HERENIO, ACB (PUC-GO)
Discussão: Os resultados sugerem que DAM apresenta Introdução: O Serviço de Avaliação Neuropsicológica
uma pior acuidade na discriminação de quantidades e isso Infantil da PUC-GO foi implementado no ano de 2004
parece impactar no desempenho das tarefas matemáticas com a finalidade de atender crianças com queixas de difi-
simbólicas. Estudos posteriores visam identificar o poder culdades de aprendizagem.
preditivo dessa relação. Objetivo: O objetivo deste trabalho é estabelecer o
perfil dos atendimentos no serviço de psicologia (Clínica-
Escola Vida e Centro de Estudos, Pesquisas e Práticas Psi-
DIFERENÇAS DE GÊNERO NO SENSO DE AU- cológicas da PUC-GO na modalidade de avaliação neuro-
TO-EFICÁCIA E DESEMPENHO ARITMÉTICO psicológica infantil.
MICHELI, LR (UFMG); CHAGAS, PP (UFMG); FERREIRA, Metodologia: Realizou-se um estudo documental de
F (UFVJM); HAASE, V (UFMG) metanálise de 382 prontuários de avaliação neuropsico-
Introdução: A literatura aponta a influência do senso lógica, produtos de atendimentos efetivados no período
de auto eficácia matemática no desempenho aritmético e a compreendido entre 2004 a 2009.
maior confiança dos homens, em relação às mulheres, em Resultados: Os resultados apontaram para a predomi-
suas habilidades aritméticas. nância de atendimentos do sexo masculino (70%) contra
Objetivo: Comparar o senso de auto eficácia e o de- 30% de crianças do sexo feminino. A idade média é de 10
39
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
anos, sendo que 70% dos atendimentos concentram-se na e memória: trava-línguas, palavras-cruzadas, adedonha
faixa etária entre 8 e 12 anos. Cerca de 8,8% dos relatórios que trabalham aspectos relacionados à memória semân-
(40) aponta para impressão diagnóstica de transtorno de tica e fluência verbal.
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), 11,51% dos Resultados: As sessões de reabilitação com uso de jo-
prontuários (44) indicaram impressão diagnóstica de re- gos tornam-se atrativas e facilitam a mediação de estraté-
tardo mental (RM); 9 crianças (2,36%) foram considera- gias cognitivas e metacognitivas.
das com transtorno específico de aprendizagem (dislexia); Discussão: Discute-se a facilidade de acesso bem como
3 prontuários (0,78%) indicaram transtornos invasivos do a boa adesão dos participantes ao uso destas ferramentas.
desenvolvimento, dois prontuários (0,52) indicaram nor- Estudos controlados são sugeridos. A possibilidade de
malidade e, em 284 prontuários (74,36%) foram encon- transcendência da aprendizagem para situações da vida
tradas outras condições que podem ser atribuídas a má cotidiana e escolar merece ser melhor investigada.
qualidade do sistema educacional e condições materiais
desfavoráveis e/ou ambientais de exposição a violência
afetando o desenvolvimento harmonioso. CRIANÇAS “APARENTEMENTE NORMAIS”?
Discussão: Discutiu-se sobre o perfil de atendimento CRIANÇAS NA IDADE ESCOLAR COM HISTÓ-
encontrado e a importância de se conhecer este perfil para RIA DE ATRASO DO DESENVOLVIMENTO
melhoria dos serviços prestados, para o estabelecimento NEUROPSICOMOTOR
de programas de reabilitação bem como para a condução Dornelas, LF (UFMG); Alves, S (AACD-MG); Maga-
de ações de políticas públicas. lhães, LC (UFMG)
Introdução: Crianças que nascem em condições de
risco e que não possuem alterações neurológicas graves,
Uso de Jogos na Reabilitação Neu comumente recebem diagnóstico de atraso no desenvolvi-
ropsicológica Infantil: Relato de mento neuropsicomotor (ADNPM). Embora avancem em
experiÊncia algumas áreas, em outras o atraso persiste, e dentre as de-
FERREIRA, SFB (PUC-GO); BRASIL, MGN (PUC-GO); ficiências leves encontradas estão o transtorno do desen-
LOTH, OAM (PUC-GO); HERENIO, ACB (PUC-GO); LEITE, volvimento da coordenação motora (TDC), a dificuldade
YBP (PUC-GO) de aprendizagem e o déficit de atenção. Esses problemas
Introdução: Crianças acometidas por várias condições são mais facilmente identificados na fase escolar, porém,
neurológicas podem exibir perfis de desempenho que per- dificilmente diagnosticados, uma vez que são crianças
mitam a propositura de programas baseados em estraté- “aparentemente normais”.
gias compensatórias visando maximizar funções remanes- Objetivo: Descrever o desenvolvimento nas áreas da
centes ou intactas. cognição, comportamento, coordenação motora e partici-
Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar o uso de pação escolar, em crianças com história de ADNPM.
jogos com crianças com funções neuropsicológicas defici- Metodologia: Dez crianças de ambos os sexos com
tárias. O mapeamento destas funções deve ser o ponto de sete ou oito anos de idade cadastradas na Associação de
partida para a propositura de atividades que possam dimi- Assistência à Criança Deficiente de Uberlândia/MG (AA-
nuir o impacto das funções deficitárias e a maximização CD-MG) no ano de 2002, que receberam diagnóstico de
do potencial de aprendizagem do sujeito. ADNPM e evoluíram com marcha típica, recebendo alta.
Metodologia: As sessões são estruturadas levando-se Foram aplicados testes de coordenação motora e função
em consideração as funções que se deseja reabilitar ou cognitiva, questionário sobre atenção e participação escolar.
maximizar; Atenção visual: jogos de rastreio visual envol- Resultados: Grande parte (7; 70%) das crianças com
vendo seleção, alternância e sustentação da atenção visu- história de ADNPM apresentou sinais de TDC; cinco
al, como Lince e onde está Wally; Memória operacional (50%) apresentaram sinais de desatenção; seis (60%) ne-
visual e auditiva: jogos que envolvem encadeamentos de cessita de supervisão na escola, mesmo na presença de in-
estímulos como Genius e Simon; Visuoconstrução: Jogos teligência dentro da média (9; 90%).
que envolvem capacidade de antecipação visual, rotação Discussão: Crianças com história de ADNPM, mes-
mental e organização visuoespacial como quebra-cabeças, mo com inteligência normal, apresentaram sinais de TDC
engenheiro e lego; Funções executivas: jogos de estratégia e problemas de atenção, necessitando de maior ajuda na
ou onde estão implicadas funções de planejamento, con- escola. O uso de testes padronizados para avaliação do
trole da impulsividade, probabilidade e flexibilidade men- desenvolvimento auxilia no rastreio e diagnóstico, porém,
tal como dama, xadrez, mancala, war; jogos de linguagem pergunta-se: os achados do estudo caracterizam comorbi-
40
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
dades, coocorrências ou variações devido aos testes utili- ca de leitura em tela desenvolvida por Foster em 1970, a
zados? rapid serial visual presentation (RSVP). A técnica consis-
te na apresentação sucessiva de palavras escritas em um
ponto fixo de uma tela, com rápida exposição da palavra
SOFTWARE DE ESTIMULAÇÃO DA ROTA LE- (Pacheco, 2007). Serão feitas adaptações que permitirão
XICAL DE LEITURA ao terapeuta inserir no próprio programa dados referentes
Pacheco, JF (PUC-GO); Toschi, LS (PUC-GO); Faria, ao texto e à velocidade de apresentação.
KCF (PUC-GO); Duarte, MDL (PUC-GO) Resultados: O programa desenvolvido será utilizado
Introdução: A evolução do homem e a crescente glo- em terapia fonoaudiológica para estimulação da rota le-
balização tornaram o código escrito um meio relevante de xical de leitura.
comunicação. E devido a essa importância social e peda- Discussão: Trabalhar não só a rota fonológica, mas
gógica conotadas à leitura/escrita há um aumento signifi- também a rota lexical de leitura é um diferencial que o
cativo de estudos voltados para os transtornos que interfe- profissional de fonoaudióloga pode e deve acrescentar à
rem nessas habilidades. Essas alterações podem ter causas sua atuação com a linguagem escrita. Pesquisas atuais re-
biológicas, cognitivas ou comportamentais e comprome- velam que o desenvolvimento da fluência interfere direta-
tem as capacidades do sujeito de decodificação fonológica mente na adequação da leitura, principalmente em crian-
e de compreensão da linguagem escrita afetando uma ou ças com dislexia. Sendo assim, é importantíssimo que ao
ambas as rotas usadas para a leitura, fonológica e lexical planejar uma terapia de leitura/escrita o fonoaudiólogo
conforme descrito no modelo de leitura de dupla rota considere atividades que estimulem as duas rotas, espe-
(Ellis, 1995). Durante o uso dessas rotas o indivíduo faz a cialmente porque muitas vezes a criança consegue desen-
ativação de determinadas áreas do cérebro e para isso utili- volver consciência fonológica após algumas sessões, mas
za dois diferentes caminhos, o primeiro é o caminho supe- sua fluência permanece alterada. Concluindo, sendo o fo-
rior localizado principalmente na região média do cérebro, noaudiólogo o responsável pela adequação dos distúrbios
a região parietotemporal e o segundo é o caminho inferior de linguagem escrita é ele quem deve aprender, difundir e
que passa próximo da base do cérebro, é o local onde o pesquisar novos meios de tornar ainda mais eficiente sua
lobo occipital e temporal se encontram, a chamada região atuação nesse campo. E isso inclui abraçar o trabalho de
occipitotemporal. O sistema parietotemporal é ativado estimulação de ambas as rotas de leitura, uma vez que elas
quando o sujeito utiliza a rota fonológica de leitura, nesse coexistem e funcionam simultaneamente.
caso ele analisa, subdivide e conecta as letras aos sons. Essa
ativação ocorre principalmente no leitor iniciante e está
ligada aos estágios iniciais da aprendizagem da leitura. Já a TRANSTORNO DE ANSIEDADE E ALTERAÇÕES
região occipitotemporal é uma via expressa para a leitura, DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
sendo utilizada principalmente por leitores experientes. Toschi, LS (PUC-GO); Lima, VR (PUC-GO)
Esse sistema é ativado quando o indivíduo utiliza a rota Introdução: Muitos transtornos têm seu início duran-
lexical de leitura, uma vez que ela responde rapidamente te a infância ou adolescência, porém, ocasionalmente estes
à palavra visualizada, ou seja, ao invés de analisá-la essa transtornos não são diagnosticados até a idade adulta, tra-
área reage quase que instantaneamente como se a palavra zendo graves consequências no desenvolvimento, no de-
fosse um padrão único (Shaywitz, 2006). O fonoaudiólogo sempenho escolar e na vida diária da criança. Os transtor-
é o profissional competente a tratar os distúrbios de lin- nos ansiosos encontram-se entre as doenças psiquiátricas
guagem escrita, no trabalho com a rota fonológica sabe-se mais comuns em crianças e adolescentes, porém, são ig-
que o objetivo principal é estimular a consciência fonoló- norados ou não identificados pela falta ou pela imprecisão
gica do indivíduo; já o trabalho com a rota lexical ainda é de um diagnóstico ainda na infância. Entre os transtornos
desconhecido por grande parte dos profissionais, devido à de ansiedade encontram-se a ansiedade social, fobia es-
escassez de trabalhos e recursos relacionados ao assunto. pecífica, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de
Objetivo: Criar um software que será utilizado na atu- ansiedade de separação, transtorno da adaptação, trans-
ação junto aos pacientes de leitura/escrita que apresentam torno de ansiedade generalizada - transtorno de excesso
alterações na rota lexical, contribuindo para a divulgação de ansiedade da infância. O transtorno de ansiedade de
do trabalho fonoaudiológico nesse âmbito e conscientiza- separação, seguido pelo transtorno de ansiedade excessiva
ção dos profissionais da área de que é fundamental esti- (TAG) e as fobias específicas são os mais frequentes em
mular ambas as rotas de leitura. crianças e adolescentes. A ansiedade e a preocupação po-
Metodologia: O software será baseado numa técni- dem ser acompanhadas de sintomas adicionais, tais como
41
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
inquietação, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se de separação, há com frequência recusa escolar, em que a
ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão criança deseja frequentar a escola, demonstra boa adapta-
muscular e dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou ção prévia, mas apresenta intenso sofrimento quando ne-
sono insatisfatório e inquieto. É de curso crônico, porém cessita afastar-se de casa. É muito frequente as dificuldades
flutuante, e frequentemente piora durante períodos de es- de aprendizagem estarem associadas a problemas com-
tresse, e se faz presente quer estejam ou não os indivíduos portamentais e emocionais, tornando as crianças menos
sendo avaliados. As crianças por não se conhecerem tão envolvidas com as tarefas escolares, prejudicando sua au-
bem, podem não saber descrever esse sentimento ou po- tonomia, aumentando a recusa escolar, pois encontrando-
dem nem mesmo identificar que existe algo errado, mani- se em um estado defensivo não estarão abertas a aprendi-
festando apenas alterações de comportamento e sintomas zagem e muito menos à consideração de pontos de vista
psicossomáticos. Estes sintomas podem ser responsáveis alheios. É comum a recusa para iniciar qualquer atividade
por distúrbios de linguagem, tanto na linguagem expres- nova, insegurança no que produz, tornando-se crianças
siva, na fala e na escrita, quanto na linguagem compreen- difíceis, mantendo o ambiente ao seu redor tenso, provo-
siva, e na fase escolar, por dificuldades no aprendizado.O cando irritação nas pessoas de seu convívio, além de não
transtorno de ansiedade tem predisposição biológica he- conseguir desempenhar atividades rotineiras ou de lazer.
reditária e necessita de tratamento e acompanhamento Discussão: Para que a aquisição e o desenvolvimento
terapêutico. da linguagem aconteçam, são necessários desenvolvimen-
Objetivo: Relacionar as alterações de linguagem oral e to cognitivo, representação conceptual, interação social,
escrita na infância com o transtorno de ansiedade. condições favoráveis e também implica nas trocas entre o
Metodologia: Foi realizada pesquisa bibliográfica em sujeito e o meio em que se encontra. O desenvolvimento
artigos científicos publicados entre 2000 e 2008 sobre a da criança é influenciado por aspectos biológicos, psicoló-
temática, e levantados os sintomas e sinais descritos que gicos e sociais, e um distúrbio em qualquer um destes pode
direcionam à inter-relação transtornos de ansiedade e ocasionar um transtorno, muitas vezes percebido apenas
transtornos de linguagem oral e escrita. quando esta chega à escola. O fonoaudiólogo, assim como
Resultados: O transtorno de ansiedade impede que a outros profissionais da saúde, deve conhecer e identificar
interação social e que as trocas que o sujeito deveria reali- o transtorno de ansiedade para direcionar a tratamentos
zar com o meio de maneira natural e tranquila aconteçam, adequados, bem como compreender que alguns sintomas
podendo tardar a aquisição da linguagem oral, ou preju- deste transtorno podem comprometer a aquisição e de-
dicar o seu desenvolvimento. No transtorno de ansiedade senvolvimento da linguagem.
42
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
POSTERS adultos
DISFUNÇÃO EXECUTIVA NA BULIMIA NER- GERALDI, CVL (USP); SILVA, ACG (USP); ROSSET, SRE
VOSA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITE- (USP); SAKAMOTO, AC (USP)
RATURA Introdução: A epilepsia do lobo temporal é uma das
FILHO, AAG (IPq-HC/FMUSP); SILVA, MCF (IPq-HC/FMUSP); síndromes epilépticas mais comuns em adultos, com ele-
CORDÁS, TA (IPq-HC/FMUSP); ROCCA, CC (IPq-HC/FMUSP) vada frequência e difícil controle medicamentoso. A cirur-
Introdução: Este trabalho apresenta uma revisão sis- gia é uma alternativa para aqueles pacientes que não se
temática dos estudos publicados até abril de 2010 sobre beneficiaram do tratamento medicamentoso, no entanto,
investigação de disfunções executivas em pacientes com alguns déficits cognitivos podem ocorrer. É neste contexto
diagnóstico de bulimia nervosa. que a reabilitação neuropsicológica se torna uma possibi-
Objetivo: Revisão sistemática dos estudos controlados lidade de tratamento para pacientes submetidos a Lobec-
de avaliação neuropsicológica das funções executivas na tomia temporal ântero-mesial dominante (LTE).
bulimia nervosa, enfocando as seguintes funções: flexi- Objetivo: Investigar os efeitos da reabilitação neuro-
bilidade mental, controle inibitório, tomada de decisão, psicológica no desempenho cognitivo e possíveis modifi-
planejamento/resolução de problemas, memória opera- cações cerebrais por ela induzidas.
cional e atenção (amplitude atencional, atenção seletiva e Metodologia: O estudo completo pretende incluir 20
sustentada). pacientes submetidos à LTE há mais de 6 meses e 10 pa-
Metodologia: Levantamento bibliográfico nas seguin- cientes normais, todos avaliados quanto a linguagem, me-
tes bases de dados: Medline, PubMed e ISI, usando os ter- mória, estrutura e funcionalidade cerebral (RMf). 10 - LTE
mos: eating disorder e bulimia nervosa. Combinados com e 10 - normais serão inseridos num programa de 8 sessões
os seguintes termos neuropsicológicos: executive funcions, de reabilitação neuropsicológica. Todos os 30 pacientes
assessment neurophycology, cognitive performance, cog- serão avaliados novamente após três meses. Esta apresen-
nition, attention, inhibitory control, mental flexibility, de- tação mostra dados preliminares baseados no resultado de
cision making. um paciente de 36 anos submetido a cirurgia há 6 meses.
Resultados: Pacientes com bulimia nervosa apresen- Resultados: O paciente mostrou diminuição das queixas
tam déficits de funções executivas comparados a grupos espontâneas e maior conhecimento de estratégias de evoca-
controle, em especial na capacidade de tomada de decisão, ção. Em tarefas dependentes da linguagem e memória, o de-
flexibilidade mental, controle inibitório, atenção seletiva sempenho melhorou. Ambas as RMf ’s mostraram ativação
e sustentada. Não foram encontrados déficits nas poucas durante tarefa de fluência nominal na área de Broca (BA 44),
pesquisas realizadas na memória operacional, planeja- mas esta foi maior no exame realizado após a intervenção.
mento/resolução de problema e amplitude atencional. Discussão: Embora sejam dados preliminares, após
Discussão: Os artigos em neuropsicologia da bulimia o programa de reabilitação neuropsicológica houve me-
nervosa especialmente de funções executivas ainda são es- lhora no perfil cognitivo consistente com os achados de
cassos, faz-se necessário uma maior quantidade de estudos e neuroimagem que evidenciam maior ativação das áreas,
sistematização das pesquisas, pois, a avaliação e delimitação confirmando a possível eficácia da intervenção.
dessa investigação pode futuramente, acrescentar recursos
para a terapêutica dos transtornos alimentares. Sendo que,
os déficits neuropsicológicos encontrados podem estar re- AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO CON-
lacionados ao surgimento e a manutenção do transtorno. TEXTO FORENSE: UM ESTUDO DE CASO
OLIVEIRA, CM (USP); SERAFIM, AP (USP)
Introdução As questões relacionadas à saúde mental
REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM dos indivíduos no âmbito da justiça tem exigido cada vez
PACIENTES COM EPILEPSIA SUBMETIDOS mais a participação do psicólogo no contexto forense. Essa
À LOBECTOMIA TEMPORAL MESIAL ES atuação pode ocorrer em diferentes contextos (vara civil,
QUERDA: ASPECTOS DA COGNIÇÃO E NEU- trabalhista, criminal, entre outras), dependendo do que é
ROIMAGEM necessário avaliar acerca de determinado sujeito.
43
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Objetivo: O presente trabalho descreve o processo de suicida encontrada foi de 25,6 (±8,7), com predominân-
avaliação neuropsicológica forense na vara civil, cujo enfo- cia do sexo masculino (56,5%), lembrando que os homens
que aborda a reversão de aposentadoria por incapacidade. representaram 63% da amostra total de 100 pacientes. Os
Metodologia: Avaliação de um adulto, 35 anos, procu- transtornos psiquiátricos mais frequentemente associa-
rador da república, afastado das atribuições profissionais dos à ideação/tentativa suicidas foram: síndrome afetiva
por longo período, decorrente de depressão. No presente (95,6%), seguida pelo transtorno bipolar (43,4%). Quando
caso, foram investigadas as funções cognitivas, para verifi- separados em dois grupos distintos, a prevalência de ide-
car se o paciente estaria apto ou não para retornar ao seu ação suicida revelou-se maior que a tentativa de suicídio.
emprego. Foi realizada análise do processo, entrevista de Discussão: Sociólogos e antropólogos têm atribuído
anamnese e aplicação de bateria de testes cognitivos. as ocorrências de suicídio indígena ao contato com o não-
Resultados: Os resultados indicaram que o paciente índio. Dentro desta tese, as mulheres Karajá (menos ex-
não apresentou comprometimento cognitivo, situando-se postas à civilização que os homens), deveriam apresentar
superior à média; a praxia construtiva encontrou-se pre- índices de suicídio significativamente menores, o que não
servada, sinalizando, porém, pequena dificuldade em pla- aconteceu com esta amostra.
nejamento; em relação ao processo de aprendizagem, não
apresentou déficits; sua flexibilidade mental encontrou-se
conservada, indicando boa adaptação ao meio; apresen- CORRELAÇÃO ENTRE QUEIXA E ALTERAÇÃO
tou, no entanto, dificuldade apenas de controle inibitório, NA DECISÃO EM PACIENTES PÓS-TRAUMÁ-
relacionada a preocupação com seu desempenho. TICOS
Discussão: Através das atividades realizadas foi obser- SANTANA, MM (PUC-Go, CRER); NERY, M (PUC-Go, CRER,
vado que o paciente encontrava-se intelectualmente apto a NEPNEURO); SELLANE, AOC (PUC-Go, CRER); BARBOSA,
retornar ao seu trabalho, gozando de pleno funcionamen- DM (CRER, NEPNEURO); AFIUNE, FG (CRER, NEPNEURO)
to de suas funções mentais. Dentro do contexto forense, tal Introdução: Nossas decisões norteiam o destino e
avaliação mostra-se importante na medida em que contri- compõem a história de cada um de nós. São peculiares
bui com seu valor diagnóstico, dialogando com a justiça a cada pessoa, tornando-nos indivíduos singulares. Estas
e fortalecendo o campo de atuação da psicologia forense. podem ser comprometidas na incidência de traumatismo
cranioencefálico grave (TCE), que por trazer consigo tan-
tas outras alterações, nem sempre é o foco principal de
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA queixa do paciente.
EM ALDEADOS KARAJÁ Objetivo: Pretende-se com este estudo averiguar a cor-
PELEJA, AAC (UFG); CAIXETA, LF (UFG); LOPES, DB relação existente entre a real alteração no processo decisó-
(UFG); BARROS, NM (UFG) rio com a queixa levantada ou não pelo paciente.
Introdução: O grave desconhecimento do sistema de Metodologia: Na coleta de dados, foram analisadas 63
saúde sobre as necessidades de atenção da população indí- avaliações neuropsicológicas no centro de Reabilitação e
gena brasileira leva à subestimação da presença de trans- Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), de Goiânia.
tornos psiquiátricos nesta população. A detecção de casos Participaram desta análise, sujeitos com idade superior a
de transtornos psiquiátricos em aldeados Karajá, que são 16 anos, de ambos os sexos acometidos de TCE grave.
invisíveis ao sistema de saúde local, aumentará o acesso Resultados: Entre os avaliados, apenas 3,2% queixa-
dos mesmos aos cuidados de saúde mental. ram de alteração no processo decisório; 96,8% não quei-
Objetivo: Avaliar a prevalência de ideação/tentativa de xaram. Contudo, a análise destas avaliações concluiu que
suicídio em uma população psiquiátrica indígena da etnia 49,2% sofrem de alteração neste processo e 50,8% não de-
Karajá, além de descrever as principais causas de distúr- monstram alteração.
bios psiquiátricos associados a tais fenômenos. Discussão: Estes dados revelam a elevada incidência de
Metodologia: Avaliação de 100 casos sequenciais de alterações no processo decisório na amostra estudada, po-
indígenas da etnia Karajá que procuraram serviços de dendo em muitos casos, serem explicados pelo protecio-
atenção primária em saúde mental. Os diagnósticos psi- nismo dos cuidadores e pela anosoagnosia, que impedem
quiátricos foram formulados de conformidade com o o paciente de perceber sua dificuldade, não configurando
DSM-IV. Foram feitas duas perguntas, traduzidas para a alvo de sua queixa. Assim, essa realidade reivindica, por si
língua Karajá, nesta amostra: [1] Você já tentou se matar? só, elaboração de novos instrumentos neuropsicológicos
[2] Você já teve idéias de se autoexterminar? e novas formas de proporcionar a esses indivíduos uma
Resultados: A idade média do grupo ideação/tentativa melhor qualidade de vida e aceitação de sua condição.
44
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR COM INÍ- cognitivos da EMTr em pacientes com sintomas de défict
CIO NO PÓS-PARTO EM MULHER INDÍGENA: de atenção-hiperatividade e alterações cognitivas associa-
RELATO DE CASO das à dependência de cocaína.
PRADO, CC (Unirg-To); CARMO, AM (Unirg-To); SAN- Metodologia: Onze sujeitos receberam vinte sessões
CHES, L (Unirg-To); SOARES, R (Unirg-To); CHAVES, M (cinco dias/semana por quatro semanas) de EMTr placebo
(Unirg-To) (n=3) ou EMTr ativa (n=8) com parâmetros semelhantes
Introdução: O transtorno afetivo bipolar é uma de- aos usados em quadros de depressão. Escalas clínicas e tes-
sordem mental que causa mudanças graves no humor, no tes neuropsicológicos foram aplicados no pré-tratamento
pensamento e na energia das pessoas acometidas. Cons- (T0) e após quatro semanas de tratamento (T1).
titui um problema de saúde pública, por causar impacto Resultados: O grupo EMTr ativa obteve melhoras sig-
social, custos elevados para os governos, para os próprios nificativas (SPSS for Windows® versão 15.0 / teste de Wil-
pacientes e seus familiares. coxon: p<0.05). Escalas: Wender Utah rating scale (WURS)
Relato de caso: Paciente DSB, 33 anos, feminino, indí- (p=0,04); critérios diagnósticos TDAH-DSM-IV (desaten-
gena da Tribo Xerente, casada com homem branco, cinco ção: p=0,02); Hamilton de depressão (HAMD-17 itens)
filhos. Apresentou em julho deste ano quadro clínico de (p=0,007); Hamilton de ansiedade (HAMA) (p=0,007);
humor exaltado alternando com irritado, delírios perse- Barrat impulsiveness scale (BIS 11) (p=0,01) e Minneso-
cutórios, taquilalia, e perambulação a esmo chegando a ta cocaine craving scale (MCCS) (p=0,01). Testes: Stroop
caminhar aproximadamente 80 quilômetros com filho de (palavras) (p=0,03) e nome das cores (p=0,01); Wisconsin
dois anos agarrado a sua cintura, sem água ou alimentos. de classificação de cartas (WCST - acertos) (p=0,01); audi-
Objetivo: Relatar caso clínico de paciente indígena tivo verbal de Rey (RAVLT - evocação após interferência)
com TAB pós-parto e analisar a necessidade de atendi- (p=0,04) e após 30 minutos - evocação tardia (p=0,01). De-
mento psiquiátrico à população indígena. mais testes: não houve diferença significativa.
Metodologia: Revisão do prontuário, revisão da litera- Discussão: A EMTr poderá contribuir com a manu-
tura, entrevista na Casa do Índio em Gurupi/TO. tenção da abstinência da dependência, que é muitas vezes
Resultados: Após o uso de amplicitil 400 mg/dia e car- intensificada pela presença da sintomatologia do TDAH,
bamazepina 600 mg/dia a paciente apresentou boa respos- como também, poderá auxiliar na recuperação das altera-
ta retornando às atividades do lar e cuidado com os filhos, ções cognitivas encontradas em usuários desta substância.
segundo relato do marido e assistente social em entrevista
psiquiátrica de retorno.
Discussão: Os estudos sobre a saúde mental dos índios MELHORA DO DESEMPENHO COGNITIVO E
concentram-se principalmente em dependência alcoólica SOCIAL NA DEPRESSÃO PÓS-PARTO NO TRA-
e suicídio sendo este, a nosso ver, um dos primeiros relatos TAMENTO COM ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA
de TAB nesta população. Assim, torna-se evidente a neces- TRANSCRANIANA DE REPETIÇÃO: DADOS
sidade de atenção global aos transtornos mentais. PRELIMINARES
MYCZKOWSKI, ML (IPq-HC/FMUSP); DIAS, A (IPq-HC/
FMUSP); TORTELLA, G (IPq-HC/FMUSP); ARNAUT, D
EFEITOS SOBRE SINTOMAS DE DÉFICIT DE (IPq-HC/FMUSP); LUVISOTTO, T (IPq-HC/FMUSP); BELLI-
ATENÇÃO-HIPERATIVIDADE E FUNÇÕES NI, B (IPq-HC/FMUSP); CABRAL, S (IPq-HC/FMUSP); SAR-
COGNITIVAS EM DEPENDENTES DE COCAÍ- TORELLI, MC (IPq-HC/FMUSP); MANSUR, CG (IPq-HC/
NA PÓS-TRATAMENTO COM ESTIMULAÇÃO FMUSP); MARCOLIN, MA (IPq-HC/FMUSP)
MAGNÉTICA TRANSCRANIANA DE REPETI- Introdução: Estudo controlado, randomizado e du-
ÇÃO: DADOS PRELIMINARES plo-cego em puérperas com depressão pós-parto (DPP)
ARNAUT, D (IPq-HC/FMUSP); RIBEIRO, PL (IPq-HC/FMUSP); utilizando método alternativo ao tratamento psicofarma-
TORTELLA, G (IPq-HC/FMUSP); MARCOLIN, MA (IPq-HC/ cológico que não gera riscos de toxidade ao bebê via ama-
FMUSP); MYCZKOWSKI, ML (IPq-HC/FMUSP) mentação.
Introdução: Estudo controlado, randomizado e duplo- Objetivo: Avaliar efeito clínico do tratamento da DPP
cego sobre os efeitos da estimulação magnética transcrania- com estimulação magnética transcraniana de repetição
na de repetição (EMTr) em sintomas de déficit de atenção, (EMTr) no desempenho cognitivo e social.
hiperatividade e alterações cognitivas em dependentes de Metodologia: Dez puérperas receberam 20 sessões
cocaína. (cinco dias/semana por quatro semanas) de EMTr placebo
Objetivo: Avaliar a eficácia clínica e os possíveis efeitos (n=3) ou EMTr ativa (n=7) em 5 Hz de frequência; inten-
45
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
sidade: 120% do limiar motor; região: córtex pré-frontal (p<0,001); Avaliação global do funcionamento psicosso-
dorsolateral esquerdo (CPFDLe); séries: 10 segundos com cial (AGF) (p=0,001); Hamilton de ansiedade (HAM-A)
20 segundos de intervalo, total de 25 séries por sessão. (p<0,001); Hamilton de depressão (HAMD-17 itens)
Escalas clínicas, testes neuropsicológicos e uma escala de (p=0,001) e inventário de qualidade de vida (SF-36). Hou-
adequação social (EAS) foram aplicados no pré-tratamen- ve efeito significativo do tempo. Testes (Mann-Whitney/
to (T0), após quatro semanas de tratamento (T1) e duas Wilcoxon: p<0.05): subteste dígitos (WAIS III); Teste au-
semanas após o término do mesmo (T2). ditivo verbal de Rey (RAVLT); Teste de Stroop; Teste de tri-
Resultados: O grupo EMTr ativa obteve melhoras sig- lhas A e B; Teste de fluência verbal (FAS/categoria animal);
nificativas (SPSS for Windows® versão 14.0 / teste U de Teste de substituição de símbolos e teste dos cinco pontos.
Mann-Whitney: p<0.05): Hamilton depressão (T0-T2: Não foi observada diferença significativa entre os grupos
p=0.02); Edinburgh (T2: p=0.03 e T0-T2: p=0.03); Tes- ou interação grupo/tempo.
te auditivo verbal de Rey - evocação após interferência Discussão: EMTr excitatória aplicada ao CPFDLd
(T0-T1: p=0,051; T1-T2: p=0,039) e após 30 minutos - de pacientes com TOC resistente ao tratamento não foi
evocação tardia (T0-T2 : p=0,020); Trilhas - A (T1-T2: diferente de placebo na redução de sintomas obsessivo-
p=0,052); Stroop - palavras coloridas (T0-T1: p=0,052) compulsivos (ocorreu uma resposta placebo significativa)
e na EAS, área relação com a família e marital (T0-T1: e não produziu melhoras significativas no desempenho
p=0,049) e no escore total - soma dos escores de todas as cognitivo.
áreas sociais avaliadas (T0-T1: p=0,053).
Discussão: A EMTr é terapêutica sugestiva de melhora
clínica, das funções cognitivas e adequação social na DPP, REABILITAÇÃO DA AFASIA: 6 ANOS DE TERA-
beneficiando as relações e a lida da mãe para com o bebê. PIA AINDA PODEM SER EFETIVOS?
