Instituto do Verbo Encarnado
O Instituto do Verbo Encarnado (IVE) é um instituto religioso católico fundado na Argentina pelo Padre Carlos Miguel Buela, sacerdote desde 1971,[1] a 25 de Março de 1984. É um instituto clerical de vida consagrada, previsto no cânone 588 do Código de Direito Canónico,[2] de direito diocesano[3] que inclui tanto padres como irmãos religiosos, tanto da vida apostólica como da contemplativa. O Instituto é a primeira ramificação masculina da Família Religiosa do Verbo Encarnado, estabelecida pelo Padre Buela; os outros dois ramos são a comunidade religiosa feminina conhecida como Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM) e a Terceira Ordem Secular.
Os membros do Instituto imitam e seguem o Verbo Encarnado professando votos de castidade, pobreza e obediência. Estes são os três pilares evangélicos através dos quais o religioso almeja alcançar o estado de perfeição cristã.
Para além destes, um quarto voto de escravidão mariana é professado, tudo de acordo com os ensinamentos de São Luís Maria Grignion de Montfort. Através deste voto, os membros consagram a sua vida inteira à Abençoada Virgem Maria, por forma a "marianizar" as suas vidas, fazendo tudo “através de Maria, com Maria, em Maria e para Maria.”[4]
Trata-se de um instituto missionário e, segundo o desejo do fundador, são priorizados os lugares de missão para onde ninguém quer ir, onde a Igreja mais necessite.[5]
História
[editar | editar código-fonte]O Pe. Carlos Miguel Buela fundou o Instituto do Verbo Encarnado na Argentina a 25 de Março de 1984, na Solenidade da Anunciação do Senhor, no mesmo dia em que o Papa São João Paulo II consagrou o mundo a Nossa Senhora de Fátima,[6] com a aprovação do Bispo León Kruk, na Diocese de San Rafael.[7]
Alguns anos depois, em 1988, o Padre Buela fundou o ramo feminino, o Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, com o mesmo carisma e missão. Desde o início que o Padre Buela havia recebido também muitos pedidos de leigos para partilhar a espiritualidade do Instituto, e participar do seu apostolado. Por forma a responder a estes pedidos, o Padre Buela fundou a Terceira Ordem Secular. Após passar quase duas décadas nos estádios iniciais enquanto nova comunidade religiosa, o Instituto tornou-se uma congregação religiosa de direito diocesano a 8 de Maio de 2004,[8] sob a orientação do bispo diocesano residente, Andrea Maria Erba, da Diocese de Velletri-Segni, perto de Roma, em Itália, onde se localizam as instalações principais do Instituto.
Desde a sua fundação original na Argentina, a Família Religiosa do Verbo Encarnado tem-se estendido pelo mundo, contando com membros em 38 países e territórios,[9] abrangendo os cinco continentes.
Escândalos
[editar | editar código-fonte]Na sequência da denúncia de uma vintena de seminaristas que acusavam o fundador do Instituto, D. Carlos Miguel Buela, de abusos sexuais, um decreto da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, assinado pelo Cardeal Gardin em 2010, considerou estas acusações plausíveis e considerou D. Buela culpado de comportamentos impróprios com adultos[10] . Teve então de deixar a Argentina e retirar-se para a Abadia de La Pierre-qui-Vire, em França. Em 2016, mudou-se para Génova, em Itália. O Instituto do Verbo Encarnado continua a referir-se ao seu fundador no seu sítio Web[11] , homenageia-o após a sua morte e mantém o silêncio sobre os abusos. Vários artigos descrevem um litígio persistente com a Santa Sé[12] e um "governo sombra" denunciado pelo Cardeal Santos Abril, Comissário Pontifício da Congregação, que proíbe qualquer homenagem ao fundador, demitido pelo Vaticano sob Bento XVI[13].
Ver também a página muito completa da wikipedia em alemão.
Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM)
[editar | editar código-fonte]O Instituto Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (SSVM) é o ramo feminino da Família Religiosa do Verbo Encarnado. Compõe-se de irmãs tanto de vida apostólica como de vida contemplativa.O nome “Servidoras” faz referência às mulheres fiéis que se encontravam ao pé da cruz (cf. Lc 8, 1-3), e foi usado por São Luís María Grignion de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção, nº 56. A segunda parte do nome “do Senhor e da Virgem de Matará” se refere a Cristo Crucificado e a sua Mãe Santíssima, que se encontram na Cruz de Matará usada pelas irmãs, já que Jesus, em Sua Cruz, e a Virgem Maria devem ser o fundamento de sua espiritualidade.
A Cruz de Matará é uma cruz esculpida em madeira por um nativo da tribo de Matará, na Argentina, evangelizada no século XVI. Os mistérios fundamentais de nossa fé estão gravados na cruz: a Criação, simbolizada pelo sol e a lua, o nascimento de Cristo, simbolizado pela Estrela do Presépio, os instrumentos da Paixão de Cristo e a Crucificação, a Eucaristia, a Santíssima Virgem Maria, representada como uma rainha espanhola, e as chamas do purgatório. É uma das mais antigas cruzes utilizadas na evangelização do Novo Mundo e, por esta razão, as Servidoras lhe têm uma grande devoção. Não só a usam como um símbolo da evangelização da cultura e de consagração total a Cristo crucificado, mas também porque o Instituto toma seu nome dela.
Pe. Buela fundou as Servidoras com o “único desejo de dar a Jesus Cristo esposas segundo o seu Coração”; é por isso que a vocação principal das religiosas é a de ser esposas de Cristo e esposas das almas, através dos votos de sua consagração, realizando, de modo especial, a sua própria feminilidade.
Com a profissão religiosa, as irmãs comprometem todas as suas forças para inculturar o Evangelho; daí a amplitude de seu apostolado, já que se empenham no anúncio da Palavra de Deus em todas suas formas: no estudo e ensino em universidades e colégios; por meio de publicações; na catequese e oratórios; por meio da realização de missões populares e exercícios espirituais; na educação e formação cristã de crianças e jovens; nas obras de caridade com os mais necessitados (crianças abandonadas, deficientes, doentes, idosos, etc).
Para manifestar a sua própria consagração, as religiosas não abrem mão de seu hábito, o qual inclui:
• uma túnica cinza;
• um véu branco, para as irmãs noviças;
• um véu azul, para as irmãs professas;
• a Cruz de Matará;
• um anel de bodas, para a profissão perpétua.As cores do hábito representam o mistério da Encarnação: a cor azul, a divindade de Cristo, e a cor cinza, a sua humanidade.
As irmãs de rito bizantino, conforme tradição, usam o hábito de cor preta.
Simbologia do Escudo do IVE
[editar | editar código-fonte]I. Descrição do Escudo
[editar | editar código-fonte]Prata, um escudo francês, cruzado (cruz grega) de vermelho. Na cruz, na cabeça e no flanco direito e esquerdo, três chamas de ouro. No centro uma coroa de ouro. Na base, um lírio prateado.
No canto direito e esquerdo de cima e no canto direito e esquerdo da base, quatro letras pretas.
O escudo carrega uma espada de prata e é cercado por um rosário de ouro.
II: Simbologia das cores: (nomes provençais)
[editar | editar código-fonte]1) ouro: fé, caridade, temperança e nobreza 2) prata (argente): castidade, santidade, humildade e alegria.
2) Prata (Argente): castidade, santidade, humildade e alegria.
3) Vermelho (Goles): Amor a Deus e ao próximo, força, magnanimidade, generosidade e grandeza.
4) Preto: Constituições, sabedoria, prudência e honestidade.
III. Simbologia do Escudo
[editar | editar código-fonte]O escudo traduz as idéias tomadas de dois escritos de São Luis Maria Grignion de Montfort, o qual está ligado intimamente à espiritualidade do Instituto.
A. Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria:
Terão na boca a espada de dois gumes da palavra de Deus; em seu ombros ostentarão o estandarte ensangüentado da cruz, na direita, o crucifixo, na esquerda o rosário, no coração os nomes sagrados de Jesus e de Maria, e em toda a sua conduta, a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo. (Nº 59).
