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Geometria Euclidiana Espacial e Introdu C Ao' A Geometria Descritiva

O documento aborda conceitos fundamentais da Geometria Euclidiana Espacial e introduz a Geometria Descritiva, incluindo postulados sobre retas e planos, suas intersecções e propriedades. Ele apresenta uma estrutura organizada com seções e exercícios para facilitar o aprendizado. O material é uma preparação para o estudo mais aprofundado da geometria, com exemplos práticos como a construção de pirâmides e cones.
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

Geometria Euclidiana Espacial e Introdução à


Geometria Descritiva

Material em preparação!!

Luciana F. Martins e Neuza K. Kakuta

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - 2007


Sumário

1 Retas e planos 3
1.1 Postulados e primeiros resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Determinação de um plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Semi-espaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Paralelismo entre reta e plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7 Paralelismo entre planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.8 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.9 Perpendicularismo entre retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.10 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.11 Planos perpendiculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.12 Proporcionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.13 Distâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2 Noções de Geometria Descritiva 27


2.1 Sistemas de projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3 Estudo da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3.1 Épura de uma reta qualquer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3.2 Épura de uma reta horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3.3 Épura de uma reta frontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3.4 Épura de uma reta fronto-horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3.5 Épura de uma reta de topo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3.6 Épura de uma reta vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3.7 Épura de uma reta de perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5 Determinando retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

1
2.6 Pontos onde uma reta intercepta os planos de projeções . . . . . . . . . . . . . . 35
2.7 Convenção para pontos na épura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.8 Pertinência de ponto e reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.9 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.10 Estudo do plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.11 Épura de planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.11.1 Plano horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.11.2 Plano frontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.11.3 Plano de topo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.11.4 Plano vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.11.5 Plano de perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.12 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

3 Poliedros 50

Referências Bibliográficas 55

2
Capı́tulo 1

Retas e planos

Denotaremos pontos do espaço com letras latinas maiúsculas A, B, X, Y, . . . , retas com letras
latinas minúsculas r, s, t, . . . e planos com letras gregas maiúsculas Π, Π′ , Γ, . . . .

1.1 Postulados e primeiros resultados


Postulados da reta

R.1 Qualquer que seja a reta, existem pontos que pertencem e não pertencem a reta.

R.2 Por dois pontos distintos do espaço passa uma única reta.

Notação: A reta que passa pelos pontos A e B será denotada por ℓ(A, B).

Postulados do plano

P.1 Por três pontos não colineares do espaço passa um único plano.

P.2 Qualquer que seja o plano, existem pontos que pertencem e pontos que não pertencem
ao plano.

P.3 Se dois planos tem um ponto em comum, então eles possuem mais de um ponto em
comum.

P.4 Os casos de congruência de triângulos da Geometria Plana também são válidos para
triângulos situados em planos distintos.

Notação: Dados A, B e C pontos não colineares, o único plano que passa por estes pontos será
denotado por hA, B, Ci. Assim, se Π é um plano que contém A, B e C, então Π = hA, B, Ci.

3
Proposição 1.1. Dados dois pontos distintos existe um plano que os contém.

Demonstração. Sejam A e B pontos distintos. Pelo Postulado [R.2] existe uma reta r que passa
por A e B. Pelo Postulado [R.1] existe um ponto C tal que C ∈
/ r. Assim, A, B, C são não
colineares e portanto pelo postulado [P.1], existe um plano Π contendo A, B e C.

Teorema 1.2. Se uma reta possui dois de seus pontos em um plano, então ela está contida
nesse plano.

Demonstração. Seja r = ℓ(A, B). Pela proposição anterior, existe Π um plano contendo A e
B. Vamos mostrar que r ⊂ Π. Da Geometria Plana, existe uma única reta s ⊂ Π contendo A
e B. Assim, como r e s são retas contendo A e B, segue do Postulado [R.2] que r = s. Logo,
r ⊂ Π.

Como conseqüência temos as seguintes possibilidades para a posição relativa entre uma reta
r e um plano Π :

a) r ∩ Π = ∅. Neste caso dizemos que r é paralela à Π ;

b) r ∩ Π é um único ponto. Neste caso dizemos que r é secante à Π ;

c) r ⊂ Π .

Notação: Quando uma reta r é paralela à um plano Π, denotaremos por r k Π.

A existência de retas secantes ou contidas em um plano segue dos resultados anteriores.


Porém, ainda não sabemos sobre a existência de retas paralelas a um plano dado.

Corolário 1.3. Sejam Π e Π′ dois planos distintos e A e B dois pontos distintos em Π ∩ Π′ .


Então ℓ(A, B) = Π ∩ Π′ .

Demonstração. Como A, B ∈ Π ∩ Π′ , então pelo Teorema 1.2, ℓ(A, B) ⊂ Π ∩ Π′ . Suponha que


ℓ(A, B) Π∩Π′ . Então existe C ∈ Π∩Π′ tal que C ∈
/ ℓ(A, B). Assim, A, B e C são três pontos
não colineares. Logo, pelo Postulado [P.1], hA, B, Ci é o único plano passando por A, B, C, e
portanto Π = hA, B, Ci = Π′ , o que é um absurdo. Logo, ℓ(A, B) = Π ∩ Π′ .

Teorema 1.4. Se dois planos distintos têm um ponto em comum então a sua interseção é uma
reta.

Demonstração. Sejam Π e Π′ dois planos distintos e seja A ∈ Π ∩ Π′ . Pelo Postulado [P.3],


existe um ponto B 6= A tal que B ∈ Π ∩ Π′ . Pelo corolário acima, ℓ(A, B) = Π ∩ Π′ .

4
Como conseqüência do teorema acima temos as seguintes possibilidades para a posição
relativa entre dois planos Π e Π′ :

(a) Π ∩ Π′ = ∅. Neste caso dizemos que os planos são paralelos;

(b) Π ∩ Π′ é uma reta. Neste caso dizemos que os planos são secantes;

(c) Π = Π′ . Neste caso dizemos que os planos são coincidentes.

Notação: Se Π e Π′ são planos paralelos, denotaremos por Π k Π′ .

Assim como ocorre para o caso entre reta e plano, também não sabemos ainda sobre a
existência de planos paralelos. Veremos nas seções sobre paralelismo a existência de ambos.

Exemplos 1.5. Construção de pirâmides e cones: Seja Π um plano e A1 , . . . , An pontos


em Π tal que P = A1 . . . An é um polı́gono (note que segue do Teorema 1.2 que os segmentos
A1 A2 , A2 A3 , . . . , An−1 An , An A1 estão contidos em Π; assim, P é um polı́gono plano). Seja V
um ponto exterior ao plano Π, o qual existe pelo Postulado [P.2]. Cada dois vértices consecutivos
de P determinam com V um triângulo. Essas regiões triangulares, juntamente com a região
poligonal determinada por P delimitam uma figura geométrica denominada pirâmide de base
A1 A2 . . . An e vértice V . Quando a base da pirâmide é um triângulo, temos uma pirâmide
de base triangular, quando a base é um quadrado, temos uma pirâmide de base quadrangular,
e assim por diante. Os segmentos Ai V , i = 1, . . . , n, são chamados de arestas laterais e as
regiões triangulares determinadas por Ai Ai+1 V , i = 1, . . . , n (An+1 = A1 ), são as faces laterais
da pirâmide. Assim, a pirâmide obtida possui n arestas laterais. Um tetraedro é um caso
particular de pirâmide em que a base é um triângulo.
Consideremos agora uma circunferência C contida em Π (recorde que, por definição, cir-
cunferência é uma figura plana). Com raciocı́nio análogo ao feito para a construção de uma
pirâmide, podemos construir uma outra figura geométrica: o cone, o qual é reunião da região
circular determinada por C com todos os segmentos V A, com A ∈ C.

1.2 Determinação de um plano


Teorema 1.6. Por uma reta e um ponto não pertencente a ela, passa um único plano.

Demonstração. Seja r uma reta e P um ponto tal que P ∈


/ r. Tomemos A e B dois pontos
distintos sobre r. Como A, B e P não são colineares, pelo Postulado [P.1], existe um único
plano Π contendo estes pontos. Logo, pelo Teorema 1.2, Π contém r. Como Π é o único plano
que contém A, B e P , segue que Π é o único plano que contém r e P .

5
Notação: Sejam r uma reta e P 6∈ r. Denotaremos por hr, P i o (único) plano que contém r e
P.

Definições 1.1. Sejam r e s duas retas no espaço.


(a) r e s são ditas coplanares se existir um plano que as contém.
(b) r e s são ditas concorrentes se existe um ponto P tal que r ∩ s = {P }.
(c) r e s são ditas paralelas se r e s são coplanares e r ∩ s = ∅.

Notação: Quando r e s são paralelas, denotaremos por r k s.

Teorema 1.7. Por duas retas paralelas passa um único plano.

Demonstração. Sejam r e s duas retas paralelas. Sendo r e s coplanares, por definição existe
um plano Π que as contém. Suponha que Π′ é um plano que contém r e s. Seja P ∈ r. Como
r e s são paralelas, temos que P 6∈ s e, portanto, como Π e Π′ contém s e P , segue do Teorema
1.6 que Π = Π′ . Portanto é único o plano que contém r e s.

Veremos no próximo resultado que retas concorrentes também são retas coplanares.

Teorema 1.8. Por duas retas concorrentes passa um único plano.

Demonstração. Sejam r e s duas retas concorrentes e {P } = r ∩ s. Tomando dois pontos A ∈ r


e B ∈ s, distintos de P, obtemos três pontos P, A, B não colineares e então pelo Postulado [P.1]
estes pontos determinam um único plano. Claramente este é o único plano que contém r e s,
uma vez que contém dois pontos de cada uma dessas retas.

Notação: Sejam r e s retas concorrentes ou paralelas. Denotaremos por hr, si o único plano
que contém r e s.

Aqui cabe a seguinte pergunta: existem retas não coplanares? A resposta é afirmativa e sua
demonstração está proposta na lista de exercı́cios.

Observação 1.9. Retas não coplanares são chamadas retas reversas. Observemos que retas
reversas não se interceptam. De fato, suponha que r e s são retas reversas e que existe P ∈ r ∩s.
Como r e s são retas distintas, tomemos Q ∈ s com Q 6∈ r. Segue do Teorema 1.6 que existe
um plano Π contendo r e Q. Mas como P ∈ r então P, Q ∈ Π. Daı́ e do fato de P e Q serem
pontos distintos em s, segue (usando o Teorema 1.2) que s ⊂ Π. Portanto Π contém r e s.
Absurdo!

6
1.3 Semi-espaços
Veremos a seguir a propriedade que um plano tem de separar o espaço.

Definição 1.10. Seja Π um plano e P um ponto tal que P 6∈ Π. O semi-espaço determi-


nado por Π e contendo P é o conjunto constituı́do por Π e por todos os pontos Q do espaço
que satisfazem P Q ∩ Π = ∅. Notação: SΠ,P .

Segue da definição que todo plano separa o espaço em dois subconjuntos, chamados semi-
espaços, cuja interseção é o plano dado.

Teorema 1.11. Sejam Π um plano e A e P pontos não pertencentes à Π e tal que A ∈ SΠ,P .
Então SΠ,P = SΠ,A .

Demonstração. Mostremos que SΠ,P ⊂ SΠ,A . Seja Q ∈ SΠ,P . Devemos mostrar que Q ∈ SΠ,A .
Se Q ∈ Π, o resultado é imediato. Suponhamos que Q 6∈ Π. Se Q = P temos então:

A ∈ SΠ,P e A 6∈ Π ⇒ AP ∩ Π = ∅ ⇒ P ∈ SΠ,A ⇒ Q ∈ SΠ,A .

Se Q 6= P , então P Q ∩ Π = ∅. Seja Π′ o plano contendo A, P e Q (note que Π′ é único se A, P e


Q são não colineares). Uma das possibilidades ocorre: ou a) Π′ ∩Π = ∅, ou b) Π′ ∩Π é uma reta
r (note que Π′ 6= Π pois Q 6∈ Π). Suponhamos que a) ocorre. Neste caso, como AQ ⊂ Π′ (pelo
Teorema 1.2), temos que AQ ∩ Π = ∅. Logo Q ∈ SΠ,A , como querı́amos. Suponhamos agora
que b) ocorre. Supondo por absurdo que Q 6∈ SΠ,A , então AQ ∩ Π 6= ∅ e daı́, como AQ ⊂ Π′ ,
segue que AQ ∩ r 6= ∅. Assim, considerando o plano Π′ , temos que A e Q não estão do mesmo
lado da reta r. Como Q e P estão do mesmo lado de r (pois P Q ∩ Π = ∅ ⇒ P Q ∩ r = ∅),
concluı́mos que A e P não estão do mesmo lado de r, ou seja AP ∩ r 6= ∅, o que é um absurdo
pois A ∈ SΠ,P e A 6∈ Π, por hipótese. Portanto Q ∈ SΠ,A , como querı́amos.
Devemos mostrar agora que SΠ,A ⊂ SΠ,P . O raciocı́nio é análogo e é deixado como exercı́cio.

Corolário 1.12. Sejam Π um plano e A, B 6∈ Π.

a) Se A e B estão em um mesmo semi-espaço determinado por Π, então AB ∩ Π = ∅.

b) Se A e B estão em semi-espaços distintos determinados por Π, então AB ∩ Π 6= ∅.

Demonstração. Exercı́cio.

Note que segue do corolário acima que todo semi-espaço é convexo.

7
1.4 Exercı́cios
1. Se duas retas são paralelas então todo plano que contém uma delas e um ponto da outra,
contém a outra reta.
Resolução: Sejam r k s e P ∈ s. Como P ∈
/ r, segue do Teorema 1.6 que existe um
único plano Π = hr, P i. Pelo Teorema 1.7, existe um único plano Π′ = hr, si. Como Π′
contém r e o ponto P, concluı́mos que Π = Π′ e portanto Π contém as retas r e s.

2. Sejam r, s e t retas distintas no espaço. Se quaisquer duas dessas retas são concorrentes
então elas estão num mesmo plano ou as três retas passam por um mesmo ponto.
Resolução : Seja r ∩ s = {P }, r ∩ t = {Q}, s ∩ t = {X}. Suponhamos que r, s e t não são
coplanares. Vamos mostrar que P = Q = X. Seja Π = hr, si. Então t 6⊂ Π. Se Q 6= X
então, como Q ∈ r ⊂ Π e X ∈ s ⊂ Π, segue do Teorema 1.2 que ℓ(Q, X) ⊂ Π. Mas como
Q, X ∈ t, então t = ℓ(Q, X) ⊂ Π, o que é um absurdo. Logo Q = X. Se P 6= Q, como
s = ℓ(P, X) e r = ℓ(P, X) (pois P, Q ∈ r ⇒ P, X ∈ r , uma vez que Q = X), então r = s,
o que é também um absurdo. Portanto P = Q. Assim, P = Q = X, como querı́amos.

3. Sejam ABC e DEF dois triângulos situados em dois planos distintos tais que as retas
ℓ(A, B), ℓ(A, C) e ℓ(B, C) encontram as retas ℓ(D, E), ℓ(D, F ) e ℓ(E, F ) nos pontos
M, N e P , respectivamente. Mostre que M, N e P são colineares.
Resolução: Sejam Π = hA, B, Ci e Π′ = hD, E, F i. Como ℓ(A, B) ∩ ℓ(D, E) = {M},
ℓ(A, C) ∩ ℓ(D, F ) = {N} e ℓ(B, C) ∩ ℓ(E, F ) = {P } temos que M, N, P ∈ Π ∩ Π′ (pois
ℓ(A, B), ℓ(A, C), ℓ(B, C) ⊂ Π e ℓ(D, E), ℓ(D, F ), ℓ(E, D) ⊂ Π′ ). Logo, Π e Π′ são planos
secantes. Conseqüentemente Π ∩ Π′ é uma reta e, portanto, esta reta contém os pontos
M, N e P.

P
N
C
A
F
M
B

4. Duas retas r e s são concorrentes. Seja P 6∈ hr, si. Qual é a interseção do plano Π = hr, P i
com o plano Π′ = hs, P i?

8
5. Prove a existência de retas reversas.

6. Sejam r e s duas retas reversas, A ∈ r e B ∈ s. Qual é a interseção do plano hr, Bi com


o plano hs, Ai?

7. Sejam r e s duas retas reversas. Sejam A e B pontos distintos de r e C e D pontos


distintos de s. Qual é a posição relativa das retas ℓ(A, C) e ℓ(B, D)?

8. Seja P é um polı́gono de n lados, n ≥ 4, tal que quaisquer quatro de seus pontos são
coplanares. Mostre que P é plano, ou seja P está contido em um plano.

9. Seja V ABCD uma pirâmide quadrangular de vértice V . Determine α ∩ β, sendo α =


hV, A, Ci e β = hV, B, Di.

10. Considere uma pirâmide quadrangular V ABCD de vértice V . Sejam M, N e P pontos


sobre a aresta V A, V B e V C, respectivamente. O plano determinado por M, N e P corta
a aresta V D no ponto Q. Diga como obter Q a partir de M, N e P ? (Dica : As diagonais
de um quadrilátero plano, se intersectam.)

1.5 Paralelismo entre reta e plano

O teorema seguinte é uma extensão para o espaço do Postulado de Euclides sobre retas paralelas.

Teorema 1.13. Por um ponto não pertencente a uma reta r pode-se traçar uma única reta
paralela à r.

Demonstração. Seja P 6∈ r. Pelo Teorema 1.6, existe um único plano Π que passa por P e que
contém r. Pela Postulado das Paralelas da Geometria Plana, existe uma única reta s no plano
Π passando por P tal que s k r. Para mostrarmos que s é a única reta paralela à r passando
por P , suponhamos que existe uma outra reta s′ paralela à r por P . Seja Π′ = hr, s′ i. Então
Π′ contém r e P , assim como Π. Logo Π′ = Π e, conseqüentemente, s′ = s devido à unicidade
dada pelo Postulado das Paralelas de Euclides.

Teorema 1.14. Sejam r e s duas retas paralelas. Todo plano que intersecta r em um ponto,
também intersecta s.

Demonstração. Sejam Π = hr, si e Π′ um plano que intersecta r no ponto A. Os planos Π e Π′


têm o ponto A em comum. Logo, Π e Π′ se intersectam segundo uma reta m que contém A.

9
s
Π
r m
Π′
B
A

Assim, r, s e m são três retas no plano Π tais que r k s e m corta r. Temos da Geometria
Plana (usando o resultado que diz “em um plano, se duas retas são paralelas, então toda reta
que intersecta uma delas, intersecta a outra”) que m intersecta a reta s em um ponto B.
Portanto, como m ⊂ Π′ , então Π′ também intersecta s.

Teorema 1.15. Sejam Π um plano e r uma reta não contida em Π. Então r e Π são paralelos
se e somente se existe uma reta s contida em Π e paralela a r.

r
Π
P
s

Demonstração. (⇒) Suponha que r k Π. Sejam P um ponto qualquer de Π e Π′ = hr, P i.


Então Π 6= Π′ , pois r ⊂ Π′ e r ∩ Π = ∅. Comos Π e Π′ são secantes, seja s = Π ∩ Π′ . Afirmamos
que s ∩ r = ∅. De fato, segue do fato de que r ∩ Π = ∅ e s ⊂ Π. Como r e s são coplanares,
segue que são paralelas.
(⇐) Suponha que existe uma reta s tal que s ⊂ Π e s k r. Suponha que r ∦ Π. Então
r ∩ Π = {P }, pois r não está contida em Π, por hipótese.
Seja Π′ o plano que contém s e r . Então Π ∩ Π′ = s uma vez que s ⊂ Π ∩ Π′ e Π 6= Π′
pois r ⊂ Π′ e r 6⊂ Π. Logo, como P ∈ Π ∩ Π′ , então P ∈ s, o que é um absurdo pois P ∈ r e
r k s.

O seguinte resultado fornece um critério de paralelismo entre retas no espaço.

Teorema 1.16. Se r e s são duas retas coplanares tais que r é paralela a algum plano que
contém s, então r e s são paralelas.

Demonstração. Sejam Π e Π′ dois planos tais que r, s ⊂ Π, s ⊂ Π′ e r k Π′ . Então, como r


não intercepta Π′ e s ⊂ Π′ , então r ∩ s = ∅. Logo, como as duas retas são coplanares, então r
e s são paralelas.

10
1.6 Exercı́cios
1. Mostre a propriedade de transitividade de retas paralelas no espaço, ou seja, que se duas
retas distintas r e s são paralelas a uma mesma reta t, então r e s são paralelas entre si.
Resolução: Se as retas forem coplanares, então segue de resultados da Geometria Plana.
Suponhamos que r, s e t não são coplanares. Sejam Π = hr, ti e Π′ = hs, ti. Então Π e
Π′ são planos secantes tais que Π ∩ Π′ = t. Mostremos que r k s.
(i) Primeiramente mostraremos que r e s são coplanares. Sejam A ∈ r e Γ = hs, Ai.

Π
A

t
Π′
s

Então Γ ∩ Π′ = s (pois Γ 6= Π′ uma vez que A ∈ Γ e A 6∈ Π′ , além disso s ⊂ Γ ∩ Π′ ).


Como A ∈ Γ ∩ Π, e estes são planos distintos (pois s ⊂ Γ e s 6⊂ Π) então Γ ∩ Π é uma reta.
Seja r ′ tal reta. Como r ′ e t são coplanares (pois ambas estão contidas em Π) e não se
interceptam (pois, se B ∈ r ′ ∩ t, para algum ponto B, então como r ′ ⊂ Γ e t ⊂ Π′ , segue
que B ∈ Γ ∩ Π′ = s, ou seja B ∈ s e B ∈ t, o que é um absurdo pois s k t) então r ′ k t.
Conseqüentemente, como r e r ′ são duas retas paralelas à t por A, segue do Teorema 1.13
que r ′ = r. Portanto r, s ⊂ Γ, ou seja, r e s são coplanares.
(ii) Mostremos agora que r ∩ s = ∅. De fato, se existe ponto P ∈ r ∩ s, então P ∈ t (pois
(P ∈ r e r ⊂ Π ⇒ P ∈ Π) e (P ∈ s e s ⊂ Π′ ⇒ P ∈ Π′ ) implicam que P ∈ Π ∩ Π′ = t).
Logo P ∈ t ∩ s, o que é um absurdo pois t k s.
Concluı́mos de (i) e (ii) que r k s.

2. Sejam r e s retas não paralelas. Mostre que todas as retas paralelas a s e concorrentes
com r estão contidas em um mesmo plano.
Resolução: Sejam s′ e s′′ duas retas paralelas à s passando por dois pontos distintos
A, B ∈ r, respectivamente. Por transitividade, temos que s′ k s′′ . Seja Π = hs′ , s′′ i.
Afirmamos que se m é uma reta concorrente com r e paralela a s, então m ⊂ Π. De fato,
como A ∈ s′ ∩ r e B ∈ s′′ ∩ r, segue que A, B ∈ r ∩ Π. Logo, pelo Teorema 1.2 , segue que
r ⊂ Π e, conseqüentemente, Π contém o ponto em que m intercepta r. Portanto, como

11
r s′′
A s′
B
s

m e s′ são retas paralelas (devido ao exercı́cio anterior) e como Π contém s′ e um ponto


de m, segue do Exercı́cio 1 da Seção 1.4 que Π contém m, como querı́amos.

3. Mostre a existência de retas paralelas a um plano dado.

4. Seja ABCD um tetraedro. Sejam M, N, P e Q os pontos médios dos segmentos AB, AC, CD
e BD, respectivamente. Mostre que o quadrilátero MNP Q é um paralelogramo.
(Dica : No △(ABC), ℓ(M, N) k ℓ(B, C). Use o Teorema Fundamental da Proporcional-
idade da Geometria Plana.)

Q
P

M C
N
A

Figura 1.1: Figura do exercı́cio 4.

5. Sejam M, N, Q, R, S e T pontos médios das arestas de um tetraedro ABCD, conforme


figura 1.2. Mostre que os três segmentos que unem os pontos médios das arestas opostas
(isto é, os segmentos QR, MS e NT ) se encontram num mesmo ponto, ou seja, MS ∩
NT ∩ QR = {P }. (Dica : Use as figuras abaixo.)

6. Seja V ABCD uma pirâmide tal que a base ABCD é um paralelogramo. Mostre que
ℓ(A, B) k hV, C, Di. (Figura 1.3)

7. Mostre que se uma reta é paralela a dois planos secantes, então ela é paralela à reta de
interseção dos dois planos.

8. Sejam r e s retas reversas. Construa um plano contendo r e paralelo à s.

9. Mostre que dois planos Π e Π′ são paralelos se e somente se Π é paralelo a toda reta
contida em Π′ .

12
D D

T M T M
Q P Q P
B R B R
C C
S S
N N
A A
D

T M
Q P
B R
C
S
N
A

Figura 1.2:

C
D B

Figura 1.3: Figura do exercı́cio 6.

1.7 Paralelismo entre planos

O último exercı́cio da seção anterior exibe uma condição necessarária e suficiente para que dois
planos sejam paralelos. O teorema seguinte fornece um critério mais simples que o do exercı́cio.

Teorema 1.17. Uma condição necessária e suficiente para que dois planos sejam paralelos é
que um deles contenha duas retas concorrentes, que são paralelas ao outro plano.

Demonstração. Se Π e Π′ são planos paralelos, claramente toda reta contida em um deles é


paralela ao outro plano, e assim não há nada a demonstrar. Suponhamos então que Π e Π′ são
planos tais que r, s ⊂ Π′ são retas concorrentes, r k Π e s k Π. Provemos que Π k Π′ .

13
Π′
s r

Suponhamos que Π ∩ Π′ 6= ∅. Seja t = Π ∩ Π′ . Então t 6= r, s pois r, s ∩ Π = ∅ e t ⊂ Π.


Afirmamos que t intercepta pelo menos uma das retas r e s. De fato, caso contrário, como r,
s e t são coplanares, t seria paralela à r e s, e portanto terı́amos por transitividade que r k s,
o que é um absurdo. Logo, t ∩ r 6= ∅ ou t ∩ s 6= ∅, de onde segue que Π ∩ r 6= ∅ ou Π ∩ s 6= ∅
(pois t ⊂ Π), o que é impossı́vel pois r k Π e s k Π. Portanto Π ∩ Π′ = ∅, ou seja, são planos
parelelos.

O seguinte teorema garante a existência de planos paralelos.

Teorema 1.18. Por um ponto não pertencente a um plano Π, pode-se traçar um único plano
paralelo à Π.

Demonstração. Seja Π um plano e P ∈


/ Π. Sejam r, s ⊂ Π concorrentes. Pelo Teorema 1.13
existem retas r ′ e s′ passando por P e tais que r ′ k r e s′ k s. Segue do Teorema 1.15 que r ′ k Π
e s′ k Π. Seja Π′ = hr ′ , s′ i. Então, pelo Teorema 1.17, segue que Π′ k Π.
Mostremos agora que plano Π′ é único. Suponha que exista um outro plano Π′′ passando
por P e paralelo à Π. Então Π′ ∩ Π′′ é uma reta m, pois são planos distintos que contém P .
Logo m k Π. Seja n ⊂ Π uma reta não paralela à m e Γ = hn, P i. Sejam t′ = Γ ∩ Π′ e

Π′ Π′′
P t′′
t′
m

n
Π

t′′ = Γ ∩ Π′′ . Então, como t′ e n são retas coplanares (estão contidas em Γ) e t′ está contida em
Π′ que é paralelo à n, segue do Teorema 1.16 que t′ k n. Com mesmo argumento concluimos
que e t′′ k n. Como P ∈ t′ ∩ t′′ , concluimos do Teorema 1.13 que t′ = t′′ . Logo t′ ⊂ Π′ ∩ Π′′ , o
que é um absurdo pois Π′ ∩ Π′′ = m que é uma reta distinta de t′ (pois t′ k n e m 6k n). Portanto
Π′ é único, como querı́amos demonstrar.

14
Corolário 1.19. Dois planos distintos e paralelos a um terceiro são paralelos entre si.

Demonstração. Sejam Π e Π′ planos distintos paralelos à um plano Γ. Se Π e Π′ não são


paralelos entre si, então eles são planos secantes. Logo existe uma reta r tal que Π ∩ Π′ = r.
Seja P ∈ r qualquer. Então por P temos dois planos distintos paralelos à Γ, o que contradiz o
teorema anterior. Portanto Π k Π′′ .

Teorema 1.20. Se um plano Γ intercepta um plano Π segundo uma reta r, então Γ intercepta
todo plano paralelo à Π segundo uma reta paralela à r.

Π
r

Π′
s

Demonstração. Sejam Π e Π′ dois planos paralelos e Γ um plano secante à Π. Seja r = Γ ∩ Π.


Então, pelo corolário anterior, segue que Γ intercepta Π′ . Seja s = Γ ∩ Π′ . Como Π ∩ Π′ = ∅
temos que r ∩ s = ∅, pois r ⊂ Π e s ⊂ Π′ . Portanto r k s uma vez que são coplanares pois
ambas estão contidas em Γ.

Teorema 1.21. a) Se uma reta corta um plano, corta também qualquer plano paralelo a este
plano. b) Se um plano corta uma reta, corta também qualquer reta paralela a ela.

Demonstração. a) Sejam Π e Π′ dois planos paralelos e r uma reta secante à Π em A. Suponha


que r não intercepta Π′ . Então r é paralela à Π′ , já que não pode estar contida em Π′ pois r
contém A e A 6∈ Π′ . Seja s ⊂ Π uma reta que passa por A. Então r e s são retas concorrentes
em A. Seja Γ = hr, si. Como r e s são paralelas ao plano Π′ e são concorrentes entre si, segue
do Teorema 1.17 que Γ é paralelo à Π e passa por A. Então Γ e Π′ são dois planos paralelos à
Π por A, o que é um absurdo pois contradiz o Teorema 1.18.

15
b) Sejam r e s retas paralelas e Π um plano que intercepta r em P . Mostremos que Π
também intercepta s. Suponhamos que isto não ocorra. Temos então duas possibilidades:
s ⊂ Π ou s k Π. Se s ⊂ Π, como P 6∈ s (pois P ∈ r e r k s), então da Geometria Plana, temos
que existe reta t ⊂ Π passando por P e paralela a s. Mas isto é um absurdo uma vez que r é
uma reta distinta de t (pois r 6⊂ Π e t ⊂ Π) e paralela à s, passando por P , contradizendo assim
o Teorema 1.13. Suponhamos agora que s k Π. Pelo Teorema 1.15 existe reta t ⊂ Π paralela
à s. Podemos supor, sem perda de generalidade, que P ∈ t. Como t é distinta de r (pois
t ⊂ Π e r 6⊂ Π) então obtemos duas retas distintas paralelas à s por P , o que é um absurdo.
Conseqüentemente, nenhuma das possibilidades acima citadas se verifica, de onde concluı́mos
que Π intercepta s.

Os teoremas acima possibilitam as seguintes construções:

Exemplo 1.22. Construção de primas, paralelepı́pedos e cubos: Considere um polı́gono


A1 A2 . . . An contido em um plano Π e B1 um ponto exterior à Π. Seja Π′ o plano paralelo à
Π passando por B1 . Pelos pontos A2 , . . . , An traçamos retas paralelas à ℓ(A1 , B1 ), as quais
interceptam Π′ nos pontos B2 , . . . , Bn , respectivamente. Tomando dois segmentos consecutivos
assim determinados, por exemplo A1 B1 e A2 B2 , o polı́gono A1 A2 B2 B1 é plano, já que os lados
A1 B1 e A2 B2 são paralelos. Isto implica que os outros dois lados também são paralelos, já que
estão contidos em retas coplanares que não se interceptam por estarem contidas em planos par-
alelos. Portanto A1 A2 B2 B1 é um paralelogramo. As regiões poligonais determinadas por tais
paralelogramos, chamadas faces laterais, juntamente com as regiões poligonais determinadas
pelos polı́gonos A1 A2 . . . An e B1 B2 . . . Bn , chamadas bases, determinam um poliedro, chamado
prisma. As arestas Ai Bi , i = 1, . . . , n, são chamadas arestas laterais. Quando as bases de um
prisma são paralelogramos, o prisma é chamado paralelepı́pedo. Um cubo (ou hexaedro regular )
é um prisma em que as bases são quadrados e todas as faces laterais são quadrados congruentes
à base.

1.8 Exercı́cios
1. Se duas retas são reversas então existem dois planos paralelos, cada um contendo uma
das retas.
Resolução: Sejam r e s duas retas reversas. Tracemos por um ponto qualquer A ∈ r uma
reta s′ paralela a s e tracemos por um ponto B ∈ s uma reta r ′ paralela a r. As retas r e
s′ determinam um plano Π e as retas r ′ e s determinam um plano Π′ .
Os planos Π e Π′ são distintos, pois caso contrário r e s pertenceriam a um mesmo plano,
ou seja r e s seriam coplanares, o que contradiz a hipótese de que r e s são reversas.

16
Π A
r
s′

Π′
r′ B s

Como as retas r ′ , s ⊂ Π′ são paralelas às retas r, s′ ⊂ Π, respectivamente, temos pelo


Teorema 1.15 que as retas r ′ e s são paralelas ao plano Π. Conseqüentemente, como r ′ e
s são retas concorrentes, segue do Teorema 1.17 que Π k Π′ .

2. É verdade que se uma reta corta uma de duas retas paralelas, então corta a outra?
Justifique sua resposta.

3. Sejam Π, Π′ e Π′′ três planos que têm exatamente um ponto em comum. Mostre que não
existe nenhuma reta simultaneamente paralela a Π, Π′ e Π′′ .

4. Seja r uma reta secante a um plano Π e P ∈


/ Π com P 6∈ r. Mostre que existe uma única
reta que passa por P , intercepta r e é paralela a Π.

1.9 Perpendicularismo entre retas e planos


Veremos agora a noção de ângulo entre duas retas r e s, o que será denotado por ∠(r, s).
Suponhamos que r e s são concorrentes no ponto V . Então r e s determinam quatro ângulos
com vértice em V e o ângulo entre esses retas é o menor dentre esses quatro ângulos. Com o
objetivo de defirmos ângulo entre retas reversas, vejamos o seguinte teorema:

Teorema 1.23. Sejam (r, s) e (r ′ , s′ ) dois pares de retas concorrentes, tais que r e r ′ são
paralelas entre si, o mesmo ocorrendo com s e s′ . Então o ângulo entre r e s é igual ao ângulo
entre r ′ e s′ .

Demonstração. (Os detalhes da demonstração que segue devem ser preenchidos pelo leitor.)
Sejam V = r ∩ s e V ′ = r ′ ∩ s′ . Há duas possibilidades: (i) hr, si = hr ′, s′ i = Π e (ii)
hr, si = Π e hr ′, s′ i = Π′ , com Π e Π′ planos distintos. Se (i) ocorre, conclua o teorema usando o
fato que retas paralelas determinam ângulos correspondentes congruentes. Se (ii) ocorre, tome
pontos A ∈ r, B ∈ s, A′ ∈ r ′ e B ′ ∈ s′ tais que V A = V ′ A′ , V B = V ′ B ′ , ∠(r, s) = AVb B
c′ B ′ . Os triângulos AV B e A′ V ′ B ′ são congruentes (pelo caso LLL, use a
e ∠(r ′, s′ ) = A′ V
propriedade de transitividade entre retas paralelas no espaço para mostrar que ABB ′ A′ é um
paralelogramos e, portanto, AB = A′ B ′ ). Assim, ∠(r, s) = AVb B = A′ V
c′ B ′ = ∠(r ′, s′ ).

17
Definição 1.24. Sejam r e s retas reversas. O ângulo entre r e s é o ângulo formado por
duas retas concorrentes r ′ e s′ , paralelas às retas r e s, respectivamente.

Observação 1.25. Segue do Teorema 1.23 que o ângulo entre duas retas reversas não depende
da escolha das retas paralelas às retas dadas.

Definição 1.26. Sejam r e s duas retas distintas e Π um plano.


(a) Dizemos que r e s são ortogonais se o ângulo entre elas é reto.
(b) Dizemos que r é perpendicular a Π se r é ortogonal a toda reta contida em Π.

Notação: r ⊥ s e r ⊥ Π significam que r é ortogonal à reta s e ao plano Π, respectivamente.

Exemplo 1.27. Seja ABCDEF GH o cubo da Figura 1.4. As retas ℓ(D, H) e ℓ(F, G) são
ortogonais.

D C

A B
H G

E F

Figura 1.4:

Observação 1.28. (a) Retas perpendiculares são ortogonais. (b) Se r é perpendicular a um


plano Π, então r e Π são secantes. (c) Seja r uma reta que intercepta um plano Π no ponto A.
Então r é perpendicular a Π se e somente se r é perpendicular a toda reta de Π que passa por
A. De fato, se r é perpendicular a Π, é imediato da Definição 1.26 que r é perpendicular a toda
reta de Π que passa por A. Mostremos a recı́proca, ou seja, suponhamos que r é perpendicular
a toda reta de Π que passa por A e mostremos que r é perpendicular a Π. Seja s ⊂ Π uma
reta qualquer. Se A ∈ s, então r e s são perpendiculares e, portanto, ortogonais. Se A 6∈ s,
então existe s′ ⊂ Π paralela à s e passando por A. Como r e s′ são perpendiculares e s′ e s são
paralelas, segue da Definição 1.26, que r é ortogonal à s. Portanto r e Π são perpendiculares,
como querı́amos.

Ainda não sabemos sobre a existência e unicidade de retas perpendiculares a um plano dado.
Nosso objetivo é estabelecer resultados que nos permitam concluir sobre isto.

18
Teorema 1.29. Sejam r e s retas distintas e Π e Γ dois planos distintos.
(a) Se r ⊥ Π e r k s então s ⊥ Π.
(b) Se r ⊥ Π e s ⊥ Π então r k s.
(c) Se r ⊥ Π e Γ k Π então r ⊥ Γ.
(d) Se r ⊥ Π e r ⊥ Γ então Π k Γ.

r r
= s= r s r =
=
A
A
B
B Π
Π

Γ Γ
(a) (b) (c) (d)

Demonstração. (a) Sejam {A} = r ∩ Π. Segue do Teorema 1.21(b) que s ∩ Π = {B}, com
B 6= A uma vez que r ∩ s = ∅. Para mostrarmos que s ⊥ Π, devemos mostrar que s ⊥ t, para
toda reta t ⊂ Π e que passa por B. Seja t uma reta nessas condições e t′ uma reta contida em
Π, que passa por A e paralela à t. Como r ⊥ Π temos que t′ ⊥ r. Conseqüentemente, como
t k t′ e s k r, segue do Teorema 1.23 que t ⊥ s, como querı́amos.

(b) Sejam A e B os pontos de interseção de r e s com Π, respectivamente. Note que A 6= B


(justifique). Suponhamos que s e r não são paralelas. Seja s′ k r por B e seja Π′ = hs, s′i.
Então Π′ ∩Π é uma reta t. Por hipótese, temos que s ⊥ t (em B). Como s′ k r e r ⊥ Π, segue do
item (a) que s′ ⊥ t (em B). Portanto temos em Π′ duas retas distintas, s e s′ , perpendiculares
à t ⊂ Π′ com s ∩ s′ = B, o que é um absurdo. Logo s k r.

(c) e (d) Exercı́cio.

O próximo resultado facilitará a tarefa de determinar se uma reta é perpendicular a um


plano, como também possibilitará a construção de planos perpendiculares a uma reta, demons-
trando assim a sua existência.

Teorema 1.30. Uma reta é perpendicular a um plano se e somente se é ortogonal a um par


de retas concorrentes do plano.

Demonstração. (⇒) Imediato.

19
(⇐) Sejam Π um plano e r, s e t retas tais que s, t ⊂ Π, s ∩ t = {A} e r é ortogonal à r e s.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que A ∈ r (caso contrário tome r ′ k r, com A ∈ r ′ e
faça a demonstração que segue para r ′ , concluindo o teorema através do Teorema 1.29). Então
s e t são perpendiculares a r em A. Para mostrarmos que r ⊥ Π, basta mostrarmos que r é
perpendicular à m, onde m é qualquer reta contida em Π e passando por A. Se m = s ou m = t,
segue o resultado. Suponhamos então que m 6= s e m 6= t. Seja n ⊂ Π tal que n ∩ s = {S},
n ∩ m = {M} e n ∩ t = {t}, com S − M − T (M está entre S e T , figura abaixo)

A1

t n
m
S
A
s M
Π T

A2

Sejam A1 , A2 ∈ r tais que A1 − A − A2 e A1 A = A2 A. Consideremos o plano Π′ = hr, Mi.


Vamos mostrar que A1 AM = A2 AM pois, neste caso, temos A1 AM b = A2 AMb e, como estes
ângulos são suplementares, concluı́mos que são ângulos retos. Conseqüentemente, r e m são
perpendiculares, como queremos.
Temos:

A1 AS = A2 AS (pelo caso LAL) ⇒ A1 S = A2 S


A1 AT = A2 AT (pelo caso LAL) ⇒ A1 T = A2 T

de onde segue que


A1 ST = A2 ST (1.1)

usando o caso (LLL) de congruência de triângulos.


Segue de (1.1) que A1 T = A2 T e A1 TbS = A2 TbS. Logo, por (LAL), temos A1 T M = A2 T M.
Portanto,
A1 M = A2 M . (1.2)

Como AA1 = AA2 , segue de (1.2) e do caso (LLL) que A1 AM = A2 AM, como querı́amos.

Agora estamos em condições de construir retas e planos perpendiculares.

20
Teorema 1.31. (a) Dada uma reta r e um ponto P , existe um único plano passando por P e
perpendicular à r.
(b) Dado um plano Π e um ponto P , existe uma única reta passando por P e perpendicular à
Π.

Demonstração. (a) Existência: Sejam Π e Π′ dois planos distintos contendo r. Sejam t ⊂ Π e


s ⊂ Π′ retas perpendiculares à r em um ponto A ∈ r. Seja Γ = ht, si. Concluı́mos do Teorema
1.30 que r ⊥ Γ. Se P ∈ Γ, então Γ é o plano procurado. Se P 6∈ Γ, seja Γ′ k Γ passando por P .
Pelo Teorema 1.29 (c), temos que r ⊥ Γ′ .
Unicidade: Sejam Π e Π′ planos distintos contendo P e perpendiculares à r. Segue do Teorema
1.29 (d) que Π k Π′ . Mas isto é um absurdo pois P ∈ Π ∩ Π′ . Portanto, existe um único plano
passando por P e perpendicular à r.

(b) Existência: Sejam t1 e t2 retas contidas em Π e concorrentes em um ponto A. Pelo item


(a), existem planos Γ1 e Γ2 contendo A e perpendiculares à t1 e t2 , respectivamente. Note que
estes planos são distintos pois, se fossem coincidentes, então pelo Teorema 1.29 (b) eles seriam
paralelos.

Γ2 Γ1

A
t1 t2
Π

Seja t = Γ1 ∩ Γ2 . Afirmamos que t ⊥ Π (em A). De fato, t é perpendicular à t1 (em A) uma


vez que t ⊂ Γ1 e Γ1 ⊥ t1 em A. De modo análogo temos que t é perpendicular à t2 . Como t1
e t2 são retas de Π que são concorrentes em A, a afirmação segue do Teorema 1.30. Se P ∈ t,
então t é a reta procurada. Se P 6∈ t, seja r k t com P ∈ r. Pelo Teorema 1.29 (a), segue que
r ⊥ Π, como querı́amos.
Unicidade: Suponhamos que existem duas retas distintas r1 e r2 perpendiculares à Π e contendo
P . Segue do Teorema 1.29 (b) que r1 k r2 , o que é um absurdo pois P ∈ r1 ∩ r2 .

Teorema 1.32. (Teorema da três perpendiculares) Sejam A, B e C pontos não colineares. Se


as retas ℓ(A, B) e ℓ(A, C) são ortogonais a uma reta r então a reta ℓ(B, C) também é ortogonal
a r.

21
Demonstração. Seja Π = hA, B, Ci. Então Π contém duas retas concorrentes e que são ortog-
onais a reta r. Assim, pelo Teorema 1.30, segue que r ⊥ Π. Portanto r é ortogonal à ℓ(B, C),
pois ℓ(B, C) ⊂ Π.

1.10 Exercı́cios
1. Sejam r e t retas distintas e ortogonais a uma reta s. É verdade que r k t?

2. Seja ABC um triângulo retângulo em B e seja BCDE um paralelogramo não contido no


plano hA, B, Ci. Mostre que as retas ℓ(A, B) e ℓ(D, E) são ortogonais.

E
_

B =

=
D
A _

Resolução: Como, ℓ(A, B) ⊥ ℓ(B, C) então ℓ(A, B) é ortogonal a toda reta paralela a
ℓ(B, C). Sendo BCDE um paralelogramo, temos que ℓ(D, E) k ℓ(B, C) e, portanto,
ℓ(A, B) é ortogonal a ℓ(D, E).

3. Sejam ABC e BCD triângulos retângulos em B não coplanares e tais que ℓ(A, B) é
ortogonal a ℓ(C, D) . Prove que ℓ(B, D) é ortogonal a ℓ(A, C).

B
Π′

C
Π

Resolução: Sejam Π e Π′ dois planos determinados pelos triângulos ABC e BCD respec-
tivamente. Temos que Π 6= Π′ , pois D ∈
/ Π . Mostremos que ℓ(B, D) ⊥ Π, pois daı́ segue
que ℓ(B, D) é ortogonal a ℓ(A, C), como queremos.

22
Para mostrarmos que ℓ(B, D) ⊥ Π, basta mostrarmos que ℓ(B, D) é ortogonal às duas
retas concorrentes ℓ(A, B) e ℓ(B, C), as quais estão contidas em Π.
Como BCD é retângulo em B temos que ℓ(B, D) ⊥ ℓ(B, C). (∗)
Da hipótese ℓ(A, B) é ortogonal a ℓ(C, D) e é perpendicular a ℓ(B, C) então, pelo Teorema
das Três Perpendiculares, segue que ℓ(B, D) é ortogonal a ℓ(A, B). (∗∗)
De (∗) e (∗∗) concluı́mos que ℓ(B, D) é ortogonal a ℓ(A, C), como querı́amos.

4. Sejam A1 A2 . . . An um polı́gono regular e V um ponto situado sobre a reta perpendicular


ao plano do polı́gono passando pelo seu centro O, com V 6= O. Que propriedades possuem
os triângulos V OA1 , V OA2 , . . . , V OAn ? A pirâmide V A1 A2 . . . An assim obtida é dita
regular. Que propriedades satisfazem as faces laterais de uma pirâmide regular?

5. Sejam r e s retas distintas e não paralelas. Mostre que, dado um ponto P 6∈ {r, s}, existe
uma única reta ortogonal a r e a s, passando por P . (Dica: não esqueça de analisar os
dois casos possı́veis para a posição das retas r e s. Analise cada caso separadamente. )

6. Sejam A, B e C pontos não colineares. Se as retas ℓ(A, B) e ℓ(A, C) são ortogonais a uma
reta r, mostre que ℓ(B, C) também é ortogonal a r.

1.11 Planos perpendiculares


Definição 1.33. Sejam Π e Π′ planos secantes e r = Π ∩ Π′ . Sejam Γ um plano perpendicular
a r, t = Γ ∩ Π e s = Γ ∩ Π′ . Os planos Π e Π′ são perpendiculares se r e s forem retas
perpendiculares.

Notação: Π ⊥ Π′ .

O seguinte resultado facilita a tarefa de decidir se dois planos são perpendiculares.

Teorema 1.34. Dois planos secantes são perpendiculares se e somente se um deles contém
uma reta perpendicular ao outro.

Demonstração.

Corolário 1.35. Se uma reta é perpendicular a um plano Π, então todo plano que contém essa
reta é perpendicular a Π.

Exemplo 1.36. Um prisma reto é um prisma em que as arestas laterais são perpendiculares
ao plano da base. As faces laterais são retângulos perpendiculares ao plano da base. Quando a

23
base é um polı́gono regular, temos um prisma regular. Quando a base é um retângulo, temos
um paralelepı́pedo retângulo, no qual cada face é um retângulo. Ainda mais especial é o caso
do cubo, ou hexaedro regular, que é um prisma reto no qual cada face é um quadrado.

Planos perpendiculares podem ajudar a mostrar que uma reta é perpendicular a um plano,
conforme o teorema a seguir

Teorema 1.37. Se o plano Π é perpendicular ao plano Π′ , e uma reta m ⊂ Π é perpendicular


a reta de interseção de Π com Π′ , então m é perpendicular a Π′ .

Demonstração.

Teorema 1.38. Se dois planos são perpendiculares então toda reta em um desses planos, que
é perpendicular a interseção dos dois planos, é perpendicular ao outro.

Demonstração.

Teorema 1.39. Se r é uma reta secante mas não perpendicular a um plano Π, então existe
um único plano Π′ contendo r e perpendicular a Π.

Demonstração.

Teorema 1.40 (Archita). Sejam Π e Π′ dois planos secantes. Estes planos são perpendiculares
a um terceiro plano se e somente se a interseção desses planos é perpendicular ao terceiro plano.

Π
Π′

Demonstração.

24
Exercı́cios 1.41.

1. Sejam r uma reta e Π e Π′ dois planos distintos. Mostre que


(a) Se Π ⊥ Π′ e r ⊥ Π′ em P , com P ∈ Π ∩ Π′ então r ⊂ Π.
(b) Se Π ⊥ Π′ e r ⊥ Π′ então r k Π ou r ⊂ Π.

2. Seja Π um plano e A 6∈ Π. Construa um plano contendo A e perpendicular a Π. Quantos


planos existem satisfazendo esta condição?

3. Mostre que se um plano Π contém uma reta perpendicular a um plano Π′ , então o plano
Π′ contém uma reta perpendicular ao plano Π.

4. Dois planos Π e Π′ são perpendiculares se e somente se existem retas r ⊥ Π e s ⊥ Π′ que


são ortogonais.

r
s

Π′
Π

5. Em um cubo ABCDEF G mostre que os planos diagonais ABHG e EF DC são perpen-


ciculares.

1.12 Proporcionalidade

1.13 Distâncias

25
Capı́tulo 2

Noções de Geometria Descritiva

2.1 Sistemas de projeção


O objetivo da Geometria Descritiva é representar no plano, através de projeções, as figuras do
espaço. Há duas formas principais de projetar uma figura F em um plano Π:
(a) utilizando um sistema de projeção central;
(b) utilizando um sistema de projeção cilı́ndrica.
No caso da uma projeção central, a projeção de cada ponto P ∈ F é o ponto obtido da
interseção de Π com a reta ℓ(OP ), onde O é um ponto fixo, chamado centro de projeção (Figura
2.1 (a)). No caso de uma projeção cilı́ndrica, a projeção de cada ponto P ∈ F é o ponto obtido
da interseção com Π com a reta que passa por P e é paralela a uma direção fixada ∆, chamada
direção de projeção (Figura 2.1 (b)).

F
O P

P
F

P′
P′ F′

F Π Π

(a) (b)

O sistema de projeção utilizado na Geometria Descritiva é a projeção cilı́ndrica ortogonal,


que é um caso particular de projeção cilı́ndrica que ocorre quando a direção de projeção é
perpendicular ao plano de projeção. Neste caso dizemos que F é projetada ortogonalmente

26
sobre o plano de projeção. De agora em diante estaremos somente considerando projeções
ortogonais.

Observação 2.1. Na projeção ortogonal, a projeção de um segmento paralelo ao plano de


projeção é um segmento de mesma medida que o segmento dado, ou seja, está em verdadeira
grandeza (VG). Por outro lado, a projeção de um segmento perpendicular ao plano de projeção
é um ponto.

Note que na maioria das vezes, há perda de informações sobre uma figura, conforme mostra
as figuras abaixo:

Assim, para obter informações mais precisas sobre uma figura, é necessário utilizar mais de
um plano de projeção.

Π2

A2
A

Π1
A1
LT

27
Gaspar Monge (1746-1818) idealizou um sistema de projeções no qual um ponto A é repre-
sentado por duas projeções A1 e A2 em dois planos de referência Π1 e Π2 , perpendiculares entre
si. A reta obtida da interseção de Π1 com Π2 é chamada de Linha de Terra e será denotada
por LT . O plano Π1 é chamado plano de projeção horizontal (PH ) e Π2 de plano de projeção
vertical (PV ). Os pontos A1 e A2 projetam-se sobre a LT em um mesmo ponto, denotado por
A0 .
A linha de terra divide cada plano de projeção em dois semi-planos, e o espaço é dividido
por esses semi-planos em quatro diedros. Uma vez efetuada as projeções de A sobre Π1 e Π2
fazemos um rebatimento do PH sobre o PV, até que ambos coincidam (rotação de 90 graus
em torno da LT, abrindo o 1o diedro). Desta forma, ambas as projeções do ponto A ficam
no mesmo plano. O desenho assim obtido é chamado de épura. Na épura, as projeções de
um ponto qualquer estão sobre uma reta perpendicular à linha de terra, chamada de linha de
chamada.

2o Diedro Π2
1o Diedro
B2 A2

A2 B1
B2
B
A
B1
L.T.
A0 Π1 B0 A0
B1
A1
B0 A1
L.T.
A1
3o Diedro 4o Diedro

Na figura anterior temos a épura de um ponto A situado no 1o diedro e de um ponto B no


2o diedro.
A cota de um ponto A do espaço é a distância entre A e o PH. Logo, a cota de A é igual
medida A2 A0 do segmento A2 A0 , uma vez que d(A, Π1 ) = d(A, A1 ) = d(A2 , A0 ).
O afastamento de um ponto A do espaço é a distância entre A e o PV. Logo, o afastamento
de A é igual medida A1 A0 do segmento A1 A0 , uma vez que d(A, Π2 ) = d(A, A2 ) = d(A1 , A0 ).

28
2.2 Exercı́cios
1. Faça as épuras de pontos situados no 3o e no 4o diedros.

2. Faça a épura e obtenha a cota e o afastamento de um ponto A tal que:


a) A ∈ P H b) A ∈ P V c) A ∈ LT

2.3 Estudo da reta


Uma reta r é representada na épura por suas projeções r1 e r2 nos planos horizontal P H e
vertical P V , respectivamente, o que será denotado por r = (r1 , r2 ). É claro que um ponto
pertencente a uma reta possui suas projeções pertencentes às projeções de igual nome da reta
(isto é, se A ∈ r então A1 ∈ r1 e A2 ∈ r2 ) e que a projeção de uma reta sobre um plano não
perpendicular à mesma é uma reta. Nas figuras que seguirão, suporemos a reta estar no 1o
diedro, os demais casos estão propostos como exercı́cio.

2.3.1 Épura de uma reta qualquer


A projeção da reta ℓ(AB) fica determinada pelas projeções de dois de seus pontos sobre o
mesmo plano, conforme figura abaixo.

r2
r
B2
B2 r2
B
A2
A = A2
B0
r1
B1 B0
LT
A0 = A1 A0 = A1 r1
B1

2.3.2 Épura de uma reta horizontal


Reta horizontal é qualquer reta paralela ou contida no plano horizontal PH.

29
A2 B2
B2 r2
A2 A B r
A0 B0
B0 LT
r2 A0

r1 A1 B1
A1
B1
r1

Propriedades:
- Todos os pontos de uma reta horizontal têm a mesma cota. Portanto, sua projeção vertical
é paralela à LT.
- A projeção horizontal A1 B1 do segmento horizontal AB está em V.G.
- O ângulo que uma reta horizontal faz com o P V projeta-se em V.G. no plano horizontal.

2.3.3 Épura de uma reta frontal


Reta frotal é qualquer reta paralela ou contida no plano vertical PV.

r
B2 r2
B2 B A2

A2 A LT
r2 B0 A0 B0
A0 B1
A1 r1
r1
A1 B1

Propriedades:
- Todos os pontos de uma reta frontal têm o mesmo afastamento. Portanto, sua projeção
horizontal é paralela à LT.
- A projeção vertical A2 B2 do segmento de reta frontal AB está em V.G.
- O ângulo que uma reta frontal faz com o P H projeta-se em V.G. no P V .

30
2.3.4 Épura de uma reta fronto-horizontal
Reta froto-horizontal é uma reta paralela à LT.

A2 B2
r2 r2
B2 r
B
A2
A LT
A0 B0
r1 r1
A0 B0 A1
B1 B1
A1

Propriedades:
- Uma reta fronto-horizontal é paralela a ambos os planos de projeção e tem suas projeções
também paralelas à LT.
- Toda reta fronto-horizontal é frontal e horizontal.
- O segmento AB de uma reta fronto-horizontal projeta-se em V.G. nos planos de projeção.
- Todos os seus pontos têm cotas iguais e afastamentos iguais.

2.3.5 Épura de uma reta de topo


Reta de topo é uma reta perpendicular ao plano vertical PV.

r2 = A2 = B2
r2 = A2 = B2
A A0 = B0
B LT
r
A1
A0 = B0

A1 r1
B1 B1

Propriedades:
- Reta de topo é um caso particular de reta horizontal.

31
- Sua projeção no plano PH é perpendicular à LT e está em V.G.. Sua projeção vertical é
um ponto.

2.3.6 Épura de uma reta vertical


Reta vertical é uma reta perpendicular ao plano horizontal PH.

r
r2 A2
A2 A
B2

B A0 = B0
B2 LT

r1 = A1 = B1
A0 = B0

r1 = A1 = B1

Propriedades:
- Reta vertical é um caso particular de reta frontal.
- Sua projeção no plano PV é perpendicular à LT e está em V.G.. Sua projeção horizontal
é um ponto.

2.3.7 Épura de uma reta de perfil


Reta de perfil é uma reta que é ortogonal à LT.

r2 A2
B2
A2 A
B2 LT
B A0 = B0
A0 = B0
r
A1
A1 B1 r1
B1

32
Propriedades:
- Toda reta de perfil está contida em um plano perpendicular à LT.
- Suas projeções nos planos PH e PV são perpendicular à LT. Na épura, essas projeções
são coincidentes.

2.4 Exercı́cio
Faça as épuras de todos os casos descritos nas seções anteriores, supondo que as retas estão no
2o , 3o e 4o diedros.

2.5 Determinando retas


Em Geometria Descritiva diz-se que uma reta está determinada quando os elementos gráficos
que estão na épura permitem concluir a posição exata da reta no espaço. De agora em diante,
diremos que r é uma reta qualquer quando r não é uma retas particulares estudadas nas seções
anteriores. Na épura, podemos determinar uma reta das seguintes maneira:

(i) Tendo dois pontos da reta. Isto significa que, se A e B são pontos da reta, devemos ter na
épura os pontos A1 , A2 , B1 e B2 .

(ii) Tendo as projeções da reta. Aqui temos três casos a considerar:

(a) Retas quaisquer, horizontais, frontais ou fronto-horizontais: as projeções determinam com-


pletamente a reta.
Por exemplo, nas épuras abaixo, r é uma reta qualquer que está no 1o diedro, t é uma reta
horizontal que também está no 1o diedro e s é uma reta frontal que está no 3o diedro.

r2 t2
s1
LT LT LT

t1 s2
r1

(b) Retas verticais ou de topo ficam completamente determinadas por sua projeção pontual.
Nos exemplos abaixo, r é uma reta vertical que está contida na união do 1o e 4o diedros, t é
uma reta de topo que está na união do 1o e 2o diedros, s é uma reta vertical que está na união
do 2o e 3o diedros, e m é uma reta de topo que está na união do 3o e 4o diedros.

33
replacemen

t2 s1

LT
m2
r1

(c) Retas de perfil não ficam determinadas por suas projeções. Isto significa que dadas as
projeções de uma reta de perfil, não é possı́vel concluir sobre sua posição exata no espaço. Uma
reta de perfil somente fica determinada por dois de seus pontos.
Note na figura abaixo que a reta r de projeções r1 e r2 não está determinada (qualquer outra
reta contida no plano perpendicular à LT em que r está contida tem projeções coincidentes
com as projeções de r).

r1 = r2

LT
s r

2.6 Pontos onde uma reta intercepta os planos de projeções


Os pontos onde uma reta intercepta os planos P H e P V são chamados traços da reta e são
denotados por H e V , respectivamente. H é o traço horizontal da reta e V é o traço ver-
tical. Assim, H é o único ponto da reta que tem cota nula e, conseqüentemente, H2 ∈ LT .
Analogamente, V é o único ponto da reta que tem afastamento nulo e portanto, V1 ∈ LT .
Seja r uma reta. Esquematizando temos:
(
H = H 1 ∈ r1
H ∈ PH =⇒
H2 ∈ r2 ∩ LT
(
V1 ∈ r1 ∩ LT
V ∈ PV =⇒
V = V 2 ∈ r2
Por definição, retas que não interceptam o P H não têm traço horizontal, e retas que não
interceptam o P V não têm traço vertical.

34
Exemplos 2.2. Nas épuras abaixo determinamos os traços das retas dadas.

r2
V2

r1 V
H2 r2
LT
r
V1
r1 H

H1

r
r2
r2

H2
V1 r1
V1 H2 H
LT

V
V2
H1
r1

r2
r
r2

V2
H1 V
r1

LT H
H2 V1

r1

35
Observemos que se r é uma reta de perfil, não sabendo ainda como determinar os seus
traços. Aprenderemos a fazer isto nas próximas seções.

2.7 Convenção para pontos na épura


Consideremos um sistema de coordenadas para a LT. A cada ponto P = (P1 , P2 ) do espaço
existe um único P0 ∈ LT tal que, na épura, P0 é o ponto obtido da interseção da linha de
chamada que passa por P1 e P2 com LT . Com o objetivo de colocar os dados na épura, façamos
a seguinte convenção: cada ponto do Espaço é fixado na épura por meio de três coordenadas,
como segue:

P ≡ (x; y; z) ,

sendo:

• x = coordenada de P0 na LT . Chamamos x de abscissa do ponto P ;

• y = afastamento de P . Logo, y dá a posição de P1 na linha de chamada que passa por


P0 . Convenciona-se positivo para baixo;

• z = cota de P . Assim, da á posição de P2 na linha de chamada que passa por P0 .


Convenciona-se positivo para cima.

ESQUEMA:

+z

+x

LT
0

+y

Exemplo 2.3. Faça a épura dos pontos A = (+2; +2; +5), B = (+4; −2; +4), C = (−3; −4; −1), D =
(+1; +1; −3).

36
replacemen
A2
C1 B2

B1

LT
0
C2 D1

A1
D2

2.8 Pertinência de ponto e reta


Sejam A, P e B pontos colineares do espaço. Suponha que A − P − B, ou seja P está entre A
e B. Então, uma das possibilidades acontece:

(i) A reta ℓ(A, B) é vertical e assim, A1 − P1 − B1 e A2 = P2 = B2 .


(ii) A reta ℓ(A, B) é uma reta de topo. Logo, A1 = P1 = B1 e A2 − P2 − B2 .
(iii) A reta ℓ(A, B) não é vertical nem de topo. Neste caso, A1 − P1 − B1 e A2 − P2 − B2 .

Seja P um ponto e r uma reta. Se P ∈ r, então as projeções do ponto pertencem às


projeções de mesmo ı́ndice da reta. A recı́proca nem sempre é verdadeira. Por exemplo, na
épura abaixo temos P1 , P2 ∈ r1 = r2 , porém P 6∈ r. Note que r é uma reta de perfil.

r
r1 = r2

P2 P2 P

LT
P1
P1

Para verificarmos a recı́proca da afirmação acima, devemos considerar os casos:

37
(i) Retas quaisquer, horizontais (mas não de topo), frontais (mas não verticais) ou fronto-
horizontais: Se as projeções de um ponto pertencem às projeções de mesmo ı́ndice da reta,
então o ponto pertence à reta.

De fato, seja r uma das retas acima e P um ponto tal que P1 ∈ r1 e P2 ∈ r2 . Consideremos
ao planos Γ1 e Γ2 perpendiculares a P H e P V , respectivamente, e contendo r. Note que
Γ1 6= Γ2 . Então r1 = Γ1 ∩ P H e r2 = Γ2 ∩ P V . Assim obtemos:

r ⊂ Γ1 e r ⊂ Γ2 ⇒ r ⊂ Γ1 ∩ Γ2 ⇒ r = Γ1 ∩ Γ2 , uma vez que Γ1 6= Γ2 ;

Logo, P ∈ Γ1 e P ∈ Γ2 ⇒ P ∈ Γ1 ∩ Γ2 = r , como afirmamos.

(ii) Retas verticais e de topo: Basta que a projeção pontual da reta coincida com a projeção
de mesmo ı́ndice do ponto para concluirmos que o ponto pertece à reta.

(iii) Retas de perfil: Seja r = ℓ(A, B) uma reta de perfil e P um ponto tal que P1 , P2 ∈ r1 =
r2 . Se P ∈ r, suponhamos por exemplo que A − P − B. Então A1 − P1 − B1 e A2 − P2 − B2 .
Conseqüentemente, a seguinte igualdade é satisfeita:

P2 A2 P1 A1
= . (2.1)
P2 B2 P1 B1
Isto é devido ao fato de que, quando dois segmentos são paralelos ou colineares, a razão entre
eles no Espaço conserva-se na projeção ortogonal, desde que os segmentos não sejam paralelos
aos planos de projeção.
Reciprocamente, para verificar na épura se P pertence à r, podemos supor que Pi 6= Ai , Bi ,
para i = 1, 2 (caso contrário a análise é imediata). Suponhamos, por exemplo, que A1 −P1 −B1 .
Então A2 − P2 − B2 (caso contrário P 6∈ r). Afirmamos que se (2.1) é satisfeita, então P ∈ r.
A demonstração desta afirmação segue da semelhança dos triângulos AMP e P NB, onde
M = ℓ(A, A1 ) ∩ ℓ(P, P2) e N = ℓ(P, P1) ∩ ℓ(B, B2 ), e é deixada como exercı́cio. Portanto, para
verificarmos na épura se P ∈ r, devemos proceder como em Desenho Geométrico na busca da
4a P roporcional. Assim, se x é a 4a Proporcional de P2 A2 , P2 B2 e P1 A1 então P ∈ r e somente
se x = P1 B1 .

2.9 Exercı́cios
1. Dar a épura dos triângulos dados nas figuras abaixo. Seus vértices estão sobre vértices
de um cubo de aresta 1, ou sobre pontos médios P, Q, R de arestas do cubo.

38
Q
B
PV
PV PV PV
A Q
A Q A
P
P
P
P R
PH PH
PH
PH

Resolução:

A2 Q2
A2 B2 A2

P2 Q2 Q2 P2

LT A1 P2 LT A1 P2 LT P1 R2 LT
A1
Q1
P1 P1

P1 Q1
B1 Q1 R1

2. Dar a épura de cada um dos triângulos ABC das figuras abaixo, sabendo que cada
vértice ou é um vértice de um quadrado de lado 3cm ou é um ponto médio de um lado
do quadrado.

A A
A
C
B C B

B C

A C
C A
A B

B
C
B

39
3. Dada a reta de perfil r = ℓ(A, B) e a projeção horizontal P1 de um ponto P ∈ r, obter a
projeção P2 em cada um dos seguintes casos:
(a) A = (1, 2, 4), B = (1, 5, 1) e A1 − P1 − B1 .
(b) A = (1, 5, 5), B = (1, 3, 4) e B0 − P1 − B1 .
(c) A = (1, 5, −3), B = (1, 1, 4) e A1 − P1 − A2 .
Dica:
P 2 A2 P 1 A1
(a) Como A1 − P1 − B1 , então A2 − P2 − B2 . Logo P2 deve satisfazer P2 B2
= P1 B1
.
P2 B2 P1 B1
(b) Como P1 − B1 − A1 , então P2 − B2 − A2 . Logo P2 deve satisfazer A2 B2
= A1 B1
.
B1 P1 B2 P2
(c) Como B1 − P1 − A1 , então B2 − P2 − A2 . Logo P2 deve satisfazer A1 P 1
= A2 P 2
.

4. (Traços de uma reta de perfil) Seja r = ℓ(A, B) uma reta de perfil. Determinar os traços
H e V de r nos três casos dados no exercı́cio anterior.
Dica: Sabemos que H2 e V1 pertencem à LT . Resta então determinar os pontos H1 e V2
utilizando o mesmo raciocı́nio do exercı́cio anterior.

5. Seja r a reta que passa pelos pontos A = (2; 2; 5) e B = (−3; −4; −2). a) Dê a épura de
r e determine na épura os seus traços H e V . b) Verifique se o ponto P = (2, −5, −2)
pertence à r, justificando sua resposta.

6. Dê o afastamento de um ponto P pertencente a uma reta frontal r, sabendo que o ponto
Q = (2; 1; 2) pertence a r. Explique o seu raciocı́nio.

7. Faça uma épura contendo uma reta r de topo, um ponto P ∈ r e um ponto Q 6∈ r.

8. Dê a cota e o afastamento de um ponto P pertencente a uma reta fronto-horizontal r ,


sabendo que o ponto Q = (1; 2; 3) pertence a r. Justifique sua resposta.

9. Dê a épura de uma reta de perfil r, sabendo que ela passa pelo ponto A = (2; 5; ?).

10. Seja r a reta que passa pelos pontos A = (0; 2; 2) e B = (0; 4; 2). a) Dê a épura de r e
determine na épura os seus traços H e V . b) Verifique se o ponto P = (0; 0; 2) pertence
à r, justificando sua resposta.

11. Seja r = ℓ(A, B). Sabendo que as projeções de A e B estão sobre a mesma linha de
chamada, classifique r para os seguintes casos:
(a) o superior é A2 = B2 = A1 e o inferior é B1 ;
(b) o superior é A2 e o inferior A1 = B1 = B2 ;

40
(c) o superior é A2 = A1 e o inferior B2 = B1 ;
(d) o superior é A2 = B1 e o inferior é A1 = B2 .

12. Dê a épura de um paralelogramo ABCD, sendo dados A, B e O, onde O é o ponto de


interseção das diagonais do paralelogramo. (Figura abaixo).

A2

O2

A1
B2

O1

B1

13. São dados: a projeção horizontal A1 B1 C1 D1 E1 de um pentágono (irregular) plano ABCDE


do espaço e as projeções verticais A2 , B2 e C2 dos vértices A, B e C do pentágono. Dar
a projeção vertical do pentágono.

B2

C2
E
A2
E1
A D
D1

C A1
B
C1
B1

14. Dê a épura de uma reta r = ℓ(A, B), sabendo que A e B satisfazem: afastamento de A é
3 cm, afastamento de B é 5 cm e AB = 6 cm.

41
15. Dê a épura de um triângulo equilátero ABC, cuja projeção vertical é um segmento paralelo
à LT medindo 4 cm.

16. Um segmento AB horizontal e com 5 cm de comprimento tem a extremidade B em P V .


Sabendo que A = (2; 3; 5), dê a épura de AB.

17. Dê a épura de um cubo ABCDEF GH de aresta 5 cm que está no 1o diedro, tem a face
ABCD contida em P H, e a face ADEH contida em P V .

18. Dar a épura de um triângulo equilátero ABC, de lado 6 cm, contido em P H, com A ∈
LT e BC perpendicular à LT em um ponto com abscissa maior do que a abscissa de A.

19. Fazer a épura dos cubos de aresta a dados nas figuras abaixo.

B
C
B
C A D
A D
F
F 45o G
G E
E H
H

20. Dê a épura do cubo ABCDEF GH de aresta 1, representado na figura abaixo.

A E

H
H B
D F

C G

42
2.10 Estudo do plano
Veremos nesta seção, posições que um plano pode ocupar com relação aos planos de projeção.
Evidentemente, se um plano não é perpendicular ao plano de projeção, então sua projeção
é o próprio plano de projeção. Sendo assim, como a projeção de um plano não nos fornece
informações sobre este plano, então este plano é dado, na épura, por seus traços.
Quando estudamos retas, vimos que os traços de uma reta são os pontos de interseção da
reta com os planos de projeção. De maneira análoga, temos os traços de um plano, que são as
retas de interseção do plano com os planos de projeção.
Seja Π um plano qualquer. Se Π não é paralelo nem coincidente com P H, o traço horizontal
de Π é a reta hΠ = Π ∩ P H. Se Π não é paralelo nem coincidente com P V , o traço vertical
Π2 de Π é a reta vΠ = Π ∩ P V . Quando Π é paralelo ou coincidente com um dos planos de
projeção, então Π não tem traço neste plano.

Propriedades: 1. Seja Π 6= P H e Π 6= P V . Se Π contém a linha de terra LT , então os dois


traços de Π coincidem.

De fato, temos:
LT ⊂ Π ⇒ LT ⊂ (Π ∩ P H) = hΠ ,
LT ⊂ Π ⇒ LT ⊂ (Π ∩ P V ) = vΠ .
Logo, LT = hΠ = vΠ .

2. hΠ = LT se e somente se vΠ = LT .

De fato,
hΠ = LT ⇒ LT ⊂ Π ⇒ hΠ = vΠ = LT , pelo item anterior .
De modo análogo temos,

vΠ = LT ⇒ LT ⊂ Π ⇒ vΠ = hΠ = LT .

3. Se um plano tem os dois traços distintos então, ou os traços são concorrentes num ponto
pertencente à LT, ou são paralelos à LT.

De fato, como hΠ e vΠ são retas distintas e coplanares então, ou são paralelas, ou são
concorrentes. Suponhamos que hΠ e vΠ são concorrentes e seja {O} = hΠ ∩ vΠ . Temos:

O ∈ hΠ ⇒ O ∈ P H

43
vΠ Π
vΠ Π


e
O ∈ vΠ ⇒ O ∈ P V.

Logo, O ∈ P H ∩ P V = LT.
Suponhamos agora que hΠ e vΠ são paralelas. Se hΠ não é paralela à LT , então ou hΠ ∩LT =
{P } ou hΠ = LT . Se hΠ ∩ LT = {P }, então P ∈ Π ∩ LT . Logo, P ∈ Π ∩ P V = vΠ , o que é
um absurdo pois hΠ e vΠ são paralelas. Se hΠ = LT , então vΠ = LT , o que é um absurdo pois
hΠ 6= vΠ .

2.11 Épura de planos


Estudaremos a épura dos seguintes tipos especiais de plano:

PLANO HORIZONTAL PLANO FRONTAL

2.11.1 Plano horizontal


É qualquer plano paralelo ou coincidente com o plano P H.

Propriedades:
- Tem apenas traço vertical vΠ , o qual é paralelo ou coincidente com a LT .

44
L.T. L.T.
PLANO DE TOPO PLANO VERTICAL PLANO DE PERFIL

LT

- Todos os seus pontos têm a mesma cota.


- Qualquer figura contida em um plano horizontal tem sua projeção horizontal em V.G. e
sua projeção vertical contida em vΠ .

Exercı́cios

1. Dê a épura de um ponto P e de um plano horizontal Π contendo P .

2. Fazer a figura espacial e a épura de um plano horizontal Π e de um triângulo ABC contido


em Π.

2.11.2 Plano frontal


É qualquer plano paralelo ou coincidente com o plano P V .

LT

Propriedades:
- Tem apenas traço horizontal hΠ , o qual é paralelo ou coincidente com a LT .
- Todos os seus pontos têm o mesmo afastamento.
- Qualquer figura contida em um plano frontal tem sua projeção vertical em V.G. e sua
projeção horizontal contida em hΠ .

45
Exercı́cios

1. Repita os exercı́cios anteriores para um plano frontal.

2. Fazer a figura espacial e a épura de uma circunferência de centro 0 = (1; 2; 2) e raio 1 cm,
contida em um plano frontal.

3. Sejam A = (2; 3; 5), B = (5; 3; 7), C = (−1; 3; 1) e D = (−1; 3; 6).


a) Calcule AB e CD.
b) Dê a épura de um plano frontal Π contendo A.
c) Dê as projeções de uma circunferência que contém A e B, tem raio igual a CD e está
contida em um plano frontal .

2.11.3 Plano de topo


É qualquer plano perpendicular à P V e não paralelo à P H.

LT

Propriedades:
- Seu traço horizontal hΠ é perpendicualar à LT .
- Qualquer figura contida em um plano de topo tem sua projeção vertical contida em vΠ .

Exercı́cio

Dado um ponto P , dê a épura de um plano de topo Π que contém P .

46

LT

2.11.4 Plano vertical


É qualquer plano perpendicular ao plano P H e não paralelo à P V .
Propriedades:
- Seu traço vertical vΠ é perpendicular à LT .
- Qualquer figura contida em um plano vertical tem sua projeção horizontal contida em hΠ .

Exercı́cio

Faça uma épura contendo uma reta r e um plano vertical Π que contém r.

2.11.5 Plano de perfil


É qualquer plano perpendicular à LT .

vΠ = hΠ

LT

Propriedades:
- Planos verticais e de topo são casos particulares de planos de perfil.
- Os traços de um plano de perfil coincidem e são perpendiculares á LT .

47
- Qualquer figura contida em um plano de perfil tem suas projeções contidas nos traços
desse plano.

2.12 Exercı́cios
1. Faça a figura espacial e a épura de um quadrado ABCD de lado medindo 4 cm, sabendo
que o quadrado está contido em um plano frontal α, e que A = (−1; 2; 2) e B = (3; 2; 2).

2. Dado o ponto P = (2; 3; 4), faça uma épura contendo uma reta horizontal r e um plano
horizontal α, ambos contendo P .

3. Dado o ponto P = (1; −2; 3), faça uma épura contendo duas retas r e s tais que P 6∈ r, s
é paralela a r e contém P .

4. Faça uma épura contendo um ponto P , uma reta vertical r e de um plano horizontal α,
ambos contendo P .

5. Faça a figura espacial e a épura de um quadrado ABCD de lado medindo 5 cm, sabendo
que o quadrado está contido em um plano horizontal α, e que A = (1; 2; 2) e B = (6; 2; 2).

6. Dê a épura de um cubo de diagonal 10 cm, sabendo que ele tem uma aresta paralela à
L.T. e uma aresta vertical.

7. Seja ABCD um retângulo em que A = (−35; 32; 19) mm, C = (35; −8; 46) mm, AB =
53 mm e CD é frontal. Dê as coordenadas dos pontos B e D.

8. Dê a épura de uma circunferência de raio 6 cm e centro O = (2; 3; 1), sabendo que ela
está contida num plano frontal.

9. No exercı́cio anterior, dê a épura de um quadrado inscrito na circunferência, com lado


paralelo à L.T.

10. Faça uma épura contendo um plano Π, uma reta r e um ponto P tal que r ∩ Π = P .

48
Capı́tulo 3

Poliedros

Definição 3.1. Poliedro é uma reunião de um número finito de regiões poligonais convexas,
chamados faces do poliedro, que satisfazem as condições:
a) cada lado (aresta) de polı́gono é comum a dois e somente dois polı́gonos;
b) a interseção de dois polı́gonos ou é vazia, ou é um vértice comum ou é um lado comum aos
dois polı́gonos.

Um poliedro é dito convexo quando o plano que contém cada face deixa as demais faces
num mesmo semi-espaço.
Vejamos alguns exemplos de poliedros e figuras que não são poliedros.

Poliedro Convexo Poliedro não convexo. Falha a propriedade a) Falha a propriedade b)

A figura (a) abaixo não é um poliedro pois dois dos polı́gonos que a constituem não são
convexos. Mas podemos acrescentar três arestas de modo a torná-la um poliedro, conforme a
figura (b).

49
(a) (b)

Análogo ao que ocorre com polı́gonos convexos, alguns poliedros convexos recebem nomes
especı́ficos de acordo com o número de faces. Por exemplo, denotando por F o número de faces
de um poliedro P, notando que F ≥ 4, temos:
F = 4 ⇒ P é um Tetraedro;
F = 6 ⇒ P é um Hexaedro;
F = 8 ⇒ P é um Octaedro;
F = 12 ⇒ P é um Dodecaedro;
F = 20 ⇒ P é um Icosaedro.
Prismas e pirâmides são também exemplos de poliedros.

Definição 3.2. Seja P um poliedro, com V vértices, A arestas e F faces, o número χ(P ) =
V − A + F é chamado de caracterı́stica de Euler-Poincaré do poliedro P.

O teorema seguinte diz que quando o poliedro é convexo, sua caracterı́stica de Euler-Poincaré
é 2.

Teorema 3.3. (Teorema de Euler) Seja P um poliedro convexo, com V vértices, A arestas e
F faces. Então V − A + F = 2.

Demonstração. a) Seja P ′ uma reunião finita de polı́gonos planos convexos tais que:
i) cada lado de polı́gono é comum no máximo a dois polı́gonos;
ii) havendo lados de polı́gonos que estão em um só polı́gono, eles devem formar uma única
poligonal fechada, plana ou não, chamada contorno;
iii) a interseção de dois polı́gonos ou é vazia ou é um vértice comum ou uma aresta comum;
iv) o plano de cada polı́gono deixa os demais num mesmo semi-espaço (condição de convexi-
dade).
P ′ é chamado de superfı́cie poliédrica convexa.
Por indução finita referente ao número de faces, vamos provar primeiramente que vale a
relação:

V ′ − A′ + F ′ = 1,

50
onde
V ′ é o número de vértices,
A′ é o número de arestas e
F ′ é o número de faces da superfı́cie P ′ .

1) Para F ′ = 1.

Neste caso P ′ se reduz a um polı́gono plano convexo, então V ′ = A′ . Logo, V ′ −A′ + F ′ =


F ′ = 1, como querı́amos.

2) Admitindo que V ′ − A′ + F ′ = 1 vale para uma superfı́cie poliédrica convexa P ′ de F ′ faces


(que possui V ′ vértices e A′ arestas), vamos provar que também vale para uma superfı́cie de
F ′ + 1 faces.
Acrescentando a P ′ (que é aberta) uma face de p arestas (logo p vértices) e considerando
que q dessas arestas coincidem com arestas já existentes, obtemos uma nova superfı́cie com Fa
faces, Aa arestas e Va vértices tais que:

Fa = F ′ + 1
Aa = A′ + p − q (q arestas coincidiram)
Va = V ′ + p − (q + 1) (q arestas coincidindo, q + 1 vértices coincidem).

Formando a expressão Va − Aa + Fa e substituindo os valores acima, temos:

Va − Aa + Fa = V ′ + p − (q + 1) − (A′ + p − q) + (F ′ + 1) =
= V ′ + p − q − 1 − A′ − p + q − F ′ + 1 = V ′ − A′ + F ′ .

Como Va − Aa + Fa = V ′ − A′ + F ′ provamos que a expressão V − A + F não se altera


se acrescentarmos (ou retirarmos) uma face da superfı́cie.
Como, por hipótese de indução, V ′ − A′ + F ′ = 1, concluı́mos que Va − Aa + Fa = 1,
como querı́amos.

b) Seja P ′ = P − f onde f é uma face qualquer de P. Então P ′ é uma superfı́cie poliédrica


convexa e assim, pelo provado em a) vale a relação V ′ − A′ + F ′ = 1. Como V ′ = V , A′ = A
e F ′ = F − 1, vem V − A + (F − 1) = 1, ou seja,

V − A + F = 2,

como querı́amos demonstrar.

51
OBS: A relação V − A + F = 2 é chamada de relação de Euler.

O Teorema de Euler afirma que para todo poliedro convexo vale a relação de Euler. Uma
pergunta natural que surge é a respeito da validade da relação de Euler para poliedros não
convexos. A resposta para esta questão é a seguinte: se um poliedro não é convexo, a relação
de Euler pode valer ou não, conforme mostra os exemplos abaixo:

V=14 V=16

A=24 A=32

F=12 F=16

V-A+F=2 V-A+F=0

Definição 3.4. Um poliedro é chamado de Poliedro de Platão se, e somente se, satisfaz as
seguintes condições:
a) todas as faces têm o mesmo número de arestas,
b) todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número de arestas,
c) vale a relação de Euler.

As figuras abaixo são exemplos de Poliedros de Platão.

Teorema 3.5. Existem cinco, e somente cinco, classes de poliedros de Platão.

Demonstração. Em um poliedro sejam x o número de arestas de cada face (x ≥ 3) e y o número


de arestas em cada vértice (y ≥ 3).
Como cada aresta pertence a exatamente duas faces, temos que xF = 2A, e como as
extremidades de cada aresta dão origem a dois vértices e o número de arestas em cada vértice
é o mesmo para todos os vértices do poliedro, temos que yV = 2A.
2A 2A 2A 2A
Substituindo F = eV = na fórmula de Euler, obtém-se + = A + 2, ou seja,
x y x y

52
1 1 1 1
+ = + . (*)
x y 2 A
1 1 2 1 1 2
Como, x ≥ 3 e y ≥ 3 então + ≤ , ou seja, + ≤ e portanto A ≥ 6.
x y 3 2 A 3
1 1 1 1 1 1
Se x ≥ 4 e y ≥ 4 então + ≤ , o que é impossı́vel pois de (*) segue que + > .
x y 2 x y 2
Logo x = 3 ou y = 3.
Se x = 3 então da equação (*) temos:
1 1 1 1 1
= + ⇒ > ⇒ y < 6.
y 6 A y 6
Portanto, se x = 3 então 3 ≤ y ≤ 5. De modo análogo, se y = 3 obtemos que 3 ≤ x ≤ 5.
Analisemos então cada caso:
• Quando x = 3 e y = 3, temos que A = 6. Nesse caso usando as relações xF = 2A e yV = 2A,
obtemos que F = 4 e V = 4 e portanto P é um tetraedro.
• Quando x = 3 e y = 4 então A = 12, F = 8 e V = 6 e portanto P é um octaedro.
• Quando x = 3 e y = 5 então A = 30, F = 20 e V = 12 e portanto P é um icosaedro.
• Quando x = 4 e y = 3 então A = 12, F = 6 e V = 8 e portanto P é um hexaedro ou cubo.
• Quando x = 5 e y = 3 então A = 30, F = 12 e V = 20 e portanto P é um dodecaedro.

A tabela seguinte resume os resultados obtidos na demonstração acima:

x y A V F Classe
3 3 6 4 4 tetraedro
3 4 12 6 8 octaedro
3 5 30 12 20 icosaedro
4 3 12 8 6 cubo
5 3 30 20 12 dodecaedro

As figuras abaixo são exemplos de Poliedros de Platão.

53
Tetraedro Hexaedro Octaedro Dodecaedro Icosaedro

Definição 3.6. Um poliedro convexo é chamado de poliedro regular quando:


a) suas faces são polı́gonos regulares e congruentes,
b) todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número de arestas,

Pelo Teorema de Euler sabemos que poliedros convexos satisfazem a relação de Euler. Logo,
concluı́mos que poliedros regulares são Poliedros de Platão e, portanto, existem cinco e somente
cinco tipos de poliedros regulares: tetraedro regular, hexaedro regular, octaedro regular, dode-
caedro regular e icosaedro regular.

Tetraedro Hexaedro Octaedro Dodecaedro Icosaedro

Exercı́cios 3.7.

1. Um poliedro convexo de 20 arestas e 10 vértices só possui faces triangulares e quadran-


gulares . Determine os números de faces de cada gênero.

2. Diagonal de um poliedro é qualquer segmento que une dois vértices que não estão na
mesma face. Quantas diagonais possui o icosaedro regular?

3. Mostre que par todo poliedro convexo valem as desigualdades


(a) A + 6 ≤ 3F (b) A + 6 ≤ 3V.

4. Mostre que se um poliedro convexo tem 10 arestas então ele tem 6 faces.

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Referências Bibliográficas

[1] Dolce, O. e Pompeo, J. N. Fundamentos de Matemática Elementar. Volume 9. Atual Edi-


tora, 2004.

[2] Lima, E. L. Medidas e Formas em Geometria .

[3] Lima, E. L. Meu Professor de Matemática e outras histórias. Coleção do Professor de


Matemática, IMPA, 1991.

[4] Lima, E. L., Carvalho, P.C.P., Wagner, E, Morgado, A.C. Matemática do Ensino Médio.
Vol 2. Coleção do Professor de Matemática, 2006.

[5] Carvalho, P.C.P. - Introdução à Geometria Espacial. Coleção do Professor de Matemática.


SBM, 1993.

[6] Machado, A - Geometria Descritiva. Editora McGraw-Hill do Brasil, 1979.

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