DRUMMOND, C (UFRJ); SOARES, R (CIRTA)
Introdução: Estudos em neurorreabilitação apontam,
EFICÁCIA CLÍNICA E EFEITOS COGNITIVOS dentre outros critérios, prazos estimados para reabilita-
DA ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRA- ção: 3 meses, recuperação espontânea; 6 meses, melhores
NIANA DE REPETIÇÃO NO TRATAMENTO ganhos; 1º ano, definição de sequelas; 2º ano, compensa-
DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ções e pequenos ganhos. Essa expectativa reafirmada nas
RESISTENTE práticas clínicas interfere nas perspectivas de evolução
TORTELLA, G (IPq-HC/FMUSP); DIAS, A (IPq-HC/FMUSP); para o afásico, seu familiar e o próprio terapeuta. Este es-
ARNAUT, D (IPq-HC/FMUSP); MARCOLIN, MA (IPq-HC/ tudo apresenta um sujeito afásico por AVE aos 26 anos,
FMUSP); MANSUR, CG (IPq-HC/FMUSP); MYCZKOWSKI, escolaridade superior, excelente reserva cognitiva e apoio
ML (IPq-HC/FMUSP) familiar, tendo lesão fronto-temporo-parieto-occipital es-
Introdução: Estudo controlado, randomizado e du- querda, hemiplegia e hemianopsia.
plo-cego sobre os efeitos clínicos da estimulação magnéti- Objetivo: Discutir a eficácia da terapia fonoaudioló-
ca transcraniana de repetição (EMTr) e desempenho cog- gica com objetivos de reconstituição, através do acompa-
nitivo no transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). nhamento longitudinal de paciente com ganhos reais até
Objetivo: Avaliar a eficácia clínica e os possíveis efei- 6 anos após lesão.
tos cognitivos da EMTr em pacientes diagnosticados com Metodologia: Estudo de caso longitudinal. Avaliação
TOC resistente. fonoaudiológica e neuropsicológica: bom desempenho
Metodologia: Dezenove sujeitos receberam trinta ses- cognitivo geral. Afasia global com anomia severa, dificul-
sões (cinco dias/semana por seis semanas) de EMTr placebo dade de compreensão, fala telegráfica, apraxia de fala, ale-
(n=10) ou EMTr ativa (n=9) em 10 Hz de frequência; in- xia, agrafia e discalculia. Habilidade para funções de HD.
tensidade: 110% do limiar motor; região: córtex pré-frontal Terapia diária baseada inicialmente em estratégias de HD
dorsolateral direito (CPFDLd); séries: 5 segundos com 25 e praxias de fala e gestuais. Nomeação “escrita no ar”. Es-
segundos de intervalo, total de 40 séries por sessão. Escalas tratégias complementares associadas: comunicação suple-
clínicas e testes neuropsicológicos foram aplicados no pré- mentar, terapia de grupo, medicação.
tratamento (T0) e após seis semanas de tratamento (T1). Resultados: 2 anos, boa compreensão, praxias e nome-
Resultados: Análise estatística: SPSS for Windows® ação, uso de frases; 3 anos, início de leitura, escrita e cálculo;
versão 15.0. Escalas (ANOVA de medidas repetidas): Yale- 5 anos, discurso oral fluente, ajustes articulatórios e pro-
Brown (Y-BOCS), para avaliação de sintomas obsessivo- sódicos, leitura funcional, escrita com erros gramaticais; 6
compulsivos (p=0,002); Impressão clínica global (CGI) anos, retorno ao trabalho anterior ao AVE com adaptações.
46
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
47
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
social e na organização da sua vida diária. A perda da Resultados: O desempenho do GTDAH foi pior quan-
integridade da função linguística provoca distúrbios em do comparado ao GC, tanto em relação ao tempo de pla-
diferentes papeis ocupacionais: laboral, social, emocional nejamento, bem como à precisão. Logo, o maior tempo de
dentre outros. planejamento para a execução da tarefa não influenciou
Objetivo: Verificar qual a prevalência da alteração de em uma melhor resposta em relação à precisão na tarefa.
linguagem e qual o prejuízo de linguagem mais frequen- Houve correlação das medidas motoras com as cognitivas,
te em pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico corroborando a estreita relação entre circuitos motores e
(TCE) grave. cognitivos.
Metodologia: Foi feita uma análise descritiva, re- Discussão: Um possível indicativo da consistência
trospectiva de 33 prontuários de pacientes submetidos à deste achado é uma manifestação comum em pessoas com
avaliação neuropsicológica no Centro de Reabilitação e o TDAH, denominada procrastinação, onde o indivíduo
Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) de Goiânia. tende a postergar tarefas, principalmente quando levam a
A amostra foi composta por indivíduos de ambos os se- uma recompensa não a curto, mas a longo prazo e envol-
xos, com faixa etária de 16 a 55 anos, com qualquer es- vem maior necessidade de atenção, como no caso da tarefa
colaridade e que sofreram agressão de ordem traumática realizada. Sendo este, um importante aspecto a ser consi-
acarretando em lesão anatômica ou comprometimento derado na reabilitação cognitiva de indivíduos portadores
funcional do encéfalo. deste transtorno.
Resultado: 76% dos indivíduos da amostra apresenta-
ram disfunção da linguagem, sendo que todos os indiví-
duos com prejuízo da linguagem apresentaram alteração GRUPO ALTAS HABILIDADES: A EXPERIÊNCIA
da pragmática (76%), seguida pela anomia (54%) e pela DE REABILITAÇÃO DE UM GRUPO COM AL-
afasia de compreensão (9%). TERAÇÕES COGNITIVAS SUTIS APÓS LESÃO
Discussão: A disfunção da linguagem é frequente após RODRIGUES, A (UNIFESP); QUEIROZ, FP (UNIFESP); BO-
o TCE grave, sendo a alteração da pragmática o prejuízo LOGNANI, S (UNIFESP); BUENO, OFA (UNIFESP)
mais amiúde entre os pacientes avaliados. Uma vez que Introdução: A reabilitação tem como objetivo melho-
esta disfunção é um aspecto ainda pouco investigado den- rar a qualidade de vida de pacientes e familiares. Em gru-
tro das alterações da linguagem, os resultados desta pes- po, permite uma abordagem direta de questões comuns,
quisa reforçam a importância de ministrar mais estudos a maior acesso ao tratamento em instituições e convivência
respeito da pragmática. com semelhantes, gerando bem estar e desenvolvimento
social.
Objetivo: Abordar a experiência de um grupo de pa-
PERCEPÇÃO TEMPORAL NO TDAH: ANÁLISE cientes que tiveram lesão cerebral e ficaram com sequelas
INTEGRADA COGNIÇÃO AÇÃO cognitivas consideradas sutis.
LOSCHIAVO-ALVARES, FQ (UFMG); LIMA, I (UFMG); Metodologia: Sujeitos: 7 pacientes adultos que sofreram
LAGE, GM (FUMEC); NICOLATO, R (UFMG); MALLOY- lesão cerebral numa fase ativa em condições de retomar as
DINIZ, LF (UFMG); UGRINOWITSCH, H (UFMG) atividades de trabalho/estudo, avaliados por entrevista e
Introdução: O processamento da informação tem- testes neuropsicológicos. Atividades: Aulas estilo seminá-
poral impacta muitos níveis de análises, desde a simples rio, com duração de uma hora e meia, no período entre
percepção de passagem do tempo até processos cognitivos março a novembro. Os temas abordados são: funciona-
de alto nível, como o planejamento. Os déficits no pro- mento cerebral (neuroanatomia, funções cognitivas, fisio-
cessamento da informação temporal, em indivíduos com logia das patologias, mecanismos de recuperação), como
TDAH, contribuem para pobres respostas cognitivas e a lesão afeta seu funcionamento e exercícios (estratégias).
comportamentais, uma vez que esta capacidade permite o Resultados: Através do relato dos pacientes e uso de
sucesso na adaptação às restrições temporais do ambiente. escalas, percebe-se uma melhora especialmente na auto-
Objetivo: Verificar o comportamento do grupo TDAH percepção e no uso de estratégias compensatórias. Acre-
na execução da tarefa motora de timing coincidente, em dita-se que as aulas teóricas somadas à capacidade de
relação ao controle, referente ao tempo de planejamento funcionamento nas atividades diárias proporcionem uma
para o inicio da execução da tarefa, e comparar o desem- compreensão mais efetiva e consolidada.
penho motor com o cognitivo utilizando o CPT (conti- Discussão: É essencial ter um espaço para trocas de
nuous performance test). A análise foi realizada com o experiência entre pares e para construirmos novos meca-
teste Mann-Whitney e com a correlação de Spearman. nismos de ajuda.
48
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS ENTRE IN- Brasil são escassos os estudos dirigidos a avaliação de pa-
DÍGENAS KARAJÁS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA cientes com transtornos psiquiátricos, como os pacientes
LIMA, FL (UFG); CAIXETA, LF (UFG); OLIVEIRA, ME alcoolistas e com transtorno de humor bipolar.
(UFG); PELEJA, AAC (UFG); OLIVEIRA, PHT (UFG); BAR- Objetivo: Avaliar o desempenho de pacientes bipola-
ROS, NM (UFG) res e alcoolistas no WCST. Comparar o desempenho de
Introdução: Transtornos psiquiátricos são extrema- ambos os grupos com controles saudáveis.
mente prevalentes na população, estão entre os fatores que Metodologia: Estudo transversal. Participaram do es-
mais comprometem a qualidade de vida, gerando grande tudo 85 controles saudáveis, 58 alcoolistas e 42 bipolares
impacto social. A literatura nacional que aborda os trans- do tipo I em fase eutímica. Os participantes foram sele-
tornos psiquiátricos em indígenas é escassa, restringindo- cionados por amostragem de conveniência. As médias de
se aos temas alcoolismo e suicídio. idade foram de 40,96 (DP=10,29) para os controles, de
Objetivo: Caracterizar o perfil sociodemográfico e 41,36 (DP=11,60) para os bipolares e de 40,97 (DP=7,69)
principais transtornos psiquiátricos em amostra de indíge- para os alcoolistas.
nas aldeados que procuraram serviço de atenção primária Resultados: Os pacientes em geral tiveram pior desem-
em psiquiatria. penho quando comparados aos controles. Os pacientes
Metodologia: Foi desenvolvido um estudo transversal bipolares tiveram pior desempenho no escore erros per-
retrospectivo de uma série de casos de indígenas Karajás severativos. Os pacientes alcoolistas tiveram performan-
que procuraram a atenção primária. Os sintomas foram ce inferior no escore ensaios para completar a primeira
classificados em grandes síndromes: afetiva, ansiosa, psi- categoria. Ambos os grupos tiveram escore inferior aos
cótica e orgânica, sendo calculada a prevalência de cada controles nos índices número de categorias completadas,
síndrome segundo o DSM-IV, e associações com variáveis fracasso em manter o contexto e aprendendo a aprender.
sociodemográficas. Não foram encontradas diferenças significativas entre os
Resultados: Considerando a amostra quanto ao sexo, grupos nos escores total de erros, erros não perseverativos
63% é do sexo masculino. Idades entre 10-67 anos, média e respostas de nível conceitual.
de 30,78±1,28 anos. Quanto ao estado civil, 88,2% das Discussão: Observaram-se dois padrões de déficits que
mulheres são casadas e 67,7% dos homens são solteiros. identificam cada grupo de pacientes. O prejuízo verificado
A síndrome afetiva estava em 50% (39,8-60,2) da amostra, nos pacientes alcoolistas foi a dificuldade em combinar as
sendo depressão 29% (20,4-38,9) e transtorno bipolar 21% cartas conforme a categoria vigente indicada pelo feedba-
(13,5-30,3); síndrome ansiosa 9% (4,2-16,4), psicótica ck do examinador. Já nos pacientes bipolares verificou-se
15% (8,6-23,5) e orgânica 15% (8,6-23,5). As associações a permanência em um padrão incorreto de combinações,
entre sexo feminino e estado civil com depressão revelaram ignorando as pistas dadas pelo avaliador.
significância estatística (p<0,01). Dos diagnosticados com
síndrome afetiva, 30% apresentaram problemas relaciona-
dos a álcool e drogas, 38% apresentaram ideação suicida, ESTUDO DAS MEDIDAS DE IMPULSIVIDADE
sendo esta associação com transtorno bipolar significativa EM PACIENTES COM TRANSTORNO AFETIVO
(p<0,01). BIPOLAR (TAB) QUE POSSUEM COMORBIDA-
Discussão: Apesar da limitação do estudo, principal- DE COM O TRANSTORNO DE PERSONALIDA-
mente devido ao caráter retrospectivo da pesquisa e à ex- DE BORDERLINE
tensão reduzida dos dados, infere-se que há uma alta pre- LIMA, IMM (UFMG); VASCONCELLOS, AG (UFMG); MO-
valência de depressão e transtorno bipolar entre as causas RAIS, PHP (UFMG); BRANCAGLION, M (UFMG); FEITO-
de transtorno mental nos indígenas que procuram a aten- SA, B (UFMG); COUTO, TC (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF
ção primária. (UFMG); CORRÊA, H (UFMG); NEVES, FS (UFMG)
Introdução: Comorbidade pode ser definida como
a ocorrência conjunta de dois ou mais transtornos num
FUNÇÕES EXECUTIVAS EM ALCOOLISTAS E mesmo indivíduo avaliado clinicamente. Em psiquiatria,
BIPOLARES: UM ESTUDO COMPARATIVO as comorbidades são comuns, sendo que alguns estudos
WAGNER, GP (UFRGS); YATES, DB (UFRGS); TRENTINI, sugerem que quase 50 por cento dos pacientes psiquiátri-
CM (UFRGS) cos recebem mais de um diagnóstico. Pacientes diagnos-
Introdução: O teste Wisconsin de classificação de car- ticados com TAB tipo I em comorbidade com transtorno
tas (WCST) é um instrumento neuropsicológico muito de personalidade borderline (TPB) tendem a apresentar
utilizado para avaliar funções executivas. Contudo, no a exacerbação de alguns aspectos clínicos do transtorno,
49
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
como, por exemplo, automulitação e maior probabilidade Objetivo: Avaliar os domínios das funções executivas
de tentar suicídio. afetadas em uma paciente, 39 anos, ensino médio comple-
Objetivo: Verificar diferenças no desempenho em tes- to, com hipótese diagnóstica de demência fronto-tempo-
tes de impulsividade e funções executivas de indivíduos ral encaminhada para avaliação neuropsicológica no Setor
bipolares e controles. de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade
Metodologia: Participaram desse estudo, 46 bipolares Federal de Minas Gerais.
(com e sem comorbidade com TBP) com idade média de Metodologia: Foi realizada uma entrevista clínica e
33,7 (dp=0,7) anos, sendo 69,6% do sexo feminino e 46 aplicado os testes que avaliam funções executivas frias:
indivíduos sem transtorno psiquiátrico equiparáveis nas Wisconsin card sorting test-64 card (WCST-64), Conners’
variáveis sociodemográficas quanto ao sexo e idade. Os continuous performance test II (CPT II), trail making test
dois grupos de pacientes foram pareados quanto ao tipo e fluência verbal, e as funções executivas quentes: Iowa
de TAB diagnosticado. Os instrumentos utilizados foram: gambling task (IGT-br). Os resultados foram comparados
Raven - escala geral, Iowa gambling task (IGT-Br), con- com 6 controles.
tinuous performance task (CPT II) e teste Wisconsin de Resultados: Os dados apontam para um maior prejuí-
classificação de cartas. Adotou-se o valor p≤0,05. zo das funções executivas tipo “quente”, analisados através
Resultados: Comparações entre o desempenho dos IGT quando comparado com as funções executivas tipo
grupos controle e clínico indicaram a existência de di- “fria” analisados por dados do Wisconsin e CPT. Essas
ferenças significativas em seis medidas. No entanto, não diferenças foram corroboradas com dados da anamnese.
foram verificadas diferenças nas medidas entre os dois No entanto, os achados também evidenciam prejuízos em
grupos clínicos. alguns domínios das funções executivas tipo “fria” como
Discussão: Os dados apresentados não corroboram a memória, categorização e fluência.
existência de uma elevação da impulsividade em bipolares
com TPB. Novas pesquisas com amostras maiores deverão
ser conduzidas para avaliar a consistência dos resultados Perfil neuropsicológico em pacientes
obtidos, considerando o efeito de outras variáveis clínicas com epilepsia do lobo temporal me-
e sociodemográficas. sial após a coritocoamigdalohipo-
campectomia
TUDESCO, ISS (UNIFESP); VAZ, LJ (UNIFESP); CENTENO,
A INDEPENDÊNCIA ENTRE FUNÇÕES EXECU- RS (UNIFESP); CABOCLO, LOSF (UNIFESP); YACUBIAN,
TIVAS “COLD” E “HOT”: UM ESTUDO DE EMT (UNIFESP); BUENO, OFA (UNIFESP)
CASO DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL Introdução: Pacientes com epilepsia de lobo temporal
GÓES, I (UFMG); SOUSA, J (UFMG); ROGGI, P (UFMG); MO- (ELT) com esclerose hipocampal (EH) com crises refratá-
REIRA, L (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF (UFMG); COUTI- rias ao tratamento medicamentoso em geral são submeti-
NHO, G (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); NEVES, F (UFMG) dos a cirurgia para controles das crises epilépticas e estes
Introdução: As funções executivas são as habilidades apresentam prejuízo de memória de longo prazo (epi-
que permitem planejar metas e gerenciar comportamentos sódica e semântica), enquanto que a memória operacio-
para atingi-las. Dessa forma, envolve planejamento, con- nal encontra-se preservada na avalaição pré-operatória.
trole inibitório, tomada de decisão, flexibilidade cognitiva, Objetivo: Comparar resultados neuropsicológicos
memória operacional, atenção, categorização e fluência. após seis meses de seguimento em pacientes com ELT-EH
São classificadas em dois grupos: “cold” e “hot”. A primeira unilateral com crises refratárias ao tratamento medica-
abrange os processos lógicos e abstratos, é associada prin- mentoso após corticoamigdalohipocampectomia (CAH).
cipalmente ao funcionamento da região pré-frontal dorso- Metodologia: Dez pacientes com ELT-EH esquerda
lateral, enquanto a segunda abrange aspectos emocionais e com idade média de 34,9±8,4, alfabetizados com 8,9±3,5
motivacionais, análise do custo/benefício baseado na histó- em anos de escolaridade, destros. Todos foram submeti-
ria e interpretação pessoal e está relacionada com estrutu- dos à avaliação neuropsicológica para investigar memória
ras do córtex pré-frontal ventrolateral medial envolvendo verbal e não verbal, linguagem e memória operacional. Os
o componente órbito-frontal. As funções executivas po- dados foram submetidos a ANOVA seguido do teste de
dem apresentar manifestações diferentes de acordo com as Tukey com p<0,05.
regiões afetadas. Uma das causas de disfunções executivas Resultados: Os pacientes com ELT-EH esquerda mos-
é a demência frontotemporal que pode comprometer as traram melhor desempenho em fluência verbal fonológica
regiões órbito-frontais, dorsolaterais e/ou frontomediais. (FAS) (p<0,03) e memória não verbal no teste de reprodu-
50
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
ção visual (p<0,005), mas apresentaram pior desempenho (imediata e tardia no teste de reprodução visual; p<0,001).
em pares associados (palavras não associadas), tanto em Fluência verbal (fonêmica e semântica) foi prejudicada
recordação imediata (p<0,02) quanto tardia (p<0,004), nos pacientes com ELTM-E (p<0,001) quando compara-
bem como, no teste de capacidade de memória operacio- dos ao grupo controle, mas não no grupo com ELTM-D.
nal no teste de amplitude de palavras (operation-word Em tarefas de memória operacional o grupo com ELTM-E
Span task) (p<0,003), uma medida de retentor episódico obteve desempenho pior que o grupo controle no teste de
(episodic buffer), um subcomponente da memória opera- trilhas (trail making test) (A e B; p<0,03), uma tarefa que
cional, em um seguimento de seis meses após da CAH. envolve rastreio e alternância. Porém o grupo ELTM-D
Conclusão: Após a CAH houve uma melhora no de- mostraram prejuízo no teste de blocos de Corsi ordem in-
sempenho da memória verbal em fluência fonológica e versa, o qual avalia o esboço visuoespacial (p<0,02). Não
memória não verbal, sugerindo que o desempenho nesta foram observadas diferenças entre os grupos em outras
tarefa foi prejudicado pela propagação contralateral das medidas de memória operacional.
crises epilépticas originadas pelo hemisfério esquerdo. A Discussão: O déficit mnemônico observado não foi
avaliação da memória operacional pouco explorada nes- associado à lateralidade da esclerose hipocampal, uma vez
ta população, indicou que os pacientes com ELT-EH es- que, ambos os grupos ELTM-E e ELTM-D demonstraram
querda tiveram perda significativa relacionada ao reten- prejuízo em memória verbal e não-verbal. A avaliação da
tor episódico, subcomponente da memória operacional. memória operacional/funções executivas mostrou perda
O prejuízo no teste de pares associados não relacionados significativa nos testes de rastreio e alternância nos pa-
sugere a importância do hipocampo para associação de cientes com ELTM-E e prejuízo em memória de curto-
novos estímulos. prazo visuoespacial em pacientes com ELTM-D.
51
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
palavras em sentenças), percepção (reconhecimento de fa- ESTUDO ANATÔMICO DAS FIBRAS DE ASSO-
ces), linguagem oral (nomeação e linguagem automática), CIAÇÃO DO ENCÉFALO DO PRIMATA NEO-
linguagem escrita (leitura, compreensão escrita e escrita TROPICAL Cebus apella COM ENFOQUE
espontânea), praxia (ideomotora) e funções executivas NAS REGIÕES COGNITIVAS PRÉ-FRONTAIS
(resolução de problemas e fluência verbal). BORGES, KCM (IFG-GO); CAIXETA, LF (UFG); FERREI-
Discussão: A avaliação neuropsicológica breve mos- RA, JR (UNB)
tra-se importante mesmo em pacientes funcionalmente Introdução: Os Cebus apella são primatas neotropicais
independentes, sem afasia ou com afasia em nível leve, que extrativistas que compartilham várias convergências mor-
nesta amostra apresentaram déficits mais acentuados em fológicas e comportamentais com hominídeos. Possuem
memória de trabalho. Prejuízos não evidentes ao exame alto coeficiente de encefalização, bem como um significa-
neurológico requerem avaliação mediante tarefas neurop- tivo desenvolvimento neocortical, similar aquele encon-
sicológicas, o que contribui no planejamento da reabilita- trado em chimpanzés.
ção neuropsicológica. Objetivo: Descrever as conexões mantidas entre a
região frontal e outras diferentes regiões cerebrais nestes
cebídeos; acrescentar dados a respeito de sistemas neuro-
ALTERAÇÃO DE MEMÓRIA AUDITIVA EM PA- funcionais e morfológicos.
CIENTES COM TRAUMATISMO CRANIO EN- Metodologia: Análise da presença e organização das
CEFÁLICO vias de associação intra-hemisféricas (ênfase nas conexões
LEÃO, KF (CRER, NEPNEURO); FERREIRA, RS (CRER); mantidas com o córtex pré-frontal) em 24 hemisférios ce-
NERY, M (CRER, PUC-GO, NEPNEURO, UNB) rebrais de C. apella fixados em formol a 10% e conservados
Introdução: A alteração mnemônica se faz presente em em solução alcoólica a 70%. Método de Klingler - proces-
muitos casos de pessoas com traumatismo cranioencefá- so de congelamento e descongelamento. Dissecações com
lico (TCE). Nota-se que poucas referências bibliográficas espátulas para retirada da massa cinzenta. Alfinetes para
são encontradas sobre a descrição específica do déficit de acompanhar o trajeto do sistema de fibras que seguiam de
memória em pacientes com TCE. (ou) para o CPF.
Objetivo: Investigar as alterações mnemônicas auditi- Resultados: A análise dos dados revelou que a maio-
va verbal em pacientes com TCE em três níveis da escala de ria das fibras observadas (fascículo longitudinal inferior,
funcionamento cognitivo rancho Los Amigos (EFCRA). fibras arqueadas curtas, fascículo uncinado) apresenta um
Metodologia: A amostra foi composta por 12 partici- padrão de organização relativamente similar ao modelo
pantes, sendo eles separados em três grupos: quatro pa- de primatas humanos, com particularidade de inexistên-
cientes no nível V, quatro no nível VI e quatro no nível cia do fascículo longitudinal superior e ramificação do
VII da EFCRA. Na avaliação da habilidade de memória fascículo do cíngulo. Os fascículos citados foram eviden-
utilizou-se os testes RAVLT e dígitos da bateria WAIS. No ciados em todos os casos nos 2 antímeros.
teste RAVLT foram examinados os desempenhos na me- Discussão: Os hemisférios dissecados apresentaram
mória de curto prazo, curva de aprendizagem, evocação um mesmo padrão de distribuição do sistema de fibras,
após interferência, evocação tardia e lista de reconheci- evidenciando ausência de variações anatômicas. Verifica-
mento; já nos dígitos foram examinados os desempenhos mos a existência, em C. apella, de uma região pré-frontal
destes pacientes na memória de curto prazo e a memória destacada em tamanho e em quantidade de fibras de asso-
operacional. ciação, o que corrobora suas capacidades cognitivas supe-
Resultados: Conforme os dados coletados, os pacien- riores quando comparados a outros vários primatas.
tes dos três níveis da EFCRA apresentaram prejuízo mne-
mônico auditivo. Porém os pacientes no nível V demons-
traram maior dificuldade mnemônica, principalmente na ESTUDO ANATÔMICO DAS REGIÕES PRÉ-
evocação tardia ou após interferência. FRONTAIS E DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS
Discussão: Nesta pesquisa constatou-se melhor desem- DO PRIMATA NEOTROPICAL Cebus apella
penho dos pacientes na habilidade de evocação de números E SUAS CORRELAÇÕES COM PROCESSOS
do que no desempenho da evocação de palavras. Conclui-se COGNITIVOS
que a descrição sistemática da habilidade mnemônica em BORGES, KCM (IFG-GO); CAIXETA, LF (UFG); FERREI-
pacientes com TCE se faz necessária, uma vez que as cons- RA, JR (UNB)
tatações poderão subsidiar as estratégias de intervenção, Introdução: A organização do córtex pré-frontal pode
e auxiliará nas orientações aos pacientes e suas famílias. conter subsídios importantes para a compreensão de seu
52
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
funcionamento. Os Cebus apella apresentam particulari- em três sessões de 50 minutos. Foram realizadas entrevis-
dades cerebrais e flexibilidade comportamental e cogni- tas de anamnese e foram aplicadas as escalas AVD, IADL e
tiva, possuindo habilidades que demonstram destacada ICF (inventário do comportamento frontal) com familiar.
sobreposição sobre grandes primatas. As seguintes funções neuropsicológicas foram avaliadas:
Objetivo: Fornecer subsídios para realização de cor- orientação visuoespacial, memória episódico-verbal, visual
relações entre particularidades anatômicas das regiões e de trabalho, linguagem (repetição, compreensão, expres-
encefálicas analisadas e algumas habilidades cognitivas já são, prosódia e discurso), atenção, funções executivas, per-
descritas nestes símios. cepção e praxias.
Metodologia: Analisamos o tamanho relativo dos he- Resultados: O paciente apresentava comprometimen-
misférios cerebrais e da região pré-frontal (RPF), utilizan- to das atividades de vida diária e alterações comporta-
do paquímetro universal, em 24 hemisférios cerebrais de mentais. Encontraram-se deficitárias: funções executivas,
C. apella fixados em formol a 10% e conservados em solu- atenção, memória de trabalho, habilidades visuoespaciais,
ção alcoólica a 70%. praxias, articulação (disartria leve), compreensão e ex-
Resultados: Os dados obtidos permitiram-nos calcu- pressão da prosódia linguística e emocional, orientação
lar o volume (cm3) aproximado das áreas estudadas: antí- temporal e linguagem oral (nomeação e organização do
mero direito 35,2 cm3 (±5,3), antímero esquerdo 31,3 cm3 discurso). Estavam preservadas as funções de orienta-
(±5,4) e das RPF esquerda 6,0 cm3 (±1,5) e a direita 6,9 ção espacial e a capacidade de repetição e compreensão
cm3 (±1,7). da linguagem oral em palavras e sentenças simples. Em
Discussão: Concluímos que a RPF representa aproxi- entrevista informal, observou-se relativa preservação da
madamente 20% do volume cerebral deste primata. Não memória autobiográfica.
constatamos diferenças significativas nos antímeros em Discussão: Os resultados da avaliação neuropsicológica
relação aos volumes e às áreas tanto dos hemisférios cere- contribuíram para a confirmação do diagnóstico. Destaca-
brais como das RPF. Estes animais apresentaram tamanho se a importância da avaliação da linguagem, consideran-
cerebral proporcionalmente maior que os demais primatas do-se as alterações do sistema léxico-semântico evidencia-
neotropicais quando comparamos nossos achados com a das pelas parafasias na tarefa de nomeação. São discutidas
literatura disponível, permitindo-nos inclusive inferir que relações entre desordens comportamentais e alterações
há uma grande amplitude do lobo frontal em C. apella; pragmáticas da linguagem, como prosódia emocional.
possivelmente relacionada à maturidade e às funções cog-
nitivas elaboradas indicativas de transferência de cultura
características deste animal. O estudo de espécies de pri- ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAVIDADE DA FA-
matas não-humanos por uma perspectiva comparativa e SE DE STRESS E DIFICULDADES COM A
multidisciplinar traz subsídios para a avaliação a respeito MEMÓRIA
das funções neurais em diferentes grupos. VIVIAN, M (PUC-Campinas); LIPP, LN (VERI-Campinas);
LIPP, MEN (PUC-Campinas)
Introdução: Stress é uma resposta do organismo, com
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO NA DOENÇA componentes físicos e ou psicológicos, causadas pelas alte-
DE HUNTINGTON: UM ESTUDO DE CASO rações psicofisiológicas que acontecem quando uma pessoa
BECKER, N (UFRGS); FONTOURA, D (UFRGS); BRAN- se depara com uma situação que de alguma maneira, a irri-
DÃO, L (UFRGS); SALLES, JF (UFRGS) te, confunda, amedronte ou excite. O processo de stress se
Introdução: A doença de Huntington (DH) é uma desenvolve em quatro fases: alerta, resistência, quase exaus-
enfermidade neurodegenerativa hereditária, caracteriza- tão e exaustão em ordem de gravidade dos sintomas que se
da pela presença de transtornos do movimento (coréia, manifestam, sendo que problema com a memória é um dos
distonias, mioclonias e parkinsonismo), distúrbios psi- sintomas muito mencionados em pessoas estressadas.
quiátricos e comprometimento da atenção, memória e Objetivo: O presente trabalho objetivou averiguar se
velocidade de processamento, disfunções executivas e vi- existe associação entre a gravidade da reação do stress, de-
suoespaciais. finida pela fase do processo em que a pessoa se encontra, e
Objetivo: Descrever o caso de um paciente, do sexo a presença de dificuldades com a memória. Um grupo de
masculino, de 55 anos, DH, encaminhado ao ambulatório 118 pessoas que participaram de um estudo sobre stress no
de Neuropsicologia pelo Serviço de Neurologia, ambos do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress foram
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). avaliadas, sendo que todos os participantes apresentavam
Metodologia: A avaliação neuropsicológica consistiu o sintoma dificuldade com a memória.
53
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Metodologia: Para a coleta dos dados foi utilizado o In- que se trata de uma afasia expressiva dinâmica (de acordo
ventário de Sintomas de Stress de Lipp. com a classificação de Luria), em que a sintaxe encontra-se
Resultados: Verificou-se que 5,5% dos indivíduos es- prejudicada e há incapacidade de estabelecer um esquema
tavam sem sintomas significativos de stress, 49% estavam linear para a frase.
na fase de Resistência, 40% em quase exaustão e 5,5% em
exaustão.
Discussão: Os resultados indicam uma associação sig- DÉFICIT DE PLANEJAMENTO EM PACIENTES
nificativa entre dificuldades com a memória e gravidade COM TRAUMATISMO CRANIO ENCEFÁLICO
do stress, sendo que quanto mais avançado é o processo GRAVE
de stress, mais provável é que a pessoa tenha dificulda- FREITAS, SEO (CRER, PUC-Go); SOUSA, ALB (CRER, PUC-
de com a memória, conforme análise estatística utilizada Go); SOUSA, NC (CRER, PUC-Go); DOURADO, RP (CRER,
(c2(3)=12,967, p=0,0047). Conclui-se que o stress exces- PUC-Go); NERY, M (CRER, PUC-GO, NEPNEURO, UnB); BAR-
sivo possa interferir no desempenho de um examinando BOSA, DM (CRER, NEPNEURO)
e seus resultados numa avaliação neuropsicológica. Reco- Introdução: O traumatismo crânioencefálico (TCE) é
mendam-se estudos com amostras maiores. definido como uma agressão de ordem traumática acar-
Auxílio: CNPq e Capes. retando lesão anatômica ou comprometimento funcional
do encéfalo e representa a primeira causa de morte da po-
pulação abaixo de 45 anos. As áreas mais suscetíveis aos
AFASIA EXPRESSIVA DINâMICA DE CAUSA efeitos lesionais do TCE envolvem os lobos frontais e tem-
TRAUMÁTICA porais, fato que frequentemente se relaciona com altera-
CAIXETA, VM (UFG); CAIXETA, MF (UFG); VARGAS, CM ções das funções executivas, entre elas o planejamento.
