A difícil virada de página entre a Alepe e o Governo de Pernambuco
Presidente da Casa, deputado Álvaro Porto faz discurso duro contra o Executivo. Governistas reagem
A virada de página que governistas e oposicionistas propõem desde a eleição para composição das comissões na Assembleia Legislativa parece cada vez mais distante.
A volta do presidente da Casa, Álvaro Porto, após 15 dias de licença cultural, inflamou os ânimos. Contundente em seu discurso, o deputado criticou a interferência do Palácio na formação dos colegiados.
Considerou a conduta “truculenta, inapropriada, intimidatória e ofensiva à Casa”. Apontou que o Governo recorreu a práticas que indicam coação e ameaça.
Denunciou ser frequente, às vésperas de votações importantes, deputados serem chamados para ouvir ofertas de benefícios e cargos quase nunca cumpridos.
Reclamou da carta de repúdio subscrita por 26 deputados e encaminhada ao presidente em exercício, Rodrigo Farias, e tomou as dores para si. “Teve o intuito de atingir a mim e a Assembleia.”
Governistas reagiram. Nenhum de forma tão veemente.
O deputado João Paulo Lima e Silva abriu mão do discurso para afirmar que na condição de mulher Raquel Lyra tem encontrado dificuldade para governar.
Observou que PSB e bolsonaristas estão aliados já pensando em 2026.
Um dos vice-líderes do Governo, Antônio Moraes reforçou o descumprimento do regimento interno da Casa. E declarou ser natural do processo político a interferência.
“Não venham com a pureza de dizer que não houve. Teve interferência do prefeito do Recife e até de Bolsonaro e de outras figuras”, arrematou.
Líder do Governo, Socorro Pimentel negou interferência da governadora, pregou a harmonia, ressaltou a autonomia a partir da liderança de Porto e defendeu que todos sejam tratados equitativamente e tenham direito de expor sua insatisfação.
LIBERADO PARA VIAGENS
Líder do PSB na Alepe, o deputado Sileno Guedes disse ser necessário respeitar a Casa e o tamanho que ela tem. Destacou o papel de protagonista de Álvaro Porto e o legado dele à frente da presidência. Ressaltou o desempenho de Rodrigo Farias como interino e liberou o presidente para outras viagens. Foi aparteado oito vezes. Dois governistas: Wanderson Florêncio e Socorro Pimentel.
GESTÃO É O ALVO
A deputada Gleide Ângelo retrucou declarações de quem relacionou críticas à governadora Raquel Lyra à condição de mulher. “Farei as críticas necessárias, independentemente de quem estiver no Palácio, seja homem ou mulher. É questão de gestão.”
OUTROS TÍTULOS
“Título de golpista, de inelegível, de chefe de uma organização criminosa”, bradou a deputada Rosa Amorim, repudiando o Título de Cidadão de Vitória recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Na Câmara, a vereadora Kari Santos defendeu que o liberal deveria já estar na cadeia.
REFORÇO
O Governo de Pernambuco tem agora quatro vice-líderes na Alepe. A estratégia mantém a estrutura de gabinete dos deputados Antônio Moraes, Adalto Santos, Joãozinho Tenório e William Brigido. Reforça também a defesa das ações governamentais na Casa.