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Alphonsus - Guimaraens 2

poesia 2
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ALPHONSUS DE GUIMARAENS. (Ouro Preto, Minas Gerais. sl) Morreu em’ Julho 92! Aphonsus Gumoraens, pseudérimo de Manso Henrique de Coste Guimaraes fo! um sector bras'era, 8 posse 36 ‘Alphonsus de Guimoraers & marcacomente misica © ‘nvahide com relgiosidode colsica 9102 visualeoctes ® Qo Os Oe 425 0nine XXXII - ISMALIA Quando Ismélia enlouguecey, Pés-se na torre a sonhar. Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar. Queria subir ao céu, Queria descer ao mar. E, no desvario seu, Na torre pés-se a cantar. Estava perto do céu, Estava longe do mar. E como um anjo pendeu AAs asos para voor. Queria a lua do céy, Queria lua do mar. ‘As asas que Deus Ihe deu Ruflaram de par em par. Sua alma subiv ao céu, Seu corpo desceu a0 mar. Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: livro lirico do poeta Alphonsus de Guimaraens (1923), Poema integrante da série As Cancdes. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdusdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 231-232. (Biblioteca Iuso-brasileira. Série brasileira, 20) A CATEDRAL CHE wrurius, WO JUTIye, SUTYE U GUTUTG. O hialino orvalho aos poucos se evapora, Agoniza 0 arrebol A catedral eburnea do meu sonho Aparece, na paz do céu risonho, Toda branca de so! E 0 sino canta em lugubres responsos: “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" astro glorioso segue a eterna estrada, Uma durea sete Ihe cintila em cada Refulgente raio de luz A catedral eburnea do meu sonho, Onde os meus olhos tao cansados ponho, Recebe a béncdo de Jesus. E 0 sino clama em ligubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" Por entre lirios e lilases desce Atarde esquiva: amargurada prece Pée-se a lua a rezar. A catedral eburnea do meu sonho Aparece, na paz do céu tristonho, Toda branca de Ivar. E 0 sino chora em ligubres responsos: “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” 0 céu 6 todo trevas: o vento viva. Do relampago a cabeleira ruiva Vem agoitar 0 rosto me, Ea catedral ebérnea do meu sonho Afunda-se no caos do céu medonho Como um astro que jé morreu, E 0 sino geme em ligubres responsos "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" Publicado no periédico Vida de Minas (Belo Horizonte, 30 set. 1915), In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugéo de Edvardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 289. (Biblioteca |uso-brasileira. Série brasileira, 20) Ill - SALMOS DA NOITE © minha amante, eu quero a volupia vermelha Nos teus bragos febris receber sobre @ boca; Minh'alma, que ao calor dos teus labios se engelha E morre, hé de cantar perdidamente louca O peito, que a uma furna escura se assemelho, De magicos flordes 0 teu olhar me touca; Ao tev ldbio que morde e tem mel como a abelha Dei toda a vida...e eterna ela seria pouca Ao tev olhar, oceano ora em calme ora em Furia, Canta a minha paix um salmo funda e terno, Como 0 ganide ac lar de uma cadela esptria, — Salmo de tédio e dor, hausteante, negro e eterno, E no entanto eu te sigo, 6 verme da luxirio, Eno entanto eu te adoro, 6 céu do meu inferno! In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugéo de Eduardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 540-541. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20). Poema ntegrante da série Salmos de Noite EPIFONA Nossa-Senhora, quando os meus olhos Semicerrados, j4 na agonia, Nao mais louvarem os vossos olhos. Valei-me, Virgem Maria. Por entre escolhos, por entre sirtes, Consolai os meus olhos tristes. Nossa-Senhora, quando os meus bracos Nao mais se erguerem, j4 na agonia, Oh! dai-me © auxilio dos vossos bracos. Valei-me, Virgem Maria, Por entre escolhos, por entre sirtes, Auxiliai os meus braces tristes, Nossa-Senhora, quando os meus labios Nao mais falarem, jé na agonia, Desca 0 consolo dos vossos labios. Valel-me, Virgem Maria. Por entre escolhos, por entre sirtes, Consolai os meus labios tristes, Nossa-Senhora, quando os meus passos Se transviarem, 4 na agonia, Vinde guiar-me com os vossos passos Valel-me, Virgem Maria. Por entre escolhos, por entre sirtes, Sede guia aos meus posses tristes. Conceigéio-do-Serro, 1896-1898 Fim de "Setendrio das dores de Nossa-Senhora”” Publicado no livro Setendrio das dores de Nossa Senhora. Camara Ardente: poemas compostos por Alphonsus de Guimaraens (1899). Poema integrante da série Si das Dores de Nossa Senhora ni In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho Introdugdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 168. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20) IV - NOIVA N'as-tu pas sent le gout des éternelles amours? H, DE BALZAC Noiva... minha talvez... pode bem ser que o sejas. Nao me disseste a0 certo 0 dia em que voltavas O céu € claro como 0 teto das igrejas Vens de 6 com certeza. Humildes como escravas, Curvadas ainda estéo as estrelas morosas: E bem se vé que algum excelso vulto branco Passou por elas, entre arcarias de rosas, Revolto o manto de ouro, afagando-Ihe o flanco. Hé tanto tempo que te espero, e espero embalde. Nao sabia que assim tao diferente vinhas, Tinhas negro 0 cabelo: entanto a nuvem jalde, Que © doura todo, 0 faz to outro do que tinhas! Quando morreste, o sol era morto, e ainda agora Para mim se prolonga essa noite de guerra. ‘Acaso vens com 0 teu olhar de eterna aurora: Aclaré-la outra vez, vindo de novo & terra? Vejo-te a imagem tdio destacada no fundo Deste meu sonho, que é como se eu ndo sonhasse. Cheio da nostalgia estelar de outro mundo, Tem as magoas de um astro 0 palor da tua face, Caminhas, ¢ os teus pés sublimes nem de leve Tocam a fior do solo: o ar impalpdvel pisas. Ora se abaixa, ou se ergue 0 teu corpo de neve. Parece que te véo bercando auras e brisas, O peristilo arcual da tua boa se move: Soabre-se: a fulva luz que a ilumina contemple. Falas: como me pasma e inebria e comove Toda a purpura real do interior desse templo! Parece que um hinal de suaves litanias Acompanha a tua voz nas palavras que soltas. Nao sabia que assim to outra voltarias: Eras de negro olhar, de olhar azul tu voltas. Que me admira se vens de olhar azul e louro Cobelo? Nao ¢ a mesma a tua formosura? Voltas do céu, € a cor celestial é azul e € ouro, E € todo este clardo que a imagem te moldura Noiva... minha talvez...e por que nao? Setembro Volta, Setembro é o més das laranjeiras castas. Vens de grinalda bronco, @ voar.. Ah! bem me lembro, Aveste com que foste é a mesma que hoje arra: s, Foste de branco e vens de branco ainda trajada, A tunica nupcial que em niveas dobras desce Pelo teu corpo, tem a brancura sagrada Dos alvos corporais do altar exposto & prece. O parélio do génio imortal que te anima Surge no resplandor que te aureola a cabeca, Atenta escutas os meus versos rima a rima, E mandas que em cada um a tua Alma apareca, Quero abracar-te e nada abraco... 0 que me assombra E que te vejo e ndo te encontro com os meus bragos, Morta, beijei-te um dia: hoje tu és uma sombra Exilada do céu para seguir-me os passos. Imagem - 00010003 Publicado no livro Dona Mistica, 1892/1894 (1899). Poema ntegrante da série IV - Noiva In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Orgenizacao de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugéo de Eduardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 105-106. (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20), L-FILHOS © amor, a cada filho, se renova Mesmo no inverno, brilha a primavera E 0 coracio dos pais, sedento, prova O néctar suave de quem tudo espera. Vai-se a lua, e vem outra lua nova. Allo filhos... (@ quem os néo quisera?) S60 frut 15 que criamos para a cova, Melhor fora que Deus no-los ndo dere. Frutos de beljos e de abracos, frutos Dos instantes fugazes, voluptuosos, Rosério interminavel de noivados. Filhos.. S60 flores para velhos lutos. Por que Jesus nos fez to venturosos, Para sermos depois tio desgracados? Publicado no livro Poesias (1938). Poema integrante da In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacdo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdusdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 355. (Biblioteca |uso-brasileira. Série brasileira, 20) XI - A PASSIFLORA, ‘A Passiflora, flor da Palxéo de Jesus, Conserva em si, piedosa, os divinos Tormentos: ‘Tem cores roxas, tons magoados e sangrentos Das Chagas Santas, onde o sangue 6 como luz Quantas méos a colhé-Io, e quantos seios nus Ver, suaves, aninhé-la em queixas e lamentos! Ao tristonho claréo dos poentes