Hermes (Museu Pio-Clementino)
Hermes | |
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Autor | Desconhecido |
Técnica | mármore |
Dimensões | 195 centímetro |
Localização | Museu Pio-Clementino |
O Hermes do Museu Pio-Clementino, um dos museus do Vaticano, em Roma, foi durante muito tempo admirado como o Antínoo do Belvedere, por estar exposto em grande destaque no Pátio do Belvedere. Atualmente é referenciado com o número de inventário 907, no Museu Pio-Clementino.
Identificação
[editar | editar código-fonte]O rosto idealizado não é, de facto, o que é associado a Antínoo, o amante do Imperador Adriano.[1] A túnica, uma clâmide, atirada sobre o ombro esquerdo e enrolada à volta do antebraço esquerdo, e o descontraído contrapposto permitem identificar a escultura como um Hermes, um dos modelos típicos de Praxiteles. Hoje em dia, considera-se[2] que se trata de uma cópia da era de Adriano (início do século II) de um bronze de Praxíteles ou um escultor da sua escola.
Descrição
[editar | editar código-fonte]A estátua, em tamanho real[3], mostra um jovem nu, com uma clâmide sobre o ombro e no antebraço esquerdo. É uma variante do tipo de Andros[4], que tem a clâmide e uma serpente enrolada na árvore de suporte, sendo que a árvore e a serpente permitem a a identificação de Hermes como psicopompo; esta obra foi fortemente influenciada pelo Hermes com o bebé Dionísio de Praxíteles.[5]
História
[editar | editar código-fonte]A escultura foi comprada para o Papa Paulo III, em 1543, que deu mil ducados a "Nicolau de Palis por uma bela estátua de mármore... o que Sua Santidade mandou colocar no jardim do Belvedere."[6] O local mais provável para a sua descoberta é um jardim próximo do Castelo de Santo Ângelo,[7] que era propriedade de Palis.
A estátua ficou imediatamente famosa, tendo ficado conhecida por Antinous Admirandus: fazia parte de todos os relatos sobre antiguidades clássicas observadas em Roma, de todos os livros sobre arte clássica, era universalmente admirada e foi copiada em bronze e mármore, para Fontainebleau, no século XVI, e Versalhes, no século XVII. Uma cópia em bronze por Hubert Le Sueur figurava nas coleções de Carlos I da Inglaterra, antes de ser adquirida por Oliver Cromwell,[8] e outra, fundida pelos irmãos Keller, estava na coleção de Luís XIV da França.[9] Uma cópia em mármore foi comprada por Pedro, o Grande,[10] e várias cópias em bronze podem ser encontradas em diversos museus, como por exemplo em Milão ou Berlim.[11]
Poussin via nela um modelo estético de proporções ideais[12] e, em 1683, Gérard Audran incluiu-a na sua coleção de gravuras como representando As proporções do corpo humano medidas nas mais belas estátuas da antiguidade, como guia para os jovens escultores.[13] Winckelmann classificou-a como uma estátua "de primeira classe" e admirava-lhe muito a cabeça, "sem dúvida, uma das mais belas cabeças masculinas da Antiguidade", embora criticasse os pés, o estômago e as pernas.[14] À época de Winckelmann, a identificação da estátua com Antínoo já fora refutada e julgava-se que, em vez disso, representaria Meleagro, herói da caçada ao javali de Cálidon. A identificação definitiva como Hermes foi feita pelo académico Ennio Quirino Visconti no seu catálogo do Museu Pio-Clementino (1818–1822).[15]
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Isto já era conhecido antes de Winckelmann (History of the Art of Antiquity, II), mas a identificação como Hermes só foi sugerida por Ennio Quirino Visconti no seu catálogo de 1818 dos museus do Vaticano. J. J. Pollitt, “Masters and masterworks”, in O. Palagia e J. J. Pollitt, Personal Styles in Greek Sculpture, Cambridge University Press, p.8.
- ↑ Wolfgang Helbig, Führer durch die öffentlicher Sammlungen klassischer Altertümer in Rom 4.ª ed. (Tün) 1963-72).
- ↑ 1,95 metros de altura
- ↑ Antes no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, MNA 218, está hoje no museu de Andros com o número de catálogo MA 245.
- ↑ Brunilde Sismondo Ridgway, Fourth-Century Styles in Greek Sculpture, University of Wisconsin Press, 1997, p. 337 ; Claude Rolley, La Sculpture grecque II : la période classique, Picard, 1999, p. 265.
- ↑ Brummer 1970:212, citado em Haskell and Penny 1981:141.
- ↑ O Castelo de Santo Ângelo foi construído para ser o mausoléu de Adriano.
- ↑ Haskell and Penny, p. 41-42.
- ↑ Haskell and Penny, p. 54.
- ↑ Haskell and Penny, p. 117.
- ↑ Haskell and Penny, p. 109.
- ↑ (em francês) Daniela Gallo, notas a edição da Pochothèque (Livre de Poche, 2005) de História da Arte Antiga de Johann Joachim Winckelmann, p. 675, nota 23.
- ↑ Haskell and Penny, p. 56.
- ↑ Winckelmann, História da Arte Antiga.
- ↑ Jerome J. Pollitt, Introduction: masters and masterworks, in O. Palagia and J. J. Pollitt (éd.), Personal Styles in Greek Sculptures, Cambridge University Press, 1999, p. 8.
Referências
[editar | editar código-fonte]- Brummer, Hans Henrik, 1970. The Statue Court in the Vatican Belvedere (Estocolmo).
- Haskell, Francis, e Nicholas Penny, 1981. Taste and the Antique: the Lure of Classical Sculpture 1500-1900 (Yale University Press), cat. no. 4, pp 141–43.
- Helbig, Wolfgang, 1963-72. Führer durch die öffentlichen Sammlungen der klassistischer Altertümer in Rom, (Tübingen) 4.ª ed., I, pp 190–91.