História da Arte – Grécia Antiga
Origens
- Povos indo-europeus que se estabeleceram nas ilhas Cíclades e em Creta entre 3000 e
1100 a.C.;
- Estes povos desenvolveram culturas próprias: minoica (Creta) e cicládica (Cíclades)
- A civilização minoica, destas duas, adquiriu preeminência cultural e económica até à
chegada dos Aqueus.
A conquista pelos Aqueus
- Os Aqueus, um povo de guerreiros indo-europeu, conquistaram a ilha de Creta entre
1600 e 1100 a.C. Criaram a designada cultura micénica (em Micenas), que se propagou
por toda a Grécia Continental.
As migrações: Jónios, Eólios e Dórios
- A influência de Micenas vai decair a partir de 1100 a.C., o que fez com que outros povos
ocupassem o território grego: Jónios (fundaram a cidade de Atenas, e ocuparam as ilhas
do Mar Egeu e a Grécia Central), Eólios (ocuparam o norte da Grécia – região da
Macedónia) e Dórios (estabeleceram-se no Peloponeso e fundaram a cidade de Esparta).
- Entre 800 e 146 a.C. desenvolve-se a civilização grega.
Períodos de desenvolvimento da Civilização Grega
- Arcaico – 800-500 a.C. (expansão da civilização grega, prosperidade económica, e
fundação de colónias no Mediterrâneo);
- Clássico – 500-323 a.C. (apogeu da civilização grega; hegemonia ateniense; Guerras
Médicas e Guerra do Peloponeso);
- Helenismo – 323-146 a.C. (gradual dissolução da cultura grega e fusão com culturas
orientais).
Arte minoica (2000 a 1500 a.C.)
Arthur Evans (1851- 1941) representa “muitos ingleses e europeus de finais do
século XIX e princípios do século XX, [que] desenvolveram e mesclaram estudos,
aventura e capacidade” ao serviço da sua própria curiosidade acerca da cultura clássica
(p.25).. As descobertas feitas por este indivíduo “eclipsaram as investigações das últimas
décadas do século XIX” relativas à Grécia Clássica. As descobertas de Evans consistiram
no desenterrar de um conjunto de construções palacianas em Cnossos, facto que o fez
considerar tratar-se do palácio do lendário rei Minos – daí deriva o termo “minoico”
(Vivas Sainz, 2016b, p. 30) –, personagem da Ilíada de Homero.
Arquitetura
Os primeiros palácios minoicos terão surgido em Creta durante a Idade do Bronze
(Bronze médio) – devido às relações estabelecidas com o Egipto. Apesar de Evans
considerar “palácio” todo o lugar onde habitava um rei, a verdade é que Cnossos e Malia
são exemplos de “cidades-palácios”, devido ao seu enorme papel económico, político e
religioso (Vivas Sainz, 2016b, p. 31). São autênticos “centros administrativos e
comerciais” (López Díaz, 2012, p. 27), que não possuíam fortificações – o que permite
pressupor que a frota cretense era a responsável pela defesa do território (Vivas Sainz,
2016b, pp. 30-31).
Ainda que seja difícil estabelecer características comuns a todos os palácios
minoicos (dadas as descobertas mais recentes), podem enunciar-se os seguintes elementos
caracterizadores:
• Orientação de norte para sul, estando o palácio instalado na “zona alta de
uma suave colina”, com edificações escalonadas ao redor;
• Divisão em várias áreas funcionais (armazenamento, comércio, políticas e
religiosas, …);
• Pátio central retangular, para receção e reunião;
• Largas escadarias para acessos aos vários lugares do palácio;
• “Poços de luz” – pequenos pátios para conferir ventilação e luz às habitações
sem luz exterior;
• Pátio na zona oeste, com funções públicas, onde estão koulouras (supõe-se
que sejam silos);
• Edifícios sem grandes fachadas monumentais (com exceção do pátio
central);
• Coluna troncocónica policromada para suporte dos edifícios (influência,
possivelmente, egípcia);
• Frescos e relevos estucados nas paredes;
• Pavimentação com lousa cerâmica, e telhados planos para escoamento de
águas através de calhas para escoamento;
• Existência de estruturas de
canalização de água para banhos
(Vivas Sainz, 2016b, pp. 30-32).