(ESCS); CAIXETA, CM (PUC-GO) Objetivo: Detectar a prevalência da alteração do pla-
Introdução: As afasias possuem um amplo espectro nejamento em pacientes vítimas de TCE grave e correla-
de apresentação e enorme variedade de etiologias. Lesões cionar com o exame de imagem.
cerebrais (como tumores na área de broca), distúrbios psi- Metodologia: Foi realizado um estudo descritivo, re-
quiátricos e alterações psicológicas podem cursar com o trospectivo de 29 prontuários de pacientes submetidos à
sinal. Em alguns casos a etiologia permanece obscura, e o avaliação neuropsicológica no Centro de Reabilitação e
diagnóstico diferencial pode mostrar-se complexo. Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) em Goiânia,
Objetivo: Relatar um caso de afasia expressiva dinâmi- que sofreram TCE grave.
ca, previamente diagnosticada como esquizofrenia. Resultados: 89,6% dos indivíduos da amostra apre-
Metodologia: Anamnese e exame neuropsiquiátrico sentaram algum nível de alteração do planejamento nos
de um paciente encaminhado a exame pericial no Hospi- testes neuropsicológicos, sendo que o déficit não estava
tal de Psicologia Médica. relacionado especificamente com lesões apenas do lobo
Relato de caso: 31 anos de idade, sexo masculino, ser- frontal. Dentre os pacientes que apresentavam lesões em
viços gerais. De acordo com acompanhantes, iniciou, após áreas frontais, 6,9% não apresentaram déficit de planeja-
traumatismo cranioencefálico, fala “confusa”, “sem senti- mento. Verificou-se também que 41,4% da amostra não
do”, sendo atendido em serviço médico e diagnosticado apresentaram lesões em áreas frontais e ainda assim foram
com esquizofrenia. verificadas dificuldades de planejamento.
Resultados: Ao exame, o paciente não apresentou al- Discussão: Conclui-se que o prejuízo de planejamento
terações semânticas, de compreensão da linguagem, de foi frequente na amostra estudada e que a área lesionada
prosódia, fonéticas, de articulação (sem dispraxias oro- não se mostrou determinante para esta alteração. Pode-
laringo-articulatórias) ou neologismos. Plano intelectivo, se inferir que o planejamento, para a amostra em ques-
afetivo e volitivo estavam inalterados, e não havia delírio tão, sofre interferência de uma complexa rede neural. São
de qualquer natureza. TC revelou lesão em região fronto- necessários novos estudos na tentativa de identificar qual
temporoparietal esquerda. a interferência de outras funções como percepção visual,
Discussão: A presença de afasia dificulta o exame men- memória e atenção nos déficits de planejamento.
tal. Boa parte dos médicos pode, como ocorreu no caso, in-
terpretar a alteração como pensamento desagregado, uso
de neologismos e delírios, levando ao status de primeira SÍNDROME DISEXECUTIVA EM PACIENTES
hipótese um transtorno psicótico (no caso, esquizofrenia). COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO
Um exame mais cuidadoso e criterioso permitiu detectar GRAVE
54
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
MAURANO, STP (NEPNEURO); NERY, M (CRER, NEPNEU- lizam avaliação neuropsicológica na dependência química
RO, PUC-GO); SILVA, DJ (HC-GO, IINEURO); LEÃO, K (NEP- relatam vários déficits cognitivos. Em relação ao álcool,
NEURO); FERREIRA, RS (CRER, NEPNEURO); MACHADO, percebem-se comprometimentos na atenção, memória,
L (DESPERTAR) aprendizagem, flexibilidade mental, funções executivas,
Introdução: Traumatismo cranioencefálico (TCE) organização visuoespacial, problemas psicomotores, im-
é um dos principais problemas de saúde pública, é um pulsividade e tomada de decisões.
transtorno neurológico frequente e tem como consequên- Objetivo: O trabalho em questão visa avaliar o fun-
cia a incapacitação e perda da capacidade produtiva do in- cionamento executivo, mnemônico e atencional de indiví-
divíduo, acarretando prejuízos financeiros para sociedade. duos dependentes de álcool.
Entre 50% e 75% dos sujeitos que sofreram algum tipo de Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, envol-
TCE apresentaram sequelas comportamentais e cognitivas vendo 10 sujeitos dependentes de álcool que se encontram
com comprometimento funcional. Uma das alterações co- em programa de tratamento em Centro de Atenção Psi-
muns nestes indivíduos é o prejuízo na função executiva, cossocial Para Álcool e Drogas (CAPSad) de Goiânia. A
que se refere a um conjunto de processos cuja finalidade maioria dos participantes são homens com ensino funda-
é facilitar a adaptação do indivíduo a novas situações. São mental incompleto, com idade entre 40 e 50 anos. Os da-
processos relacionados às estratégias cognitivas de contro- dos foram obtidos através de entrevista semi-estruturada
le, integração, direcionamento e gerenciamento de habili- e testagem psicológica. Os seguintes instrumentos foram
dades cognitivas, emocionais e comportamentais. utilizados: Raven/escala geral, dígitos e sequência de nú-
Objetivo: Identificar a prevalência da síndrome dise- meros e letras da WAIS III, teste D2, trail making, torre de
xecutiva em pacientes com TCE grave, de acordo com o Hanói, Wisconsin.
tempo de lesão. Resultados e Discussão: O desempenho dos partici-
Metodologia: Foram analisados 34 prontuários de pa- pantes do estudo corrobora com a literatura já existente,
cientes do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Hen- pois aponta para um perfil neuropsicológico desatento
rique Santillo, submetidos à avaliação neuropsicológica, com detrimento da memória operacional e função execu-
vítimas de TCE grave. Foi feita análise das alterações refe- tiva. Todos os indivíduos apresentaram inteligência infe-
rentes ao controle inibitório, julgamento, planejamento e rior à média, o que indica prejuízo no raciocínio.
flexibilidade do pensamento.
Resultados: 90% dos indivíduos com TCE apresen-
taram sequelas nas funções executivas, sendo constatada AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE DE-
melhora do grau da dificuldade executiva no decorrer do PENDENTE DE áLCOOL
tempo. O planejamento e a flexibilidade do pensamento MARQUES, SC (PUC-Go); FERREIRA, SFB (PUC-Go); LEI-
tiveram melhor evolução quando comparados ao controle TE, YBP (PUC-Go)
inibitório e julgamento. Introdução: O álcool é considerado uma droga psico-
Discussão: Observou-se alta prevalência da síndrome ativa, isto é, uma substância química que quando ingerida
disexecutiva entre os pacientes da amostra além de uma modifica uma ou várias funções do sistema nervoso cen-
forte tendência à melhora dos déficits associados ao pla- tral, produzindo efeitos psíquicos e comportamentais. Tais
nejamento e flexibilidade de pensamento no decorrer do efeitos variam em relação a concentração álcool no sangue
tempo. Tais fatos necessitam ser melhor investigados dado a e a cronicidade do uso. Pesquisas que utilizam avaliação
grande influência dos mesmos no processo de reabilitação. neuropsicológica na dependência química relatam vários
déficits cognitivos, principalmente nas funções executivas,
atencionais e mnemônicas, como na memória de traba-
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE DE- lho; controle e seleção da resposta; resolução de proble-
PENDENTES DE ÀLCOOL USUÁRIOS DOS mas e tomada de decisões.
CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Objetivo: O presente estudo pretende descrever os re-
MARQUES, SC (PUC-GO); FERREIRA, SFB (PUC-GO); sultados da avaliação neuropsicológica de um dependente
BRASIL, MGN (PUC-GO) de álcool. O participante, sexo masculino, 50 anos de idade,
Introdução: O vício em drogas é um dos problemas ensino superior incompleto, ingere álcool desde os 14 anos.
mais devastadores da sociedade e o álcool é, talvez, a droga Metodologia: A avaliação desenvolveu-se nos meses de
de abuso mais séria. Além de acarretar prejuízos sociais, março e abril de 2010, sendo composta por uma entrevista
familiares, econômicos e judiciais, o álcool causa danos de semiestrutura e testes. O perfil neuropsicológico foi ob-
caráter físico e cognitivo ao indivíduo. Pesquisas que uti- tido através dos seguintes instrumentos: escala de inteli-
55
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
gência Wechsler para adultos, matrizes progressivas/escala (CPN-REAB); LANDUCCI-MOREIRA, D (CPN-REAB); RO-
geral, teste Wisconsin de classificação de cartas – versão DRIGUES, A (CPN-REAB); MONTEIRO, MF (UNIFESP, CPN-
Nelson, teste dos sinos, teste Boston adaptado, teste FAS, REAB); BUENO, OFA (UNIFESP, CPN-REAB)
teste projetivo: HTP, teste D2, PMK, teste de organização Introdução: A teoria dos construtos fornece uma me-
visual Hooper, trail making, torre de Hanói. todologia qualitativa, porém rigorosa, que possibilita a eli-
Resultados: Os dados coletados apontam para um ní- citação de representações subjetivas relativas a um tema.
vel de inteligência dentro da média para seu grupo etário, Objetivo: O presente estudo empregou essa aborda-
com personalidade organizada em torno de sintomas an- gem para a compreensão das mudanças subjetivas expe-
siosos. Apresenta uma produção com flutuações de aten- rienciadas após uma lesão encefálica adquirida (LEA).
ção, engajamento e efetividade de ações. Memória para Metodologia: Nove adultos com LEA, divididos em
recuperação de material auditivo verbal comprometida. dois grupos (G1, N=4, classificação 4 na escala expandi-
Prejuízo agnósico, práxico, executivo, visuoespacial. da de resultados Glasgow e G2, N=5, classificação 5 e 6)
Discussão: Tais resultados indicam declínio cognitivo que diferiam de acordo com o nível de independência e
secundário a abuso de substâncias e corroboram com a funcionalidade, participaram desse estudo. A coleta de
literatura existente. dados foi feita para cada grupo separadamente através de
um exercício estruturado facilitado por duas psicólogas.
Os participantes foram instruídos a fazer comparações
MãE DEPRESSIVA PSICóTICA, TABAGISTA E sistemáticas dos selfs pré lesão, atual e ideal. Os construtos
USUÁRIA DE BENZODIAZEPÍNICOS DURAN- elicitados foram submetidos a uma análise de conteúdo
TE TODA A GRAVIDEZ realizada por três psicólogas. Quantidades diferentes de
ARAÚJO, RS (UNIRG); SANCHES, L (UNIRG); PRADO, CC construtos foram criadas para cada grupo (G1=19, G2=48).
(UNIRG); CARMO, AMD (UNIRG); CHAVES, MPR (UNIRG) Resultados: A análise qualitativa dos construtos per-
Introduçao: Paciente do sexo feminino, 39 anos, com mitiu a identificação de 6 temas principais (entre parênte-
relato de depressão e bichos saindo pelo corpo, cita tam- ses a porcentagem de construtos criados para cada tema):
bém que em determinados lugares dos membros exalam competências (G1=31%; G2=19%); atividades/participa-
mau cheiro. A mesma diz que já fez tratamento no posto ção (G1=10%; G2=6%); emoções (G1=10%; G2=8%); “eu
de saúde durante a gravidez toda com benzodiazepínicos. no mundo” (G1=31%; G2=35%); “eu comigo” (G1=16%;
Objetivo: Demonstração de caso depressivo na gravi- G2=21%); e incerteza (G1=0; G2=6%).
dez associado ao uso de rivotril, diazepam e intenso taba- Discussão: Notou-se que, além de questões relaciona-
gismo (três carteiras de cigarro) durante toda a gravidez e das às competências cognitivas, os temas principais abor-
suas consequências para a criança. dados por ambos os grupos foram as mudanças na forma
Metodologia: Utilizou-se de relatos clínicos ao longo como os indivíduos se relacionam com o mundo e na for-
das consultas e análise de prontuários de atendimentos ma como se vêem. Esses resultados têm implicação direta
anteriores da paciente. para o estabelecimento de metas na reabilitação.
Resultados: Observou-se que a paciente permanece
com o vício em cigarros bem como os sintomas de triste-
za, anedonia, ansiedade, alucinações visuais e olfativas. A ANÁLISE DE QUEIXAS DE MEMÓRIA APÓS
mulher mostra durante a consulta que está saindo vermes TRAUMATISMO CRaNIOENCEFÁLICO GRAVE
da pele e em outros locais do corpo diz com toda a certeza EDIALA, P (CRER, PUC-GO); NERY, M (CRER, PUC-GO, NEP-
que está exalando um forte cheiro de podre. NEURO, UNB); AFIUNE, FG (CRER, NEPNEURO); BARBOSA,
Discussão: Ressaltamos a importância de não fazer DM (CRER, NEPNEURO)
uso de substâncias teratogênicas e potencialmente lesivas Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE)
ao feto durante a gravidez como foi observado no caso da grave é a principal causa de óbitos em politraumatizados,
mãe citada, que durante toda a gestação fez uso de tabaco, sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde
rivotril e diazepam. um problema de saúde pública. Queixas de memória estão
entre as queixas cognitivas mais frequentes após o TCE.
Objetivo: Verificar a prevalência da queixa de memó-
INSIGHTS SOBRE A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA ria e qual a queixa mais frequente entre vítimas de TCE
APÓS UMA LESÃO CEREBRAL grave e, em indivíduos sem queixas, correlacionar a ausên-
COVRE, P (UNIFESP, CPN-REAB); BOLOGNANI, SAP cia destas com o desempenho mnemônico real detectado
(CPN-REAB); QUEIROZ, FP (CPN-REAB); DRUMOND, D pela avaliação neuropsicológica.
56
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Metodologia: Foi feita uma análise descritiva, retros- colha das atividades do treino, bem como as subsequentes,
pectiva de 61 prontuários de indivíduos vítimas de TCE foi construída com o auxilio da avaliação neuropsicológica
grave que foram submetidos à avaliação neuropsicológica prévia, do paciente e dos familiares. A qualidade das tare-
nos últimos três anos no Centro de Reabilitação e Readap- fas realizadas pelos pacientes foi avaliada por um sistema
tação Dr. Henrique Santillo (CRER) de Goiânia. de notas (0 a 10) julgadas pelo paciente e pelo terapeuta.
Resultado: 75% dos indivíduos da amostra apresen- Resultados: A eficácia do tratamento pôde ser verifica-
taram queixas mnemônicas, sendo a mais frequente refe- da no relato dos familiares e na melhora do desempenho
rente à lembrança de informações adquiridas após a lesão na reavaliação neuropsicológica.
(26%), seguida por queixas de memória prospectiva (5%)
e queixas de amnésia retrógrada (3%). Queixas mistas, en-
volvendo mais de um tipo de memória, corresponderam a EVIDÊNCIA DE VALIDADE DA WASI ATRAVÉS
30% da amostra. 80% dos sujeitos sem queixas mnemôni- DA ANÁLISE DE FREQUENCIA DE DÉFICITS
cas apresentaram alteração de memória. ZIBETTI, MR (UFRGS); RIOS, TS (UFRGS); WAGNER, F
Discussão: Queixas de memória são bastante comuns (UFRGS); TRENTINI, CM (UFRGS)
em vítimas de TCE grave, sendo a queixa de amnésia ante- Introdução: Na avaliação neuropsicológica a utilização
rógrada a mais citada entre os queixosos. O alto índice de de escalas breves para a avaliação da inteligência é, mui-
alteração de memória entre indivíduos sem queixas pode tas vezes, recomendada. Isso porque em grande parte das
sugerir dificuldade na metamemória. Mais estudos são ne- avaliações o objetivo está numa avaliação global, apesar
cessários a fim de melhor analisar as queixas mnemônicas de um déficit neuropsicológico específico. Nesse sentido a
para aprimorar a compreensão, investigação e correlação WASI - escala de inteligência Wechsler abreviada é um ins-
destas entre si e com outras cognições afetadas. trumento que conta com 4 subtestes e, também, possibili-
ta o cálculo do QI através da aplicação de 2 subtestes (vo-
cabulário e raciocínio matricial). Essa escala está em fase
REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA: ES- de validação e normatização para o Português Brasileiro e,
TRATÉGIAS COMBINADAS PARA TRATAMEN- mesmo que se tenha conduzido estudos de comparação de
TO DE PACIENTES AMNÉSICOS ADULTOS grupos (clínico e controle) ainda não se investigou a fre-
BETTI, MR (UFRGS); RIGOLI, M (PUC-RS); CARRASCO, F quência com que as dificuldades podem ser identificadas,
(PUC-RS); RINALDI, J (UFRGS); FRISON, TB (UFRGS) critério amplamente utilizado na neuropsicologia.
Introdução: A reabilitação neuropsicológica (RN) é um Objetivo: Nesse contexto, o presente trabalho visa a
processo terapêutico que visa a recuperação do paciente ao utilizar o critério de déficit (escore inferior a –1,5 dp) para
mais alto nível de adaptação cognitivo e psicossocial possí- comparar o desempenho nos subtestes vocabulário e ra-
vel. O comprometimento da função da memória costuma ciocínio matricial da WASI de um grupo de pessoas com
ser evidenciado em quadros neurológicos frequentes como diagnóstico clínico e psicométrico de retardo mental com
traumas cranianos, acidentes vasculares, tumores, entre a média do grupo normativo coletado até o momento.
outros, que demandam tratamento de RN em clínicas espe- Metodologia: Para isso a amostra foi composta por 19
cializadas. Entre os prejuízos geralmente manifestados, um indivíduos do grupo clínico com idades variando de 10 a
dos mais incapacitantes é a amnésia anterógrada, no qual 20 anos. O desempenho de cada sujeito foi comparado a
ocorre uma dificuldade na formação de novas memórias. seu respectivo grupo normativo em termos de escore Z.
Objetivo: O objetivo do presente trabalho é apresentar Resultados e Discussão: Os resultados indicaram que
um modelo combinado de estratégias mnemônicas utili- todos os sujeitos do grupo clínico tiveram desempenho
zadas em uma clinica particular de Porto Alegre. inferior a –1,5 dp do esperado para sua idade em ambas as
Metodologia: O estudo foi realizado com 3 pacientes tarefas, indicando prejuízo cognitivo. Esses dados sugerem
amnésicos, com idades entre 30 e 35 anos, ao longo de 1 a capacidade da escala em discriminar esse grupo clínico.
ano. O tratamento foi direcionado para o reaprendizado
de tarefas de vida diária, envolvendo um conjunto de tare-
fas realizadas em ambiente que replicava uma casa, tendo TRANSFORMAÇÕES NA CULTURA DAS CO-
sido planejado para cada paciente, visando diminuir as MUNIDADES INDÍGENAS BRASILEIRAS: O
limitações acarretadas pelo efeito do esquecimento. Após COMPROMETIMENTO DA SAÚDE KARAJÁ
a fase de adaptação no ambiente terapêutico, foi monta- OLIVEIRA, ME (UFG); CAIXETA, LF (UFG); CAIXETA,
da uma sequência de atividades que cada paciente deveria VM (UFG); PELEJA, AAC (UFG); CAIXETA, VM (UFG);
desenvolver, tendo como base a memória já treinada. A es- BARROS, NM (UFG)
57
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Introdução: Devido ao contato interetnico, proble- Objetivos: Relatar caso de APP evoluída para DCB e
mas existentes em populações não-indígenas começam a depois DFT.
apresentar taxas preocupantes entre os nativos sulameri- Resultados: MLS, feminina, 56 anos, em 2007 iniciou
canos. O abuso de substâncias químicas tem provocado quadro de disfluência com anomia, redução do débito
efeitos devastadores em relação à manutenção da saúde verbal, sobrecarga de esforço para a fala, circunlóquios,
e do bem-estar dos indígenas, associado ao surgimento e ecolalia, disgrafia, parafasias fonêmicas e apraxia orolin-
exacerbação de comorbidades (principalmente psiquiátri- gual. Assim, diagnosticou-se APP. O quadro evoluiu com
cas) e episódios mais frequentes de violência. heminegligência visual à direita, agnosia visual, hipotimia.
Objetivo: Caracterizar perfil sociodemográfico e prin- Em 2009, houve maior comprometimento de linguagem,
cipais síndromes psiquiátricas relacionadas ao uso de comprometimento cognitivo grave de memória e atenção,
substâncias químicas em uma amostra de indígenas da apraxia motora à direita, sintomas pseudobulbares e ex-
etnia Karajá que procuraram atendimento psiquiátrico. trapiramidais à direita. Consequentemente, diagnosticou-
Metodologia: Foi desenvolvido estudo transversal se DCB. Há 4 meses apresentou desinibição, inadequa-
retrospectivo de série de casos atendidos em psiquiatria. ção, inquietação, perda de insight, mutismo, síndrome de
Portanto, foram levantados 100 prontuários, dos quais Kluver-Bucy, incontinência urinária e intensificação dos
foram extraídos dados que permitiram traçar o perfil so- sintomas de frontalização, diagnosticando-se DFT. Atual-
ciodemográfico e as síndromes psicopatológicas mais im- mente, encontra-se com demência grave. O mini-exame
portantes associadas ao uso de drogas. Os diagnósticos são do estado mental obteve pontuação 2. A avaliação neu-
relatados em conformidade com o DSM-IV. ropsicológica evidenciou déficit de linguagem, praxia,
Resultados: Havia predominância do sexo masculino, gnosia, memória e disfunção executiva frontal. O SPECT
representando 63% dos casos. Dos 100 casos, 45% apre- revelou intensa hipoperfusão frontal interessando tam-
sentavam diagnóstico de alcoolismo e/ou dependência bém gânglios da base. A RM evidenciou atrofia fronto-
de drogas. 32% receberam o diagnóstico de alcoolismo, temporal.
predominando também no sexo masculino (83%). Essa Discussão: Sintomatologias incomuns na APP po-
predominância também foi notada quanto ao diagnósti- deriam sinalizar um prognóstico de evolução desta para
co clínico de dependência de drogas, com o sexo mascu- DCB. A evolução e progressão do processo degenerativo
lino representando 84,6%. A associação do uso de drogas cerebral, interessando regiões mais posteriores e subcorti-
com atos de violência na comunidade indígena foi muito cais e regiões mais anteriores e mesiais dos lobos frontais
comum. justificaram a migração dos diagnósticos. O local das le-
Conclusão: Foram encontrados altos índices de depen- sões cerebrais define a síndrome clínica dominante. Este
dência de drogas e alcoolismo entre os Karajá na atenção caso ajuda a confirmar a legitimidade do conceito de com-
primária em saúde mental, quando comparados às taxas plexo de Pick.
desses diagnósticos em populações não-indígenas.
Discussão: O predomínio do sexo masculino se mos-
tra relevante e em consonância com outros estudos reali- BIS-11: ESTUDO PRELIMINAR DAS PROPRIE-
zados tanto no país quanto no exterior. DADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO ADAP-
TADA PARA O CONTEXTO BRASILEIRO
BRANCAGLION, MY (UFMG); VASCONCELOS, AG
VARIAÇÕES DE UM MESMO TEMA: AFASIA (UFMG); SOUSA, DR (UFMG); SEDIYAMA, CY (UFMG);
PROGRESSIVA PRIMÁRIA, DEGENERAÇÃO LAGE, G (UFMG); MORAES, PHP (UFMG); MALLOY-DI-
CORTICOBASAL E DEMÊNCIA FRONTOTEM- NIZ, LF (UFMG)
PORAL Introdução: A escala Barratt de impulsividade (BIS-
OLIVEIRA, ME (UFG); CAIXETA, LF (UFG); CAIXETA, 11) é um instrumento de autorrelato composto por 30
VM (UFG); PELEJA, AAC (UFG); CAIXETA, VM (UFG); itens que avaliam aspectos da impulsividade conforme o
BARROS, NM (UFG) modelo teórico proposto por Barratt em que o construto
Introdução: O “complexo de Pick” aproximou noso- possui três componentes: [A] impulsividade por não-pla-
graficamente afasia progressiva primária (APP), degene- nejamento, [B] impulsividade por falta de atenção e [C]
ração cortico-basal (DCB) e demência frontotemporal impulsividade motora.
(DFT). A raridade e ambiguidade destas entidades com- Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar as
prometem a formulação diagnóstica por mimetizarem propriedades psicométricas da BIS-11 para o contexto
outras patologias e pelas diferentes apresentações. brasileiro.
58
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Metodologia: A versão adaptada foi aplicada em uma Resultados: 69,3% apresentaram baixo desempenho
amostra não clínica de 143 indivíduos adultos, sendo mnemônico quando comparados com a norma para sua
62,2% do sexo feminino e com nível de escolaridade supe- faixa etária; 61,5% apresentaram uma leve dificuldade na
rior incompleto (76,2%), residentes na região metropoli- memória de curto prazo. Na evocação tardia 61,5% dos
tana de Belo Horizonte (MG). sujeitos tiveram um prejuízo de moderado a grave, destes,
Resultados: Não houve diferenças entre os sexos nos 25% tiveram dificuldades no armazenamento da infor-
escores parciais e total da BIS-11 (valor t variou entre mação auditiva, sem beneficiarem da lista de reconheci-
–0,57 e 0,19; p>0,40). No entanto, houve diferenças nos mento, contrariamente a 75% que apresentaram evocação
escores total e impulsividade por falta de atenção entre os espontânea deficitária, porém com bom desempenho na
níveis de escolaridade (t=2,19; p=0,03). O coeficiente alfa lista de reconhecimento.
de Cronbach de 0,85 revelou que o questionário adapta- Conclusão: O baixo desempenho mnemônico foi sig-
do apresentou nível de precisão satisfatório. Os valores de nificativo na população avaliada, com maior prejuízo na
alfa para os escores parciais foram satisfatórios superiores recuperação espontânea de memória tardia. Tais achados
a 0,67. Utilizou-se a análise fatorial exploratória pelo mé- apontam a necessidade de repensar no processo de avalia-
todo dos componentes principais, com rotação varimax, ção e inclusão destes alunos.
para investigar a validade de construto. Os índices KMO
e de esferecidade de Bartlett indicaram a possibilidade de
agrupamento dos itens em fatores. A solução fatorial com DETERIORAÇÃO DA FALA E DA LINGUAGEM
dois componentes revelou que 49,19% da variância foi ex- NA DOENÇA DE HALLERVORDEN-SPATZ
plicada. Do ponto de vista teórico, os fatores observados LACERDA, MCC (UFG); FERREIRA, SFB (UFG, PUC-Go);
foram denominados de impulsividade cognitiva e contro- CAIXETA, LF (UFG)
le inibitório. Introdução: A doença de Hallervorden-Spatz é uma
Discussão: Os resultados indicam que a versão adap- condição autossômica recessiva, progressiva, rara. Quando
tada da BIS-11 apresentou bons requisitos psicométricos, precocemente instalada é caracterizada por espasticidade,
o que enseja a continuidade dos estudos com o referido enfraquecimento distal, disartria e, ocasionalmente, demên-
instrumento, particularmente, por meio da sua avaliação cia. Na forma adulta estes sintomas podem ser atenuados.
em grupos clínicos. Objetivo: Destacar aspectos da fala e da linguagem le-
vantados durante o procedimento de avaliação neuropsi-
cológica.
O DESEMPENHO MNEMÔNICO VERBAL DE Metodologia: Participaram deste estudo dois pacien-
DISCENTES VÍTIMAS DE TRAUMATISMO tes, irmãos, com diagnóstico médico da doença de Hal-
CRANIO ENCEFÁLICO GRAVE lervorden-Spatz. Em função da anartria não foi possível a
NERY, M (CRER, UNB, NEPNEURO); SILVA, SL (UNB); BAR- aplicação do protocolo convencional de avaliação. Para o
BOSA, DM (CRER, NEPNEURO); BARBOSA, HM (NEPNEU- exame de linguagem utilizaram-se o mini-exame do estado
RO); BRASIL, MGN (PUC-GO, UFG) mental (MEEM) e o teste de nomeação Boston sendo ad-
Introdução: Com o aumento progressivo do núme- mitidas respostas escritas.
ro de pessoas com lesões encefálicas adquiridas e a alta Resultados: indicaram alterações na expressão da fala
prevalência em jovens adultos envolvidos, a realidade das (disartria) somada a dispraxia orofacial e linguagem: di-
universidades, se esbarra na heterogeneidade dos estudan- sartria, anomia.
tes que estão nas salas de aula. Discussão: As alterações na produção da fala como a
Objetivo: Este trabalho objetiva analisar o desempe- disartria podem ser atribuídas a lesões mais profundas da
nho mnemônico verbal no Rey auditory verbal learning região subcortical cinzenta do cérebro, como gânglios da
test de alunos universitários que sofreram um traumatis- base e suas conexões com as áreas de associação cortical.
mo crânio encefálico grave. A presença de disnomia pode ser explicada pela alteração,
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, reali- sobretudo do acesso semântico-lexical que também é reali-
zado por meio de uma análise retrospectiva de 13 pron- zado de múltiplos processos que requerem integridade do
tuários de pacientes submetidos à avaliação neuropsico- núcleo caudado. É importante salientar que a alteração de
lógica, que sofreram agressão de ordem traumática com outros domínios cognitivos, como por exemplo, atenção e
comprometimento funcional do encéfalo e que tiveram memória episódica, também devem ser levadas em consi-
perda de consciência por mais de 6 horas e amnésia pós- deração na associação das alterações linguísticas encontra-
traumática por mais de 24 horas. das nos dois irmãos.
59
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DOS DISTÚR- tais alterações são exuberantes e frequentes, explicadas
BIOS DA LINGUAGEM NAS DEMÊNCIAS SUB- provavelmente pela lesão do fascículo arqueado ou por
CORTICAIS DA SUBSTÂNCIA CINZENTA E atrofia cortical associada nestas doenças.
BRANCA
LACERDA, MCC (UFG); CAIXETA, LF (UFG)
Introdução: Os distúrbios de linguagem ocorrem em O EIXO HIPOTALAMO-HIPOFISE-ADRENAL
decorrência de lesões em diversas áreas e estruturas cere- (HHA) COMO PARAMETRO DE QUANTIFICA-
brais, que poderá afetar a função como um todo, mesmo CãO DO ESTRESSE FíSICO E PSICOLóGICO
que em graus e formas variados. EM AMBIENTE DESCONHECIDO
Objetivo: Caracterizar o perfil das alterações de lin- ARANTES, MA (UNIRG); VASCONCELOS, VM (UNIRG)
guagem, pontuando seus elementos diferenciadores, nas Introdução: O estresse baseia-se nas condições físicas
demências subcorticais da substância cinzenta e da subs- ou psicológicas que ameaçam a homeostase do organis-
tância branca. mo. A resposta mais característica ao estresse é a liberação
Metodologia: Oito pacientes de ambos os sexos com do hormônio adrenocorticotrópico e corticóides na cor-
demência subcortical cinzenta (DSC) e quinze pacien- rente sanguínea como resultado da ativação do eixo HHA.
tes de ambos os sexos com demência subcortical branca Os estressores podem ser físicos e psicológicos.