sonolentos, Sangram dentro da flor os emblemas da Cruz. Nas noites brancas, quando a lua é toda cirios, O seu calice é como entristecido altar Onde se adora o dor dos eternos Martirios. Dizem que entdo Jesus, como em tempos de outrora, Entre as pétalas pousa, inundado de Ivar. Ahl Senhor, a minha alma é como a passiflora! Publicado no livro Poesias (1938). Poema integrante da série Caminho do Céu / Estrada de Jacé In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Orgenizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 311 (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20), Vill [Al DOS QUE VIVEM, SE NAO FORA O SONO. Ai dos que vivern, se néo fora o sono! Q 501, brilhando em pleno espago, cai Em cascatas de luz: desce do trono E belie a terra inquleta, como um pal E surge a primavera. O dureo patrono Da terra é sempre o mesmo sol. Mas ai Da primavera, se ndo fora 0 outono, Que vem e vai, e volta, e outra vez val Ao niveo luar que vaga nos outeiros Sucedem sombras. Sempre a lua tem A escuriddo dos sonhos agoureiros. Tudo vem, tudo vai, do mundo é « sorte So a vida, que se esvai, ndio mais nos ver. Mas ai da vido, se ndo fora a morte! Publicado no Jornal do Comércio (Juiz de Fora, 23 mar. 1919). In: GUIMARAENS, Alphonsus de, Obra completa Organiza¢éo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugdo de Eduardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 334. Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20). XXIV [DEUS E A LUZ CELESTIAL QUE OS ASTROS. UNGE E VESTE Deus ¢ a luz celestial que os astros unge e veste, E dessa eterna luz nés todos fomos feitos. Um fulgor de oracées brilha nos nossos peitos: E 0 reflexo estelar dessa origem celeste, © homer mais louco e vil, cuja alma impia se creste ‘Aos fogos infernais dos mais torpes defeitos, De vez em quando sente esplendores eleltos, Que tombam nele como o luar sobre um cipreste. Quem néo sentiv no peito a caricia divina, A-enché-lo de clardes na transparéncia hialina De um astro que cintila em pleno azul sem véus? Tudo € luz na nossa alma, e o mais vil, o mais louco, Flam enhe mia acta wide & iim eal ane diurn navies E que Deus vive em nés como dentro dos céus. Publicado no livro Poesias (1938). In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa. Organizagéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugdo de Eduardo Portella. Notas biogréticas de Jo&o Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 317. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20), XXIV - CARNAVAL! CARNAVAL! (Jovelino Gomes) Chibante, ora a bater numa zabumbo, Oro a tocar uma buzina rouco, Queira 0 deus infernal que eu ndo sucumba Nesta farra em que estou, bulhenta e loucal Nao sel se tombarei na minha tumbo, Que a minha forca para a luta ¢ pouca Este bombo de modo tal retumba Que até me faz a pobre orelha mouca. Mas seguirei avante, destemido, Alerta sempre o desvairado ouvido, Nos pinchos desta enorme pagodeira Berrorel, urrarel, com todo 0 gosto, Tendo mais feia mascara no rosto Do que a cara do Sento de Oliveira! In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J, Aguilar, 1960. p, 582-583. (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20). Poema integrante da série Em Mariana: Outras Sétiras / Versos Humoristicos XVII - SERENADA A HENRIQUE MALTA Da noite pelos ermos Choram violées ‘S60 como enfermos Coracées. Dorme a cidade inteira Em agonia. Alua é uma caveira Que nos espia Todo 0 céu se recama De argéntea luz. Uma voz clama Por Jesus. A quletude morta Do lar se espalma E ao lvar em cada porta, Expira uma alma. Passam tremendo os velhos. Ide em paz, © evangelhos Do Aqui-Jaz! Toda a triste cidade E um cemitério. Hé um rumor de saudade E de mistério. ‘Anuvem guarda 0 pranto Que em si contém, Do rio 0 cant Chore além, De sul a norte passa, Como um segredo, Um hausto de desgraga: Ea voz do medo. Hé pela poz noturna Um celestial silencio de urna Funeral Pela infinita magoa Que em tudo existe, Ougo 0 marulho da égua, Sereno e triste Da noite pelos ermos Choram violées ‘S60 como enfermos Coracées. E em meio da cidade Orio corre, Conduzindo a soudade De alguém que morre. Publicado no livro Pastoral aos crentes de amor e da morte: livro lirico do poeta Alphonsus de Guimaraens (1923). Poema integrante da série As