Surto de insensatez
No surto de insensatez que assola o mundo no geral e no particular o Brasil, paciente em estado grave na UTI a espera de um clínico com experiência médica multidisciplinar, que entenda de unha encravada a desarranjos físicos e mentais de toda espécie, de preferência que no rol das qualificações seja politicamente ambidestro no trato, capaz de diagnosticar com precisão os problemas a direita ou a esquerda do fragilizado freguês, que clama por socorro urgente, antes que por solidariedade só nos reste o triste compadecimento e orações por um redentor milagre para salvação do gigante adormecido, que como tal precisa acordar para não padecer dormindo.
Dispensando as metáforas e os sábios ditados populares aos quais recorremos para tornar mais fácil a compreensão do recado, aos desprovidos de cautela e principalmente de vergonha, sem arrodeios os “sem vergonha” do pedaço, faz-se urgente encontrar na multidão planetária ou pelo menos na dimensão geográfica do país, alguém que consiga enxergar o risco que estamos correndo dessa situação evoluir para o caos fora de controle, a exemplo de históricos e gravíssimos acontecimentos experimentados ao redor do mundo em todos os tempos.
Observamos, que na disputa partidária ideológica, como a que vem ocorrendo no futebol, paixão nacional, não se verifica propriamente uma disputa, mas sim um confronto fratricida parecendo a arena da Roma antiga para delírio da plateia ensandecida em transe hipnótico.
E o velho e querido Brasil, onde fica? Certamente, abandonado, desprezado, vez que só importa o singular “eu” e tão somente o “eu”, desprezo completo e absoluto ao “nós”, todos nós, incrédulos e desorientados pelos oportunistas de plantão de todos os matizes.
A sedução pelo poder é tão aguda, que não se contentam apenas com um, dois ou três períodos de glória, querem mais, muito mais, quem sabe vitalício como o mandato papal, ou mesmo nas monarquias, começando e terminando por livre e espontânea vontade do Rei, ou por força maior, decorrente de problemas de saúde, ou quem sabe despejados do trono por descontentamento popular, sendo assim é sempre bom refletir para não correr riscos evitáveis, talvez seja melhor curtir os troféus do que já foi um dia, do que a triste dúvida ou certeza de que já basta! Não será mais de jeito nenhum, aí mais uma vez nossa coleção de ditados populares se impõe, “de onde menos se espera, daí mesmo é que não sai”.
Individual ou coletivamente está faltando autocrítica à Nação, para reconhecer os erros grotescamente praticados pelos antagonistas e tirar lições dos mal feitos cedendo no todo ou em parte, espaços a novas alternativas, sob a orientação de um saudável, ético e civilizado gabinete de crise, onde ódio, balas e outros venenos mortais não estejam na pauta das discussões visando a desejável reconciliação nacional, e se porventura insistirem em “golpe”, que seja de sorte e lucidez.
* Consultor empresarial ([email protected]).
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