(DSB), diagnosticados clinicamente e através de neuroi- Objetivo: Determinar quantitativamente a relação do
magem, foram avaliados através dos seguintes testes: teste eixo HHA com o estresse, assim, aprovando a metodolo-
de Boston para diagnóstico da afasia, teste de nomeação gia usada.
de Boston, prancha roubo do biscoito, teste Token e fluên- Metodologia: Utilizou-se 36 ratos Wistar, machos
cia verbal. Todos os pacientes também foram submetidos (idade superior a 90 dias), e separados em três grupos:
à avaliação neuropsicológica geral. Grupo A, controle (n=12); Grupo B, acostumado por sete
Resultados: Os pacientes com DSC apresentaram re- dias (duas horas/dia) em meio com água (n=15) e Gru-
dução no número de palavras produzidas, nível reduzi- po C, acostumado por sete dias (duas horas/dia) em meio
do de complexidade sintática, redução da linha melódica, sem água (n=9), para ser realizada a dosagem da concen-
da extensão das frases, da agilidade articulatória e forma tração (ug/ml) do ácido ascórbico de cada adrenal esquer-
gramatical, bem como presença de erros parafásicos, di- da dos animais, com o intuito de comprovar a ativação do
ficuldade de acesso ao léxico, disartria e perseveração. Os eixo HHA.
pacientes com DSB, apresentaram diminuição da fluên- Resultados: No Grupo A foi considerado 100% de
cia verbal, anomia com parafasias fonêmicas, dificuldade concentração (ug/ml) de ácido ascórbico coletado, sendo
na contextualização através de figura temática. Um deles assim, a diferença da concentração entre o Grupos A e B
apresentou apraxia grave, apragmatismo e disfluência e seria de 20,95333%, e a diferença entre os Grupos A e C
dois deles apresentaram quadro compatível com afasia de de 37,66044%.
expressão. Discussão: Mostram-se níveis mais reduzidos de ácido
Discussão: A característica marcante do distúrbio ascórbico no Grupo C quando comparado com o Grupo
linguístico apresentado no grupo de DSC é caracterizado B. A ansiedade do Grupo B estava menor por conhecer
pelo comprometimento de programação motora dos mo- o meio desconhecido onde foi induzido o estresse físico
vimentos articulatórios da fala (disartria hipercinética). A (água). Com isso, podemos relatar q o HHA serviu para
prosódia também foi outro domínio alterado nesse gru- separar o estresse psicológico (meio desconhecido) do es-
po, possivelmente devido aos movimentos involuntários tresse físico (água).
por eles apresentados, dificultando a manutenção da fala
encadeada. No grupo de pacientes com DSB, a principal
alteração linguística encontrada foi à dificuldade de com- DO MEDO AO PÂNICO: UMA VISÃO NEURO-
preensão do material sintático mais complexo, que, pode PSICOLÓGICA E PSICOSSOCIAL
ser secundária a déficits executivos, bem como alteração Barbosa, VLM (FVH); Rego, MGS (Unip)
na habilidade lexical. Alteração na fluência verbal, nome- Introdução: As culturas podem diferir em regras so-
ação e discurso oral e gráfico (principalmente contextua- ciais e costumes, no entanto, quando se trata de certas ex-
lização de idéias) também se mostraram alterados nesse pressões a emoção é universalmente reconhecida. Estudos
grupo diferentemente de outros trabalhos em que não se recentes mostram que projeções da amigdala ao córtex
identificam alterações da linguagem em pacientes com le- contribuem para o “aprendizado do condicionamento do
sões da substância branca, nosso estudo demonstra que medo”. As conexões da amígdala com o hipotálamo e subs-
60
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
tância cinzenta periaquedutal no tronco encefálico evocam de cunho de execução e desempenho excepcional em rela-
respostas motoras somáticas. O medo orgânico pessoal, na ção à memória operacional e atenção.
escala animal tem uma condição “sine qua non” para sua Discussão: Os achados da literatura descrevem padrão
formação, a existência de um sistema nervoso capaz de di- neuropsicológico na SA caracterizado por desempenho de-
fundir em todos os âmbitos orgânicos a ação. Os dados ci- ficitário na esfera executiva, capacidade de planejamento
tados nos levam a afirmar que há raiz biológica no medo. e praxia e alto desempenho verbal, atencional e memória
Objetivo: Este trabalho teve por objetivo a caracteriza- operacional. Já na esquizofrenia há perfil de perda cogniti-
ção do transtorno do pânico a partir da interface neuro- va global com ênfase em déficits de memória verbal e visu-
biológica, psicológica e social, de acordo com o modelo de al, atenção e funções executivas. O perfil neuropsicológico
processamento de Barlow (1988). do paciente aponta para características compatível com SA
Metodologia: Dentro desta perspectiva e realidade, es- principalmente no que diz respeito ao alto desempenho
tudamos o medo, seus aspectos filosóficos, psicológicos e atencional e memória de trabalho e seus déficits em plane-
biológicos do desenvolvimento, bem como, suas formas de jamento e esfera de execução. Este estudo mostrou a impor-
expressão e manifestação que tanto interferem negativa- tância do levantamento do perfil cognitivo para realização
mente na vida do homem. Por saber que o ser humano e, de diagnóstico diferencial entre patologias que comparti-
por conseguinte, suas manifestações mentais, emocionais lham em determinados casos semelhanças sintomáticas.
e comportamentais são sempre consequência de uma in-
terligação biológica, psíquica e social intensa, é que o estu-
do sobre este tema se torna atual e relevante. O pânico não GENÉTICA E PREJUÍZOS COGNITIVOS NO
é propriamente um problema surgido nos momentos atu- TRANSTORNO BIPOLAR
ais, contudo, tem crescido significativamente não só entre PEREIRA, LL (UFSM); DIAS, ACG (UFSM); PENTEADO,
adultos como também entre crianças e adolescentes. RV (UFSM); SANTOS, SC (UFSM)
Discussão: O estudo do processamento e do desen- Introdução: O transtorno bipolar (TB) é uma grave
volvimento desta emoção chamada medo, nos permitiu patologia psiquiátrica. Apresenta episódios recorrentes de
afirmar que o pânico é um modo de padecimento que ex- mania/hipomania e depressão, que acarretam em prejuí-
pressa o mal-estar na e da modernidade. zos laborais, socioeconômicos, sofrimento psíquico e que-
da na qualidade de vida do paciente e de seus familiares.
Sobre prejuízos neuropsicológicos em portadores de TB, a
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DIFERENCIAL literatura descreve dificuldades em vários domínios cog-
NA SíNDROME DE ASPERGER E ESQUIZOFRE- nitivos, como resultados de expressões gênicas vulneráveis
NIA: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO ao transtorno. Estudos evidenciam que os processos cog-
CARUSO, L (HC/FMUSP); CALDAS, HOL (HC/FMUSP); nitivos predominantemente abalados no curso da doença
MONTEIRO, LC (HC/FMUSP) são as funções executivas do “tipo frias”. Partindo desse
Introdução: A esquizofrenia e a síndrome de Asperger enfoque sintomatológico, evidencia-se a necessidade de
(SA) são patologias distintas, porém com algumas altera- compreensão do aspecto preventivo da doença através da
ções cognitivas e déficits funcionais semelhantes. Esse es- sua etiologia genética, em estudos de genealogias familia-
tudo discutiu as diferenças e semelhanças entre ambas, a res e de mapeamentos genéticos.
partir de um estudo de caso. Objetivo: Elucidar relações entre genética e potencial
Objetivo: Buscar evidências de características cogniti- neurobiológico do TB.
vas diferenciais entre esquizofrenia e síndrome de Asper- Metodologia: Revisão sistemática de 52 resumos pro-
ger a partir de levantamento de perfil neuropsicológico por duzidos entre os anos 2000/2010, organizados a partir dos
meio de um estudo de caso com dúvida diagnóstica. descritores disorder bipolar and genetic.
Metodologia: Foi realizada uma descrição de um caso Resultados: Nos textos analisados foram identificados
clínico avaliado através de uma bateria neuropsicológica genes, cromossomos e regiões cromossômicas de vulnera-
com o intuito de mapeamento cognitivo. Os achados fo- bilidade ao TB. Destacando-se as variações do gene G72 que
ram relacionados à literatura corrente sobre perfil neuro- afeta o lóbulo temporal e a amígdala; e a do hNP que afeta
psicológico em ambas patologias, com finalidade de auxí- aspectos da memória e da inteligência no TB. A hiperativa-
lio diagnóstico. ção do lóbulo pré-frontal esquerdo durante a memória de
Resultados: Os achados preliminares do perfil neuro- trabalho também é associada à expressão gênica do trans-
psicológico do paciente mostraram desempenho adequado torno, representando o potencial neurobiológico da doença.
nas tarefas de conteúdo verbal em detrimento aos aspectos Conclusão: O TB apresenta complexas interações entre
61
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
62
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
seguintes testes: escala de inteligência Wechsler para adul- dúvidas sobre a real condição mental do envolvido. No
tos (WAIS-III) - subtestes do quociente de inteligência âmbito criminal, o aspecto valorativo é dado aos casos de
verbal, teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey (RA- acidente (queda, trânsito) com dano do tipo traumatis-
VLT), trail making oral A/B, teste FAS (fluência semântica mo craniano, avaliação de insanidade mental, avaliação de
e categorias), cópia de gestos (exame das praxias), cópia dano neuropsicológico pós-fato (abuso sexual, sequestro),
de figuras, inventário de AVD (atividades de vida diária). tentativa de homicídio (ferimento em região craniana),
Resultados: Apresentou alterações das seguintes fun- incidente de dependência em substâncias psicoativas, pro-
ções cognitivas: déficit moderado memória auditiva (curto gressão de pena e medida de segurança.
e longo prazo), déficit leve de memória de trabalho e de- Objetivo: Este trabalho científico pretende demons-
clarativa; déficit leve de funções executivas do lobo frontal trar a importância da avaliação neuropsicológica no con-
(flexibilidade, julgamento, organização, planejamento e texto forense em área criminal, e sua contribuição para a
execução), presença de apraxia (ideatória e ideomotora), elucidação de crimes a partir dos resultados obtidos por
déficit grave de percepção visuoespacial (não reconhece testes formais e informais.
formas, objetos, rostos, cores e movimentos). Metodologia: Utilizou-se como metodologia o estudo
Discussão: Foi averiguado que o déficit não estava ape- bibliográfico.
nas relacionado à percepção visual. Como também havia Resultados: Pelo fato da avaliação neuropsicológica
outras funções cognitivas que estavam afetadas. Com isto, utilizar de procedimentos que podem constatar o funcio-
foi possível programar um plano de reabilitação neuropsi- namento das funções cognitivas, a importância da avalia-
cológica que permite uma melhor recuperação e/ou ade- ção neuropsicológica se deve ao fato de ser utilizado como
quação ao dano apresentado. prova do funcionamento cognitivo daqueles que estão en-
volvidos, seja vítimas ou acusados de crimes.
Discussão: A avaliação neuropsicológica em contexto
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO CON- forense é uma atividade probatória em si, e pode compro-
TEXTO FORENSE EM ÁREA CRIMINAL var por meio de testes formais ou informais a demonstra-
FARIA, LF (PTC) ção de um dano cerebral. Isto promove a convicção dos
Introdução: A avaliação neuropsicológica em con- atores jurídicos (promotores, juízes, advogados e autorida-
texto forense é solicitada com certa frequência em casos de policial), relacionando todo caso em questão, por meio
aonde se apuram um conflito entre partes, e que pairam de um nexo de causalidade (conduta ilícita e o dano).
63
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
POSTERS idosos
64
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
visando ativar o paciente como um todo: físico, cognitivo, guir realizou-se o exame neuropsicológico propriamente
emocional e social. dito através de: teste Wisconsin de classificação de cartas
Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar em (TWCC); subtestes vocabulário, cubos e dígitos da escala
dados concretos o resultado de um programa multidis- de inteligência para adultos Wechsler (WAIS-III) e teste de
ciplinar de intervenção em uma paciente com doença de memória comportamental de Rivermead (TMCR).
Alzheimer. Resultados: O MEEM e o TR não foram sensíveis a
Metodologia: Avaliações neuropsicológicas em 3 mo- presença de comprometimento cognitivo em todos os ca-
mentos diferentes 2004, 2008 e 2010, concomitante a tra- sos estudados, enquanto o exame neuropsicológico pro-
tamento realizado por todo esse período com frequência priamente dito acusou prejuízos importantes na memória,
de três vezes por semana e duração de quatro horas diá- função executiva, linguagem e habilidades visuoespaciais.
rias: fisioterapia, terapia ocupacional, reabilitação cogniti- Discussão: Isto reforça o uso do MEEM e do TR ape-
va, atividades de socialização. nas como provas de triagem, não devendo definir o perfil
Resultados. Os resultados obtidos indicam que a pa- cognitivo de uma amostra em estudo.
ciente melhorou ao longo dos anos em todos os testes
aplicados. Em uma avaliação qualitativa a percebemos
mais ativa, comunicativa e alegre. DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL DE INÍCIO
Discussão: Um programa de reabilitação na doença PRECOCE OU DEMÊNCIA VESÂNICA? RELATO
de Alzheimer parece ser um aliado ao tratamento medica- DE CASO DE PACIENTE “ESQUIZOFRÊNICA”
mentoso, promovendo qualidade de vida ao paciente bem COM EVOLUÇÃO DEMENCIAL
como a possibilidade de melhora em todos os aspectos de REIMER, CHR (PUC-GO); TAVEIRA, DLR (PUC-GO); CAI-
seu funcionamento. XETA, LF (UFG); TAVEIRA, RBR (UFG); VARGAS, CM
(PUC-GO)
Introdução: Prejuízos cognitivos são reconhecidos
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO como possível eixo sintomatológico na complexidade clí-
NA DOENÇA DE PARKINSON E UMA BREVE nica da esquizofrenia. Contudo os quadros demenciais não
ANÁLISE SOBRE O MINI-EXAME DO ESTADO são considerados consequência da esquizofrenia e sim um
MENTAL E O TESTE DO RELÓGIO NA DETEC- processo patológico distinto, o que leva maior reflexão (e
ÇÃO DOS PREZUÍZOS ENCONTRADOS confusão) sobre a fisiopatologia e diagnóstico envolvidos.
BARROS, AC (UFRJ); WIGG, CMD (UFRJ); MENDES, MFX Objetivo: Relato de caso de paciente psiquiátrica com
(UFRJ); BASTOS, ICC (UFRJ); FERNANDES, JL (UFRJ); AL- prejuízos cognitivos e discussão diagnóstica.
VES, MRP (UFRJ); BARBOSA, ENB (UFRJ) Metodologia: Estudo de caso baseado na anamnese
Introdução: Caracterizada pela presença de movimen- psiquiátrica, exame psíquico (incluindo MEEM), exame
tos tremulantes, diminuição da força muscular, tendência neurológico e TCC.
à alteração postural e dificuldade da marcha, a doença de Resultados: AAF, 70a, feminino, 4 anos de escolari-
Parkinson (DP) está na segunda posição da lista de doen dade: histórico de delírios persecutórios desde os 3 anos,
ças degenerativas que mais acometem idosos cuja inci- frangofilia, insônia, impulsividade, dromomania, perda
dência aumenta com o envelhecimento. A proporção de da higiene, sem retorno a normalidade. Várias internações
comprometimento cognitivo varia de 20% à 40% na DP, com abandono do trabalho e atividades habituais. Aos 50
destacando o estudo do desempenho cognitivo na com- anos passou a se queixar de hipomnésia com interferência
preensão da doença. nas AVDs, evoluindo com alogia, tartamudez e disartria.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar o de- Nos últimos meses seu comportamento tem alternado
sempenho cognitivo da amostra e a sensibilidade de exa- entre agressividade extrema e intensa apatia. TCC revelou
mes para demonstrar possíveis prejuízos. atrofia frontotemporal bilateral (predomínio temporal).
Metodologia: Foram avaliadas 16 pessoas, com mé- Discussão: A demência vesânica, termo de origem
dia de idade de 62,3 anos e escolaridade variando de al- francesa do século XIX referia-se as doenças psiquiátricas
fabetizado à superior completo. Todos foram diagnosti- que evoluíam com demência.Com as mudanças na classi-
cados por neurologista e classificados nos níveis 1 e 2 de ficação nosológica psiquiátrica o termo foi abandonado
acordo com a escala de Hoehn & Yahr. Utilizou-se o ter- e a própria esquizofrenia foi considerada uma demência
mo de consentimento livre e esclarecido seguido de uma por Kraepelin; sendo criticado posteriormente já que
entrevista e de uma triagem composta pelo mini-exame nem todos os esquizofrênicos apresentavam degeneração
do estado mental (MEEM) e teste do relógio (TR). A se- cognitiva. No caso relatado questiona-se a real origem da
65
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
66
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
67
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
da técnica “PQRST” pode-se observar uma melhora de PAULA, JJ (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); MORAES, EN
52% no armazenamento da informação lida. O paciente (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF (UFMG)
atualmente consegue captar a idéia central; personagens e Introdução: Embora a memória episódica seja o do-
conteúdo do material lido. mínio mais comprometido em pacientes com demência
Discussão: Pode-se observar que a técnica “PQRST” de Alzheimer (DA) e comprometimento cognitivo leve
se mostrou eficaz como técnica de reabilitação cognitiva (CCL) muitos pacientes apresentam prejuízo nas funções
do paciente em questão para facilitar a meta estabeleci- executivas.
da. Ressalta-se a necessidade de estudos controlados uti- Objetivo: Comparar o desempenho de pacientes com
lizando amostragem significativa e tratamento estatístico DA e CCl em tarefas de funções executivas.
adequado no intuito de confirmar a eficácia da referida Metodologia: 61 pacientes com DA e 27 com CCL
técnica. (57% mulheres, idade média de 76 anos e escolaridade
média de 4 anos) foram avaliados através dos testes fluên-
cia verbal, torre de Londres, escala Mattis, cubos de Corsi
ESTRUTURA FATORIAL E VALIDADE CON inverso e dígito inverso e FAB. Uma análise fatorial por
VERGENTE DO RAVLT EM UMA POPULAÇÃO eixos principais e rotação oblimin foi realizada com todos
CLÍNICA DE IDOSOS: CORRELAÇÕES COM os testes de forma a agrupar variáveis. O desempenho nos
IDADE, ESCOLARIDADE E SEXO testes e nos fatores foram comparados através do teste de
PAULA, JJ (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); MORAES, EN Mann-Whitney.
(UFMG); MALLOY-DINIZ, LF (UFMG) Resultados: Não houveram diferenças significativas
Introdução: O RAVLT é um teste neuropsicológico quanto a idade, sexo e escolaridade. O desempenho dos
para avaliação de memória episódica amplamente utiliza- pacientes com DA em todas as tarefas foi significativa-
do na literatura. Sua estrutura fatorial na população clíni- mente inferior aos do grupo com CCL (p<0,001). Os dois
ca de idosos brasileiros ainda não foi estudada. fatores divergiram entre os grupos estudados (p<0,01 e
Objetivo: Analisar a estrutura fatorial do RAVLT na p<0,000).
população alvo e suas correlações com a idade, escolari- Discussão: Nossos resultados indicam um pior desem-
dade e sexo. penho em pacientes com DA em relação a pacientes com
Metodologia: 102 pacientes (58% mulheres, idade CCL nas funções executivas. Tal conclusão pode pautar a
média de 75,56 anos e escolaridade média de 4,63 anos) criação de mecanismos de compensatórios em programas
foram avaliados com o RAVLT, e a escala de memória da de reabilitação neuropsicológica para tais pacientes.
Mattis. Uma análise fatorial por eixos principais e rotação
oblimin foi realizada no RAVLT. Os fatores resultantes fo-
ram então correlacionados pelo teste de Spearman com DESEMPENHO DE PACIENTES IDOSOS COM
variáveis sócio demográficas e a subescala “memória” da COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE E
Mattis. Uma regressão logística (stepwise) apontou a con- DEMÊNCIA DE ALZHEIMER NO RAVLT: USO
tribuição de tais variáveis ao desempenho no teste. DOS ÍNDICES DE RETENÇÃO, EFICIÊNCIA DE
Resultados: a análise fatorial gerou um único fator res- APRENDIZAGEM E EVOCAÇÃO TARDIA
ponsável por 63% da variância. A correlação com sexo não PAULA, JJ (UFMG); CUNHA, LP (UFMG); NICOLATO,
foi significativa (p<0,673), diferentemente da idade (rhô R (UFMG); MORAES, EN (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF
–0,374) e escolaridade (rhô 0,258) (p<0,00). Tais variáveis (UFMG)
em conjuntos explicaram apenas 16% da variância do fa- Introdução: O RAVTL é um teste de aprendizagem
tor encontrado. A correlação com a subescala da Mattis foi verbal amplamente utilizado em pesquisas e na prática
de 0,519, um indicativo de validade convergente. clínica em neuropsicologia.
Discussão: O presente estudo aponta bons indícios de Objetivo: O presente estudo investiga alguns índices
validade para um dos instrumentos mais utilizados na clí- do teste RAVLT no auxílio diagnóstico entre quadros de
nica e pesquisa. comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência de
Alzheimer (DA) em pacientes idosos. Propomos o uso dos
índices retenção de curto prazo (RCP), retenção de longo
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS prazo (RLP), eficiência de aprendizagem (EA), índice de
FRIAS EM PACIENTES COM DEMÊNCIA DE evocação tardia (IET) e índice de retenção (IRET).
ALZHEIMER E COMPROMETIMENTO COGNI- Metodologia: 82 pacientes (56% mulheres) com idade
TIVO LEVE média de 76,12 anos e escolarização formal de 4,35 anos fo-
68
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
ram avaliados. 52 pacientes receberam diagnóstico clínico Discussão: O presente estudo aponta bons indícios de
de DA e 30 de CCL por avaliação multidimensional realiza- validade para um dos instrumentos mais utilizados na clí-
da por equipe multidisciplinar. Utilizou-se a escala Mattis, o nica e pesquisa.
mini-mental (MEEM) e o RAVLT na avaliação dos pacien-
tes. O desempenho dos pacientes foi comparado através do
teste de Mann-Whitney (p<0,05). Por fim comparou-se a o A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM PA-
poder diagnóstico dos novos índices através de análise ROC. CIENTES COM DEPRESSÃO E DOENÇA DE
Resultados: Os 2 grupos diferiram significativamen- PARKINSON: UM ESTUDO DE CASO
te na pontuação da Mattis e do MEEM (p<0,001). O TAVARES, JRF (NAAP)
desempenho no RAVLT foi significativamente distinto Introdução: Demência e depressão são síndromes que
em praticamente todas etapas (entre p<0,000 e p<0,04), podem agravar e trazer consequências na evolução do pro-
excetuando-se A1, Rec e IP. O desempenho dos pacientes cesso da doença de Parkinson (DP). A depressão ocorre
nos novos índices mostrou diferenças significativas: RCP em aproximadamente 40% dos pacientes, com uma inci-
(p<0,04), RLP (p<0,001), EA (p<0,001), IET (p<0,000) e dência de 1,86% ao ano e um risco cumulativo de 8,6% ao
IRET (p<0,003). Áreas sobre curva dos índices foram: RCP longo da vida. A depressão antecede os sintomas motores
(0,636), RLP (0,717), EA (0,731) IET (0,740) e IRET (0,694). em cerca de 25% dos parkinsonianos deprimidos. Há uma
Discussão: Os novos índices apresentam bom poten- associação positiva entre depressão e subsequente risco de
cial clínico, mas seu uso exige cautela, dadas as limitações DP (Silberman e cols., 2004).
do presente estudo. Objetivo: A avaliação neuropsicológica em pacientes
com DP, busca alcançar respostas importantes em relação
à doença bem como mapear medidas preventivas para re-
ESTRUTURA FATORIAL E VALIDADE CONVER- tardar o declino cognitivo.
GENTE DO RAVLT EM UMA POPULAÇÃO CLÍ- Metodologia: Diante do diagnóstico DP, foi realiza-
NICA DE IDOSOS: CORRELAÇÕES COM IDA- da anamnese com paciente e acompanhante, escolhida a
DE, ESCOLARIDADE E SEXO bateria de testes neuropsicológicos, realizada em 3 sessões
MELO, LPC (UFMG); PAULA, JJ (UFMG); COTTA, M com duração de 2h cada.
(UFMG); NICOLATO, R (UFMG); MORAES, EN (UFMG); Resultados: Avaliados aspectos neuropsicológicos, por
MALLOY-DINIZ, LF (UFMG) meio das funções executadas pelos lobos cerebrais, os re-
Introdução: O RAVLT é um teste neuropsicológico sultados foram: orientação temporal e espacial, linguagem,
para avaliação de memória episódica amplamente utiliza- capacidade de abstração e julgamento encontram-se preser-
do na literatura. Sua estrutura fatorial na população clíni- vada, habilidade visuoconstrutiva, atenção, capacidade de
ca de idosos brasileiros ainda não foi estudada. organização/planejamento, mudanças de categoria, flexibi-
Objetivo: Analisar a estrutura fatorial do RAVLT na lidade conceitual e resistência à interferência, memória de-
população alvo e suas correlações com a idade, escolari- clarativa episódica, praxias ideatórias, ideomotoras e apren-
dade e sexo. dizagem encontram-se comprometidas e humor alterado.
Metodologia: 102 pacientes (58% mulheres, idade Discussão: DP é uma condição neurológica de evo-
média de 75,56 anos e escolaridade média de 4,63 anos) lução lenta e progressiva, portanto, a demência associa-
foram avaliados com o RAVLT, e a Escala de Memória da da ao diagnóstico ocasionou lentidão cognitiva e motora,
Mattis. Uma análise fatorial por eixos principais e rotação disfunção executiva e comprometimento da evocação e
oblimin foi realizada no RAVLT. Os fatores resultantes fo- recordação. Diante dos resultados, a paciente foi encami-
ram então correlacionados pelo teste de Spearman com nhada para reabilitação cognitiva.
variáveis sócio demográficas e a subescala “memória” da
Mattis. Uma regressão logística (stepwise) apontou a con-
tribuição de tais variáveis ao desempenho no teste. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DA LIN-
Resultados: A análise fatorial gerou um único fator res- GUAGEM E SUAS RELAÇÕES COM A COGNI-
ponsável por 63% da variância. A correlação com sexo não ÇÃO GERAL: USO DO TOKEN TEST, FLUÊNCIA
foi significativa (p<0,673), diferentemente da idade (rhô VERBAL E MERDAN EM PACIENTES IDOSOS
–0,374) e escolaridade (rhô 0,258) (p<0,00). Tais variáveis RICARDO, LBM (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF (UFMG);
em conjuntos explicaram apenas 16% da variância do fa- MORAES, EN (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); PAULA, JJ
tor encontrado. A correlação com a subescala da Mattis foi (UFMG)
de 0,519 – um indicativo de validade convergente. Introdução: No exame neuropsicológico do idoso a
69
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
observação e avaliação da linguagem auxiliam na carac- liada em tarefas de nomeação e fluência em diferentes
terização dos quadros demenciais e outras síndromes. Al- categorias.
guns instrumentos utilizados para avaliação desse sistema Metodologia: Uma paciente do sexo feminino, 71 anos,
são: Token test (TT), fluência verbal semântica (FVS) e fo- um ano de escolarização, com atrofia frontotemporal es-
nêmica (FVF) e tarefa de nomeação (método regionaliza- querda, realizou testes de avaliação da linguagem como:
do de avaliação da nomeação - MERDAN). Para avaliação Token test (TT), fluência verbal semântica (FVS) e fonêmi-
da cognição geral, dois testes comumente utilizados são ca (FVF), e método regionalizado de avaliação da nomeação
o mini-exame do estado mental (MEEM) e a Dementia (MERDAN). Realizou adicionalmente uma bateria experi-
rating scale (Mattis). mental de nomeação composta por seis categorias com 20
Objetivo: Correlacionar os diferentes componentes estímulos cada (ações, alimentos, animais, partes do corpo,
linguísticos com a cognição geral em pacientes idosos. objetos e roupas). As categorias eram apresentadas através
Metodologia: 49 pacientes com queixas cognitivas de desenhos, fotos e, em alguns casos, objetos reais mani-
difusas (61% mulheres), idade e escolaridade médias de puláveis. Eram fornecidas à paciente dicas semânticas e fo-
76,51 e 4,35 anos, respectivamente, realizaram o TT, FVS nológicas dos estímulos não nomeados autonomamente.
(animais-frutas-supermercado-partes do corpo), FVF (F- Resultados: A paciente obteve desempenho acima de
A-S-M), MERDAN, Mattis e MEEM como parte de um dois desvios-padrão abaixo da média populacional no TT,
exame neuropsicológico. Uma análise fatorial (por com- FVS, FVF e MERDAN. Na bateria experimental, seu de-
ponentes principais, rotação Varimax) foi realizada nas sempenho apresentou dissociação significativa (p<0,000)
tarefas de linguagem para redução dimensional. Os fato- entre nomeação de partes do corpo (16-18/20) e ações
res gerados foram então correlacionados (p<0,05) com (11-9/20) quando comparadas à animais (3-2/20), ali-
o total da Mattis e do MEEM tendo por controle idade, mentos (2-3/20), roupas (2-2/20) e objetos (3-2/20).
escolaridade e sexo. Discussão: Os resultados encontrados sugerem com-
Resultados: A análise de fatores gerou três componen- prometimentos distintos de diferentes categorias semân-
tes, denominados acesso semântico, expressão e compre- ticas na paciente avaliada. Tal resultado encontra respaldo
ensão. As correlações de cada fator com a Mattis e com o na literatura, que sugere que a representação do corpo e
MEEM foram de, respectivamente: 0,598 p<0,000 e 0,593 ações encontra-se em regiões parietais e nos núcleos da
p<0,000; 0,340 p<0,021 e 0,198 p<0,187; 0,268 p<0,071 e base, ao contrário das outras categorias avaliadas, com re-
0,257 p<0,084). presentação predominantemente temporal.
Discussão: Nossos resultados sugerem que os testes
selecionados para a avaliação da linguagem avaliam três
componentes distintos. Ademais, os instrumentos de cog- Estudo das funções executivas
nição geral não se mostram adequados à mensuração do em idosos: avaliação da memória
sistema linguístico, ressaltando a importância de um exa- de trabalho em uma população
me neuropsicológico abrangente. de idosos com comprometimento
cognitivo
MELO, LPC (UFMG); RICARDO, LBM (UFMG); PAULA,
Habilidades de nomeação e fluência JJ (UFMG); MORAES, EN (UFMG); NICOLATO, R (UFMG);
em diferentes categorias: possível MALLOY-DINIZ, LF (UFMG)
dissociação em um caso de demência Introdução: A memória de trabalho (MT) é um com-
Semântica ponente das funções executivas que permite o armaze-
RICARDO, LBM (UFMG); PAULA, JJ (UFMG); MORAES, namento temporário de informações que serão dispo-
EN (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF nibilizadas para outros processos cognitivos. O modelo
(UFMG) cognitivo da MT de Baddley apresenta os componentes
Introdução: A demência semântica (DS) é uma de- fluidos: executivo central (EC), alça fonológica (AF), es-
mência frontotemporal (DFT) caracterizada principal- boço visuoespacial (EV) e buffer episódico (BF).
mente por alterações da linguagem e memória semântica, Objetivo: Avaliar a relação entre os componentes flui-
como dificuldades de nomeação, compreensão, categori- dos da MT e variáveis sociodemográficas: idade, sexo e
zação e produção de fala espontânea. Nos estágios iniciais escolaridade.
não há alterações significativas do comportamento e da Metodologia: 93 pacientes com queixas cognitivas
memória episódica. (61,5% homens), idade e escolaridade média de 73,70 e
Objetivo: Comparar o desempenho da paciente ava- 4,31 anos, respectivamente, foram submetidos às seguintes
70
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
tarefas: digítos ordem direta - DDT (AF) e ordem inversa Discussão: As dificuldades na compreensão de ma-
– DIT (EC), cubos de Corsi ordem direta - CDT (EV) e terial sintático mais complexo nos sugere uma alteração
ordem inversa CIT (EC) e fluência verbal semântica (FVS) com relação à extensão do estímulo, onde há necessidade
(animais e frutas) (BF). O mini-exame do estado mental de um melhor uso de outras funções cognitivas tais como
(MEEM) foi utilizado como medida de cognição geral. As atenção e memória operacional. O fato dos grupos ava-
correlações foram realizadas através da correlação não- liados terem apresentado baixo desempenho a partir da
paramétrica de Spearman (p<0,05). quarta parte do teste Token sugere que ele é sensível para a
Resultados: A idade se correlacionou com DDT detecção de alterações de linguagem nas diferentes formas
(–0,216, p=0,038), CDT (–0,232, p=0,002), CIT (–0,363, de demências, e de outros domínios cognitivos associados,
p=0,000), e FVS (–0,300, p=0,000). A escolaridade se porém o mesmo é pouco específico para o diagnóstico di-
correlacionou com DDT (0,306, p=0,000), DIT (0,288, ferencial do tipo de demência avaliada.
p=0,005), CDT (0,409, p=0,000), CIT (0,393, p=0,000),
FVS (0,274, p=0,000). Não foram encontradas correlações
significativas envolvendo o gênero dos participantes.
Discussão: O presente estudo indica que à medida que AVALIAÇÃO DE DECLÍNIO COGNITIVO LEVE
a idade aumenta há uma redução da capacidade dos com- EM IDOSOS DE PATOS DE MINAS/MG
ponentes EV, EC e BE. Indica também que quanto maior VASCONCELLOS, THF (UNIPAM); GOMES, AC (UNIPAM);
a escolaridade maior a preservação geral de todos os com- FORTES, LHSD (UNIPAM); RABELO, DF (UFRB)
ponentes. O sexo não parece se correlacionar com os com- Introdução: O declínio cognitivo tem sido associado a
ponentes fluidos da MT. fatores intrínsecos e extrínsecos ao idoso, no entanto, es-
tudos nacionais ainda são escassos.
Objetivo: Identificar a ocorrência de declínio cogniti-
ALTERAÇÃO DA COMPREENSÃO SINTÁTICA vo leve e os fatores associados entre idosos.