Imagem 1 - Palácio de Minos (em Cnossos)
Imagem 2 - Planta do complexo palacial de Festus
Pintura
No respeitante à pintura minoica, estas são as características principais:
• Técnica do bom fresco, em que se utilizam tintas semelhantes a aguarelas
de secagem rápida;
• Técnica do fresco seco, com uso de cores de aguarela e cal aplicados sobre
uma parede seca;
• Cores mais utilizadas: vermelho, branco, negro, amarelo, azul e verde
(Vivas Sainz, 2016b, pp. 47-48);
• Temáticas: saltos sobre touros (taurocatapsia) e captura de touros; cenas de
combates e competição; composições heráldicas com grifos; procissões e
oferendas; temas de natureza; cenas religiosas (Vivas Sainz, 2016b, pp. 49-
50).
Imagem 3 - Fresco com saltos sobre touros (palácio de Cnossos)
Imagem 4 - Mégaron da Rainha (Cnossos)
Cerâmica minoica
• Minoico antigo: vasos e jarras decorados com motivos geométricos
(triângulos e bandas);
• Minoico Médio (IB): aparecem os primeiros vestígios de cerâmica
policromada, que pode ter fundo claro com motivos em cores mais escuras.
Passa a utilizar-se a roda de oleiro;
• Cerâmica de Kamares (Minoico Médio IIB): surgem vasos para beber e
verter líquidos. A cerâmica é decorada “com espirais, pétalas, rosetas, ramos
de folhas que se entrelaçam em retorcidos e originais desenhos, enquanto
que outros motivos procedem da fauna local – como polvos e peixes” (p.59-
60);
• Durante o período dos segundos palácios, “a cozedura a temperaturas mais
elevadas” permite o aparecimento de vasos de grande tamanho. Podiam
possuir estilo marinho, floral,
geométrico, abstrato e
alternante. Há influência da arte
mural sobre a cerâmico(Vivas
Sainz, 2016b, pp. 60-61).
Imagem 5 - Cerâmica de Kamares
Artes decorativas
• Pequenas estátuas de terracota com forma humana e animais (colocadas em
santuários e tumbas);
• Figuras de marfim de elefante, com figuras de crianças, acrobatas,
saltadores de touros;
• Figuras de marfim femininas;
• Objetos de louça vidrada ou faiança egípcia;
• Vasos metálicos decorados, em ouro e prata;
• Peças de joalharia (diademas, adornos para cabelo em forma de flores,
pingentes…), com uso de filigrana (Vivas Sainz, 2016b, pp. 61-63).
Imagem 7 - Pingente de ouro encontrado em Malia
Imagem 6 - A Deusa das
Serpentes de Cnossos
Arte Micénica (1600-1100 a.C.)
O termo “micénico” tem como origem o nome Micenas – cidade grega que se
encontrava a 90 quilómetros de Atenas. Heinrich Schliemann, durante as suas escavações,
encontrou máscaras e peças de ouro nas tumbas nesta cidade (Vivas Sainz, 2016a, p. 66)
– no caso das máscaras de ouro, Schliemann pensou terem pertencido ao rei
Agamémnon 1. Contudo, foi demonstrado posteriormente que as sepulturas de Micenas
são de um período anterior ao da vida de Agamémnon. Deste modo, deve ter-se cautela
com o uso das epopeias da antiguidade enquanto fontes históricas (Vivas Sainz, 2016a,
pp. 66-67).
O comércio era, provavelmente, a atividade mais importante para os micénicos.
Considerando os vestígios encontrados, pensa-se que os vários reinos micénicos que
existiram fossem independentes entre si (Vivas Sainz, 2016a, pp. 66-67).
Arquitetura
As grandes cidades micénicas terão tido origem durante o Bronze recente. As que
foram escavadas têm em comum a sua posição elevada ao longo de uma colina, ficando
o palácio colocado na zona mais alta tal como o templo e algumas outras construções
civis. Este espaço amuralhado servia, também, para refúgio das populações – este espaço
designa-se por acrópole.
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Uma vez que teve, como base para as suas descobertas, os relatos de Homero.
Algumas características e elementos da arquitetura militar:
• Construção de aparelho ciclópico (pedras colocadas umas sobre as outras,
tapando-se os buracos entre elas com pedras mais pequenas). Este tipo de
forma construtiva foi encontrado em muralhas que poderiam ter oito metros
de altura;
• Existência de casamatas (podiam ser espaço de armazenamento ou de
guarda para os soldados);
• Cisternas subterrâneas.
Imagem 8 - Casamata (em Tirinto)
Características da arquitetura palaciana:
• Existência de mégaron tripartido;
• O centro da sala do trono tinha um espaço circular (eschara);
• Pátio, que precede o mégaron;
• Possibilidade de existir uma sala do trono secundária (muitas vezes
designada de Mégaron da Rainha – tal verifica-se em Micenas, Pilos e
Tirinto) (Vivas Sainz, 2016a, pp. 75-76).
Pintura
• Herdeira da minoica nas convenções de cor e de representação da figura
humana;
• Temas: representações de animais e paisagens (os animais não são o tema
central, facto diferenciador face à cultura minoica); mantêm-se os temas
minoicos; cenas de sacrifício, caça, batalha ou preparação para a batalha,
cenas de banquete (temas micénicos).
Imagem 9 - Caça ao javali (Tirinto)
Cerâmica
Três períodos:
• Etapa 1: influência dos estilos minoicos, mas com motivos
progressivamente mais abstratos e esquemáticos;
• Etapa 2: estilo esquemático (flores, espirais…), e o estilo pictórico (temas
figurativos: touros, esfinges, figuras humanas, barcos ou carros);
• Etapa 3: surgimento de estilos regionais. Aparecem cenas de batalha.
Imagem 10 - Vaso dos Guerreiros
Artes decorativas
• Figuras em Psi, Tau e Phi;
• Relevos com cenas de caça, de leões, cenas bélicas ou de carros;
• Uso de rosetas e tríglifos (Vivas Sainz, 2016a, pp. 87-88);
• Peças em ouro e prata (vasos e máscaras);
• Peças em marfim com influências do Próximo Oriente, com excelente
acabamento (ex: pyxis) (Vivas Sainz, 2016a, pp. 89-93).
Imagem 11 - Máscara de Agamémnon
Arte Cicládica
“Sem dúvida, o que melhor se conhece da arte cicládica são as figuras de mármore
finamente polida, que costumavam ser pintadas com pigmentos vermelhos ou azuis de
origem mineral. São esculturas com formas
humanas, femininas na sua maioria, com formas
simples, proporções cuidadas e um rosto
esquemático. Muito características são as
figuras de mulheres com braços cruzados
horizontalmente abaixo do peito, com a púbis
indicada pelo triângulo e, em certas ocasiões,
surgem figuras com o ventre abobadado, o que
sugere uma ligação com a ideia de fertilidade. O
significado e a função destas figuras continua a
ser um enigma, mas é muito provável que
simbolizem a fecundidade – e talvez sejam a
representação de uma deusa da fertilidade”
(Martínez de la Torre, Gracia y Asensio, &
Vivas Sainz, 2016, p. 28). Imagem 12 - Principais tipos de escultura cicládica
Bibliografia
López Díaz, J. (2012). El arte de la Creta minoica. In C. M. de la Torre, J. L. Díaz, & C.
N. Yusta (Eds.), Historia del arte clásico en la Antigüedad (pp. 25-46). Madrid:
Editorial Centro de Estudios Ramón Areces S. A./UNED.
Martínez de la Torre, C., Gracia y Asensio, J. S. d., & Vivas Sainz, I. (2016). Introducción
al arte en Egeo. In C. M. de la Torre, J. S. de G. y Asensio, & I. V. Sainz (Eds.),
Arte de las grandes civilizaciones clásicas: Grecia y Roma (pp. 24-28). Madrid:
Editorial Centro de Estudios Ramón Areces S. A./UNED.
Vivas Sainz, I. (2016a). El arte del mundo micénico: el Bronce Reciente en el Egeo (circa
1600-1100 a. C.). In C. M. de la Torre, J. S. de G. y Asensio, & I. V. Sainz (Eds.),
Arte de las grandes civilizaciones clásicas: Grecia y Roma (pp. 65-95). Madrid:
Editorial Centro de Estudios Ramón Areces S. A./UNED.
Vivas Sainz, I. (2016b). El arte del mundo minoico (circa 2000-1500 a.C.): el bronce
medio y los inicios del bronze recuebte en el Egeo. In C. M. de la Torre, J. S. de
G. y Asensio, & I. V. Sainz (Eds.), Arte de las grandes civilizaciones clásicas:
Grecia y Roma (pp. 29-64). Madrid: Editorial Centro de Estudios Ramón Areces
S. A./UNED.