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Romance Do Pavão Misterioso

O documento é um poema popular de literatura de cordel que narra a história de um pavão misterioso e suas aventuras envolvendo um conde e sua filha, Creuza. A trama inclui temas de amor, vaidade e a busca por riqueza, com personagens que se envolvem em negociações e desafios. A narrativa destaca a cultura popular e a tradição de contar histórias de forma oral e impressa.

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Romance Do Pavão Misterioso

O documento é um poema popular de literatura de cordel que narra a história de um pavão misterioso e suas aventuras envolvendo um conde e sua filha, Creuza. A trama inclui temas de amor, vaidade e a busca por riqueza, com personagens que se envolvem em negociações e desafios. A narrativa destaca a cultura popular e a tradição de contar histórias de forma oral e impressa.

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Literatura de cordel é um portanto convém qu'eu passe Chama-se Creuza e criou-se

tipo de poema popular, um ano em terra afastada. Sem nunca ter passeado.
oral e impressa em
folhetos, geralmente 7 15
Respondeu Evangelista: – De ano em ano essa moça
expostos para venda – Vai que eu ficarei bota a cabeça de fora
pendurados em cordas ou regendo os negócios para o povo adorá-la
cordéis, o que deu origem como sempre eu trabalhei no espaço de uma hora
ao nome. O nome garanto que nossos bens para ser vista outra vez
de cordel é original de com cuidado zelarei. tem um ano de demora.
Portugal, que tinha a
8 16
tradição de pendurar
– Quero te fazer um pedido: O conde não consentiu
folhetos em barbantes. procure no estrangeiro Outro homem educá-la
um objeto bonito Só ele como pai dela
Romance do Pavão
só para rapaz solteiro; Teve o poder de ensiná-la
Misterioso, de José Camelo
traz para mim de presente E será morto o criado
de Melo Rezende
embora custe dinheiro. Que dela ouvir a fala.
1
9 17
Eu vou contar uma história
João Batista prometeu Os estrangeiros têm vindo
De um pavão misterioso
Com muito boa intenção Tomarem conhecimento
Que levantou vôo na Grécia
De comprar um objeto Amanhã quando ela aparece
Com um rapaz corajoso
De gosto de seu irmão No grande ajuntamento
Raptando uma condessa
Então tomou um paquete É proibido pedir-se
Filha de um conde orgulhoso.
E seguiu para o Japão. A mão dela em casamento.
2
10 18
Residia na Turquia
João Batista no Japão Então disse João Batista
Um viúvo capitalista
Esteve seis meses somente – Agora vou me demorar
Pai de dois filhos solteiros
Gozando daquele império pra ver essa condessa
O mais velho João Batista
Percorreu o Oriente estrela desse lugar
Então o filho mais novo
Depois voltou para a Grécia quando eu chegar à Turquia
Se chamava Evangelista.
Outro país diferente. tenho muito o que contar.
3
11 19
O velho turco era dono
João Batista entrou na Grécia Logo no segundo dia
Duma fábrica de tecidos
Divertiu-se em passear Creuza saiu na janela
Com largas propriedades
Comprou passagem de bordo Os fotógrafos se vexaram
Dinheiro e bens possuídos
E quando ia embarcar Tirando o retrato dela
Deu de herança a seus filhos
Ouviu um grego dizer Quando inteirou uma hora
Porque eram bem unidos.
Acho bom se demorar. Desapareceu a donzela.
4
12 20
Depois que o velho morreu
João Batista interrogou: João Batista viu depois
Fizeram combinação
– Amigo fale a verdade Um retratista vendendo
Porque o tal João Batista
por qual motivo o senhor Alguns retratos de Creuza
Concordou com o seu irmão
manda eu ficar na cidade? Vexou-se e foi dizendo:
E foram negociar
Disse o grego: – Vai haver – Quanto quer pelo retrato
Na mais perfeita união.
Uma grande novidade. porque comprá-lo pretendo.
5
13 21
Um dia João Batista
– Mora aqui nesta cidade O fotógrafo respondeu:
Pensou pela vaidade
um conde muito valente – Lhe custa um conto de réis
E disse a Evangelista:
mais soberbo do que Nero João Batista ainda disse:
– Meu mano eu tenho vontade
pai de uma filha somente – Eu compro até por dez
de visitar o estrangeiro
é a moça mais bonita se o dinheiro não der