NAS DEMÊNCIAS SUBCORTICAIS DA SUBS- Metodologia: Participaram 70 idosos residentes no
TÂNCIA BRANCA E CINZENTA Centro de Patos de Minas. A coleta foi feita no domicílio
CAIXETA, LF (UFG); LACERDA, MCC (UFG) em duas fases: [1] anamnese para o idoso e para o fami-
Introdução: Poucos estudos têm sido direcionado liar, avaliação do suporte social, das queixas de memória,
para detectar as alterações de compreensão oral nas de- da saúde mental e o mini-exame do estado mental; [2]
mências subcorticais, principalmente no que diz respeito avaliação neuropsicológica (memória verbal – recordação
a complexidade sintática da informação. imediata e tardia, atenção, linguagem, funções executivas,
Objetivo: Avaliar as habilidades de compreensão oral conceituação e abstração, habilidades construtivas). Fo-
da linguagem e seus domínios cognitivos envolvidos. ram identificados 26 idosos (37,1%) com DCL amnési-
Metodologia: Oito pacientes de ambos os sexos com co, todos de múltiplos domínios. Foram feitas estatísticas
demência subcortical cinzenta (DSC), quinze pacientes de descritivas.
ambos os sexos com demência subcortical branca (DSB) e Resultados: O maior índice de DCL está entre os idosos
quatorze pacientes de ambos os sexos com demência cor- mais velhos (70 e 79 anos representam 38%, e os com mais
tical (DC) diagnosticados clinicamente e através de neu- de 80 anos 38%). Os homens foram identificados como
roimagem foram avaliados através dos seguintes testes: a maioria (57%) e os com baixa escolaridade (80,8%).
teste Boston para diagnóstico das afasia (TBDA) – subtes- Quanto ao estilo de vida, 88,5% tem baixa frequência de
te material ideacional complexo e o teste Token. Todos os atividades físicas, 57,7% possuem baixo ou nenhum en-
pacientes também foram submetidos à avaliação neuro- gajamento social. Observou-se que 50% relataram alta
psicológica geral. queixa subjetiva de memória, 92,3% boa funcionalidade
Resultados: No subteste material ideacional complexo familiar, 88,5% percebem alto suporte social e 92,3% não
do TBDA houve diferença significativa somente na com- apresentaram quadro depressivo. Associada ao declínio
paração entre os grupos DSBXDC (p<0,029). No Teste da memória verificou-se alteração nas funções executi-
Token não houve diferença significativa em nenhuma das vas (84,6%), nas habilidades de conceituação e abstração
comparações realizadas entre os grupos, contudo, ressal- (73,1%), nas habilidades visuoconstrutivas (34,6%), na
tamos que houve média inferior no desempenho tanto do linguagem (26,9%) e na atenção (11,5%).
grupo DSC e DSB, quanto no grupo cortical, principal- Discussão: Nesta amostra o DCL esteve associado a
mente a partir da quarta parte do teste e com pior desem- fatores como idade, escolaridade, engajamento social, ní-
penho dos grupos subcorticais. vel de atividade física e queixas subjetivas de memória.
71
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
72
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
me neuropsicológico contendo tarefas de cópia de figuras, (p=0,209), sexo (p=0,417), escolaridade (p=0,7). O de-
construção bidimensional, escala Mattis, FAB, fluência sempenho cognitivo dos dois grupos foi significativamen-
verbal, torre de Londres e mini-exame do estado mental. te distinto na Mattis (<0,00; d=1,23), e na TOL (p<0,000;
Realizou-se uma análise fatorial exploratória (fatoração d=0,95). A análise ROC gerou áreas sob a curva de valor
por eixo principal, rotação direct oblimin) de forma a 0,758 para TOL e 0,808 para Mattis.
minimizar a quantidade de variáveis cognitivas. O fator Discussão: A TOL mostra-se um bom instrumento
encontrado foi analisado junto com as variáveis idade, es- para avaliação do planejamento em idosos com CCL e DA,
colaridade e sexo em um modelo de regressão linear com embora sozinha não apresente bom poder diagnóstico. A
o intuito de investigar a contribuição de cada um destes facilidade, agilidade e riqueza de informações proporcio-
para as tarefas visuoconstrutivas. nadas pelo teste a torna uma boa opção para avaliação de
Resultados: A análise fatorial originou um único fa- funções executivas em idosos.
tor, denominado “cognição geral”. O modelo de regressão
linear resultante contou com as variáveis cognição ge-
ral (b=0,791) e escolaridade (b= 0,150), sendo capaz de ESTIMATIVA DA PREVALÊNCIA DE ETIOLO-
explicar 73% da variância. Os coeficientes de regressão GIA DE DOENÇAS DEGENERATIVAS DEMEN-
encontrados foram respectivamente 10,711 (p<0,000) e CIANTES
2,026 (p<0,48). Sexo e idade não contribuíram significati- BARROS, NM (UFG); VIEIRA, RT (UFG); PELEJA, AAC
vamente para o modelo. (UFG); LOPES, DB (UFG); CAIXETA, LF (UFG)
Discussão: Nosso estudo sugere uma natureza multi- Introdução: Com o crescimento da população idosa
fatorial para os processos visioconstrutivos. O nível cogni- no país, tornam-se mais frequentes as doenças crônicas e
tivo pré-mórbido e a escolaridade parecem ser as variáveis degenerativas e, entre elas, as demências. A síndrome de-
que mais contribuem para o desempenho visioconstruti- mencial é muitas vezes subdiagnosticada e pouco docu-
vo, sugerindo que tais fatores devem ser considerados na mentada no contexto dos cuidados primários de saúde.
avaliação de tal habilidade. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo esti-
mar a prevalência de etiologia de demência e avaliar os
dados sociodemográficos dos pacientes atendidos no am-
Avaliação do Planejamento em Idosos: bulatório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da UFG
Uso da Torre de Londres em Pacientes no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2009, na ci-
com Demência de Alzheimer Provável dade de Goiânia/GO.
e Comprometimento Cognitivo Leve Metodologia: Os instrumentos diagnósticos incluíram
ÁVILA, RT (UFMG); MALLOY-DINIZ, LF (UFMG); MORA- o exame físico e neurológico, exames laboratoriais, neu-
ES, EN (UFMG); NICOLATO, R (UFMG); PAULA, JJ (UFMG) roimagem e critérios do DSM-IV. A capacidade funcional
Introdução: A capacidade de planejamento é um e grau do déficit cognitivo foram avaliados pelo questio-
componente das funções executivas essencial para a admi- nário de atividades funcionais (Pfeffer) e mini-exame do
nistração de atividade de vida diária. Um dos testes mais estado mental (MEEM), respectivamente. Oitenta pacien-
utilizados para tal avaliação é a torre de Londres (TOL). tes preencheram os critérios para a demência. A média de
Objetivo: Comparar o desempenho de idosos com idade foi de 63.4875 (±16.85), a de escolaridade foi de 3.30
comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência de (±3.59), do MEEM foi de 13.89 (±7.79) e do Pfeffer 17.73
Alzheimer provável (DA) no teste TOL e avaliar o poder (±9.76).
diagnóstico deste entre as duas condições. Resultados: A demência vascular (17.5%) foi a cau-
Metodologia: Um total de 94 idosos, 33% com diag- sa mais frequente de demência, seguido por demência
nóstico de CCL e 67% com DA provável, idade média de por corpos de Lewy (DCL) e doença de Alzheimer (DA)
75,93 anos e escolaridade média de 4,37 anos, realizaram a (12.25%).
TOL e a Escala Mattis (Mattis), uma medida de cognição Discussão: A estimativa da frequência de demência foi
geral, capaz de discriminar com boa acurácia pacientes semelhante aos estudos relatados previamente no Brasil,
com CCL de pacientes com DA. Foi utilizado o teste de porém no nosso estudo encontramos um número signifi-
Mann-Whitney para comparar o desempenho dos dois cativo de pacientes com DCL. Este fato também pode ser
grupos nos testes, o d de Cohen para magnitude do efeito explicado pela presença de um número significativo de
e análise ROC para avaliação do poder diagnóstico. pacientes jovens na amostra. Estudos epidemiológicos são
Resultados: Os pacientes de ambos os grupos não necessários para confirmar estas taxas que podem ter um
variaram quanto as variáveis sociodemográficas: idade impacto considerável sobre os serviços de saúde no país.
73
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
74
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
pelo diabetes (p.ex.: a neuropatia diabética ocasiona hi- FUNÇÃO EXECUTIVA EM PACIDENTES COM
porreflexia patelar). Em 5 anos de acompanhamento não ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
houve piora do quadro cognitivo e nem dos sintomas da SOBREIRO, MFM (HC/FMUSP); TERRONI, L (HC/FMUSP);
tríade de Hakin-Adams, possibilitando a exclusão da HPN GUAJARDO, VD (HC/FMUSP); LUCIA, MCS (HC/FMUSP);
como etiologia provável da tríade. TINONE, G (HC/FMUSP); SCAFF, M (HC/FMUSP); FRÁ-
GUAS, R (HC/FMUSP)
Introdução: Estudos sobre depressão “primária” têm
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA EM IDOSA encontrado associação entre sintomas depressivos e fun-
COM POSSÍVEL DIAGNÓSTICO DE DEMÊN- ção executiva (FE).
CIA MISTA Objetivo: Investigar a associação entre o desempenho
SILVA, NG (PUC-GO); COSTA, FG (PUC-GO) da FE e domínios de sintomas depressivos no AVC.
Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Metodologia: Foram avaliados, consecutivamente, 87
Saúde o número de idosos aumentará consideravelmente, pacientes com primeiro AVC isquêmico supratentorial in-
se comparado com o restante da população. Junto ao au- ternados na neurologia. Os pacientes não tinham história
mento do número de idosos, há o aumento da incidência pregressa de transtorno depressivo maior. As avaliações
de doenças crônico degenerativas, prevalecendo à eleva- ocorreram em média 12 (±3.8) dias após o AVC. Para ava-
da frequência de demência. Gallucci, Tamelini e Forlenza liação dos sintomas depressivos foi usado a HAM-D-31.
(2005) caracterizam a síndrome demencial pela presença Para avaliação da FE foram usados dígitos (WAIS-R), flu-
de um progressivo déficit na função cognitiva, com maior ência verbal (FAS) e Stroop test. Os domínios dos sintomas
ênfase na perda de memória, prejudicando as atividades depressivos avaliados foram: cognitivo, acessórios, lentifi-
sociais e ocupacionais. De acordo com Câmara (1996), de cação, fatiga/interesse, apetite/peso, insônia e ansiedade.
75% das demências degenerativas, 60% são doenças de Resultado: Na amostra total encontramos correlação
Alzheimer, 10% demência vascular e 5% demência mista. entre o domínio de lentificação e FAS (p=0,011; coef.corr.=
A associação de eventos característicos da doença de Al- –0,274). Na análise de regressão o domínio de lentificação
zheimer e a demência vascular, dá-se o nome de demência esteve associado ao FAS (t= –3,60; P=0,001; 95% IC: –0,65-
mista. É relevante discutir sobre essa síndrome, já que ela 0,01), Stroop-R (t=3,32; p=0,002; 95% IC: 2,05-7,56), Stro-
apresenta maior gravidade de sintomas neuropsiquiátricos op-P (t=3,05,p=0,004; 95% IC: 1,68-8,21) e Stroop-C (t=3,01;
e deterioração clínica mais rápida. p=0,005; 95% IC: 3,22-16,38). No grupo de pacientes com
Objetivo: Este presente trabalho teve como objetivo ≤59 anos encontramos correlação entre domínio de lentifi-
a avaliação neuropsicológica de uma idosa com possível cação e FAS (p=0,24; coef. corr.= –0,287) e, domínio sinto-
diagnóstico de demência mista, avaliando seu desempenho mas de ansiedade e dígitos OD (p=0,27; coef. corr.= –0,280).
cognitivo global, bem como a determinação das disfunções. Na regressão, domínio de lentificação e o FAS (t= –3,14;
Metodologia: O atendimento foi realizado em um dos p=0,003; 95% IC: –5,20- –0,374) e domínio de ansiedade e
consultórios do Hospital das Clínicas, da Universidade Fe- Stroop-P (t=2,14; p=0,043; 95% IC: 7,82-0,145) e Stroop-C
deral de Goiás. A avaliação foi realizada em seis sessões de (t=2,32; p=0,029; 95% CI: 14,74-0,691) estiveram associados.
aproximadamente cinquenta minutos cada. Como instru- Conclusão: Os resultados indicam a existência de asso-
mentos avaliativos foram utilizados testes e técnicas clíni- ciação entre o domínio de lentificação e pior desempenho
cas e psicométricas. da FE em pacientes com AVC abaixo dos 59 anos de idade.
Resultados: Os resultados apontaram para déficits cór- Referências: [1] Jamerson BD, Krishnan KR, Roberts J, Krishen
tico-subcorticais. A, and Modell JG. Effect of bupropion SR on specific symptom clusters
Discussão: Pode-se concluir através dos dados que a of depression: analysis of the 31-item Hamilton Rating Scale for depres-
avaliação neuropsicológica realizada foi eficaz na avaliação sion. Psychopharmacol Bull 2003;37:67-78.
do desempenho cognitivo global da idosa. Os achados neu-
ropsicológicos irão complementar os dados clínicos obti-
dos pelo médico, que poderá dar o provável diagnóstico INFLUÊNCIA DA IDADE, COGNIÇÃO GERAL,
da paciente. ESCOLARIDADE, SEXO E SINTOMAS DEPRES-
SIVOS NO ESCORE DE APRENDIZAGEM DO
TESTE RAVLT
ASSOCIAÇÃO ENTRE SINTOMAS DEPRESSI- COTTA, MF (UFMG, IPSEMG); PAULA, JJ (UFMG); MORA-
VOS DO DOMÍNIO DE LENTIFICAÇÃO E PIOR ES, EN (UFMG); ROCHA, FL (IPSEMG); MALLOY-DINIZ,
DESEMPENHO NOS TESTES QUE AVALIAM LF (UFMG)
75
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Introdução: O teste de aprendizagem auditivo verbal os domínios cognitivos. As produções foram transcritas
de Rey (RAVLT) avalia memória recente, aprendizagem, em tabelas e quantificadas por meio de testes específicos
susceptibilidade à interferência, retenção após intervalo (stroop, trail making A/B, sinos, labirinto, dígitos, figura
temporal envolvendo outras atividades e memória de re- Rey, Ravlt, memória lógica, fluência verbal, Hooper e
conhecimento. provérbios). As avaliações mostraram diferenças significa-
Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar a influ- tivas entre os grupos, evidenciando o quanto os pacientes
ência da escolaridade, idade, sexo, sintomas depressivos e com demência de Alzheimer apresentam inicialmente o
cognição geral no escore de aprendizagem do teste RAVLT. déficit de memória, enquanto os pacientes com demência
Metodologia: O RAVLT foi aplicado em um grupo frontotemporal, além da alteração na conduta, apresentam
controle, composto por 36 idosos da comunidade em geral déficits maiores nas funções executivas, nas fases iniciais;
(6 homens e 30 mulheres; média etária: 68,5±4,9; média os pacientes com demências infecto parasitária caracteri-
de anos de educação formal: 10,5±3,4), com pontuação zam-se por déficits atencionais expressivos nas fases ini-
acima do ponto de corte no mini-exame do estado mental ciais da doença e de acordo com a topografia da lesão, sur-
(MEEM). Aplicou-se também a escala de depressão geri- gem outros déficits variados, independente do tempo de
átrica (GDS-15). Foi realizado um procedimento de re- doença; os pacientes do grupo Parkinson plus se apresen-
gressão linear (stepwise) para análise da interferência das taram com alentecimento, déficit memória, déficit lingua-
variáveis - escolaridade, idade, sexo, sintomas depressivos gem e distúrbios atencionais. A neuropsicologia exerce um
(estimados pelo GDS) e cognição geral (estimada pelo es- papel importante no diagnóstico e no diagnóstico diferen-
core geral no MEEM), no total de palavras aprendidas ao cial das demências. Testes estruturados elucidam perfis de
longo das cinco tentativas do teste RAVLT. desempenho que permitem predição das principais distri-
Resultados: A análise de regressão gerou um mode- buições topográficas das disfunções cerebrais, e em con-
lo explicativo composto pelas variáveis, idade e cognição junção com o conhecimento dos sinais históricos e neuro-
geral, responsáveis respectivamente por 17% e 34% da lógicos, é possível realizar inferências diagnósticas precisas.
variância total (R² 0,519). As variáveis sexo, escolaridade
e sintomas depressivos, não contribuíram de forma signi-
ficativa para o modelo em questão. Avaliação Neuropsicológica no Diag-
Discussão: Nossos resultados sugerem que o escore nóstico das Demências Infecto-Para-
de aprendizagem gerado pelo RAVLT é influenciado por sitárias
variáveis como idade e cognição geral, escolaridade, sexo Soares, VLD (UFG)
e sintomas depressivos. Estudos futuros, com amostras A avaliação neuropsicológica constitui importante su-
maiores, são necessários para avaliação da validade de cri- porte no diagnóstico diferencial entre as diferentes formas
tério e de outras propriedades psicométricas do teste. de demência. Ainda não existem estudos comparando o
perfil neuropsicológico de pacientes com demência infec-
to-parasitária (DIP) e outras formas de demência prima-
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E DIAG- riamente degenerativa. Os objetivos desta pesquisa foram
NÓSTICO DIFERENCIAL DAS DEMÊNCIAS comparar as alterações neuropsicológicas presentes em
INFECCIOSAS E DEGENERATIVAS quatro grupos de pacientes com demência em relação ao
SOARES, VLD (UFG); SOARES, CD (UFG); CAIXETA, L grupo de pacientes com DIP e comparar o perfil neuropsi-
(UFG) cológico do grupo DIP com um grupo controle constituí-
Hoje se pode considerar que o conceito de demência do por sujeitos saudáveis, pontuando os elementos neuro-
está alicerçado em três pilares: alterações cognitivas, al- psicológicos diferenciadores entre eles. Para tanto, foram
terações do comportamento e prejuízo das atividades da avaliados prospectivamente 130 indivíduos portadores de
vida diária. O objetivo geral desta pesquisa foi traçar o demência do ambulatório de Demências do Hospital das
perfil neuropsicológico característico de quatro grupos de Clínicas da Universidade Federal de Goiás e do Hospital de
pacientes com demência pontuando os elementos neuro- Doenças Tropicais, Goiânia, com idade acima de 18 anos
psicológicos diferenciadores entre eles. Para tanto, foram divididos no seguintes grupos: DIP, doença de Alzheimer,
avaliados retrospectivamente 52 indivíduos do ambulató- degeneração lobar frontotemporal e parkinsonismo plus.
rio de Demências do Hospital das Clínicas da Universida- Todos realizaram avaliação neuropsicológica extensa, con-
de Federal de Goiás e do Hospital de Doenças Tropicais, templando todos os domínios cognitivos (memória verbal
Goiânia, com idade acima de 18 anos. Todos realizaram e visual, atenção, funções executivas, gnosias, praxias, ha-
avaliação neuropsicológica extensa, contemplando todos bilidades visuoespaciais, linguagem). As produções foram
76
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
transcritas em tabelas e quantificadas por meio de testes e de memória. Os resultados ressaltam que as avaliações
específicos (Stroop, Trail Making A/B, sinos, labirinto, dí- neuropsicológicas auxiliam no diagnóstico diferencial das
gitos, figura Rey, RAVLT, memória lógica, fluência verbal, demências, pontuando o desempenho nos testes individu-
Hooper e provérbios do WAIS). As avaliações mostraram ais e o padrão de desempenho sobre uma faixa de tarefas
diferenças significativas entre os grupos: os pacientes com o que permite a identificação de áreas proeminentes de
DIP caracterizam-se por déficits atencionais expressivos disfunção cognitiva.
77
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Apresentações orais
Tabela 1. Comparação das médias no desempenho dos testes Tabela 2. Comparação das médias no desempenho dos testes
neurolinguísticos entre o grupo com demência tipo Alzheimer e neurolinguísticos entre o grupo com demência tipo Alzheimer e
o grupo com demência frontotemporal. o grupo com afasia progressiva primária.
Testes DA (n=30) DFT (n=16) Testes DA (n=30) APP (n=10)
neurolinguísticos Média±dp Média±dp p neurolinguísticos Média±dp Média±dp p
Fluência verbal 6,67±3,8 5,06±2,90 0,112 Fluência verbal 6,67±3,8 3,00±2,45 0,005*
FAS 11,57±8,31 5,31±6,24 0,004* FAS 11,57±8,31 4,70±4,03 0,008*
Vocabulário 19,37±10,42 13,31±9,03 0,083 Vocabulário 19,37±10,42 8,20±10,42 0,005*
Semelhanças 6,03±6,52 5,62±10,76 0,122 Semelhanças 6,03±6,52 1,20±2,15 0,008*
Token test 73,87±45,32 69,81±51,08 0,809 Token test 73,87±45,32 28,20±33,61 0,004*
Boston naming 21,30±9,37 21,56±8,85 0,881 Boston naming 21,30±9,37 18,30±17,71 0,14
DA: demência do tipo Alzheimer; DFT: demência Frontotemporal; n: número da DA: demência do tipo Alzheimer; APP: afasia progressiva primária; n: número da
amostra. *significativo ao nível de significância de 5%. Teste Mann-Whitney. amostra. *significativo ao nível de significância de 5%. Teste Mann-Whitney.
Tabela 3. Comparação das médias no desempenho dos testes Tabela 4. Comparação das médias no desempenho dos testes
neurolinguísticos entre o grupo com demência tipo Alzheimer e neurolinguísticos entre o grupo com demência tipo Alzheimer e
o grupo com demência frontotemporal. o grupo com demência não Alzheimer.
Testes DA (n=30) DFT (n=16) Testes DA (n=30) NDA (n=30)
neurolinguísticos Média±dp Média±dp p neurolinguísticos Média±dp Média±dp p
Fluência verbal 6,67±3,8 5,06±2,90 0,112 Fluência verbal 6,67±3,8 4,80±3,08 0,041*
FAS 11,57±8,31 5,31±6,24 0,004* FAS 11,57±8,31 6,07±6,00 0,003*
Vocabulário 19,37±10,42 13,31±9,03 0,083 Vocabulário 19,37±10,42 13,50±11,14 0,044*
Semelhanças 6,03±6,52 5,62±10,76 0,122 Semelhanças 6,03±6,52 5,73±9,59 0,116
Token test 73,87±45,32 69,81±51,08 0,809 Token test 73,87±45,32 54,20±46,64 0,097
Boston naming 21,30±9,37 21,56±8,85 0,881 Boston naming 21,30±9,37 20,27±12,09 0,534
DA: demência do tipo Alzheimer; DFT: demência frontotemporal; n: número da DA: demência do tipo Alzheimer; NDA: demência do tipo não-Alzheimer; n: núme-
amostra. *significativo ao nível de significância de 5%. Teste Mann-Whitney. ro da amostra. *significativo ao nível de significância de 5%. Teste Mann-Whitney.
78
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
idéias, a compreensão, a leitura e a escrita encontram-se ve test to detect receptive disturbances in Aphasias. Brain 1962;85:665-
mais comprometidas. O grupo de demência frontotem- 678. [6] Goodglas H, Kaplan E. Boston Diagnostic Aphasia Examination
poral (DFT) demonstrou a presença da disfunção na flu- (BDAE). Philadelphia: Lea and Fibiger. Odesa, FL: Psychological Asses-
ência verbal fonêmica semântica e o grupo de demência sment Resource, 1983. [7] Herrera E, Caramelli P, Silveira AS, Nitrini R.
semântica (DS) evidenciou melhor desempenho na capa- Epidemiologic survey of dementia in a community-dwelling Brazilian
cidade abstrativa com relação ao grupo DA. O grupo das population. Alzheimer Dis Assoc Disord 2002;16(2):103-108. [8] John-
degenerações lobares frontotemporais (DLF) foi o grupo son JK, Diehl J, Mendez MF, Neuhaus J, Shapira JS, Forman Chute, MD,
em que a expressão oral mostrou-se visivelmente mais Pace-Savitsky C, Neumann M, Rosen HJ, Forstl H, Kurz A, Miller BL.
comprometida comparada ao grupo DA. Frontotemporal Lobar Degeneration. Arch Neurol 2005;62:925-930. [9]
Discussão: Os resultados ressaltam que a avaliação Mansur LL, et al. Teste de nomeação de Boston: desempenho da popula-
neurolinguística cumpre um papel importante na deli- ção brasileira a partir de São Paulo. Pró-Fono R Atual Cient 2006;18:13-
mitação de um diagnóstico mais preciso das alterações de 20. [10] Mansur LL, Carthery MT, Caramelli P, Nitrini R. Linguagem e
linguagem encontradas nestas demências. cognição na doença de Alzheimer. Psicol Reflex 2005;18:300-307. [11]
Palavras-chave: demência de Alzheimer, degenerações McKhann G, Drachman D, Folstein M, Katzman R, Price D, Stadlan
lobares frontotemporais, demência frontotemporal, afasia EM. Clinical diagnosis of Alzheimer’s disease: report of the NINCDS-
progressiva primária, demência semântica, alterações de ADRDA. Work Group. Neurology 1984;34:939-944. [12] Neary D,
linguagem. Snowden JS, Gustafson L, et al. Frontotemporal lobar degeneration: a
Referências [1] Balthazar ML, Cendes F, Damasceno BP. Seman- consensus on clinical diagnostic criteria. Neurology 1998; 51:1546-1554.
tic error patterns on the Boston Naming Test in normal aging, amnestic [13] Nitrini R, Caramelli P, Herrera JRE, Castro I, Bahia VS, Anginah
mild cognitive impairment, and mild Alzheimer’s disease: is there seman- R, Caixeta-Radanovic M, Charchat-Fichman H, Porto CS, Carthery
tic disruption? Neuropsychology 2008;22(6):703-709. [2] Brucki SMD, MT, Hartmann APJ, Huang N, Smid J. Mortality from dementia in a
Rocha MSG. Category fluency test: effects of age, gender and education community-dwelling Brazilian population. Internat Journ Geriatr Psych
on total scores, clustering and switching in Brazilian Portuguese-spe- 2005;20:247-253. [14] Nascimento E. Wais-III: Escala de Inteligência We-
aking subjects. Braz J Med Res 2004;37:1771-1777. [3] Caramelli P, Car- chsler para adultos: Manual/ David Wechsler; adaptação e padronização
thery-Goulart MT, Porto CS, Charchat-Fichman, H, Nitrini R. Categoria de uma amostra brasileira. 1ª Ed. Psychcorp, 2004. [15] Roth M, Huppert
fluência como teste de triagem para a doença de Alzheimer em pacientes FH, Tym E, Mountjoy CQ, et al. CAMDEX: a standardized instrument
analfabetos e alfabetizados. Alzheimer Dis Disord Assoc 2007;21:65-67. for the diagnosis of mental disorders in the elderly with special reference
[4] Charchat-Fichman H, Caramelli P, Sameshima K, Nitrini R. Declínio to the early detection of dementia. Br J Psychiatry 1986;49:698-709. [16]
da capacidade cognitiva durante o envelhecimento. Rev Bras Psiquiatr Spreen O, Strauss E. A compendium of neuropsychological tests. New
2005;27(1):79-82. [5] De Renzi E, Vignolo RA. The Token test: a sensiti- York: Oxford University Press, 1998.
79
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
MEEM
20
com o envelhecimento, como a demência, aumenta com
a idade, o que constituirá um grande problema de saúde
pública no futuro, principalmente em países em desenvol- 15
vimento1. As principais alterações observadas em idosos
demenciados se referem aos aspectos cognitivos e funcio- 61
nais os quais apresentam forte correlação. As alterações 10
cognitivas, somadas à depressão, instabilidade, inconti- Feminino Masculino
nência são considerados os gigantes da geriatria e estão Gênero
diretamente associados com o grau de dependência desta
Gráfico 1. Valores médios do MEEM de acordo com o gênero.
população, sendo necessária maior atenção para preven-
ção, detecção e tratamento destas condições2. A popula-
ção idosa de minorias étnicas, como os negros, também
aumenta na maioria dos países ocidentais. Entretanto, os 5
pacientes destas minorias estão pouco representados na
avaliação de demência e cuidado, principalmente pelo fato 4
da não consideração das diferenças culturais. As diferen-
ças entre as etnias nas taxas de demência têm importantes 3
PFEFFER
80
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
região vivem e pelo contato social que estabelecem por Arq Neuropsiquiatr 1994; Supl 1. [5] Laks J, Batista EMR, Guilherme
meio das festas típicas que rotineiramente acontecem nos ERL, Contino ALB, Faria MEV, Rodrigues CS, Paula E, Engelhardt E. Pre-
vãos. Conclusão: A população em estudo não apresentou valence of cognitive and functional impairment in community-dwelling
prevalência equivalente de alterações cognitivas e funcio- elderly: importance of evaluating activities of daily living. Arq Neurop-
nais em relação a outros estudos realizados no Brasil e em siquiatr 2005;63(2-A):207-212. [6] Hototian SR, Lopes MA, Azevedo D,
outros países com população negra. Tatsch M, Bazzarella MC, Bustamante SE, Litvoc J, Bottino CM. Preva-
Referências: [1] Ferri CP, Prince M, Brayne C, Brodaty H, Frta- lence of cognitive and functional impairment in a community sample
tiglioni L, Ganguli M, Hall K, Hasegawa K, Hendrie H, Huang Y, Jorm from São Paulo, Brazil. Dement Geriatr Cogn Disord 2008;25:135-143.
A, Mathers C, Menezes PR, Rimmer E, Scazufca M. Global prevalence of [7] Lopes MA, Hototian SR, Bustamante SE, Azevedo D, Tatsch M, Ba-
dementia: a Delphi consensus study. Lancet 2005;366(9503):2112-2117. zzarella MC, Litvoc J, Bottino CM. Prevalence of cognitive and functional
[2] Uwakwe R, Ibeh CC, Modebe AI, Bo E, Ezeama N, Njelita I, Ferri CP, impairment in a community sample in Ribeirão Preto, Brazil. Int J Ge-
Prince MJ. The epidemiology of dependence in older people in Nige- riatr Psychiatry 2007 Aug;22(8):770-776. [8] Callahan CM, Hall KS, Hui
ria: prevalence, determinants, informal care, and health service utiliza- SL, Musick BS, Unverzagt FW, Hendrie HC. Relationship of age, educa-
tion. A 10/66 Dementia Research Group Cross-Sectional Survey. JAGS tion, and occupation with dementia among a community-based sample
2009;57:1620-1627. [3] 3. Graham C, Howard R, Ha Y. Dementia and of African Americans. Arch Neurol 1996;53(2):134-140. [9] 9.Arslantaş
ethnicity. Int Psychogeriatr 1998;Jun;10(2):183-191. [4] Bertolucci PHF, D, Özbabalık D, Metintaş S, Özkan S, Kalyoncu C, Özdemir G, Arslantas
SC Mathias, SMD Brucki, et al. Proposta de padronização do Mini-Exame A. Prevalence of dementia and associated risk factors in Middle Anatolia,
do Estado Mental (MEEM): estudo piloto cooperativo (FMUSP/EPM). Turkey. Journal of Clinical Neuroscience 2009;16(11):1455-1459.
81
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
82
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
atenção. Portadores de TDAH também se revelaram mais 948. [2] American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical ma-
impulsivos que controles clínicos na mesma tarefa de sus- nual of mental disorders: dsm-iv. 4th Edition. Washington, dc: American
tentação da atenção, havendo maior número de erros por Psychiatric Association, 1994. [3] Willcutt eg, Doyle ae, Nigg jt, Faraone
ação. Os resultados também indicam pior desempenho sv, Pennington bf. Validity of the executive function theory of ttention-
dos portadores em tarefas de memória operacional audi- deficit/hyperactivity disorder: a meta-analytic review. Biol Psychiatry
tivo-verbal (Span de dígitos e cálculo), o que vai ao encon- 2005;57:1336-1346. [4] Edwards mc, Gardner es, Chelonis jj, Schulz eg,
tro dos achados de outro estudo brasileiro conduzido com Flake ra, Diaz pf. Estimates of the validity and utility of the Conners’
amostra não-clínica7. Os achados do presente estudo indi- continuous performance test in the assessment of inattentive and/or
cam que testes disponíveis em nosso meio podem ser úteis hyperactive-impulsive behaviors in children. j Abnorm Child Psychol
na discriminação de portadores de TDAH e controles clí- 2007;Jun;35(3):393-404. [5] Coutinho g, Mattos p, Araújo c, Duches-
nicos. Mais ainda, a comparação de grupo de portadores ne m. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade: contribuição
de TDAH a controles clínicos (sem diagnósticos especí- diagnóstica de avaliação computadorizada de atenção visual. Revista de
ficos, mas com queixas de mau desempenho acadêmico) Psiquiatria Clínica 2007;34(5):215-222. [6] Figueiredo, vlm. Adaptação e
permite reproduzir a prática clínica, fornecendo achados padronização brasileira da escala de inteligência Wechsler para crianças,
de especial importância para o clínico. terceira edição – wisc-iii. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. [7] Schmitz
Referências: [1] Polanczyk g, Lima ms, Horta bl, Biederman j, M, Cadore l, Paczko m, Kipper l, Chaves m, Rohde la, Moura c, knijnik m.
Rohde la. The worldwide prevalence of adhd: a systematic review and neuropsychological performance in dsm-iv adhd subtypes: an exploratory
meta-regression analysis. American Journal of Psychiatry 2007;164:942- study with untreated adolescents. can j Psychiatry 2002;47(9):863-869.