Cancées. In: GUIMARAENS, Alphonsus de, Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J, Aguilar, 1960. p. 219-220 (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20) XL [O CEU E SEMPRE O MESMO: AS NOSSAS. ALMAS O céu é sempre o mesmo: as nossas almas E que se mudam, contemplando-o. € certo. Umas vezes esté cheio de palmas; Outras vezes é sé como um deserto, Quem sabe quando vem as horas calmas? Quem sabe se a ventura vem bem perto? Homem de carne infiel, em vao espalmas As tuas asas pelo céu aberto. © que nos cerca é a fugitiva imagem Do que sentimos, do que longe vernos, Sempre sofrendo, sempre em vassalagem, Avida é um barco a voar. Soltem-se os remos. Somos felizes s6 porque morremos Publicado no livro Poesias (1938). Poema integrante da série Sonetos / Pulvis. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Orgenizacao de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugo de Eduardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 350. (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20), XIV - SALMOS DA NOITE A ALVES DE FARIAS Proserpina do mal, da-me o veneno, dé-me ‘A delicia que escorre em teu seio de neve. Para que ainda eu te ame, Abre o rio do beijo ensanguentade e leve, O Létis que me faz esquecer que és infame. Eu sonho que o teu leito é a barca de Caronte, Que desce pelo mar brumoso das orgias; E fronte unida & fronte Vamos nés, eu e tu, tu e eu, noites e dias, ‘Sem ar no peito sem clardes pelo horizonte ‘Abre o seio infernal, abre o olhar negro e terno, ‘Onde geme o calor, onde soluga o frio. Tu que és filha do inferno, Podes abrir no peito um sepulcro sombrio, Onde ¢ minh’alma durma um sono may e eterno. Filha ideal de Sata, que o meu olhar absorto Pouse nos olhos teus, pego medonho € atro Onde paira 0 conforto, E a dor, como as visdes de um tenebroso teatro, Onde uma palhaco canta, onde repousa um morto. Beljo talhada em carne, abismo eternamente Sombrio e mau, por onde espio e me debruco, ‘Abre 0 seio dormente, Chore © tev pranto falso, e que em cada soluco LU fey pony, Cu Sue U YUE Ue Urine Se YEH IS: In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Orgenizacao de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugéo de Edvardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 548-549. (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileiro, 20). Poema ntegrante da série Salmos da Noite XIV - ARIA DO LUAR lwar, sonora barcarola Aroma de argental cacoula, Azul, azul em fora rola. Cauda de virgem lacrimosa, Sobre montanhas negras pouso, Da luz na quietacdo radiosa Como lenc6is claros de neve, Que © so! filtrando erm luz esteve, E transparent, & branco, é leve. Eurritmia celestial das cores, Parece feito dos menores E mais transcendentes odores, Por essas noites, brancas telas, Cheias de esperancas de estrelas, luar € 0 sonho das donzelas Tem cabalisticos poderes Como os olhares das mulheres: Melancoliza e enerva os seres. Afunda na dgua o alvo cabelo, E brilha logo, algente e belo, Em cada lago um sete-estrelo. Cantos de amor, salmos de prece, Gemidos, tudo anda por esse Olhar que Deus é terra desce. Pela sua asa, no ar revolta, A Alma da amada aos beijos solta Rola, sonora barcarola, Aroma de argental cacoula, O lwar, azul em fora, rola, Publicado no livro Dona Mistica, 1892/1894 (1899). Poema integrante da série V - Arias e Cancées. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacdo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugéo de Edvardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 115-116. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20) XIl - NOITE DE LUAR AMARINHO DE ANORADE © luar, dé-me na tua asa branca o seu beijo, Dé-me a sua caricia, o seu amor e aquela Doce luz que roubaste aos meigos olhos dela, Que ¢ toda a minha vida e todo o meu desejo. Uma estrela falar-me uma noite assim velo, Delxando ne minh‘alma um cristalino rasto: "E impossivel que o Ivar sendo assim puro e casto Nao Ihe tenha roubado a brancura do sei!” E tu 6 Ivar, disseste assim risonho: "Deixa Falar a estrela! Foi esse astro que, sonhando, luz branca do olhar Ihe roubou, terno e brand, Enquanto a noite vinha arrancar-Ihe a madeixa” Estrela, mentes? Luar, mentes também? Seria Uma blasfémia cruel dizer agora ao certo Se de vés velo a luz que ela tem, ou