B. Súplica Ardente (ou Oração Abrasada):
Filhos: Escravos de vosso amor e de vossa vontade; homens segundo vosso coração, que, sem vontade própria que os macule e faça parar, executem todas as vossas vontades e derrubaram todos os vossos inimigos, quais novos Davids, com o cajado da cruz e a funda do santíssimo Rosário, nas mãos (Nº 8).
O carisma do instituto é “inculturar” o Evangelho, isto é, prolongar a Encarnação do Verbo em todo homem e em todas as manifestações do homem, por isso a cruz vermelha que cobre todo o campo de prata, indica que a verdade de Cristo deve incluir a todos os homens e a todas as realidades do homem as quais transforma santificando-as e levando a alegria da salvação, enquanto que a coroa de ouro expressa seu reino eterno e universal.
As três flamas (chamas) são os três votos religiosos segundo os conselhos evangélicos: obediência, pobreza e castidade. O lírio representa à Santíssima Virgem e faz referencia ao quarto voto dos
membros do Instituto em materna escravidão de amor de Jesus em Maria segundo Montfort.
As quatro letras são as iniciais das palavras em latim: “Verbum caro factum est” (Jo 1,14), com as que São João no prólogo de seu Evangelho, faz referencia a Encarnação da segunda Pessoa da Santíssima Trinidade. Deste mistério referido a nosso Senhor Jesus Cristo o Instituto toma seu nome.
O Instituto é fundamentalmente missionário, portanto, seus membros tem a responsabilidade de levar, transmitir e pregar a Palavra de Deus que “é viva e eficaz, mais penetrante do que espada de dois gumes” (Heb 4,12). O terço significa a oração e a presença inseparável de Maria no trabalho apostólico..[14]
Referências
- ↑ «Catholic.net :: P. Carlos Miguel Buela» (em espanhol). Consultado em 12 de março de 2016
- ↑ Código de Direito Canónico
- ↑ «Approvazione | IVEroma - Istituto del Verbo Incarnato». roma.ive.org. Consultado em 12 de novembro de 2015
- ↑ Constitutions and Directory of Spirituality. New York: IVE Press. 2013. 317 páginas. ISBN 9781939018274
- ↑ «Info Católica | «Pienso todos los días en el martirio como una novedad»» (em espanhol). Consultado em 25 de junho de 2016
- ↑ «Papal Consecrations to the Immaculate Heart». www.ewtn.com. Consultado em 12 de novembro de 2015
- ↑ «IVE America :: Founder» (em inglês). Consultado em 12 de março de 2016. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2016
- ↑ «Ente | Vicariatus Urbis». www.vicariatusurbis.org. Consultado em 12 de novembro de 2015
- ↑ Albânia, Argentina, Bolívia, Brasil, Canada, Chile, Chipre, Equador, Egipto, França, Gaza, Alemanha, Grécia, Guiana, Hong Kong, Islândia, Israel, Itália, Jordan, Cazaquistão, Lituânia, México, Holanda, Palestina, Papua Nova Guiné, Paraguai, Peru, Filipinas, Rússia, Espanha, Síria, Tanzânia, Taiwan, Tajiquistão, Tunísia, Ucrânia, Estados Unidos da América
- ↑ «La Iglesia admite que el fundador de una congregación cometió abusos». valoresreligiosos.com.ar (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ «Acerca de nosotros – IVE Argentina» (em espanhol). Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ «Nuevo varapalo de Santos Abril al IVE: "Se ha obrado sin mi conocimiento en una lista de actuaciones ilegales interminable"». Religión Digital (em espanhol). 26 de abril de 2023. Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ «El cardenal Santos Abril denuncia «un gobierno en la sombra» en el Instituto del Verbo Encarnado». Aleteia.org | Español - valores con alma para vivir feliz (em espanhol). 10 de outubro de 2022. Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ «El escudo del IVE | Servidoras del Señor y de la Virgen de Matará | SSVM». www.servidorasdelsenor.org. Consultado em 15 de fevereiro de 2020