83
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
ESTUDO DE ADAPTAÇÃO E REVISÃO ESTRU- nicos encontram-se a partir da terceira infância podendo
TURAL DO PRMQ (PROSPECTIVE AND RE- ser aprendidos por si mesmo ou ainda ensinados. Para
TROSPECTIVE MEMORY QUESTIONNAIRE) Bjorklund e Douglas (1997, apud Andrade et al., 2004)1,
PARA A FORMA PICTÓRICA as estratégias de organização espontânea e deliberada das
SILVA, JDCM (UNIPÊ-PB); ALCHIERI, JC (UFRN); MI- informações, que culminam em um bom desempenho
NERVINO, CM (UFPB) apenas serão esperadas e identificadas como tal na ado-
Introdução: A memória é uma das funções cognitivas lescência. No entanto, como se pode observar nos estu-
mais complexas e forma a base para o assentamento de dos relativos à memória e desenvolvimento infantil, ainda
uma miríade de ações e comportamentos, dentre eles o de não há um consenso na literatura sobre a expressão dos
aprendizagem. É através desta que forma-se a base para aspectos prospectivos nesta fase da vida humana, espe-
o conhecimento humano, habilidades e planejamento, fa- cialmente sobre seu surgimento e principais característi-
zendo-o considerar o passado, situar-se no presente e pro- cas. Smith et al. (2000)16, desenvolveram um instrumento
gramar-se para o futuro. Nesta perspectiva a memória não capaz de estudar os autorrelatos de falhas de memórias,
estaria apenas relacionada ao passado ou num processo de tanto prospectiva como retrospectiva, o prospective and
armazenamento de vivências e acontecimentos anteriores retrospective memory questionnaire (PRMQ). Consta de
como comumente se imagina, mas sim em uma projeção 16 itens referentes a falhas de memória no dia a dia, sendo
imaginativa do pós-vir (Brandimonte; Einstein; Mac Da- oito questões sobre memória prospectiva e oito de memó-
niel, 1996, apud Parente et al., 2001)1. Poucos percebem ria retrospectiva2. O PRMQ foi elaborado com o objetivo
o papel fundamental que a memória passada tem para a de avaliar os autorrelatos de falhas de memória tanto em
construção do futuro (Neufeld; Stein, 2001, apud Pergher populações clínicas, saudáveis e em portadores de déficits
et al., 2004)11. Segundo Tulving e Lapage (2000, apud Per- cognitivos. Os modelos de questionários de autorrelatos
gher et al., 2004)11 a evocação de recordações anteriores possuem simplicidade nos conteúdos e objetivos, porém,
constituiria a base para que seja elaborada uma intenção são práticos na obtenção de informações pessoais pela fa-
para o por vir, identificada como memória prospectiva. cilidade nos seus preenchimentos e interpretação2. Smith e
As lembranças passadas na vida cotidiana são considera- cols. (2000)16, identificaram no estudo para normatização
velmente importantes, principalmente no que concerne a do PRMQ que, as variáveis de idade e gênero não influen-
formação de planos e metas. Quando se vislumbram de- ciariam seus escores. Benites e Gomes (2007)2 realizaram
terminados objetivos, faz-se na intenção de que ao final a estudos para a normatização do PRMQ versão brasilei-
ele seja concretizado. Para tanto, utilizam-se experiências ra, donde foram descartados alguns itens não congruentes
anteriores como base na estruturação pormenorizada do com a necessidade do estudo em questão, perfazendo assim
que e do como atingir tal objetivo12. Williams expressa uma versão de 10 itens, compilados como PRMQ-10 para
ainda que, as lembranças do passado teriam influência di- uso na terceira idade. Porém, como afirmam as pesquisas
reta nos planejamentos e projeções do que estaria por vir, de adaptação de instrumentos necessitam ser cautelosas
principalmente no que concerne a profissão, vida familiar e permanecer fidedignas às características originais, pois
e relacionamentos interpessoais11. A percepção temporal é que o objetivo não é a construção de novo instrumento e
um das muitas propriedades que a criança precisa apren- sim a adaptação do primeiro. Assim, como se pode obser-
der a conceituar para alcançar a capacidade cognitiva ple- var, apesar da facilidade de lidar-se com o instrumento, o
na como a de um adulto8, além da velocidade necessária PRMQ, até então, não possuía condições técnicas de ser
para cobrir maiores ou menores distâncias, influenciando empregado na faixa da terceira infância, de onde neces-
na adaptação espacial, aquisição de consciência corporal, sitaria de uma adaptação de conteúdos a nível pictórico,
lateralidade e direção3. Schneider e Bjorklund (apud Car- por exemplo, e à idade. O mesmo ocorreu com outros ins-
neiro, 2008)4, afirmam que crianças pequenas não são há- trumentos, a exemplo da adaptação do teste das fábulas de
beis na procura de sua própria memória, ou necessitarão Duss5, onde as fábulas foram então transformadas por um
pistas como ajuda para efetuá-las com sucesso. Bjorklund desenhista profissional orientado pelas pesquisadoras.
(apud Andrade et al., 2004)1 propõe que crianças da ter- Objetivo: Essa pesquisa objetivou elaborar uma forma
ceira infância se utilizam intencionalmente de estratégias acessível ao uso do prospective and retrospective memory
de memórias como recursos cognitivos ativos, de forma questionnaire (PRMQ) na avaliação de respondentes com
a favorecer a aquisição e a recuperação de informações. idades entre seis anos e cinco meses até os 12 anos e quatro
Pode-se citar neste caso a repetição do lembrado, a sele- meses de idade, aqui considerada terceira infância, para
ção de informações, associação a algo para recordar e os estudar como se processa a memória prospectiva infantil.
recursos externos para lembrar. Estes recursos mnemô- Para tal empregou-se o estudo de Josefa (2008) da adap-
84
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
tação (translation e back translation) do instrumento ori- Desta feita, já é possível considerá-lo uma alternativa a se
ginal. O PRMQ na versão de Smith e cols., (2000)16 foi considerar como opção em avaliações neuropsicológicas.
transformado em desenhos, representando pequenas es- Abre-se assim, um novo campo de visão acerca da memó-
tórias que traduzem o conteúdo de cada quesito, compatí- ria prospectiva, não antes mencionado na literatura cien-
vel com a faixa de idade proposta. tífica, possibilitando cogitar o entendimento sobre o seu
Metodologia: As etapas metodológicas constaram de surgimento, desenvolvimento e estabelecimento na mente
[1] rascunho dos desenhos para avaliação de sua corres- humana.
pondência e fidedignidade com o conteúdo em questão, Referências: [1] Andrade VM, Santos FH, Bueno OFA. Neurop-
[2] análise dos conteúdos e esboços dos desenhos por 2 sicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas; 2004. [2] Benites D, Gomes
juízes especialistas em psicometria que fizeram suas con- WB. Tradução, adaptação e validação preliminar do Prospective and
siderações e sugestões de readaptação do item em ques- Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ). Psico-USF 2007, jan./
tão, [3] elaboração de novos desenhos por especialista em jun.,12(1):45-54. [3] Bretas JRS, et al. Avaliação de funções psicomotoras
traços para infância, [4] análise a posteriori por mais dois de crianças entre 6 e 10 anos de idade. São Paulo: Acta Paul. Enferm
juízes psicólogos. Todas os itens foram feitos em pran- 2005;18(4). [4] Carneiro MP. Desenvolvimento da memória na criança:
chas, desenhados em nanquim e preparadas no programa o que muda com a idade? Psicologia Reflexão e Crítica 2008; 21(1). [5]
photoshop do computador, e visualizadas no programa Cunha JA, Nunes MLT. Teste das fábulas: forma verbal e pictórica. São
média player do Windows, em tela de 15,6” widi no tama- Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia; 1993. [6] Dris-
nho de 28 cm × 16 cm. As mesmas foram impressas em coll I, McDaniel M, Guynn MJ. Apolipoprotein and prospective memory
dimensão de ½ A4 (21 cm × 14,9 cm) nas suas maiores in normally aging adults. Neuropsychology: The American Psychological
dimensões, constando do desenho da questão na parte da Association 2005;19(1):28-34. [7] Einstein G, McDaniel M. Normal aging
frente, e de pequena estorieta, que faz alusão ao desenho, and prospective memory. Journal of Experimental Psychology: Learning,
na parte de traz da lâmina, a qual o experimentador narra Memory and Cognition 1990;16: 717-726. [8] Faw T. Psicologia do de-
ao experimentando. A versão pictórica foi avaliada por 2 senvolvimento: infância e adolescência. São Paulo: McGraw-Hill; 1981.
especialistas em psicometria e, reavaliada posteriormente [9] Goschke T, Kuhl J. Remembering what to do: explicit and implicit
por mais 2 juízes psicólogos de modo a dirimir dúvidas, memory for intentions. In: Brandimonte MA, Einstein GO, McDaniel
superar distorções e preservar o instrumento compatível MA. Prospective memory: theory and applications. Mahwah: Laurence
com sua versão original. As observações apresentadas por Erlbaum; 1996. [10] Parente MAMP. Distúrbio de percepção temporal e
eles foram incorporadas ao processo e repassadas ao dese- sua influência na memória: estudo de caso em pacientes com lesão fron-
nhista para retificação no desenho, quando necessário. A tal. Psicologia Reflexão e Crítica 2001;14(2). [11] Pergher GK, Stein LM,
administração do instrumento dá-se de forma individu- Wainer R. Estudos sobre memória na depressão: achados e implicações
al. Após a apresentação das imagens e leitura da estorieta para a terapia cognitiva. Revista de Psiquiatria Clínica 2004;31(2). [12]
a criança marca numa folha de resposta a frequência de Schacter DL. Os sete pecados como a mente esquece e lembra da memó-
suas ocorrências. Nela consta uma escala Likert visual de ria. Tradução de Sueli Anciães Gunn. Rio de Janeiro: Rocco; 2003. [13]
frequências em cinco intensidades (pontos), representada Silva JCM, Nascimento FJ, Alchieri JC. As implicações da neuropsicolo-
por um modelo de gráfico de torta. O escore máximo é de gia nos processos mnemônicos prospectivos [apresentado ao I Simpósio
80 pontos e reflete um nível alto de autorrelato de falhas de Internacional da Revista Neurobiologia e XIII Simpósio Sobre o Cérebro;
memória. O menor pontuação será de 16 pontos indican- 2005 jul. 18-22; Recife, PE ]. [14] Silva JCM, Alchieri JC. Memória pros-
do um baixo nível de auto-relato em falhas de memória. pectiva: o futuro no lobo frontal [apresentado ao II Congresso Brasileiro
Tem-se então 2 categorias, uma em formato de desenho do Cérebro, Comportamento e Emoções; 2006, mar. 23-25, Bento Gon-
e outra em formato de estorietas, realizada em 3 etapas çalves, RS]. [15] Silva JCM. Memorizar não é apenas recordar o passado,
simultâneas: observação do desenho, narrativa da estória mas a capacidade de criar o futuro: novas descobertas sobre a memória
e registro por parte da criança, da resposta no gráfico de prospectiva [apresentado ao II Congresso Paraibano De Psicologia e I
pizza. O PRMQ modelo pictórico para crianças da terceira Simpósio De Neuropsicologia; 2008, out./Nov. 30-01; João Pessoa, PB].
infância deve ainda passar por etapas que possam garantir [16] Smith G, Sale DS, Logie R, Maylor EA. Prospective and retrospective
sua confiabilidade no contexto infantil, pois que a mesma memory in normal aging and dementia: a questionnaire study. Memory
já foi demonstrada para o adulto. Porém, esse autorrela- 2000;8(5):311-321. [17] Sousa FJN. Estudo dos processos mnemônicos
to já possibilita cogitação acerca de memória prospectiva prospectivos em uma amostra local de idosos, Recife (PE); 2008, Disser-
ainda não vistos para essa população-alvo em nenhum tação (Mestrado em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
outro instrumento disponível em população brasileira. Universidade Federal de Pernambuco).
85
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
86
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
em Alzheimer e comprometimento cognitivo leve, onde ni-exame do estado mental z= –3,413 / p=0,001 / d= –0,83
os escores nos fatores encontrados, instrumentos de ava- ; Memória z= –2,231 / p=0,001 / d= –0,53 ; planejamento/
liação cognitiva global, e independência em atividades de memória de trabalho z= –2,249 / p=0,003 / d= –0,57 ; flu-
vida diária foram comparados através do teste t não para- ência/controle inibitório z= –3,781 / p<0,000 / d= –0,78
métrico de Mann-Whitney e posteriormente comparada ; Katz z= –2,547 / p=0,011 / d=0,58 e Lawton z= –5,3 /
a magnitude de efeito através do d de Cohen. Nesta fase p<0,000 / d= –1,25. A análise de tais resultados demons-
também foi utilizada análise da curva Roc para avaliação tram o melhor desempenho do grupo com comprometi-
do potencial diagnóstico dos fatores encontrados e dos mento cognitivo leve em relação ao grupo com Alzheimer
instrumentos de cognição geral entre os dois grupos. em todos as medidas cognitivas e funcionais avaliadas. A
Resultados: A análise fatorial gerou um modelo de três análise ROC dos fatores encontrados gerou áreas sobre a
fatores responsável por 73% da variância total. Os fatores curva de valor 0,644 para memória, 0,683 para planeja-
foram denominados conceitualmente de memória, pla- mento/memória de trabalho e 0,735 para fluência/contro-
nejamento/memória de trabalho e fluência/controle ini- le inibitório. Os instrumentos de cognição geral geraram
bitório. As correlações parciais, controladas escolaridade, curvas de valor 0,711 para o mini-exame do estado mental
idade e sexo, de tais fatores com os índices de Katz foram, e de 0,791 para a escala Mattis para avaliação de demências.
respectivamente –0,47 p=0,647; –0,218 p=0,310 e –0,296 Discussão: Nossos resultados indicam que compo-
p=0,003, podendo ser classificadas como correlações fra- nentes distintos do sistema cognitivo manifestam-se de
cas. Com o índice de Lawton os fatores se correlacionaram, formas e intensidades diferentes no comportamento dos
respectivamente –0,247 p=0,14; –0,418 p<0,000 e –0,405 sujeitos. Nossas análises mostraram que o desempenho
p=0,002. Nota-se que as correlações dos componentes em tarefas de funções executivas correlacionam-se mode-
executivos são moderadas, enquanto a do componen- radamente com a adaptação no cotidiano em tarefas que
te mnemônico é fraca. Juntos, memória, planejamento/ demandam maior investimento cognitivo, no caso, ativi-
memória de trabalho e fluência/controle inibitório foram dades de vida diária instrumentais. As correlações para
responsáveis por 40% da variância em atividades de vida atividades de vida diária básicas, quando presentes, são
diária instrumentais. As correlações entre a escala Mattis de baixa intensidade, demonstrando que nas atividades
para avaliação de demências e o mini-exame do estado mais simples o componente executivo é pouco influente.
mental com o índice de Katz foram de –0,272 p=0,007 Os fatores gerados no presente estudo mostraram diferen-
e –0,216 p=0,032 e com o Lawton de –0,451 p<0,000 e ças significativas no desempenho cognitivo e funcional de
–0,494 p<0,000. Mas medidas de cognição geral apresen- pacientes com demência de Alzheimer provável e com-
tam portanto correlações fracas com atividades de vida prometimento cognitivo leve, com magnitudes de efeito
diária básicas e moderadas com atividades de vida diária moderadas a altas. O protocolo mostra-se ainda útil para
instrumentais. Os grupos Alzheimer e comprometimento o diagnóstico diferencial entre as duas condições avalia-
cognitivo leve não diferiram significativamente quanto a das, embora seu potencial discriminativo para tal uso seja
idade (p=0,074), escolaridade (p=0,082) e sexo (p=0,485). moderado. O presente estudo oferece ainda indicativos
As diferenças encontradas no desempenho apresentado de validade ecológica para os testes utilizados, mostrando
pelos dois grupos e as magnitudes de efeito foram: total da boa correlação dos mesmos com o comportamento dos
escala Mattis z= –1,787 / p<0,000 / d= –1,16 ; total no mi- sujeitos no dia a dia.
87
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
DESEMPENHO EM HABILIDADES NEUROPSI- diante escolha das opções de frequência: todos os dias (4
COLÓGICAS E SUA RELAÇÃO COM ESCOLA- pontos), alguns dias por semana (3 pontos), uma vez por
RIDADE E HÁBITOS DE LEITURA E ESCRITA semana (2 pontos), raramente (1 ponto) e nunca (0 pon-
Pawlowski, J (UFRGS); Remor, E (Universidad Autó- tos), com escore máximo de 28 pontos. [2] Instrumento
noma de Madrid); Parente, MAMP (UFRGS); Salles, de avaliação neuropsicológica breve NEUPSILIN 5: Avalia
JF (UFRGS); Fonseca, RP (puc-rs); Bandeira, DR oito habilidades cognitivas de forma breve. A pontuação
(ufrgs) para cada habilidade é: orientação têmporo-espacial (0-8
Introdução: A influência da idade e da escolaridade no pontos), atenção (0-27 pontos), percepção (0-12 pon-
desempenho cognitivo é bastante evidente e demonstrada tos), memória (0-84 pontos), habilidades aritméticas (0-8
em estudos normativos de baterias ou testes de avaliação pontos), linguagem (0-53 pontos), praxias (0-22 pontos)
neuropsicológica1-3. Atividades como leitura, escrita, jogos e funções executivas (0-7 pontos). Análise de dados: Os
de palavras, quebra-cabeças, palestras e cursos educativos dados foram analisados com o Programa SPSS versão 17.0
podem contribuir para melhorar o funcionamento cog- para Windows. Para a avaliação de diferenças no desem-
nitivo e revelam benefícios compensatórios à habilidade penho entre os grupos nas habilidades do NEUPSILIN,
de memória episódica quando na presença de baixa esco- aplicou-se a análise one-way ANOVA com post hoc Tukey.
laridade4. Resultados: Conforme pode ser observado na Tabela
Objetivos: Objetivou-se comparar o desempenho em 2, há uma tendência de resultados mais elevados para os
habilidades cognitivas de grupos com baixa e alta escola- grupos com alta frequência de hábitos de leitura e escrita
ridade combinados a níveis baixos e altos de frequência em todas as habilidades examinadas. Diferenças estatísti-
de hábitos de leitura e escrita. Buscou-se examinar se, na cas significativas entre os quatro grupos foram verificadas
presença de mais hábitos de leitura e escrita, podem ser na avaliação de praxias. Ressalta-se a proximidade de re-
verificados melhores resultados em tarefas cognitivas, em sultado na habilidade de memória do grupo de baixa es-
especial, de pessoas com baixa escolaridade. colaridade e alta frequência de hábitos de leitura e escrita e
Metodologia: Participantes: A amostra consistiu de o grupo de alta escolaridade, porém baixa frequência des-
489 homens e mulheres brasileiros, de língua materna ses hábitos. Entre pessoas com baixa escolaridade, aqueles
portuguesa, em condições neurológicas e psiquiátricas com alta frequência de hábitos de leitura e escrita apresen-
saudáveis, de 21 a 80 anos de idade e de 2 a 23 anos de taram melhor desempenho em tarefas que requerem aten-
estudo formal (8,7±4,9). A amostra foi dividida em quatro ção, memória, habilidades aritméticas, linguagem, praxias
grupos (Tabela 1), segundo critério de mediana de oito e funções executivas.
anos de estudo formal, e de mediana de 11 pontos na Es- Discussão: Os resultados deste estudo indicam a im-
cala de Hábitos de Leitura e Escrita, descrita na seção ins- portância combinada de anos de estudo formal e frequên-
trumentos. Procedimentos: A coleta da amostra foi reali- cia de hábitos de leitura e escrita no desempenho cogni-
zada de acordo com os princípios éticos de pesquisas com tivo. Estudos prévios indicam que a habilidade de leitura
seres humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de é um importante preditor do funcionamento cognitivo,
Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande até mesmo mais que anos de estudo 6,7. Sugere-se que os
do Sul, protocolo número 2006530. Instrumentos: [1] Es- estímulos em anos subsequentes ao período escolar for-
cala de hábitos de leitura e escrita, incluída no questioná- mal são essenciais aos indivíduos, em especial de baixa es-
rio de dados sociodemográficos e de condições de saúde. colaridade, podendo resultar em melhores desempenhos
Avalia a frequência semanal de leitura de revistas, jornais, em tarefas de atenção, memória, habilidades aritméticas,
livros e outros, e de escrita de textos, recados e outros, me- linguagem, praxias e funções executivas. Ao executarem
88
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Tabela 2. Média e desvio-padrão nas habilidades neuropsicológicas avaliadas pelo NEUPSILIN por grupos, Valor de F e Nível de signi-
ficância da ANOVA.
Grupos Baixa escolaridade Alta escolaridade
↓HLE ↑HLE ↓HLE ↑HLE
Habilidades M±DP M±DP M±DP M±DP F p
Orientação 7,73±0,56 a
7,75±0,55 a
7,72±0,49 a
7,92±0,29 b
5,04 0,002
Atenção 19,06±6,58a 20,75±5,47b 22,64±3,15b,c 23,61±2,72c 23,19 0,000
Percepção 10,25±1,49 a
10,42±1,39 a
10,74±1,35 a,b
11,04±1,05 b
9,94 0,000
Memória 42,19±9,48 a
45,52±9,04 b
49,33±9,51 b
57,87±10,62 c
72,53 0,000
Habs. aritméticas 5,66±2,55 a
6,50±1,71 b
7,43±0,97 c
7,73±0,72 c
38,14 0,000
Linguagem 46,30±5,46a 48,95±3,05b 50,98±1,56c 51,57±1,49c 59,22 0,000
Praxias 14,95±3,10 a
16,10±2,63 b
17,44±2,22 c
18,60±2,52 d
49,94 0,000
Função executiva 3,83±1,07 a
4,43±1,26 b
4,92±1,05 c
5,35±1,06 c
52,92 0,000
Nota. Para letras diferentes (a, b, c, d), diferença estatisticamente significativa (p<0,05) entre os grupos na análise post hoc Tukey; ↓HLE: Baixos Hábitos de Leitura e Escrita
e ↑HLE: Altos Hábitos de Leitura e Escrita.
outras atividades cognitivas, resultados compensatórios D. NEUROPSI attention and memory: a neuropsychological test battery
para memória episódica de indivíduos com baixa escolari- in Spanish with norms by age and educational level. Appl Neuropsychol
dade foram verificados por lachman et al.4. Como limita- 2007;14(3):156-170. [3] Radanovic M, Mansur LL, Scaff M. Normative
ções desse estudo, indicam-se a presença de amostras com data for the Brazilian population in the Boston Diagnostic Aphasia Exa-
tamanhos discrepantes. Para estudos futuros, sugere-se mination: influence of schooling. Braz J Med Biol Res. 2004;37(11):1731-
avaliar separadamente cada tarefa das diferentes medidas 1738. [4] Lachman ME, Agrigoroaei S, Murphy CMA, Tun PA. Frequent
cognitivas examinada, pois discrepâncias podem ser en- cognitive activity compensates for education differences in episodic me-
contradas dependendo do tipo de componente cognitivo mory. Am J Geriatr Psychiatry 2010;18(1):4-10. [5] Fonseca RP, Salles
avaliado, por exemplo, memória episódica e memória de JF, Parente MAMP. Instrumento de avaliação neuropsicológica breve
trabalho. Também se recomenda que outros fatores sejam NEUPSILIN. 1 ª ed. São Paulo: Vetor Editora, 2009. [6] Dotson VM,
considerados para a avaliação dos efeitos sobre a cognição, Kitner-Triolo MH, Evans MK, Zonderman AB. Effects of race and so-
tal como nível de inteligência prévio dos participantes. cioeconomic status on the relative influence of education and literacy on
Referências: [1] Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertoluc- cognitive functioning. J Int Neuropsychol Soc 2009;15(4):580-589. [7]
ci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do Mini-Exame do Estado Manly JJ, Byrd DA, Touradji P, Stern Y. Acculturation, reading level, and
Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr 2003;61 (3B):777-781. [2] Os- neuropsychological test performance among African American elders.
trosky-Solís F, Gómez-Pérez E, Matute E, Rosselli M, Ardila A, Pineda Appl Neuropsychol 2004; 11: 37-46.
89
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesqui- Gráfico 1. Número de erros na memória de trabalho e desem-
sa em Seres Humanos da UFSC. Utilizou-se MANCOVA penho escolar.
para comparar o desempenho cognitivo dos alunos, in-
1.2
cluindo a idade como covariável. A dificuldade/facilidade
em matemática e português foram consideradas como va- 1
90
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
2 pode-se observar a mesma comparação para a variável ativação nas áreas cerebrais envolvidas na memória de tra-
número de erros na atenção seletiva (stroop), sendo que balho visuoespacial, bem como, baixo desempenho nessa
os resultados apontam que os alunos com dificuldade tarefa. Outra pesquisa verificou que crianças com dificul-
específica em português apresentaram, em média, maior dades de leitura e matemática apresentam baixo desempe-
número de erros que todos os demais grupos (p<0.05), nho na memória de trabalho e na memória visuoespacial,
exceto em relação ao grupo com dificuldade em ambas as no entanto, essas variáveis sozinhas não são preditoras da
disciplinas (p=0.614). dificuldade de leitura. Esses resultados estão de acordo com
Discussão: A memória de trabalho tem sido rela- o que foi verificado nesse estudo, uma vez que as crianças
cionada tanto a dificuldades em matemática quanto em com dificuldades apenas em português não apresentaram
matemática e leitura. Na presente pesquisa, o número de pior desempenho na memória de trabalho, ao contrário
erros na tarefa de memória de trabalho visuoespacial dife- daquelas com dificuldades em matemática ou em ambas
renciou o desempenho de estudantes com dificuldade em as disciplinas. Esse estudo apresenta limitações quanto ao
ambas as disciplinas, assim como apenas em matemática, critério de seleção dos grupos, baseado nas notas, assim
vindo ao encontro da literatura. Um estudo com crianças como o número limitado de tarefas. Destaca-se a necessi-
com discalculia indicou que as mesmas apresentam baixa dade de pesquisas futuras para ratificar esses achados.
91
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
92
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
anatômicas, e são também preditores das demências como rology 1985;35:1544-1550. [8] Ditter SM, Mirra SS. Neuropathologic
já constatados por outros autores16,17 dessa forma pode se and clinical features of Parkinson’s disease in Alzheimer’s disease pa-
explicar a semelhança das associações do IBF com MEEM tients. Neurology 1987;37:754-760. [9] Chaves MLF, Maia ALG, Lehmen
e Pfeffer. Com este estudo pretendeu-se, não só conhecer R, Oliveira LM. Diagnosing dementia and normal aging: clinical rele-
melhor a diferença entre a atrofia subcortical, observada vance of brain ratios and cognitive performance in a Brazilian sample.
em pacientes com demência, na presença ou ausência de Braz J Med Biol Res 1999;32:1133-1143. [10] Burton EJ, Mckeitch IG,
SEPs, como também constatar quais os fatores que se rela- Burn DJ, Williams D, O’brien T. Cerebral atrophy in Parkinson‘s dise-
cionam com tal atrofia, fornecendo informações importan- ase with and without dementia: a comparison with Alzheimer’s disease
tes para entender a progressão da demência, além de des- with Lewy bodies and controls. Brain 2004;127(4):791-800. [11] Petrella
pertar o interesse para o estudo das alterações estruturais JR, Coleman RE, Doraiswamy PM. Neuroimaging and early diagnosis
do cérebro devido ao parkinsonismo e/ou envelhecimento. of Alzheimer disease: a look to the future. Radiology 2003;226:315-336.
Referências: [1] Synek V, Reuben JR .The ventricle-brain ra- [12] Lee BCP, Mintun M, Bucker RD, Morris JC. Imaging of Alzheimer’s
tio using planimetric measurement of EMI scans. Br J Radiology disease. J Neuroimaging 2003;13(3):199-214. [13] Nitrini R, Caramelli
1976;49:233-237. [2] Woods BT, Douglass A, Gescuk B. Is the VBR P, Bottino CMC, Damasceno BP, Brucki SMD, Anghinah R. Diagnóstico
still a useful measure of changes in the cerebral ventricles? Psychiatry de doença de Alzheimer no Brasil: critérios diagnósticos e exames com-
Research: Neuroimaging 1991;40:1-10. [3] Frisoni GB, Beltramello plementares. Arq Neuropsiquiatr 2005;63(3-A):713-719. [14] Zhang Y,
A, Weiss C, Geroldi C, Bianchetti A, Trabucci M. Linear measures of Wahlund L.H. Lean frontal horns ratio: a new linear measurement to
atrophy in mild Alzheimer disease. Am J Neuroradiol 1996;17:913- predict early cerebral atrophy on CT. Neurobiol Aging 2004;25(2):371-
923. [4] Fox NC, Warrington EK, Rossor MN. Serial magnetic ima- 372. [15] Söderlund H, Nilsson LG, Berger K, Breteler MM, Dufouil C,
ging of cerebral atrophy in preclinical Alzheimer’s disease. The Lancet Fuher R, et al. Cerebral changes on MRI and cognitive functions: The
1999;353(19):2125. [5] Zhang Y, Londos E, Minthon L, Wattmo C, Liu CASCADE study. Neurobiology of Aging 2006;27:16-23. [16] Sarazim
H, Aspelin P, Wahlund LO. Usefulness of computed tomography line- M, Stern Y, Berr C, Riba A, Albert M, Brandt J, et al. Neuropsycholo-
ar measurements in diagnosing Alzheimer’s disease. Acta Radiol 2008 gical predictors of dependency in patients with Alzheimer disease.
Feb;49(1):91-7. [6] Lopez OL, Wisnieski S, Becker JT, Boller, F, Dekosky Neurology 2005;64:1027-1031. [17] Wlodarczyk JH, Brodaty H, Ha-
ST. Extrapyramidal signs in patients with probable Alzheimer disease. wthorne G. The relationship between quality of life, mini-mental sta-
Arch Neurol 1997;54(8):969-975. [7] Chui HC, Teng EL, Henderson VW, te examination, and the instrumental activities of daily living in pa-
Moy AC. Clinical subtypes of dementia of the Alzheimer’s type. Neu- tients with Alzheimer’s disease. Arch Gerontol Geriatr 2004;39:25-33.