se 0 aberto Olhar que tendes, dela em gotas velo um dia. Uma blasfémia,. Pois ev néo posso dizer-vos Se ela ¢ do céu, ou se vés sols da terra, tanto E 0 sensualismno que me vern do vosso pranto, Tanta é a celeste luz que me ven dos seus nervos! In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdusdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J, Aguilar, 1960. p, 546-547, (Biblioteca |uso-brasileira. Série brasileira, 20). Poemna ntegrante da série Salmos da Noite Tem cheiro a luz, a manhé nasce.. : Oh sonora audi¢éo. colorida do aroma! SONETO DE OFELIA Lirio do val perdido na corrente, Sigo formosa e frio entre outros lirios. Na cabega, uma c'roa de martirios: Nos olhos virginais, a paz silente As estrelas virdo acender cirios , suaverente: E a lua beljar-me-4, calma e dolente, ~ Alua que abencoou os meus delirios. No fundo deste leit Que venha o vago luar que anda nas covas ‘Atorcalar-me a fronte, onde vagueia O beljo etéreo € tragico de Hamleto. Formosa como vou, com flores novas Beljando a minha cor de lua-chela, © Principe ter-me-d Eterno Afeto. Publicado no livro Poesias (1938). Integrante da série Pulvis que, segundo Jodo Alphonsus, reine “os vltinos versos do ida poeta”, Segundo da série Lendo Shakespeare, con: por quatro sonetos In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugdo de Eduardo Portella. Notas biogréficas de Jodo Alnhnnenie Rin da Ianainns | Anuiinr 16M m X90 (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20). O LAGO DE TAI-HU (Poesia chinesa de Yang-Pi) Uma apés outra (os ares sdo tranqtilos) ‘As gondolas deslizam suavemente. O espaco cortam sons de flauta...e a gente Tem 0 ouvido encantado s6 de ouvi-los. (Oh Lago de Tai-Hu! Poente vermelho. (Q vento morre em calmaria e o undoso Céu, replete de azul, ven luminoso Refletir-se no movedico espelho. Publicado no livro Poesias (1938). Segundo Jodo Alphonsus, traducéo de poema que se encontra como parte inicial da terceira novela, Mariage Forcé, em Trois Nouvelles Chinoises traduites pour la premiére fois par le Marquis D'Hervev-Saint-Denis (1885) In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacéo de Alphonsus de Guimaraens Filho, Introdugéo de Edvardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 199. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 20), LXxIV - A CLAUDIO MANU DA COSTA As margens destas aguas silenciosos, Quantos vezes bercaste a alma dorida, Esfolhando por elas, como rosas, As suaves ilusdes do tua vida Vias 0 doce olhar das amorosas Refletido na linfa entristecida E, ao pér do sol das vésperas lutuosas, Erguer-se 0 vulto da mulher querida. Se é tdo dolente o Ribeiréo do Carmo, Onde com as méos proféticas armaste Os castelos de amor que ora desarmo! O teu sonho deixaste-o nestas aguas. E hoje, revendo tudo que sonhaste, Por elos também deixo as minhas mégoas Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: livro lirice de poeta Alphonsus de Guimaraens (1923). Poema integrante da série Os Sonetos. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa Organizacdo de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugéo de Edvardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 285 @iblioteca luso-brasileira, Série brasileiro, 20). IV - OUVINDO UM TRIO DE VIOLINO, VIOLETA E VIOLONCELO Simbolicamente vestida de roxo (Gram flores roxas num vestido preto) Tao tentadora estava que um diabo coxo Fez rugir a carne no meu esqueleto. Toda @ pureza do meu amor por ela Se foi num sopro tombar no pé. Os seus olhos intercederam por ela. Mais uma vez eu vi que néo me achove s6. Simbolicamente vestida de roxo Talvez saudade de vide mais caime) Tao macerada estava que a asa de um mocho Adejou agoureira pela minha Alma Todos 08 sonhos do meu amor por ela Vieram atormentar-me sem d6, Mas ninguém ne terra intercedeu por ela Para divinizé-la era bastante eu sé. Buihlienan na thirn Rann Mision 1809/1804 71200 Pram integrante da série V - Arias e Cangées. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa, Organizacdo de Alphonsus de Guimaraens Filho. Introdugéo de Eduardo Portella, Notas biogréficas de Jodo Alphonsus. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960. p. 108-109. (Biblioteca luso-brasileira, Série brasileira, 20)

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