se não te deixar saudade.
que há no tempo presente empenharei os anéis.
6
14 22
– Olha que nossa riqueza
– É a moça em que eu falo João Batista voltou
se acha muito aumentada
Filha do tal potentado Da Grécia para a Turquia
e dessa nossa fortuna
O pai tem ela escondida E quando chegou em Meca
ainda não gozei nada
Em um quarto de sobrado Cidade em que residia
Seu mano Evangelista Já vi que este retrato Só para ninguém saber
Banqueteou o seu dia. Vai te causar prejuízo. Até que chegou o dia
Da donzela aparecer.
23 31
Então disse Evangelista: Respondeu Evangelista 39
– Meu mano vá me contando - Pois meu irmão eu te digo Os hotéis já se achavam
se viste coisas bonitas vou sair do país Repletos de passageiros
onde andaste passeando não posso ficar contigo Passeavam pelas praças
o que me traz de presente pois a moça do retrato Os grupos de cavalheiros
vá logo entregando. deixou-me a vida em perigo. Havia muito fidalgos
Chegado dos estrangeiros.
24 32
Respondeu João Batista: João Batista falou sério: 40
– Para ti trouxe um retrato - Precipício não convém As duas horas as tarde
de uma condessa da Grécia de que te serve ir embora Creuza saiu à janela
moça que tem fino trato por este mundo além Mostrando a sua beleza
custou-me um conto de réis em procura de uma moça Entre o conde e a mãe dela
ainda achei muito barato. que não casa com ninguém. Todos tiraram o chapéu
Em continência à donzela.
25
33
Respondeu Evangelista
- Teu conselho não me serve 41
Depois duma gargalhada:
estou impressionado Quando Evangelista viu
- Neste caso meu irmão
rapaz sem moça bonita O brilho da boniteza
pra mim não trouxe nada
é um desaventurado Disse: - Vejo que meu mano
pois retrato de mulher
se eu não me casar com Quis me falar com franqueza
é coisa bastante usada.
Creuza Pois esta gentil donzela
findo meus dias enforcado. É rainha de beleza.
26
- Sei que tem muitos retratos
34 42
mas como o que eu trouxe não
- Vamos partir a riqueza Evangelista voltou
vais agora examiná-lo
que tenho a necessidade Aonde estava hospedado
entrego em tua mão
dá balanço no dinheiro Como não falou com a moça
quando vires a beleza
porque eu quero a metade Estava contrariado
mudará de opinião.
o que não posso levar Foi inventar uma idéia
dou-te de boa vontade. Que lhe desse resultado
27
João Batista retirou
35 43
O retrato de uma mala
Deram o balanço no dinheiro No outro dia saiu
Entregou ao rapaz
Só três milhões encontraram Passeando Evangelista
Que estava de pé na sala
Tocou dois a Evangelista Encontrou-se na cidade
Quando ele viu o retrato
Conforme se combinaram Com um moço jornalista
Quis falar tremeu a fala.
Com relação ao negócio Perguntou se não havia
Da firma se desligaram. Naquela praça um artista.
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Evangelista voltou
36 44
Com o retrato na mão
Despediu-se Evangelista Respondeu o jornalista:
Tremendo quase assustado
Abraçou o seu irmão - Tem o doutor Edmundo
Perguntou ao seu irmão
Chorando um pelo outro na rua dos Operários
Se a moça do retrato
Em triste separação é engenheiro profundo
Tinha aquela perfeição.
Seguindo um para a Grécia para inventar maquinismo
Em uma embarcação. é ele o maior do mundo.
29
Respondeu João Batista
37 45
- Creuza é muito mais formosa
Logo que chegou na Grécia Evangelista entrou
do que o retrato dela
Hospedou-se Evangelista Na casa do engenheiro
em beleza é preciosa
Em um hotel dos mais pobres Falando em língua grega
tem o corpo desenhado
Negando assim sua pista Negando ser estrangeiro
por uma mão milagrosa.
Só para ninguém saber Lhe propôs um bom negócio
Que era um capitalista. Lhe oferecendo dinheiro.
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João Batista perguntou
38 46
Fazendo ar de riso:
Ali passou oito meses Assim disse Evangelista:
- Que é isso, meu irmão
Sem se dar a conhecer - Meu engenheiro famoso
queres perder o juízo?
Sempre andando disfarçado primeiro vá me dizendo
se não é homem medroso Lavanca, chave e botão para lutar me armei
porque eu quero custar Voava igualmente ao vento amanhã a meia-noite
um negócio vantajoso Para qualquer direção. com Creuza conversarei.

47 55 63
Respondeu-lhe Edmundo Quando Edmundo findou À meia-noite o pavão
- Na arte não tenho medo Disse a Evangelista: Do muro se levantou
mas vejo que o amigo – Sua obra está perfeita Com as lâmpadas apagadas
quer um negócio em segredo ficou com bonita vista Como uma flecha voou
como precisa de mim o senhor tem que saber Bem no sobrado do conde
conte-me lá o enredo. que Edmundo é artista. Na cumeeira pousou.
48
56 64
- Eu amo a filha do conde
– Eu fiz o aeroplano Evangelista em silêncio
a mais formosa mulher
da forma de um pavão Cinco telhas arredou
se o doutor inventar
que arma e se desarma Um buraco de dois palmos
um aparelho qualquer
comprimindo em um botão Caibros e ripas serrou
que eu possa falar com ela
e carrega doze arroba E pendurado numa corda
pago o que o senhor quiser.
três léguas acima do chão. Por ela escorregou.
49
– Eu aceito o seu contrato 57 65
mas preciso lhe avisar Foram experimentar Chegou no quarto de Creuza
que eu vou trabalhar seis Se tinha jeito o pavão Onde a donzela dormia
meses Abriram a lavanca e chave Debaixo do cortinado
o senhor vai esperar Encarcaram num botão Feito de seda amarela
é obra desconhecida O monstro girou suspenso E ele para acordá-la
que agora vou inventar. Maneiro como balão. Pôs a mão na testa dela.

50 58 66
– Quer o dinheiro adiantado? O pavão de asas abertas A donzela estremeceu
Eu pago neste momento Partiu com velocidade Acordou no mesmo instante
– Não senhor, ainda é cedo Coroando todo o espaço E viu um rapaz estranho
quando terminar o invento Muito acima da cidade De rosto muito elegante
é que eu digo o preço Como era meia noite Que sorria para ela
quanto custa o pagamento. Voaram mesmo à vontade. Com um olhar fascinante.

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Enquanto Evangelista Então disse o engenheiro: Então Creuza deu um grito:
Impaciente esperava – Já provei minha invenção – Papai um desconhecido
O engenheiro Edmundo fizemos a experiência entrou aqui no meu quarto
Toda noite trabalhava tome conta do pavão sujeito muito atrevido
Oculto em sua oficina agora o senhor me paga venha depressa papai
E ninguém adivinhava. sem promover discussão. pode ser algum bandido.

52 60 68
O grande artista Edmundo Perguntou Evangelista: O rapaz lhe disse: – Moça
Desenhou nova invenção – Quanto custa o seu invento? Entre nós não há perigo
Fazendo um aeroplano – Dê me cem contos de réis Estou pronto a defendê-la
De pequena dimensão acha caro o pagamento Como um verdadeiro amigo
Fabricado de alumínio o rapaz lhe respondeu: Venho é saber da senhora
Com importante armação. Acho pouco dou duzentos. Se quer casar-se comigo.

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Movido a motor elétrico Edmundo ainda deu-lhe De um lenço enigmático
Depósito de gasolina Mais uma serra azougada Que quando Creuza gritava
Com locomoção macia Que serrava caibro e ripa Chamando o pai dela
Que não fazia buzina E não fazia zuada Então o moço passava
A obra mais importante Tinha os dentes igual navalha Ele no nariz da moça
Que fez em sua oficina. De lâmina bem afiada. Com isso ela desmaiava.

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Tinha cauda como leque Então disse o jovem turco: O jovem puxou o lenço
As asas como pavão – Muito obrigado fiquei Ao nariz da moça encostou
Pescoço, cabeça e bico do pavão e dos presentes Deu uma vertigem na moça
De repente desmaiou Que não eram malfazejos: entra e sai sem ser notado
E ele subiu na corda – Não tenha medo donzela. se é gente desse mundo
Chegando em cima tirou. usa feitiço encantado.
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71 A moça interrogou-o 87
Ajeitou os caibros e ripas Disse: – Quem é o senhor Evangelista também
E consertou o telhado Diz ele: – Sou estrangeiro Desarmou seu pavão
E montando em seu pavão Lhe consagrei grande amor A cauda, a capota, o bico
Voou bastante vexado Se não fores minha esposa Diminuiu a armação
Foi esconder o aparelho A vida não tem valor. Escondeu o seu motor
Aonde foi fabricado. Em um pequeno caixão.
80
72
Mas Creuza achou impossível 88
O conde acordou aflito
O moço entrar no sobrado Depois de sessenta dias
Quando ouviu essa zuada
Então perguntou a ele Alta noite em nevoeiro
Entrou no quarto da filha
De que jeito tinha entrado Evangelista chegou
Desembainhou a espada
E disse: – Vai me dizendo No seu pavão bem maneiro
Encontrou-a sem sentido
Se és vivo ou encantado. Desceu no quarto da moça
Dez minutos desmaiada.
A seu modo traiçoeiro.
73 81
Percorreu todos os cantos Como eu lhe tenho amizade 89
Com a espada na mão Me arrisco fora de hora Já era a terceira vez
Berrando e soltando pragas Moça não me negue o sim Que Evangelista entrava
Colérico como um leão A quem tanto lhe adora! No quarto que a condessa
Dizendo: – Aonde encontrá-lo Creuza aí gritou: – Papai À noite se agasalhava
Eu mato esse ladrão. Venha ver o homem agora. Pela força do amor
74 O rapaz se arriscava.
Creuza disse: – Meu pai 82
Pois eu vi neste momento Ele passou-lhe o lenço 90
Um jovem rico e elegante Ela caiu sem sentido Com um pouco a moça
Me falando em casamento Então subiu na corda acordou
Não vi quando ele encantou-se Por onde tinha descido Foi logo dizendo assim:
Porque me deu um Chegou em cima e disse: – Tu tens dito que me amas
passamento. – O conde será vencido. com um bem-querer sem fim
se me amas com respeito
75 83 te senta juntos de mim.
Disse o conde: – Nesse caso Ouviu-se tocar a corneta
Tu já estás a sonhar E o brado da sentinela 91
Moça de dezoito anos O conde se dirigiu Evangelista sentou-se
Já pensando em se casar Para o quarto da donzela Pôs-se a conversar com ela
Se aparecer casamento Viu a filha desmaiada Trocando o riso esperava
Eu saberei desmanchar. Não pode falar com ela. A resposta da donzela
Ela pôs-lhe a mão na testa
76 84 Passou a banha amarela.
Evangelista voltou Até que a moça tornou
Às duas da madrugada Disse o conde: – É um caso 92
Assentou seu pavão sério Depois Creuza levantou-se
Sem que fizesse zuada Sou um fidalgo tão rico Com vontade de gritar
Desceu pela mesma trilha Atentado em meu critério O rapaz tocou-lhe o lenço
Na corda dependurada. Mas nós vamos descobrir Sentiu ela desmaiar
O autor do mistério. Deixou-a com uma síncope
77 Tratou de se retirar.
E Creuza estava deitada 85
Dormindo o sono inocente – Minha filha, eu já pensei 93
Seus cabelos como um véu em um plano bem sagaz E logo Evangelista
Que enfeitava puramente passa essa banha amarela Voando da cumeeira
Como um anjo de terreal na cabeça desse audaz Foi esconder seu pavão
Que tem lábios sorridentes. só assim descobriremos Nas folhas de uma palmeira
esse anjo ou satanás. Disse: – Na quarta viagem
78 Levo essa estrangeira.
O rapaz muito sutil 86
Foi pegando na mão dela – Só sendo uma visão 94
Então a moça assustou-se que entra neste sobrado Creuza então passou o resto
Ele garantiu a ela só chega à meia-noite Da noite mal sossegada
Acordou pela manhã Que o rapaz tinha riqueza Com banha desconhecida
Meditava e cismada Vamos ganhar umas luvas Disse: – Nunca mais terei
Se o pai não perguntasse E o conde uma surpresa. Sossego na minha vida.
Ela não dizia nada.
103 111
95 Seguiu logo Evangelista Disse Creuza: – Ora papai
Disse o conde: – Minha filha Conversando com o guarda Me prive da liberdade
Parece que estás doente? Até que se aproximaram Não consente que eu goze
Sofreste algum acesso Duma palmeira copada A distração da cidade
Porque teu olhar não mente Então disse Evangelista: Vivo como criminosa
O tal rapaz encantado – Minha roupa está trepada. Sem gozar a mocidade.
Te apareceu certamente.
104 112
96
E os soldados olharam – Aqui não tenho direito
E Creuza disse: – Papai
Em cima tinha um caixão de falar com um criado
Eu cumpri o seu mandado
Mandaram ele subir um rapaz para me ver
O rapaz apareceu-me
E ficaram de prontidão precisa ser encantado
Mas achei-o delicado
Pegaram a conversar mas talvez ainda eu fuja
Passei-lhe a banha amarela
Prestando pouca atenção. deste maldito sobrado.
E ele saiu marcado.
97 105 113
O conde disse aos soldados Evangelista subiu – O rapaz que me amou
Que a cidade patrulhassem Pôs um dedo no botão só queria vê-lo agora
Tomassem os chapéus de Seu monstro de alumínio para cair nos seus pés
Quem nas ruas encontrassem Ergueu logo a armação como uma infeliz que chora
Um de cabelo amarelo Dali foi se levantando embora que eu depois
Ou rico ou pobre pegassem. Seguiu voando o pavão. morresse na mesma hora.

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Evangelista trajou-se E os soldados gritaram: – Eu sei que para ele
Com roupa de alugado – Amigo, o senhor se desça não mereço confiança
Encontrou-se com a patrulha deixe de tanta demora quando ele vinha aqui
O seu chapéu foi tirado é bom que não aborreça ainda eu tinha esperança
Viram o cabelo amarelo senão com pouco uma bala de sair desta prisão
Gritaram: – Esteja intimado! visita sua cabeça. onde estou desde de criança.

99 107 115
Os soldados lhe disseram: Então mandaram subir Às quatro da madrugada
– Cidadão não estremeça Um soldado de coragem Evangelista desceu
está preso a ordem do conde Disseram: – Pegue na perna Creuza estava acordada
e é bom que não se cresça Arraste com a folhagem Nunca mais adormeceu
vai a presença do conde Está passando na hora A moça estava chorando
se é homem não esmoreça. De voltarmos da viagem. O rapaz lhe apareceu.

100 108 116


– Você hoje vai provar Quando o soldado subiu O jovem cumprimentou-a
por sua vida responde Gritou: – Perdemos a ação Deu-lhe um aperto de mão
como é que tem falado Fugiu o moço voando A condessa ajoelhou-se
com a filha do nosso conde De longe vejo um pavão Para pedir-lhe perdão
quando ela lhe procura Zombou de nossa patrulha Dizendo: – Meu pai mandou
onde é que se esconde. Aquele moço é o cão. Eu fazer-te uma traição.

101 109 117


Evangelista respondeu: Voltaram e disseram ao conde O rapaz disse: – Menina
– Também me faça um favor Que o rapaz tinham encontrado A mim não fizeste mal
enquanto vou me vestir Mas no olho de uma palmeira Toda a moça é inocente
minha roupa superior O moço tinha voado Tem seu papel virginal
na classe de homem rico Disso o conde: – Pois é o cão Cerimônia de donzela
ninguém pisa meu valor. Que com Creuza tem falado. É uma coisa natural.

102 110 118


Disseram: – Pode mudar Creuza sabendo da história – Todo o seu sonho dourado
Sua roupa de nobreza Chorava de arrependida é fazer-te minha senhora
A moça bem que dizia Por ter marcado o rapaz se quiseres casar comigo
te arrumas e vamos embora 126 134
senão o dia amanhece E a gaita do pavão A condessa estava lendo
e se perde a nossa hora. Tocando uma rouca voz Com o telegrama na mão
O monstro de olho de fogo Entregou a Evangielista
119 Projetando os seus faróis Que mostrou ao seu irmão
– Se o senhor é homem sério O conde mandando pragas Dizendo: – Vamos voltar
e comigo quer casar Disse a moça: – É contra nós. Por uma justa razão.
pois tome conta de mim
aqui não quero ficar 127 135
se eu falar em casamento Os soldados da patrulha De manhã quando os noivos
meu pai manda me matar. Estavam de prontidão Acabaram de almoçar
Um disse: – Vem ver fulano E Creuza em traje de noiva
120 Aí vai passando um pavão Pronta para viajar
– Que importa que ele mande O monstro fez uma curva De palma, véu e capela
tropas e navios pelos mares Para tomar direção. Pois só vieram casar.
minha viagem é aérea
meu cavalo anda nos ares
128 136
nós vamos sair daqui
Então dizia um soldado Diziam os convidados:
casar em outros lugares.
– Orgulho é uma ilusão – A condessa é tão mocinha
um pai governa uma filha e vestida de noiva
121 mas não manda no coração torna-se mais bonitinha
Creuza estava empacotando pois agora a condessinha está com um buquê de flor
O vestido mais elegante vai fugindo no pavão. séria como uma rainha.
O conde entrou no quarto
E dando um berro vibrante
129 137
Gritando: – Filha maldita
O conde olhou para a corda Os noivos tomaram assento
Vais morrer com o seu amante.
E o buraco do telhado No pavão de alumínio
Como tinha sido vencido E o monstro se levantou-se
122 Pelo rapaz atilado Foi ficando pequenino
O conde rangendo os dentes Adoeceu só de raiva Continuou o seu vôo
Avançou com passo extenso Morreu por não ser vingado. Ao rumo do seu destino.
Deu um pontapé na filha
Dizendo: – Eu sou quem venço
130 138
Logo no nariz do conde
Logo que Evangelista Na cidade de Atenas
O rapaz passou o lenço.
Foi chegando na Turquia Estava a população
Com a condessa da Grécia Esperando pela volta
123 Fidalga da monarquia Do aeroplano pavão
Ouviu-se o baque do conde Em casa do seu irmão Ou o cavalo do espaço
Porque rolou desmaiado Casaram no mesmo dia. Que imita um avião.
A última cena do lenço
Deixou-o magnetizado
131 139
Disse o moço: – Tem dez
Em casa de João Batista Na tarde do mesmo dia
minutos
Deu-se grande ajuntamento Que o pavão foi chegado
Para sairmos do sobrado.
Dando vivas ao noivado Em casa de Edmundo
Parabéns ao casamento Ficou o noivo hospedado
124 À noite teve retreta Seu amigo de confiança
Creuza disse: – Eu estou Com visita e cumprimento. Que foi bem recompensado.
pronta
Já podemos ir embora
132 140
E subiram pela corda
Enquanto Evangelista E também a mãe de Creuza
Até que sairam fora
Gozava imensa alegria Já esperava vexada
Se aproximava a alvorada
Chegava um telegrama A filha mais tarde entrou
Pela cortina da aurora.
Da Grécia para Turquia Muito bem acompanhada
Chamando a condessa urgente De braço com o seu noivo
125 Pelo motivo que havia. Disse: – Mamãe estou casada.
Com pouco o conde acordou
Viu a corda pendurada 141
133
Na coberta do sobrado Disse a velha: – Minha filha
Dizia o telegrama:
Distinguiu uma zuada Saíste do cativeiro
"Creuza vem com o teu marido
E as lâmpadas do aparelho Fizeste bem em fugir
receber a tua herança
Mostrando luz variada. E casar no estrangeiro
o conde é falecido
Tomem conta da herança
tua mãe deseja ver
Meu genro é meu herdeiro.
o genro desconhecido."

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