93
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
A RELAÇÃO ENTRE A MEMÓRIA OPERACIO- componente é capaz de formar um episódio único mul-
NAL E A MEMÓRIA EPISÓDICA EM PACIEN- timodal da informação (Baddeley, 2002). A recordação
TES AMNÉSICOS imediata reflete ambos processos: capacidade do buffer
SOUSA, NMF (UNIFESP); BOLOGNANI, S (UNIFESP); episódico e a eficiência do executivo central na criação de
BUENO, OFA (UNIFESP) representações necessárias, mantendo isto e providencian-
Resumo: Pacientes amnésicos apresentam prejuízo na do subsequentemente uma ótima estratégia de recordação
memória episódica anterógrada, com a preservação de (Baddeley, 2002). Amnésicos orgânicos com preservação
outras funções cognitivas. Estudos recentes têm relacio- das funções executivas e com capacidade de memória
nado o efeito de facilitação semântica na recordação livre operacional relativamente alta teriam medidas de evoca-
de palavras e a memória episódica às medidas de capaci- ção imediata preservadas. A preservação da capacidade da
dade de memória operacional. O componente integrador memória operacional depende do executivo central para
e consolidador de informações da memória operacional é armazenar temporariamente e integrar as informações
conhecido por buffer episódico, a ele é atribuída a respon- advindas da alça fonológica, do esboço visuoespacial e
sabilidade de comunicação com os sistemas de memória da memória de longo prazo, de forma consciente (Bad-
de longo prazo. Entretanto, a relação entre esses sistemas deley, 2000). Essa tarefa certamente demanda processos
de memória ainda necessita de maiores esclarecimentos. de armazenamento que excedem a capacidade dos outros
O presente estudo, portanto, objetivou observar a relação subsistemas da memória operacional, pois estes mantêm
entre o buffer episódico e a memória episódica dentro do informações muito brevemente e sem interação (Baddeley
processo da amnésia. O objetivo principal deste estudo foi e Wilson, 2002; Baddeley, 2003). Outro estudo (Gooding
investigar o efeito de facilitação semântica e a sua relação et al., 2005), entretanto, não obteve correlação positiva en-
com a capacidade de memória operacional em pacientes tre os escores de evocação imediata de estórias e medidas
amnésicos de diversas etiologias. do funcionamento executivo. Embora estes resultados não
Casuística e Metodologia: Foram incluídos 15 pacien- relataram a relação entre a capacidade da memória ope-
tes amnésicos de diversas etiologias. Estes participante racional e a evocação imediata, há diferenças entre os pa-
devem ter no mínimo 4 anos de escolaridade, com idade cientes deste estudo no que diz respeito ao baixo nível de
entre 18-60 anos, que não sejam portadores de nenhum inteligência fluida e heterogeneidade da etiologia quando
diagnóstico neurológico, psiquiátrico ou indicativo de comparado com o estudo anterior. Assim, há controvérsias
abuso de substâncias. Os participantes foram passados por sobre a contribuição do retentor episódico nas medidas de
uma sessão de triagem e em seguida por um protocolo es- memória episódica de evocação imediata e, os aspectos da
pecífico de avaliação neuropsicológica, onde foram aplica- inteligência fluida e processos executivos são centrais para
dos testes que avaliam a memória de curto prazo, memó- compreender a representação da memória de curto prazo
ria operacional, funções executivas e memória semântica. em pacientes com amnésia orgânica. Além disso, outro es-
Palavras-chave: amnésia, memória episódica, memó- tudo com pacientes com epilepsia do lobo mesial (Tudes-
ria operacional, memória semântica, facilitação semântica. co et al., 2009) demonstrou que a formação da memória
Introdução: O retentor episódico, um subsistema da episódica pode estar prejudicada em indivíduos que apre-
memória operacional, possui caráter mnemônico e codi- sentam um bom funcionamento da memória operacional,
ficação multidimensional justamente para poder integrar embora a memória operacional possa contribuir para a
as informações de curto prazo com informações de longo memória episódica, como relatam alguns autores (Ranga-
prazo, sendo capaz, por exemplo, de criar episódios mne- nath et al., 2005; Hannula et al., 2006; Olson et al., 2006;
mônicos de associações entre palavras de uma lista que Quinette et al., 2006), não constitui um elemento crucial
não possuem relação semântica nenhuma à primeira vis- para a formação deste tipo de memória. Paradigma: O
ta. Essas ricas associações com certeza são feitas utilizan- presente trabalho propõe-se a avaliar a relação entre o re-
do-se esquemas conceituais já aprendidos com os estímu- tentor episódico e o sistema de memória episódica e fa-
los apresentados, isto sugere a participação da memória cilitação semântica, por meio do seguinte paradigma da
de longo prazo (mLP), com a capacidade da memória recordação livre de palavras: São aplicadas 10 listas de pa-
operacional de codificar informações multidimensionais lavras contendo 15, 9 e 7 palavras, principal instrumento
(Baddeley, 2001). O retentor episódico é capaz de integrar utilizado para avaliar memória episódica, de recordação
as informações da MLP com os componentes auxiliares imediata e tardia (após atividade distratora de 2 minutos).
da memória operacional, ou seja, informações de nature- Foram utilizadas duas listas contendo palavras sem rela-
za fonológica e visuoespaciais (Baddeley, 2002). Por meio cionamento em nenhuma das posições e duas listas com
de um controlador atencional (executivo central) este relacionamento semântico nas posições intermediárias da
94
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
lista. Estas listas foram elaboradas a partir do vocabulário do grupo experimental (sexo, idade, escolaridade e quo-
comum brasileiro. As palavras são divididas em diversas ciente intelectual), não deve estar sob uso de psicotrópi-
categorias como: objetos, animais, instrumentos, utensí- cos, bem como não ter as características supracitadas para
lios de cozinha. Em seguidas são formuladas listas con- o grupo experimental. Instrumentos - Memória verbal e
trolando a presença de relacionamento semântico ou de visual de curto prazo e de longo prazo - Memória lógica
nenhuma outra natureza (por ex. fonológica) entre as po- (WMS-R; Wechsler, 1987). O teste de memória lógica é
sições. Nas listas que possuem relacionamento semântico, composto por duas histórias (A e B) com 25 itens cada
são alocadas tríades com palavras relacionadas nas mais uma; o experimentador lê uma história de cada vez, tendo
diversas categorias como: derivados do leite (leite, queijo, o indivíduo que recordar imediatamente após a apresen-
manteiga), essas tríades podem ser manipuladas nas di- tação e após 30 minutos (evocação tardia). Reprodução
ferentes posições da lista (Bueno, 2004). A apresentação visual (WMS-R, Wechsler, 1987). Tem por objetivo avaliar
das listas foi efetuada em um computador Mac, no pro- a capacidade de memória imediata e tardia conteúdo visu-
grama Power Point versão 2008 com um temporizador de al. O material consiste de quatro cartões-estímulos, com-
3 segundos entre cada palavra. As palavras foram escritas postos por diferentes formas geométricas. Cada cartão é
em preto fonte Arial, tamanho 80, foram dispostas cen- apresentado por 10 segundos e durante esse tempo o su-
tralmente na tela com o plano de fundo na cor branca. jeito deve limitar-se à observação da figura. Imediatamen-
Foram aplicadas as duas listas sem relacionamento se- te após a exposição, o sujeito deve reproduzir o estímulo
mântico em uma sessão e as outras duas listas com rela- observado. A recordação tardia das figuras é realizada
cionamento semântico em outra sessão realizado em dias trinta minutos após apresentação. Dígitos (WMS-R; We-
distintos para evitar que houvesse intrusões entre listas no chsler, 1987). Esta tarefa é subdividida em duas partes, or-
procedimento. Este teste de recordação livre de palavras é dem direta e ordem inversa. Na ordem direta, o experi-
complementado com os demais testes de memória episó- mentador lê uma sequência de dígitos na razão de um
dica, de memória operacional, atenção, raciocínio lógico número por segundo. Após a apresentação de cada sequ-
e funções executivas. Sendo assim, a avaliação ocorre em ência o sujeito deve repetir os números na ordem em que
4-5 sessões a fim de evitar fadiga e outros dissabores que foram lidos. Quando ocorrem erros, o sujeito tem a opor-
possam interferir nos resultados. tunidade de realizar o teste com outra sequência de mes-
Objetivos: Geral - Investigar a relação entre a capaci- mo número de dígitos. O escore é o número de dígitos na
dade de memória operacional e os sistemas de memória sequência máxima repetida corretamente. Na ordem in-
explícita (episódica e semântica) em pacientes amnésicos, versa, o formato do teste é o mesmo, porém o sujeito de-
decorrente de lesão adquirida. Específicos - Identificar a verá recordar os números de trás para frente. Os objetivos
curva de posição serial nos diferentes grupos de amnési- do teste na ordem direta e inversa são avaliar a capacidade
cos (frontal e demais lesões); Avaliar a relação entre a me- de armazenamento e reverberação na memória imediata
mória operacional e os déficits de memória identificados verbal (alça fonológica) e a capacidade de manter e mani-
nos pacientes amnésicos; Avaliar especificamente a facili- pular informações (executivo central), respectivamente.
tação semântica em amnésicos e se, este efeito, depende do Blocos de Corsi (Lezak, 2004). Avalia a amplitude (Span)
funcionamento do retentor episódico. visuoespacial atencional, memória de curto prazo (ordem
Metodologia: Participantes - Serão incluídos 20 pa- direta) e a capacidade de manipular conteúdos visuoespa-
cientes amnésicos com etiologias diversas (como parada ciais, memória operacional (ordem inversa). É composto
cardiorrespiratória, traumatismo craniano, acidentes vas- de um tabuleiro com nove blocos numerados dispostos
culares cerebrais, infecções e outras causas) e 20 controles aleatoriamente. O examinador irá tocar uma sequência de
saudáveis pareados quanto ao sexo, idade, escolaridade e blocos e esta mesma sequência deverá ser repetida pelo
quociente intelectual. Os pacientes são selecionados por examinando na ordem direta e depois é a apresentada
serem claramente amnésicos (amnésia anterógrada e re- uma nova sequência que deverá ser repetida na ordem in-
trógrada de alcance limitado, Hirst, 1982; Lhermitte e Sig- versa. Figura complexa de Rey (Lezak, 2004) - Recordação
noret, 1972; Rozin, 1976). Os critérios de inclusão são: ter imediata e tardia. Consiste em uma figura geométrica
entre 18 e 60 anos de idade, escolaridade maior que quatro complexa composta por um retângulo grande, bissetores
anos, não possuir diagnóstico de demência, afasia, agno- horizontais e verticais, duas diagonais, e detalhes geomé-
sia, déficit sensorial não corrigido e déficit motor que pre- tricos adicionais interna e externamente ao retângulo
judique a realização dos testes; ter quociente intelectual grande. Após a cópia, é solicitado que ele desenhe a figura
maior que 80, bem como não ter diagnóstico de transtor- a partir de sua recordação imediata. Após trinta minutos,
no psiquiátrico. No grupo controle, além se seguir o perfil novamente, é realizada a recordação do desenho. O sujeito
95
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
é solicitado a copiar a figura a partir do modelo oferecido, verbal, que depende de uma busca ativa das palavras no
atentando à confecção dos detalhes. Aprendizagem ver- léxico. Testes-alvo: Testes de recordação livre de palavras
bal: Pares de palavras associadas – fáceis e difíceis (WMS-R; (Capitani et al., 1992; Bueno, 2001; Nogueira et al., 2006;
Wechsler, 1987). Consiste de dez pares de palavras associa- Oliveira et al., submetido). São 20 listas (10 de recordação
das, sendo seis denominados pares “fáceis” (palavras com imediata e 10 de recordação tardia) de 15 palavras da lín-
relacionamento semântico) e quatro pares “difíceis” (sem gua portuguesa, compostas de substantivos comuns ou
nenhuma relação semântica). São lidos os pares de pala- adjetivos, dissílabos ou trissílabos. Em metade das listas,
vras e após a leitura do conjunto de pares, dá-se início a tríades de palavras com relacionamento semântico (COM)
recordação imediata, quando o examinador apresenta foram inseridas nas posições intermediárias (7-8-9) das
uma palavra do par e solicita ao sujeito a evocação da pa- mesmas (por exemplo: milho, espiga e pipoca). As dez lis-
lavra que compõe o par. O mesmo procedimento é realiza- tas restantes são compostas por palavras não semantica-
do por mais duas vezes. Após um período de trinta minu- mente relacionadas entre si (SEM). A ordem de aplicação
tos o sujeito é submetido à tarefa de recordação com pistas das listas é distribuída de maneira aleatória entre os parti-
dos pares apresentados. Funções executivas: Controle cipantes e elas são apresentadas visualmente em uma tela
mental (WMS-R; Wechsler, 1987). Avalia componentes da de computador. Cada palavra aparece na tela por três se-
função executiva, como controle mental, atenção e con- gundos e o sujeito a lê em voz alta. Ao final de cada lista
centração. Consiste de três tarefas, na primeira pede-se ao aparece uma tela em branco e o participante deve recordar
sujeito contar números na ordem decrescente (20-1); na o maior número possível das palavras previamente apre-
segunda, o examinando fala o alfabeto completo (A-Z) e sentadas, em qualquer ordem. A recordação será feita
na terceira solicita-se que ele conte de três em três inician- oralmente, sendo a recordação tardia realizada após tarefa
do do número um (1-40). Estas tarefas devem ser realiza- distratora (atividades de cancelamento) e a imediata logo
das o mais rápido possível, o tempo limite para primeira é após a apresentação da lista. São anotadas as palavras re-
de 30 segundos e para segunda e terceira é de 45 segundos cordadas, na ordem dita pelo sujeito, não havendo um
cada. O escore para cada tarefa é de dois pontos para toda tempo-limite para a sua recordação. Dependendo do de-
sequência correta e tempo limite, um ponto para um erro sempenho dos pacientes, isto é, se eles não se beneficiarem
em cada sequência e tempo limite correto e zero para dois do relacionamento semântico nas listas COM, novas listas
erros ou mais em cada sequência ou tempo limite ultra- de 9 e 7 palavras com e sem relação semântica serão apre-
passado. Figura complexa de Rey (Lezak, 2004) - cópia. O sentadas, seguindo as mesmas consignas das listas anterio-
sujeito é solicitado a copiar a figura a partir do modelo res. Geração aleatória de números (Hamdan e Bueno, 2005).
oferecido, atentando aos detalhes. A cópia avalia planeja- É medida do executivo central (Baddeley, 1998; 2003 e
mento executivo e habilidades visuoconstrutivas. Trilhas 2007; Kho et al., 2007), um instrumento de aplicação bre-
A e B (Spreen e Strauss, 2006). Ambas as partes requerem ve e eficaz para avaliar clinicamente perturbações do lobo
habilidades visuais e motoras, porém a parte B recruta as- frontal. A tarefa requer atenção, concentração, seleção de
pectos das funções executivas. Requer o uso de lápis para estímulo, habilidade para abstrair, planejamento, flexibili-
fazer as linhas que ligarão 25 números em ordem crescen- dade conceitual, autocontrole. Consiste na geração aleató-
te, os quais estão arranjados aleatoriamente na parte A e ria de números (1 a 9) dentro de um dado intervalo de
na parte B é o mesmo procedimento, porém, nesta última tempo (1,5 segundos) por 1 minuto. Para realizar a tarefa
o sujeito terá que alternar números e letras corresponden- o sujeito necessita manipular a informação mentalmente
tes (1-A, 2-B, 3-C...). Ambas as aplicações são precedidas em tempo real, conter/omitir modelos do padrão habitual
de um treino, os erros são apontados e devem ser corrigi- ou respostas estereotipadas, geração de novas respostas,
dos pelo próprio testando, o teste é encerrado após três monitorar e mudar a estratégia de produção de respostas.
erros ou 5 minutos do início da tarefa. O escore é o tempo A pontuação é dada pelo índice de Evans (Evans, 1978;
para a realização da tarefa. Além desta forma de aplicação, Hamdan et al., 2004) e é cronometrado o tempo de execu-
é utilizada versão verbal, para o tipo A e B. Fluência verbal ção na atividade. Amplitude de operações-palavras (Turner
fonológica (fas) (Spreen e Strauss, 2006). Neste teste soli- e Engle, 1989; De Luccia et al., 2005). Avalia a capacidade
cita-se ao sujeito a produção espontânea de palavras ini- de memória operacional dependente do bom funciona-
ciadas com as letras “F”, “A” e “S”, num tempo estipulado mento do retentor episódico (Badelley, 2000). Consiste de
de um minuto para cada letra, não podendo, porém repe- 47 operações aritméticas seguidas de palavras monossíla-
tir as palavras, formar nomes próprios e derivados. O es- bas e trissílabas. Cada operação é composta por duas par-
core total do teste é a soma das palavras admissíveis. Este tes, multiplicação ou divisão, seguida de soma ou subtra-
avalia controle inibitório (funções executivas) e fluência ção de um número ao resultado anterior. Estas operações
96
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
são simples e são apresentadas ao sujeito com um resulta- mentos a serem empregados, obtendo, por escrito, o Con-
do e uma palavra, por exemplo: [(7×3)+5=26? Banana]. O sentimento Livre e Esclarecido, já aprovado pelo Comitê
sujeito deve ler em voz alta a conta e o resultado e dizer se de Ética em Pesquisa da UNIFESP. Em seguida, é entregue
este último está certo ou errado. Em seguida, deve ler a e esclarecido os questionários de humor (ansiedade estado
palavra após a conta, também em voz alta. Ao final de cada – IDATE, Biaggio & Andrade, 1996; Inventário de Beck de
série de operações, deverá recordar as palavras que foram depressão, Gorenstein & Andrade, 1996); bem como são
lidas, sem ser necessariamente na ordem da apresentação. obtidos dados clínicos (etiologia, tempo de lesão, dados de
São quatro séries de estímulos, que contêm de duas a cin- neuroimagem, medicamentos e horários de uso) e socio-
co operações aritméticas seguidas de palavras. A quanti- demográficos. Os pacientes são avaliados individualmente
dade total de palavras recordadas corresponde à medida em três à cinco sessões de uma hora e meia cada, sendo a
de capacidade de memória operacional. Para garantir que sequência dos testes randomizada, porém sempre respei-
o participante tenha engajado na tarefa de processamento tando o limite de testes de recordação verbal e visual sufi-
os resultados são computados apenas se o mesmo acertar ciente para não ocorrer efeitos contaminação, fadiga ou
pelo menos 70% do julgamento das operações. Amplitude outros dissabores que impedem um uso adequado dos
de contagem-números (counting span) (Conway et al., testes. Quando percebido cansaço, a avaliação é interrom-
2005). Nesta tarefa de capacidade de memória operacional pida, dando andamento após um intervalo ou em uma
ou retentor episódico, consiste de contagem de itens. É outra sessão. De modo a controlar causas de potenciais de
composta de sequências de telas em que aparecem círculos variação comuns a estudos de avaliação cognitiva, foram
azuis escuros, círculos azuis claros e quadrados azuis escu- tomados os seguintes cuidados: [A] as instruções foram
ros distribuídos sobre um fundo cinza. Os círculos azuis padronizadas; [B] as condições de ambiente físico e psico-
escuros serão utilizados como alvo de contagem e variarão lógico foram respeitadas; e [C] qualidade e pertinência
em quantidade de 3 a 9, as outras figuras serão utilizadas dos testes para este tipo de população. Como foi supraci-
como estímulos distratores. Nessa tarefa, o participante tado, a avaliação neuropsicológica é constituída por tare-
deverá contar a quantidade de círculos azuis escuros, sem fas de quociente intelectual, memória verbal episódica,
apontar, aferindo o total em voz alta. Ao final de cada série atenção e memória verbal, atenção e memória visual, me-
aparecerá uma tela com um ponto de interrogação, o su- mória semântica, praxia construtiva.
jeito deverá dizer a quantidade de círculos azuis escuros Resultados: Análises univariadas, para ver a propor-
contados em cada uma das telas anteriores, na ordem em ção/porcentagem, mostraram que a maior parte da amos-
que apareceram. Neste teste existem sequências que va- tra é constituída de homens (10 homens e 5 mulheres).
riam entre duas telas para contar (span 2) até sete telas A média de idade foi de 43.6 anos (idade mínima de 22 e
(span 7). A quantidade de estímulos para contar em cada máxima de 67 anos). A escolaridade predominante foi su-
tela varia aleatoriamente. Nesta tarefa, o componente de perior a 12 anos (73%) e a maior parte dos amnésicos teve
armazenamento constituirá do resultado de cada conta- tempo de lesão superior a 10 anos, como mostra no gráfi-
gem no componente de processamento. Memória semân- co abaixo. Para verificar a relação entre QI e tempo de le-
tica: Fluência verbal semântica (animais, frutas e instru- são, foi utilizado o teste t, pois a distribuição das variáveis
mentos musicais) (Spreen e Strauss, 2006). O sujeito deve foi normal (Shapiro-Wilk=0.46). Como mostra a tabela
falar o maior número possível de nome nas três categorias, abaixo, não houve diferença estatisticamente significante
separadamente, no período de um minuto. Este teste de- entre os grupos, bem como quando esta relação era com
pende da preservação das redes semânticas, podendo ser a escolaridade. Para analisar as medidas de funções execu-
utilizada também como uma medida de memória semân- tivas, foi realizado o teste t para medidas independentes,
tica (Henry et al., 2004). Nível de Inteligência Geral (Ba- pois o Shapiro-Wilk indicou que a maioria das variáveis
teria utilizada como critério de inclusão). Matrizes pro- teve uma distribuição normal (p>5%), porém como o ta-
gressivas de Raven - escala geral. Avalia a inteligência geral, manho da amostra, no momento, é pequeno, utilizei o tes-
mais propriamente a capacidade do sujeito para deduzir te não paramétrico de Mann-Whitney. A análise mostrou
relações. Inclui 60 itens divididos por 5 séries de 12 itens que não houve relação significante entre essas duas variá-
ordenados por grau de dificuldade. Os vários itens são veis. Para as medidas de atenção (focalizada e seletiva), a
constituídos por material não-verbal. Esta escala é com- maioria das variáveis obteve uma distribuição não normal,
posta por um caderno de aplicação, no qual vêm represen- sendo assim, foi utilizado o teste Mann-Whitney. Como
tados cinco subconjuntos de itens (A, B, C, D e E). Proce- mostra a tabela abaixo, também não houve diferença entre
dimento. Primeiramente, os envolvidos foram esclarecidos os grupos. Para verificar a existência de diferença signifi-
quanto à natureza e o objetivo da avaliação e dos instru- cante entre os grupos (tempo de lesão e escolaridade) nas
97
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
medidas de memória operacional, ocorreu o mesmo re- uma única variável (como foi supracitada). No entanto,
sultado, não havendo diferença entre eles. Nas medidas de vale ressaltar que o pequeno tamanho da amostra e a sua
memória episódica verbal, como mostra na tabela abaixo, variabilidade (variável interferente), podem ter interferi-
também não foi encontrada diferença. Para as medidas de do em tais análises. Os dados obtidos, até o momento, no
memória episódica visual, foi obtido o mesmo resultado teste de recordação livre de palavras, pôde-se notar que os
para os dois grupos. No entanto, como mostra na segunda pacientes com lesão frontal obtiveram um nível de recor-
tabela abaixo, houve diferença significante para a medida dação, tanto nos testes de memória episódica como nos de
de reprodução visual, recordação imediata em relação à medida operacional, maior do que nos demais pacientes.
escolaridade. Também, foi procurado verificar se existia O efeito de recência e a redução do efeito de primazia pre-
diferença entre as medidas coletadas de capacidade de valeceram, corroborando com dados da literatura (Bad
aprendizagem verbal em função do grupo. Para verificar deley e Warrington, 1970) e sugerindo que este efeito é
o nível de relacionamento entre duas variáveis contínuas mediado por um mecanismo de recordação diferente das
que avaliam a capacidade de memória operacional, foi re- demais posições seriais e que pode ser atribuído à memó-
alizada a correlação de Spearmann, pois estas não obtive- ria de curto prazo, uma função preservada neste tipo de
ram uma distribuição normal (p<5%). O resultado desta paciente. Esse desempenho também, até o momento da
correlação foi forte (acima de 0.7), demonstrando que as coleta, foi igual aos pacientes sob ação de flunitrazepan.
duas variáveis variam em conjunto e no mesmo sentindo, No entanto, a recordação tardia dos últimos itens não re-
ou seja, quando uma aumenta a outra também aumenta. flete a memória de curto prazo, pois foi prejudicada com
Porém, entre as medidas de capacidade de memória ope- a tarefa distratora, e o número de lembranças de palavras
racional e de memória episódica verbal e visual, não teve foi menor, comprovando a dificuldade dos amnésicos com
um índice de correlação forte. Para as medidas de execu- relação à memória episódica. Esta dificuldade também
tivo central e memória lógica, o índice de correlação foi produziu uma redução de lembrança nas demais posições
médio (acima de 0.3) e negativo, ou seja, variam em sen- da lista, diminuindo assim, o número total de itens recor-
tidos opostos. Em relação ao teste de recordação livre de dados. Todavia, quando havia palavras semanticamente
palavras, o qual é um dos instrumentos mais utilizados na relacionadas no meio das listas, os pacientes alteraram o
avaliação de desordens de memória, bem como no desen- pico de recordação (facilitação semântica), prevalecendo
volvimento de hipóteses sobre o funcionamento da me- de forma maior no grupo dos pacientes com lesão frontal.
mória normal; foi verificado que amnésicos parecem ter Demonstra, assim, que a facilitação semântica não pare-
dificuldade de recordar palavras com relacionamento se- ce estar relacionada a um processamento automático, nos
mântico, bem como de palavras situadas no início das lis- demais pacientes, mas à operações que demandam esfor-
tas (efeito primazia). Isto ocorreu independentemente do ço atencional. Este resultado pode ser sugerido pelo baixo
tamanho das listas (15, 9 e 7 palavras), porém com a redu- desempenho de reengajamento com a tarefa-alvo (recor-
ção da quantidade de palavras houve um maior padrão de dação livre) depois que a atenção é desviada para outras
recordação. Assim, como mostra nos gráficos abaixo, nas tarefas que exigem esforço, ou seja, a mudança abrupta do
listas de recordação imediata, houve facilidade de recordar foco de atenção, seguida pela necessidade de focar nova-
palavras do final das listas (efeito recência) em todos os mente à lista de palavras para a tarefa de recordação, redu-
pacientes, sendo maior nas listas de 7, recordação imedia- ziu a porcentagem de recordação. Dessa forma, a análise da
ta. Ou seja, consegue armazenar informações durante um recordação livre das posições intermediárias, revelou que
curto período de tempo e esse fator incrementador (com o fator “relação semântica” pareceu conseguir discriminar
a redução do tamanho das listas) parece estar compatí- os grupos, ao contrário das listas de palavras não-relacio-
vel com a capacidade limitada da memória operacional nadas e que este fator incrementador de evocação parece
desses pacientes. Na recordação das listas após atividade estar relacionado a dificuldades em medidas de capacidade
distratora, também houve dificuldade, com porcentagem de memória operacional, do que com habilidade de aces-
bem menor em relação às listas imediatas. Este fato pode so e uso de conhecimento semântico ou por um processo
ser decorrente do déficit de memória de longo prazo, ob- automático de recordação. A primazia foi obtida, porém
servado neste tipo de paciente, bem como pela supressão com menor porcentagem de recordação, talvez seja devido
articulatória (repetição subvocal), pois com a divisão da a uma diminuição do número de repetições subvocais das
atenção, reduziu o incremento de recordação. primeiras palavras da lista (prejuízo na alça articulatória),
Discussão: Os resultados mostram que não houve di- diferentemente de pacientes sob uso de flunitrazepan.
ferença estatisticamente significante para os dois grupos Referências: [1] Engle RW, Kane MJ, Tuholski SW. Individual
selecionados (tempo de lesão e etiologia), exceto para differences in working memory capacity and what they tell us about con-
98
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
trolled attention, general fluid intelligence and functions of the prefron- Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior 1966;5:351-360. [25] Ka-
tal cortex. In Miyake A, & Shah P. (Eds), Models of working memory: pur N, Coughlan AK. Confabulation and frontal lob dysfunction. Jour-
Mechanisms of active maintenance and executive control (pp.102-134). nal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry 1980;43:461-463. [26]
London: Cambridge Press, 1999. [2] Atkinson RC, Shiffrin RM. The con- Kopelman MD. Amnesia: organic and psychogenic. British Journal of
trol of short-term memory. Sci Am 1971;225:82-90. [3] Baddeley A, Hi- Psychiatry 1987;150:428-442. [27] Squire LR, Amaral DG, Press GA.
tch G. Working memory. In: Bower G (ed.). Recent advances in learning Magnetic resonance imaging of the hipocampal formation and mam-
and motivation. London: Academic Press, 1974:47-90. [4] Baddeley, A. Is millary nuclei distinguish medial temporal lobe and diencephalic amne-
working still working? European Psychology 2002;7(2):85-97. [5] Bad- sia. Journal of Neuroscience 1990;10:3106-3117. [28] Squire LR, Knowl-
deley A. Working memory: Looking back and looking forward. Nat Rev ton B, Musen G. The structure and organization of memory. Annual
Neurosci 2003;4:829-839. [6] Baddeley A. Working memory, thought Review of Psychology 1993;44:453-495. [29] Squire LR, Zola-Morgan S.
and action. Oxford University Press, 2007;412. [7] Capitani E, et al. Re- The medial temporal lobe memory system. Science 1991;253:1380-1386.
cency, primacy and memory: Reappraising and standardizing the serial [30] Stuss DT, Benson DF. Neuropsychological studies of the frontal lo-
position curve. Cortex 1992;28:315-334. [8] Bueno OFA. Incremento da bes. Psychological Bulletin 1984;95:3-28. [31] Baddeley A. The episodic
recordação livre por relacionamento semântico entre palavras: processa- buffer: a new component or working memory? Trends Cogn Sci
mento automático ou que demanda atenção? (Tese Livre Docência) São 2000;4(11):417-423. [32] De Luccia GC, Santos RF, Bueno OFA. Recor-
Paulo: Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, dação livre de palavras e memória operacional em idosos. Distúrb Co-
2001. [9] Gooding PA, et al. Prose recall and amnesia: more implications mum 2005;17(3):347-358. [33] Spreen O, Sherman EMS, Strauss E. A
for the episodic buffer. Neuropsychologia 2005;43:583-587. [10] Badde- compendium of neuropsychological tests: administration, norms and
ley A, Wilson B. Prose recall and amnesia: implications for the estructure commentary, Third Edition. New York: Oxford University Press, 2006.
of working memory. Neuropsychologia 2002;40:1737-1743. [11] Fahle [34] Turner ML, Engle RW. Is working memory capacity task dependent?
M, Daum I. Perceptual leraning in amnesia. Neuropsychologia J Mem Lang 1989;28(2):127-154. [35] Wechsler D. Manual for Weschsler
2002;40(8):1167-1172. [12] Squire L, Bayley P. Medial temporal lobe am- Memory Scale-revised. San Antonio, TX: The Psychological Corpora-
nesia: gradual acquisition of factual information by nondeclarative me- tion, 1987. [36] Engle RW, et al. Working memory, short term memory
mory. The Journal of Neuroscience 2002;22(13):5741-5748. [13] West- and general fluid intelligence: a latent variable approach. J Exp Psychol
macott R, et al. Different pattern of autobiographical memory loss in Gen 1999;128:309-331. [37] Frisk V, Milner B. The role of the left hipo-
semantic dementia and medial temporal lobe amnesia: a challenge to campal region in the acquisition and retention of story content. Neurop-
consolidation theory. Neurocase 2001;7(1):37-55. [14] Demery J, et al. sychologia 1990b;28(4):349-359. [38] Handam AC, Bueno OFA, Souza
Profound amnésia and confabulation following traumatic brain injury. JA. Performance of university students on randon number generation at
Neurocase 2001;6:295-302. [15] Eslinger P, Damásio H, Damásio A. different rates to evaluate executive functions. Arq Neuropsiquiatr
Nonverbal amnésia and asymetric cerebral lesions following encephali- 2004;62(1):58-60. [39] Hamdan AC, Bueno OFA. Relações entre o con-
tis. Brain and Cognition 1993;21:140-152. [16] Osimani A, et al. Basal trole executivo e memória episódica verbal no comprometimento cogni-
forebrain amnesia. Cognitive Behavioural Neurology 2006;19(2):65-70. tivo leve e na demência tipo Alzheimer. Estudos de Psicologia
[17] Mennemeier M, et al. Contributions of the left intralaminar and 2005;10(1):63-71. [40] Kho KH, et al. Working memory deficits after re-
medial thalamic nuclei to memory: comparisons and report of a case. section of the dorsolateral prefrontal cortex predicted by functional
Archives of Neurology 1992;49(10):1050-1058. [18] Mayes A. Exploring magnetic resonance imaging and eletrocortical stimulation mapping. J
the neural bases of complex memory. In: Squire LR, Schacter DL. Neu- Neurosurg 2007(6 suppl Pediatrics);106:501-507. [41] Lezak MD. Neu-
ropsychology of memory. 3 ed. New York: The Guilford Press, ropsychological assesment. Fourth Edition, New York: Oxford University
2002:cap.2:26. [19] Kopelman M, Stanhope N. Anterograde and retro- Press, 2004. [42] Milner B. The medial temporal lobe amnesic syndrome.
grade amnesia following frontal lobe, temporal lobe or diencephalic le- Psychiatr Clin N Am 2005;28:599-611. [43] Nogueira AML, et al. Effects
sions. In: Squire LR, Schacter DL. Neuropsychology of memory. 3 ed. of a benzodiazepine on free recall of semantically related words. Hum
New York: The Guilford Press, 2002;cap.4:5. [20] Bueno OFA, Oliveira Psychopharmacol Clin Exp 2006;21:327-336. [44] Oliveira MGM, Bue-
MGM. Memória e amnésia. In: Andrade VM, Santos FH, Bueno OFA. nos OFA. Neuropsicologia da memória humana. Psicologia USP,
Neuropsicologia Hoje. São PAULO: Artes Médicas, 2004. [21] Baddeley 1993;4(1/2):117-138. [45] Ranganath C, et al. Working memory mainte-
A. Developmental amnesia: a challenge to current models? In: Squire LR, nance contribues to long-term memory formation: neural and behavio-
Schacter DL. Neuropsychology of memory. 3 ed. New York: The Guilford ral evidence. J Cogn Neurosc 2005;17(7):994-1010. [46] Nascimento E.
Press, 2002;cap.7:89. [22] Brion S, Mikol J, Plas J. Neuropathologie des Escala de Inteligência Weschsler para Adultos: Adaptação e padronização
syndromes amnesiques chez I’homme. Revue de Neurologie (Paris) de uma amostra brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. [47] An-
1985;141:627-643. [23] Cohen NJ. Preserved learning capacity in amne- drade VM, et al. Semantic relations and repetition of items enhance the
sia: evidence for multiple memory systems. In: Squire LR, Butters N free recall of words by multiple sclerosis patients. J Clin Exp Neurop-
(Eds.). Neuropsychology of memory. New York: Guilford Press, 1984:83- sychol 2003;25(8): 1070-1078. [48] Bueno OFA, et al. Effects of semantic
103. [24] Glanzer ME, Cunitz AR. Two storage mechanisms in free recall. relations, repetition of words and list length in verbal free recall of
99
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Alzheimer’s patients. Arq Neuropsiquiatr, 2008. [49] Corkin S, et al. role of short-term memory in semantic priming. J Gen Psychol
H.M.’s medial temporal lobe lesion: findings from magnetic resonance 2001;128(3):329-350. [58] Hannula DE, Tranel D, Cohen NJ. The long
imaging. J Neurosci 1997;17:3964-3979. [50] Covre P, et al. Relationship and the short of it: relational memory impairments in amnesia, even at
of working memory capacity to episodic memory in mild Alzheimer di- short lags. J Neurosci 2006;26:8352-8359. [59] Olson IR, Moore KS, Sta-
sease. Artigo submetido, 2008. [51] Squire LR, Zola-Morgan. The medial rk M, Chatterjee A. Visual working memory is impaired when the medial
temporal lobe memory system. Science 1991;253:1380-1386. [52] Olivei- temporal lobe is damaged. J Cogn Neurosci 2006;18:1087-1097. [60]
ra MGM, Bueno OFA. Neuropsicologia da memória humana. Psicologia Quinette P, Guillery-Girard B, Noel A, de la Sayette V, Viader F, Desgran-
USP 1993;4(1/2):117-138. [53] Xavier GF. Memória: correlatos anáto- ges B, Eustache F. The relationship between working memory and episo-
mo-funcionais. In: Nitrini R, Carameli P, Mansur L (Eds). Neuropsicolo- dic memory disorders in transient global amnesia. Neuropsychologia
gia das bases neuroanatômicos à reabilitação. São Paulo: HCFMUSP, 2006;44:2508-2519. [61] Tudesco, et al. Assessment of working memory
1996:107-129. [54] Anderson VM. Retrieval of information from long- in patients with mesial temporal lobe epilepsy associated with unilateral
term memory. Science 1983;220(4592):25-30. [55] Collins AM, Loftus hippocampal sclerosis. Epilepsia 2009; 00118 [62] Hirst W. The amnesic
GR. A spreading activation theory of semantic processing. Psychol Rev syndrome: descriptions and explanations. Psychological Bulletin
1975;82:407-428. [56] Vaz LJ. Efeito de níveis de processamento sobre a 1982;91:435-460. [63] Baddeley AD, Warrington EK. Amnesia and the
recordação livre de itens distintos. (Tese). São Paulo: Universidade Fede- distinction between long and short-term memory. Journal of Verbal Le-
ral de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, 2004. [57] Beer AL. The arning and Verbal Behavior 1970;9:176-189.
100
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
101
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
po de depressão moderada (n=14), a média etária foi de que esses déficits cognitivos podem ser distintos de acor-
70,00 e a escolaridade média foi de 8,00. Na Tabela 2 segue do com a evolução da patologia. Ainda muitas questões
as médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos de acerca das alterações cognitivas da depressão em idosos
cada instrumento utilizado. Verifica-se em ambas as fases, não foram respondidas, persistem discussões acerca da
os pacientes mostram desempenho adequado no MMSE, gravidade desses déficits6, perguntas sobre sua causalida-
no trail making test partes A e B, no teste de fluência ver- de, questões sobre a relação da depressão com a demência,
bal e nos itens A, A6 e A7 do RAVLT. Por outro lado, os acerca do prognóstico dos déficits cognitivos com relação
pacientes mostram desempenho comprometido do digit a idade de início e a remissão dos sintomas5.
span test ordem direta e inversa e ainda no item B do RA- Referências: [1] Reys BN, Bezerra AB, Vilela ALS, Keusen AL,
VLT. Esse resultado aponta para um comprometimento Marinho V, Paula E, et al. Diagnóstico de demência, depressão e psicose
em ambas as fases da patologia na atenção, memória de em idosos por avaliação cognitiva breve. Rev Assoc Med Bras 2006; 52(6):
trabalho, capacidade de reversibilidade e ainda recordação 401-404. [2] Stella F, Gobbi S, Corazza DI, Costa JLR. Depressão no idoso:
imediata. Apesar de apresentar um desempenho adequa- diagnóstico, tratamento e benefícios da atividade física, 2002:83:91-98.
do no teste, o grupo de depressão leve mostrou desempe- [3] Steffens DC, Potter GG. Geriatric depression and cognitive impair-
nho superior no MMSE e trail making test A em relação ment. Psychological Medicine 2007;38:163-175. [4] Kramer-Ginsberg E,
ao grupo de depressão moderada. O grupo de depressão Greenwald BS, Krishnan KRR, Christiansen B, Hu J, Ashtari M, Patel M,
leve apresentou ainda desempenho superior nos itens A, et al. Neuropsychological functioning and MRI signal hyperintensities
B, A6 e A7 do RAVLT. Por outro lado, o grupo de depres- in geriatric depression. Am J Psychiatry 1999;156:438-444. [5] Ávila R,
são moderada apresentou desempenho superior no teste Bottino CMC. Atualização sobre alterações cognitivas em idosos com
de fluência verbal, no trail making test B e no digit span síndrome depressiva. Rev Bras Psiquiatr 2006;28(4):316-320. [6] Porto
test. Esses resultados podem indicar que com a evolução P, Hermolin M, Ventura P. Alterações neuropsicológicas associadas à de-
da patologia, funções cognitivas como, o estado mental pressão. Rev Bras Ter Comport Cogn 2002;4:1. [7] Rozenthal M, Laks
breve, a velocidade de processamento, a aprendizagem e J, Engelhardt E. Aspectos neuropsicológicos da depressão. R Psiquiatr
memória verbal mostram-se mais comprometidas. Vale 2004;26(2)204-212. [8] Herrmann LL, Goodwin GM, Ebmeier K P. The
destacar que foi realizada a análise de apenas 43 casos de cognitive neuropsychology of depression in the elderly. Psychological
idosos com depressão, para resultados mais consistentes Medicine 2007;37:1693-1702. [9] Baune BT, Suslow T, Engelien A, Arolt
faz-se necessário um maior número de sujeitos avaliados, V, Berger K. The association between depressive mood and cognitive per-
bem como a inclusão de indivíduos saudáveis e idosos em formance in an elderly general population: the MEMO Study. Dementia
estágio mais grave da depressão. and Geriatric Cognitive Disorders 2006;22:142-149. [10] Associação Psi-
Discussão: No entanto, a partir desse trabalho, veri- quiátrica Americana – APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtor-
ficou-se que a depressão em idosos cursa com alterações nos mentais. 4a ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. [11] Hamilton, M.
cognitivas, sobretudo, observa-se um comprometimento A rating scale for depression. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1960;23:562.
na atenção, memória de trabalho, capacidade de reversi- [12] Moreno RA, Moreno DH. Escalas de depressão de Montgomery &
bilidade e ainda recordação imediata. Observa-se ainda Asberg (MADRS) e de Hamilton (HAM-D). Rev Psiq Clín 1998.
102
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
103
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
Tabela 3. Porcentagem de idosos com prejuízos nas funções neu- rebaixamento do humor e sintomas ansiosos (Tabelas 2 e
ropsicológicas de acordo com a patologia apresentada 3). A análise dos escores apresentados nos testes deve estar
DA DVS ID correlacionada a uma interpretação qualitativa, pois um
Atenção 40% 100% 100% baixo rendimento em um teste que avalia, por exemplo, a
Percepção de Objetos 80% 0% 0% capacidade de nomeação, não quer dizer necessariamente
Percepção viso-espacial 100% 80% 0% que esta função esteja prejudicada. Observa-se que uma
Fluência fonética FAZ 40% 50% 20% agnosia visual pode interferir no teste de nomeação, e o
Fluência semântica 100% 80% 60% baixo escore, nesta situação, não é indicativo de uma ano-
Nomeação 90% 80% 20% mia. Desta forma, a Tabela 3 apresenta a análise do de-
Compreensão verbal 0% 0% 0% sempenho cognitivo de cada grupo baseando-se na análise
Praxia ideomotora 80% 60% 0% quantitativa e qualitativa da avaliação neuropsicológica. A
Praxia viso-construtiva 100% 80% 10% análise comparativa intragrupos evidencia um prejuízo
Memória imediata visual 90% 80% 50% de funções executivas comum aos três grupos estudados.
Memória imediata auditiva 10% 10% 0%
Com relação às divergências, vale ressaltar que o grupo
Armazenamento auditivo 100% 0% 0%
ID não apresentou alterações da percepção visual e praxia
Recuperação auditiva 0% 90% 20%
ideomotora. O prejuízo na capacidade de armazenar in-
Função executiva 100% 100% 90%
formações recentes mostrou-se presente apenas no grupo
Depressão 30% 40% 100%
Ansiedade 10% 40% 100%
DA, sendo que os grupos DVS e ID apresentaram arma-
Desorientação temporal 70% 40% 10% zenamento adequado com dificuldades na recuperação da
Desorientação espacial 10% 50% 0% informação. O déficit de atenção foi menos comum no
Velocidade de processamento 0% 50% 30% grupo DA. Conclui-se que nesta amostra o desempenho
Tremor 10% 50% 0% cognitivo diferiu-se de acordo com a patologia apresenta-
DA: doença de Alzheimer; DVS: doença vascular subcortical; ID: idoso com de- da, considerando-se os aspectos inerentes ao perfil neuro-
pressão sem demência. psicológico cortical e subcortical. O diagnóstico precoce
no idoso permite a elaboração de estratégias preventivas
que podem retardar e/ou melhorar a evolução do paciente.
sentou alterações atentivas, com prejuízo viso-espacial, Tais achados apontam a necessidade de um estudo popu-
apraxia ideomotora, anomia, déficit em funções executivas lacional em nosso país. Compreender estes aspectos é bas-
e na evocação mnemônica, associados a depressão e len- tante útil para a tentativa de elucidação da fisiopatologia da
tidão na velocidade de processamento (Tabelas 2 e 3). O doença e para o melhor cuidado do paciente e seu familiar.
grupo DA obteve alterações principalmente do armazena- Referências: [1] Forlenza OV, Nitrini R: doença de Alzheimer.
mento da memória, com agnosia visual, apraxia, prejuízo In: Fráguas Jr R, Figueiró JAB (Eds). Depressões secundárias: depressões
em função executiva e desorientação temporal (Tabelas 2 associadas a condições médicas e medicamentos. Rio de Janeiro: Athe-
e 3). Estudos apontam para alterações iniciais da memória neu, 2001:109-118. [2] Hototian SR, Bottino CMC, Azevedo D. Critérios
episódica e dificuldades na aquisição de novas habilidades e Instrumentos para o diagnostico da síndrome demencial. In: Bottino
em pacientes com demência de Alzheimer, evoluindo com CMC, Laks J, Blay SL. Demência e transtornos cognitivos em idosos. Rio
perda gradual das outras funções3. Em relação ao grupo de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006:51-67. [3] Logiudice D. Dementia:
ID observa-se baixo desempenho nos testes atentivos, an update to refresh your memory. Intern Med J 2002;32:535-540. [4]
com leve dificuldade na evocação mnemônica e dificulda- Román GC. Defining dementia: clinical criteria for the dignosis of vascu-
des em testes que avaliam a função executiva associado ao lar dementia. Acta Neurol Scand 2002;106(Suppl. 178):6-9.
104
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DAS ALTERA- Tabela 1. Classificação dos sintomas de alteração da linguagem
ÇÕES DE LINGUAGEM NAS DEMÊNCIAS nos grupos DSC e DSB.
SUBCORTICAIS DA SUBSTÂNCIA BRANCA E Sintomas DSC DSB
CINZENTA Fluência não-fluente* não-fluente
LACERDA, MCC (UFG); CAIXETA, LF (UFG) Prosódia comprometida normal
Introdução: Até o século XX, acreditava-se que o dano
Disartria presente ausente
cortical era o maior substrato neuropatológico da disfun-
Parafasia presente presente
ção cerebral. Contudo pesquisas começaram a investigar a
possibilidade de que algumas desordens envolvendo lesões Apraxia ausente presente
seletivas das estruturas subcorticais, também poderiam Compreensão comprometida comprometida*
acarretar alterações na cognição e linguagem (Mandell & Nomeação comprometida* comprometida
Albert, 1990). A demência de susbtância branca (DSB) é Repetição ruim ruim
um termo introduzido por Filley em 1988, chamando a Escrita ruim ruim
atenção para a morbidade causada pela perda da habili- *maior comprometimento; DSC: demência subcortical cinzenta; DSC: demência
dade cognitiva em pacientes que apresentaram desordens subcortical branca.
de substância branca. Desde então, o termo demência de
substância branca (DSB) foi introduzida como uma enti-
dade clínica2,7. A DSB não necessariamente tem sempre o tiva na comparação do desempenho dos grupos subcorti-
mesmo perfil clínico, a característica clínica do paciente cais com o grupo cortical, houve um pior desempenho no
pode depender das topografias específicas das lesões de teste no primeiro grupo. A mesma comparação foi realiza-
substância branca no cérebro e também da evolução da da entre os grupos DSB e DSC e os resultados demonstra-
doença e do momento dessa evolução quando se avalia o ram também não haver diferença significativa entre eles,
paciente. Assim como na DSB, compreender os distúrbios no entanto, a partir da terceira parte do teste houve pior
de linguagem nas demências da região subcortical cinzen- desempenho do grupo DSC. Segue abaixo as observações
ta também representa um desafio, tendo em vista a varie- qualitativas referentes aos atributos da linguagem nos
dade de sintomas que podemos encontrar. Isso acontece grupos DSC e DSB.
não somente devido à heterogeneidade das estruturas en- Discussão: Não obstante as alterações de linguagem
volvidas (gânglios da base e diversos núcleos talâmicos), estarem tradicionalmente relacionadas ao comprometi-
mas também devido à complexidade funcional dos circui- mento cortical, nosso estudo mostrou que tais alterações
tos prejudicados nessas lesões6. estão presentes nas demências subcorticais. De forma ge-
Objetivo: Realizar um perfil das alterações de lingua- ral, o resultado mais importante encontrado refere-se a
gem e os processos cognitivos envolvidos nessas alterações graves e frequentes alterações de linguagem no grupo DSB
nas demências subcorticais da substância branca e cinzen- em praticamente todos os domínios linguísticos. Entre as
ta e em seguida estabelecer uma comparação intra e inter alterações observadas, os domínios mais gravemente en-
grupos. volvidos foram os de compreensão ideacional complexa,
Metodologia: Foram avaliados 15 pacientes com DSB, fluência verbal, discurso oral e gráfico (contextualização
8 com DSC e 14 com demência cortical diagnosticados cli- de idéias) e nomeação. As dificuldades na compreensão
nicamente e através de neuroimagem. Todos os pacientes podem ser secundárias a déficits executivos, bem como
também foram submetidos à avaliação neuropsicológica alteração na habilidade lexical. Este último déficit pode
geral. Foram aplicados os seguintes testes: teste Boston ser explicado pela lesão das conexões de ambos os circui-
para diagnóstico das afasias (TBDA), teste de nomeação tos do giro temporal superior e giro temporal médio5. A
de Boston (TNB), teste Token, fluência verbal - categoria produção oral mostrou a dificuldade dos pacientes em
semântica e a prancha roubo dos biscoitos. expressar suas idéias, bem como desempenhar domínios
Resultados: Os resultados mostraram que os grupos importantes como planejamento, coerência e manutenção
subcorticais apresentaram pior desempenho com relação da atenção, que são atribuídos à função executiva do lobo
ao grupo cortical, apresentando diferenças significativas frontal. A dificuldade em manter as ideias encadeadas, ge-
no teste de nomeação de Boston (GC×DSC=p<0,024; rando um texto confuso, sem direcionalidade e marcado
DSB×DSC=p<0,038) e nas provas de compreensão e pro- muitas vezes pela ausência dos alvos semânticos princi-
dução oral e gráfica do teste Boston para diagnóstico das pais da figura temática proposta, denota dificuldades des-
afasias com pior desempenho dos grupos subcorticais. No se grupo que vão desde o acesso semântico das palavras à
teste Token, muito embora não houve diferença significa- falta de coerência e coesão das estruturas nela envolvidas8.
105
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
As habilidades semânticas comprometidas no grupo DSB ções da linguagem observado neles, na medida em que se
são observadas nos testes de nomeação e fluência verbal. O avança no tempo de doença e na idade destes três pacien-
baixo desempenho observado se justifica pela dificuldade tes, parece refletir o padrão de evolução de alterações ob-
no acesso e recuperação semântica, somados aos déficits servado ao longo do tempo em um mesmo indivíduo. Os
executivos envolvendo a atenção, dificuldade de categori- dados reforçam a hipótese de que a patologia neoestriatal
zação, planejamento e pela própria alteração da memória progressiva afeta o processamento linguístico também de
semântica1. No que diz respeito às alterações de linguagem forma progressiva, na dependência principalmente da du-
no grupo DSC a característica marcante foi à presença de ração da doença de cada caso.
disartrofonias associadas com as formas hipercinéticas Referências: [1] Catani M. From hodology to function. Brain
de doença extrapiramidal, que ocorre em pacientes que 2007;130:602-605. [2] Filley CM, Franklin GM, Heaton RK, Rosenberg
apresentam distúrbios do movimento que interferem nos NL. White matter dementia: clinicaldisorders and implications. Neurop-
padrões normais do movimento como coréia e atetose. sychatry Neuropsychol Behav Neurol 1988;29-254. [3] Filley CM.The
Esses movimentos adicionais irrompem a fala em base behavioral neurology of cerebral white matter. Neurology 1998;50:1535-
intermitente, resultando na perda do seu padrão normal. 1540. [4] Filley CM. White matter and behavioral neurology. Ann N Y
A fluência da fala desse grupo também estava comprome- Acad Sci 2005;10(1064)162-183. [5] Glasser MF, Rilling JK. DTI tracto-
tida, com redução do número de palavras e fala entrecor- graphy of the human brain’s language pathways. Cerebral Corte 2008;18:
tada (redução da extensão da frase) possivelmente devido 2471-2482. [6] Radanovic M, Mansur L, Azambuja MJ, et al. Contribu-
ao comprometimento do acesso semântico-lexical que é tion to the evaluation of language disturbances in subcortical lesions.
feito de múltiplos processos que requerem integridade do Arq Neuropsiquiatr 2004;62:51-57. [7] Rao SM, Leo GJ, Aubin-Faubert
núcleo caudado, com múltiplas redes aferentes de áreas de ST. On the nature of memory disturbance in multiple sclerosis. Journal
associação cortical. É importante relatar que nesse grupo of Clinical and Experimental Neuropsychology 1989;11: 699-712. [8]
foram incluídos três pacientes da mesma família. Dessa Stuss DT, Levine B. Adult clinical neurpsychology. Lessons from studies
forma observamos que, o gradiente crescente de altera- of the frontal lobes. Annu Rev Psychol 2002;53:401-433.
106
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
NOMEAÇÃO POR CONFRONTO VISUAL. UM e é apontada como indicador presente em todas as for-
ESTUDO NORMATIVO DE CONCORDÂNCIA mas de afasia que constituem processos de deterioração da
NA NOMEAÇãO DE FIGURAS NA POPULAÇãO linguagem1. O instrumento de avaliação de competência
BRASILEIRA em nomeação mais utilizado mundialmente na avaliação
Ferreira, SFB (PPSSP-UCG); Nalini, LEG (PPSSP-UCG); neuropsicológica é o teste de nomeação Boston (BNT)2,3.
Pasquali, L (LABPAM-DF) Este instrumento foi criado nos Estados Unidos e sua
Introdução: A nomeação é uma habilidade de lingua- concepção obedeceu a uma frequência de ocorrência de
gem que se estabelece logo nos primeiros anos de vida itens apresentados na cultura americana baseado em um
constituindo-se um forte indicador de desempenho lin- estudo de Oldfield e Wingfield2 e serviu de base para a de-
guístico e mnemônico. A anomia constitui-se um preditor finição de itens do BNT. Um estudo posterior contendo
de dificuldades na aquisição da linguagem oral e escrita 400 figuras4 foi conduzido buscando-se a concordância,
107
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
familiaridade e complexidade visual das figuras em adul- física do instrumento coletaram-se dados de identificação
tos (30 sujeitos) e crianças (30 sujeitos). O uso do BNT é e assinatura do participante. O participante era convida-
questionado na população brasileira. Uma adaptação foi do a colaborar com o estudo e após concordar colhia-se a
proposta5. No entanto, persiste a dificuldade de estabelecer assinatura no termo de consentimento livre e esclarecido.
a frequência de ocorrência dos itens na cultura brasileira Os dados eram registrados nominalmente na planilha
induzindo falsos positivos6 na avaliação neuropsicológica. Excel® e posteriormente convertidos em dados numéricos.
Neste sentido buscou-se a partir do trabalho de Cycowitz O tratamento estatístico de frequência e moda foi realizado
e colaboradores3 definir a frequência de ocorrência e con- no SPSS® (statistical package for social science) versão 14.
cordância na nomeação de itens para o estudo na popu- Resultados: A Tabela 1 apresenta os resultados brutos
lação brasileira. e o percentual de concordância de respostas para os 78
Objetivo: O objetivo deste trabalho é produzir um co- itens consultados. Dos itens consultados, 36 apresentaram
nhecimento sobre concordância de nomeação de figuras mais de 95% de concordância. Os itens de maior estabi-
na população brasileira. lidade foram bicicleta (99%); tesoura (99,4%); cenoura
Metodologia: Sujeitos: Participaram do levantamento (99,4%); óculos (99%); escada (99%); abacaxi (100%);
de dados 510 sujeitos das 26 unidades federativas do Brasil. zebra (99,2%); gravata (99,2%); peixe (99,2%); elefante
As idades variaram entre 18 e 71 anos, sendo 340 do sexo (99,6%); leão (99,4%); pente (99,6%); martelo (99,2%) e
feminino e 170 do sexo masculino. A escolaridade variou banana (99,8%). Os itens que apresentaram menos esta-
de Ensino Fundamental a Pós-graduação. Instrumentos: bilidade foram: totem (36,5); pretzel (22%). Os itens 22
Os dados foram coletados por meio de um formulário (cebola); 35 (totem) e 37 (pretzel) apresentaram proble-
aberto disponibilizado em uma página da internet. O su- mas de iconicidade. O item televisor foi o que apresentou
jeito acessava voluntariamente a página e podia desistir a maior variabilidade de nomes (apenas 6,3% de concor-
qualquer tempo. Para atingir um público de menor esco- dância). Dois dos três itens de controle do teste de nome-
laridade, foi disponibilizada uma versão física do instru- ação Boston, pretzel (22%), e pelicano (51,6%), apresen-
mento que continha 9 páginas sendo que haviam 9 figuras taram baixa concordância. Um item de controle pirâmide
nas oito primeiras páginas e 6 na última página. Um traço apresentou (94,7%) de concordância.
abaixo de cada figura indicava o lugar que o participan- Discussão: Os resultados corroboram dados da litera-
te deveria registrar o nome da figura. Procedimentos: Os tura que indicam a importância de um estudo prévio dos
participantes que responderam aos formulários virtuais itens para construção de testes psicológicos. Este estudo
foram abordados a partir de uma lista de endereços ele- confirmou algumas dificuldades com itens do Instrumen-
trônicos e acessavam voluntariamente a página clicando to original BNT. Este estudo pode fornecer bons itens para
no link de acesso. O participante era instruído a preen- serem usados com segurança na construção de testes de
cher os campos contendo dados de identificação: nome, nomeação e em publicações de ensino de leitura inciden-
idade, sexo, escolaridade, cidade de origem e residência. tal para crianças.
Em seguida, havia as seguintes instruções: “Abaixo você Referências: [1] Goodglass H, Wingfield A. Anomia: neuroana-
encontrará figuras. Você deverá colocar o NOME da figu- tomical and cognitive correlates. California: Academic Press, 1997. [2]
ra. Não demore mais de 20 segundos em cada item. Caso Goodglass H, Kaplan E. The Assessment of afhasia and related disor-
reconheça a figura e não se lembre do nome responda ders. Second edition. Philadelphia: Lea e Febiger, 1983. [3] Goodglass H,
NÃO ME LEMBRO. Caso não conheça a figura responda Kaplan E, Weintraub S. Boston Naming Test: short and standart form.
NÃO CONHEÇO.” A cópia física contendo 78 figuras com Austin, Texas: Proed, 2001. [4] .Cycowitz YM, Friedman D, Rothstein
as mesmas instruções era entregue ao participante e ele M, Snoodgrass JG. Picture naming by young children: norms for name,
a preenchia utilizando uma caneta esferográfica ou lápis. agreement, familiarity and visual complexity. Journal of Experimental
O formulário aberto disponibilizado na internet gerava Child Psychology 1997;65:171-237. [5] Camargo CP. Adaptação do tes-
uma planilha nominal em formato Excel®. Tal planilha te de nomeação de Boston. São Paulo: Estudo não publicado, 1996. [6]
registrava o IP (internet protocol) do computador utiliza- Damasceno BP. Envelhecimento cerebral: os limites entre o normal e pa-
do, como forma de melhor controle de coleta. Na versão tológico. Arq Neuropsiquiatr 1999;57(1):78-83.
108
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
índice de autores
ABRISQUETA-GOMEZ, J..................................................................... 6, 9 BRANDÃO, L........................................................................................... 53
AFIUNE, FG......................................................................32, 44, 47, 56, 67 BRASIL, MGN.........................................................................39, 40, 55, 59
ALCHIERI, JC.......................................................................................... 84 BRITO, GNO............................................................................................ 26
ALENCAR, EMT...................................................................................... 47 BUENO, OFA....................................................................48, 50, 51, 56, 94
ALMEIDA, CBG....................................................................................... 64 CABOCLO, LOSF............................................................................... 50, 51
ALMEIDA, VM........................................................................................ 28 CABRAL, S............................................................................................... 45
ALVES, IS.................................................................................................. 27 CAIXETA, CM..............................................................................29, 34, 54
ALVES, MRP...................................................................................... 26, 65 CAIXETA, L............................................................... 1, 6, 72, 74, 76, 78, 92
ALVES, S................................................................................................... 40 CAIXETA, LF............................................33, 34, 44, 47, 49, 52, 57, 58, 59,
AMARAL, V............................................................................................... 2 60, 64, 65, 66, 71, 73, 74, 80, 105
AMORIM, PM......................................................................................... 28 CAIXETA, MF...............................................................................29, 34, 54
ARANTES, MA........................................................................................ 60 CAIXETA, VM...................................................................29, 34, 54, 57, 58
ARAUJO, NB.......................................................................................... 101 CALDAS, HOL......................................................................................... 61
ARAÚJO, RS....................................................................................... 36, 56 CAMPOS, AF..........................................................................27, 28, 30, 36
ARNAUT, D...................................................................................24, 45, 46 CAMPOS, WB........................................................................................ 103
ÁVILA, RT.......................................................................................... 72, 73 CAMPOS, WC.......................................................................................... 19
AZEVEDO, PL.......................................................................................... 14 CARAMURU, RC..................................................................................... 33
AZEVEDO, PVB....................................................................................... 14 CARDOSO-MARTINS, C....................................................................... 28
BANDEIRA, DR................................................................................. 51, 88 CARMO, AM...................................................................................... 28, 45
BANDEIRA-LOPES, D.............................................................................. 8 CARMO, AMD................................................................................... 36, 56
BARBOSA, ACC................................................................................... 8, 22 CARRASCO, F.......................................................................................... 57
BARBOSA, ACV....................................................................................... 32 CARREIRO, LRR..................................................................................... 22
BARBOSA, DM..................................11, 32, 44, 47, 54, 56, 59, 64, 67, 103 CARRER, J................................................................................................ 20
BARBOSA, ENB....................................................................................... 65 CARUSO, L............................................................................................... 61
BARBOSA, HM........................................................................................ 59 CARVALHO, KCN............................................................................... 9, 33
BARBOSA, LNF....................................................................................... 31 CARVALHO, WL....................................................................................... 7
BARBOSA, VLM...................................................................................... 60 CAVALCANTI, ASP................................................................................. 38
BARBOZA-FERREIRA, SF...................................................................... 26 CELESTINO, ACB.................................................................................... 32
BARROS, AC...................................................................................... 26, 65 CENTENO, RS......................................................................................... 50
BARROS, N................................................................................................ 1 CHAGAS, PP...................................................................................... 31, 39
BARROS, NM........................................................ 44, 49, 57, 58, 64, 73, 74 CHAVES, ATT.......................................................................................... 27
BASTOS, ICC........................................................................................... 65 CHAVES, LFS........................................................................................... 13
BATISTA, AX............................................................................................ 26 CHAVES, M........................................................................................ 28, 45
BECKER, N.............................................................................................. 53 CHAVES, MPR................................................................................... 36, 56
BELLINI, B............................................................................................... 45 CHAVES, NTM........................................................................................ 20
BETTI, MR............................................................................................... 57 CONDE, BR............................................................................................. 27
BICALHO, MA......................................................................................... 72 CONDE, BRB........................................................................................... 28
BOLOGNANI, S................................................................................. 48, 94 CORDÁS, TA............................................................................................ 43
BOLOGNANI, SAP.................................................................................. 56 CORRÊA, H....................................................................................... 47, 49
BORGES, FS............................................................................................. 37 CORREA, MCCB..................................................................................... 30
BORGES, KCM........................................................................................ 52 COSTA, AJ................................................................................................ 27
BRANCAGLION, M.......................................................................... 47, 49 COSTA, DS............................................................................................... 29
BRANCAGLION, MY.............................................................................. 58 COSTA, FG......................................................................................... 19, 75
109
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
110
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
MALLOY-DINIZ, LF............................. 2, 27, 28, 30, 36, 47, 48, 49, 50, 58, OLIVEIRA, CM........................................................................................ 43
67, 68, 69, 70, 72, 73, 75, 82, 86 OLIVEIRA, DG.......................................................................................... 8
MANSUR, CG.................................................................................... 45, 46 OLIVEIRA, JDC....................................................................................... 72
MANSUR, LL..................................................................................... 16, 17 OLIVEIRA, LFS........................................................................................ 39
MARCOLIN, MA............................................................................... 45, 46 OLIVEIRA, ME.............................................................................49, 57, 58
MARQUES, SC......................................................................................... 55 OLIVEIRA, PHT...................................................................................... 49
MATA, FG........................................................................................... 30, 36 OLIVEIRA, T............................................................................................ 32
MATTOS, P.............................................................................................. 82 PACHECO, FB.......................................................................................... 30
MAURANO, STP............................................................................... 32, 55 PACHECO, JF........................................................................................... 41
MECCA, TP.......................................................................................... 8, 22 PACHECO, PFDM................................................................................... 37
MEDEIROS, ME...................................................................................... 13 PARENTE, MAMP................................................................................... 88
MEDEIROS, VM........................................................................................ 7 PASQUALI, L.................................................................................... 25, 107
MELO, CB................................................................................................. 26 PASSOS, F................................................................................................. 30
MELO, LPC........................................................................................ 69, 70 PASSOS, FM............................................................................................. 36
MENDES, MFX........................................................................................ 65 PAULA, JJ.............................................................. 68, 69, 70, 72, 73, 75, 86
MENDONÇA, EFM................................................................................. 13 PAWLOWSKI, J.................................................................................. 51, 88
MENDONÇA, LIZ............................................................................... 2, 10 PELEJA, AAC......................................................... 44, 49, 57, 58, 64, 73, 74
MESQUITA, GGF.................................................................................... 64 PELEJA, AC................................................................................................ 1
MICHELI, LR..................................................................................... 29, 39 PELLEGRINO, VB................................................................................... 34
MINERVINO, CM................................................................................... 84 PENTEADO, RV................................................................................ 61, 62
MIRANDA, LFR....................................................................................... 72 PEREIRA, A................................................................................................ 2
MIRANDA, O........................................................................................... 18 PEREIRA, DA........................................................................................... 67
MIZIARA, DOB....................................................................................... 64 PEREIRA, LL...................................................................................... 61, 62
MONTEIRO, LC...................................................................................... 61 PESSOA, FB.............................................................................................. 15
MONTEIRO, MF..................................................................................... 56 PINTO, IS................................................................................................... 8
MORAES, EM.......................................................................................... 72 PINTO, J................................................................................................... 32
MORAES, EN........................................................ 68, 69, 70, 72, 73, 75, 86 PISKE, LEB............................................................................................... 62
MORAES, HS......................................................................................... 101 POLIA, AA.................................................................................................. 7
MORAES, I............................................................................................... 16 PORTO, CS............................................................................................... 15
MORAES, PHP.................................................................................. 47, 58 PRADO, CC.............................................................................28, 36, 45, 56
MORAES, PP...................................................................................... 30, 36 PRESTE, LS.............................................................................................. 10
MORAIS, PHP......................................................................................... 49 PRIORI, D.......................................................................................... 24, 90
MOREIRA, L...................................................................................... 50, 72 QUADROS, JI........................................................................................... 32
MOREIRA, PHCMS................................................................................ 29 QUEIROZ, FP.................................................................................... 48, 56
MOURA, P............................................................................................... 32 QUEIROZ, VC.......................................................................................... 33
MOURA, RJ........................................................................................ 29, 31 RABELO, DF............................................................................................ 71
MOYSÉS, C............................................................................................... 10 RAGAZZO, PC........................................................................................... 4
MYCZKOWSKI, ML...............................................................24, 45, 45, 46 RANGEL, AFM........................................................................................ 27
NALINI, LEG................................................................................... 24, 107 REGO, AN................................................................................................ 22
REGO, MGS....................................................................................... 38, 60
NERY, M................................. 23, 32, 44, 47, 52, 54, 55, 56, 59, 64, 67, 103 REIMER, CHR..............................................................................20, 29, 65
NETO, GSS............................................................................................... 35 REMOR, E................................................................................................ 88
NEVES, F.................................................................................................. 50 RIBAS, AB................................................................................................ 23
NEVES, FS.......................................................................................... 47, 49 RIBEIRO, MO.................................................................................... 37, 38
NICOLATO, R..................................................48, 50, 68, 69, 70, 72, 73, 86 RIBEIRO, PL............................................................................................ 45
NOSSA, P................................................................................................... 2 RICARDO, LBM................................................................................ 69, 70
OGIONI, FS............................................................................................. 30 RIGOLI, M............................................................................................... 57
111
Dement Neuropsychol 2010 November;Suppl 1:
112
Apoio: