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Manual Do Gerente Desafios Da Media Gere

O documento discute a importância de gerentes competentes nas organizações de saúde para enfrentar desafios e garantir a qualidade dos serviços. Destaca a necessidade de liderança, conhecimento em planejamento e gestão, e a complexidade do sistema de saúde brasileiro, especialmente no contexto do SUS. O manual propõe uma abordagem prática para a média gerência, oferecendo ferramentas e diretrizes para a organização e gestão das redes de saúde.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Manual Do Gerente Desafios Da Media Gere

O documento discute a importância de gerentes competentes nas organizações de saúde para enfrentar desafios e garantir a qualidade dos serviços. Destaca a necessidade de liderança, conhecimento em planejamento e gestão, e a complexidade do sistema de saúde brasileiro, especialmente no contexto do SUS. O manual propõe uma abordagem prática para a média gerência, oferecendo ferramentas e diretrizes para a organização e gestão das redes de saúde.
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As organizações de saúde necessitam de gerentes que

tenham competência para enfrentar os desaios gerados


pela complexidade do setor Saúde e as exigências por
qualidade nos serviços prestados à população.
Para desempenhar esta função é necessário conhecer
o planejamento, as estratégias para intervenção, a
programação; entender sobre as formas de contrato, sobre
gestão dos processos de trabalho e do conhecimento,
entender a organização da rede de saúde, além das
questões relacionadas à infraestrutura predial das unidades
de saúde e sua manutenção.

Antes de tudo, o gerente precisa


cuidar de sua equipe, precisa ser
e atuar como um líder; e ter a
capacidade de escutar e orquestrar.

Na realidade brasileira, principalmente em organizações


públicas de saúde, os desaios para uma melhor formação
de gerentes são enormes, assemelhando-se aos desaios da
própria consolidação do SUS e da estratégia de expansão
das Unidades Primárias de Saúde.
A ideia de uma oferta que se pretende útil de alguma forma,
e que necessariamente pode ser aperfeiçoada, demanda
escuta. Neste contexto, sua sugestão é bem-vinda!
Ca aa a  
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fiocruz
Biblioteca de Saúde Pública

Manual do Gerente: desafios da média gerência na saúde / organizado por Luisa Regina
Pessôa, Eduardo Henrique de Arruda Santos e Kellem Raquel Brandão de Oliveira Torres
/ autores Camilla Maia Franco, Simone Agadir Santos e Monica Ferzola Salgado – Rio
de Janeiro, Ensp, 2011.
Luisa Regina Pessôa
208 p. : il.
ISBN: 978-85-88026-60-5
Coordenação

1. Gerência em Saúde. 2. Gestão do Conhecimento. 3. Processo de Trabalho. 4. Incor-


poração Tecnológica. 5. Linha de Cuidado. 6. Planejamento e Avaliação. I. Pessôa, Luisa
Regina; Santos, Eduardo Henrique de Arruda; Torres, Kellem Raquel Brandão de Oliveira
(Org.). II. Título.
CDD – 600

Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Rio de Janeiro, 2011


Rua Leopoldo Bulhões, 1.480
Prédio Professor Joaquim Alberto Cardoso de Melo
Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ
CEP: 21041-210
www.ensp.fiocruz.br
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz AUTORES
Camilla Maia Franco
PRESIDENTE Eduardo Henrique de Arruda Santos (organizador)
Paulo Ernani Gadelha Kellem Raquel Brandão de Oliveira Torres (organizadora)
Luisa Regina Pessôa (organizadora)
DIRETOR DA ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA Monica Ferzola Salgado
Antônio Ivo de Carvalho Simone Agadir Santos
Túlio Batista Franco1
VICE-DIRETORIA DE ESCOLA DE GOVERNO EM SAÚDE /ENSP
Marcelo Rasga Moreira COLABORADORES
Alvaro Kniestedt
Programa de Qualificação da Incorporação de Tecnologias em Saúde Heloisa Helena Rousselet de Alencar
COORDENAÇÃO Marta Helena Buzatti Fert
Luisa Regina Pessôa Max André dos Santos

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro VALIDADORES


PREFEITO Ana Catarina Busch Loivos
Eduardo Paes Alexandre Modesto
Alexandre Wellos
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE E DEFESA CIVIL Áurea Bittencourt
Hans Fernando Rocha Dohmann Carlos Alberto Linger
Carlos Rubens Cardoso
SUBSECRETÁRIA GERAL César Roberto Braga Macedo
Cristina G. Veneu
Anamaria Carvalho Schneider
Cyntia Amorim Guerra
Edson Borga
SUBSECRETÁRIO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA VIGILÂNCIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Érica da Silva Zanardi
Daniel Soranz
Fernanda Christine Dutra Bastos
Gert Wimmer
Copyright © 2011 dos autores
Helena Seidl
Todos os direitos de edição reservados à Fundação Oswaldo Cruz/Ensp
Ildary Mesquita Machado
Leonardo de Oliveira El-warrak
SUPERVISÃO EDITORIAL Letícia Thomaz de Almeida
Luisa Regina Pessôa Luciana Costa Carvalho
Eduardo Henrique de Arruda Santos Marcelo Ferreira Motta
Marcelo Menezes de Andrade
REVISÃO Patrícia Dias Martins
Maria José de Sant’Anna Regina Daibes Silva
Vanessa M. F. Teles
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Mary Paz Guillén AUDIOVISUAL
Camilla Leal Ferreira Ravagnani
ILUSTRAÇÔES Frederico Pessoa Cardoso
Fernando Motta Marcio Alexandre Bella (Bragga)
Paula de Castro Santos
CAPA Rogério Frazão Bulcão Fonseca
Marcio Alexandre Bella (Bragga)
1
Participou do Capítulo Linha de Cuidado Integral
“Ora, se o que é saudável ou bom
difere para os homens e os peixes,
mas o que é branco e reto é sempre
o mesmo, qualquer um diria que o
homem sábio é o mesmo, mas o que
é praticamente sábio varia; pois é
àquele que observa bem as diversas
coisas que lhe dizem respeito que
atribuímos sabedoria prática, e é a ele
que confiaremos tais assuntos.”
Aristóteles
com fluxos cruzados, que gera problemas pouco estruturados,
Prefácio fazendo com que somente conhecimentos instrumentais e
técnicas padronizadas não tenham capacidade de abordá-
los de forma efetiva. Assim, rapidamente, chegamos a uma
evidência argumentativa de que a gerência intermediária é
o elo mais complexo da estrutura de gestão do sistema de
saúde. Portanto, estratégico do ponto de vista de alimentar
seu compromisso com certo modo de organizar o seu trabalho
e de produzir aprendizagens no cotidiano.
Sim, utilizo-me da expressão “gestão” para me referir a
parte do trabalho desses atores – mesmo sendo autor de
diversos textos conceituais demonstrando distinções entre a
Prefaciar um manual para a gerência intermediária de “gerência” – relativa ao campo de conhecimentos e práticas
serviço, redes e sistemas de saúde. Eis um desafio de bom da administração aplicado à direção de serviços de saúde, e à
tamanho! É tarefa realizável somente porque se trata de um “gestão”, relativa a um plano interdisciplinar de conhecimentos
empreendimento da arquiteta, sanitarista e defensora radical e práticas, com ênfase na Saúde Coletiva, aplicado à direção
do Sistema Único de Saúde (SUS) Luisa Regina Pessôa, de redes e sistemas de saúde. No caso desta produção, não
cuja seriedade conheço há alguns anos. O compromisso há confusão conceitual, mas sim a decisão política de diálogo
ético e político da organizadora convoca a tomar contato com o “gestor” que existe em cada gerente intermediário; a
com a proposta do livro neste formato, tão avesso à lógica gestão com “g” minúsculo, como nos alertou Merhy, para
produtivista do “mundo da ciência” que nos envolve a todos. dizer de uma ação em rede que fazemos todos, em favor ou em
E o primeiro espanto é o público ao qual se destina: a gerência oposição ao constructo ético e político do SUS, e não apenas
intermediária (a média gerência) do sistema de serviços de a gestão com “G” maiúsculo, aquela que fazem os dirigentes
saúde. Este segmento da direção dos serviços para os quais se dos escalões superiores dos sistemas de saúde. Organizar o
produzem inúmeras portarias e procedimentos operacionais, cotidiano do trabalho explicitamente em oposição ao SUS ou
mesmo tornar-se imobilizado por insuficiências e deficiências
de um lado, e cadeias de comando de outro, e que é invisível
em certos aspectos de sua implementação pode produzir o
em investimentos do âmbito da aprendizagem criativa. E veja-
mesmo efeito: descrédito, reatividade e imaginários sociais
se que há alguns anos falamos da micropolítica do trabalho, a
contrários a essa conquista da população brasileira que é a
partir das contribuições de Merhyi e tantos outros, e no estudo
nossa política de saúde atual. Aí está a gestão no cotidiano
das políticas, as ciências sociais já nos alertaram que a fase
dos gerentes, que também podem mobilizar criativamente os
de implementação, autônoma e, muitas vezes, independente,
recursos para superar os problemas do cotidiano, imperfeito
pode ordenar processos de trabalho em direção diametralmente
como ele é, em afirmação ao SUS, como aposta esta publicação.
distinta daquela indicada até a etapa normativa do ciclo da
política. Também contribui para evidenciar a relevância desta Mesmo o conhecimento instrumental e a técnica, quando
produção o reconhecido contexto de complexidade no qual está aparece na coletânea de textos que compõem a produção,
imersa a área da saúde, com situações multideterminadas e estão mobilizados não apenas pela lógica instrumental,
de aplicação direta sobre problemas visíveis, mas para para “falar por si próprio”, como nos alertou Deleuze. Se a
fazer certo estranhamento ao pensamento e mobilizar o intenção for adentrar num discurso que busca explicações
compromisso político com o SUS. Como explicar, de outra para o imobilismo e grandes teorias de impossibilidade, ainda
maneira, um capítulo sobre a gestão do trabalho tomado pelas é tempo de buscar outras leituras... Aqui o convite é ao fazer
ideias da micropolítica, avizinhado a outro, sobre gestão de no cotidiano, de transversalizar os problemas mobilizando
recursos físicos e tecnológicos, tomado por roteiros e dicas os recursos disponíveis; é fazer uma saúde mais forte e mais
operacionais?; ou mesmo o capítulo de linhas de cuidado, com generosa, como nos reivindica o ideário do SUS.
ideias sobre a integralidade do cuidado e a organização de
práticas cuidadoras, no mesmo conjunto com um texto sobre Pois é, isso nos coloca diante de outra tensão: é um “manual”
planejamento em saúde, com uma revisão mais instrumental ou é uma “caixa de ferramentas”? Um chamando à prática mais
de recursos e técnicas para o cotidiano do serviço de saúde? instrumental e outro provocando a uma prática de pensamento
Não é a adesão cega à técnica, mas uma provocação ao melhor voltado à ação. Suspeito, no estágio de leitura em que escrevo
da capacidade de mobilizar as condições locais na superação este prefácio, que se trata de mais uma provocação dos
dos problemas do cotidiano o que me parece dar sentido à organizadores ao pensamento do leitor. Como numa citação
combinação. Não há purezas epistemológicas e padrões de de Nietzsche disponível logo adiante, penso que o que está em
verdade na produção; há ofertas de abordagens coletadas na jogo é uma aposta no “gerente original”: não um iluminado
produção teórica e nos saberes da prática, de muitos e intensos pela técnica e pela teoria que tenha a capacidade de “ver antes
anos em contato com o cotidiano do sistema de saúde. Nesse dos demais”; mas um gerente implicado que, tomado pelo
sentido, também é uma “caixa de ferramentas”, expressão que compromisso ético e político com a saúde, olhe o que todos já
aparece em alguns momentos do texto. vimos e enxergue novas potências para fazer, no cotidiano do
serviço que dirige, o SUS dar mais alguns passos em direção
Sim. Embora em alguns momentos tenhamos o olhar ofuscado ao direito à saúde integral que temos todos.
pelo imaginário de ferramentas no sentido físico, como
tecnologia dura ou mesmo leve-dura, no dizer de Merhy, ou Boa leitura!
até de teorias e conceitos fechados, a proposta predominante Alcindo Antônio Ferla
na publicação é a de provocar o pensamento a resolver os
problemas do cotidiano. Como nos disse Deleuzeii, a teoria (médico, doutor em educação na saúde, professor
opera como “caixa de ferramentas” quando produz efeito de adjunto do Bacharelado em Saúde Coletiva da
multiplicação na sua própria produção; quando ela “funciona” UFRGS, pesquisador em saúde coletiva).
não apenas na direção da aplicação do conhecimento formal
produzido no contexto de certas relações de poder, que se
tornam prevalentes em certos contextos históricos e sociais,
mas quando ela suscita novos arranjos que ajudem a superar
os problemas do cotidiano. Uma teoria que opera como i
MERHY, E.E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.
caixa de ferramentas não pretende esclarecer ou iluminar; ii
DELEUZE, G. Os intelectuais e o poder: conversa entre Michel Foucault e
pretende transformar. O gerente intermediário que utilizar esta Gilles Deleuze. Em: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 10ª Edição. Rio de
publicação como “caixa de ferramentas” terá de estar preparado Janeiro: Graal, 1979.
Apresentação

Os gerentes são os motores que transformam nossas ideias,


nossas intenções, nossas metas em resultados.
Um dos papéis mais importantes dos gerentes é criar um
ambiente de trabalho solidário, colaborativo, eficiente e feliz
para que seus funcionários possam trabalhar.
As interações, as relações e as conversas são suas ferramentas
para gerar qualidade e trazer à tona o melhor nos outros.
Tanto mais rápido e sem problemas o “motor funcione” será
determinado pelas escolhas deliberadas e proativas que a
média gerência faz a cada dia, inúmeras vezes.
Apesar de serem peças fundamentais para o funcionamento
de um negócio, nem sempre os chefes de média gerência
ganham o tratamento apropriado pelos níveis hierárquicos
superiores. Isso acontece porque a cúpula de muitas
organizações ainda não percebeu que é o gerente o canal
de comunicação mais eficaz entre o pessoal de base e a
alta gerência de uma empresa e que, além disso, ele é o é uma primeira aproximação das ferramentas escolhidas
funcionário capaz de identificar novos talentos, otimizar o pelos autores, entre tantas outras, para trabalhar questões
trabalho da equipe, criar novos líderes e servir de exemplo de relacionadas ao processo de trabalho em saúde.
conduta para o bom andamento do grupo.
CAPÍTULO LINHAS DE CUIDADO INTEGRAL: UMA
Enfim, os profissionais têm que estar qualificados e ter PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DA REDE DE SAÚDE
em mãos instrumentos que lhes permitam ser eficientes e
colaborativos para exercerem a sua função. Este capítulo está estruturado em dois módulos: o primeiro,
“Linhas de Cuidado Passo a Passo”, busca introduzir a
Pensando nisso, e com o intuito de fornecer subsídios discussão da formulação de Linhas de Cuidado Integral para
mínimos que sejam para que estes gerentes possam tomar organizar as redes de saúde, sem o objetivo de trazer uma
as decisões do dia a dia com base em conhecimento e receita pronta, ou um modus operandi único. O texto aponta
experiências exitosas, a Escola Nacional de Saúde Pública algumas das possibilidades para construção e gestão das
Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) – através do Projeto Teias Linhas de Cuidado, elegendo o Acolhimento, o Vínculo e a
Manguinhos, em parceria com a Subsecretaria de Atenção Responsabilização como diretrizes da Linha de Cuidado
Primária, Vigilância e Promoção da Saúde da Secretaria Integral. Já o segundo módulo aponta os referenciais teóricos
Municipal de saúde e defesa Civil do Rio de Janeiro (SUBPAV/ escolhidos pelos autores para abordar a temática.
SMSDCRJ) – lançam o Manual do Gerente: desafios da média CAPÍTULO PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE
gerência na saúde.
Este capítulo apresenta a metodologia de planejamento e
Este manual será formado por seis capítulos que abordarão avaliação desenvolvida pelo Programa de Qualificação da
alguns dos temas listados, dentre eles: Incorporação de Tecnologia em Saúde da ENSP, baseada
INTRODUÇÃO nos autores Carlos Mattos, Mario Testa, Adolfo Chorny,
Donabedian, Franco & Cohen, além de incorporar a visão do
Considerações sobre a média gerência na saúde, em que planejamento dos mineiros e dos paulistas. É uma tentativa
situamos o leitor no tema. de aglutinar o conhecimento existente sobre os temas.

CAPÍTULO GESTÃO DO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE CAPÍTULO GESTÃO DO CONHECIMENTO

Mediar conflitos, gerenciar processos produtivos no campo Muito se tem propagado a ideia de que informação é poder.
da saúde, fazer a gestão do trabalho com foco na qualidade Entretanto, cada vez mais as organizações percebem que não
do atendimento ao usuário é um grande desafio para o basta ter a informação, é preciso ter conhecimento. Por outro
gerente! O Módulo 1 deste capítulo traz algumas ferramentas lado, o conhecimento não é propriedade da organização, ele
que poderão auxiliar na análise dos processos de trabalho, pertence às pessoas que fazem parte desta organização. E
a fim de perceber os nós críticos existentes na produção do este entendimento tornou-se vital na atualidade, tempos em
cuidado e propor aos trabalhadores ações para resolvê-los. Já que as organizações vivem desafios constantes e a velocidade
o Módulo 2 apresenta duas ferramentas que podem auxiliar das mudanças e inovações tecnológicas causam um grande
o gerente na mediação dos conflitos. Cabe lembrar que esta impacto na produção de serviços e na competitividade.
Apresentaremos neste capítulo os principais conceitos da Módulo 2 • Uma rede voltada para qualidade,
gestão do conhecimento, tais como, comunicação e clima funcionalidade, racionalidade e segurança.
organizacional e organização que aprende; a gestão do
conhecimento, tendo como foco a tecnologia da informação Módulo 3 • Da Programação arquitetônica ao Projeto Executivo.
e a associação com gestão de pessoas. E premissas
Módulo 4 • Gerenciando obras em unidades de saúde.
básicas para a sua implantação. Desse modo, o capítulo foi
estruturado em oito módulos: Módulo 5 • Engenharia Clínica e Incorporação tecnológica.
Módulo 1 • Uma breve reflexão sobre as transformações que Módulo 6 • A manutenção de edificações e instalações em
resultaram na Era do Conhecimento unidades de saúde
Módulo 2 • O Conhecimento Módulo 7 • Rotinas
Módulo 3 • Criação do Conhecimento na Organização CAPÍTULO CAIXA DE FERRAMENTAS DO GERENTE DA
Módulo 4 • A Organização que Aprende (Learning Organization) ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

Módulo 5 • Comunicação Neste capítulo, com base no instrumento Programa Nacional


de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica
Módulo 6 • Lidando com mudanças (PMAQ), do Ministério da Saúde, sistematizamos instrumentos
que possam contribuir para facilitar o dia a dia do gerente.
Módulo 7 • Premissas para a implantação de Gestão do
Conhecimento Na realidade brasileira, principalmente em organizações
Módulo 8 • Indicadores de desempenho públicas de saúde, os desafios para uma melhor formação
de gerentes são enormes, assemelhando-se aos desafios da
CAPÍTULO GERENCIAMENTO DOS RECURSOS FÍSICOS E própria consolidação do SUS e da estratégia de expansão das
TECNOLÓGICOS EM SAÚDE Unidades Primárias de Saúde.
Com a crescente demanda de reorganização da rede e transfor-
Antônio Ivo de Carvalho
mação do modelo de necessidade de saúde temos como con-
Daniel Soranz
sequência o impacto direto nos espaços e suas tecnologias em
função de novas dinâmicas dos processos de trabalho.
Como gerenciar estes espaços, como manter as instalações, A ideia de uma oferta que se pretende útil
edificações e equipamentos de modo a acompanhar a veloci- de alguma forma, e que necessariamente
dade e a complexidade das necessidades de segurança, quali- pode e deve ser aperfeiçoada, demanda
dade e sustentabilidade é do que trataremos neste capítulo escuta, pois os temas e ferramentas que
que está estruturado em 7 módulos, a saber: ofertamos são limitados, e sempre o serão
no tempo e no espaço. Neste contexto, sua
Módulo 1 • Conhecendo o processo de estruturação da atual sugestão é bem-vinda!
rede física e tecnológica do SUS.
Introdução promoção, proteção e recuperação da saúde executados
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante
a participação complementar da iniciativa privada, sendo
organizado de forma regionalizada e hierarquizada. Para que
esta rede funcione é necessário que haja pactuações entre os
diversos níveis de atenção e que as linhas de cuidado integral
estabelecidas sejam, de fato, garantidas.
Para que esta garantia seja efetivada, o usuário do SUS deve
ter acesso ao sistema através das portas de entrada (serviços
de atendimento inicial à saúde) e se completar na rede
“O cérebro verdadeiramente original não é o que enxerga regionalizada e hierarquizada, de acordo com a complexidade
algo novo antes de todo mundo, mas o que olha para coisas do serviço.
velhas, conhecidas, já vistas e revistas por todos, como se
fossem novas.” Assista ao vídeo Rede no site do projeto
WWW.maissaude.vlog.br
Nietzsche
Observa-se assim que aqueles macrotemas (regionalização,
hierarquização e rede de serviços) permanecem em dis-
cussão. E nesta direção busca-se o fortalecimento do SUS e
a superação das suas fragilidades. Em todos esses anos, os
gestores do SUS tendo procurado inovar a gestão diante do
paradoxo entre um mundo globalizado, informatizado e ino-
Considerações sobre a média gerência na saúde vações tecnológicas e uma administração pública em plena
transição para um modelo gerencial, porém ainda engessada
A lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, resultado da 8ª
por resquícios burocráticos.
Conferência Nacional de Saúde (fiel espelho do momento
político da época), quando mais de 4.000 pessoas reunidas
– com participação efetiva de quase todas as instituições que E nesta busca em superar os desafios
atuam no setor Saúde, assim como daquelas representativas impostos à gestão do SUS, cada vez mais
da sociedade civil, dos grupos profissionais e dos partidos tem-se reconhecido a importância do papel da
políticos – evidenciaram a necessidade da reforma sanitária, média gerência.
partindo primeiramente da ampliação do conceito de saúde e
da sua garantia pelo estado.
O trabalho do gerente de saúde apresenta três grandes
A lei de 1990 foi regulamentada, recentemente, pelo decreto dimensões (indissociáveis): a política, que diz respeito à sua
n. 7.508, de 28 de junho de 2011, que reafirma que o SUS finalidade; a organizacional, que diz respeito ao processo
é constituído pela conjugação das ações e serviços de gerencial para organizá-lo (gestão dos serviços), e a técnica,
que diz respeito ao trabalho propriamente dito (gestão do os programas de formação destes profissionais não têm
cuidado), tendo sempre o conhecimento como mediador das alcançado os resultados esperados.
tomadas de decisões. O papel da gerência é organizar os meios
Os programas de MBA até são bons no ensino de marketing,
e os processos de trabalho para que a organização cumpra os
finanças ou contabilidade. Mas, o problema é que você não cria
seus fins. um gestor numa sala de aula. Por isso, é preciso distinguir os
No caso da saúde, os fins são: cuidar da saúde da população, MBAs para pessoas jovens e para alunos mais velhos. No modelo
típico, você coloca numa classe pessoas de 23, 25 ou 27 anos,
ajudando as pessoas a mudar seus estados de consciência
que nunca tiveram uma posição de gerência e supostamente os
(autonomia), e os trabalhadores a ter mais autonomia na transforma em gestores. Eles são perigosos, porque pensam que
organização de seus processos de trabalho. Desta forma, sabem gerir, mas não sabem. (MINTZBERG, 2011)
para organizar os processos e os meios, a principal função da
gerência é o planejamento. Todo planejamento visa pensar uma Falando do Brasil, Mintzberg introduz o tema da necessidade
ação que seja transformadora, para isto deve ser precedida por de mudança na formação de novos gestores e gerentes, ao
uma decisão baseada num conhecimento. afirmar estarem se desvinculando da abordagem pedagógica
de estudo de casos para assumirem as trocas de experiências
Os gerentes de saúde hoje são reconhecidos como os entre profissionais.
profissionais que fazem acontecer os resultados. Eles atuam
onde os processos de trabalho, as pessoas e os planos se ...Acho que o Brasil é o país perfeito para tratar deste tema, pois tem,
encontram e muitas vezes se chocam. A crescente pressão atualmente, uma das economias mais interessantes do mundo.
externa por agilidade e flexibilidade e ao mesmo tempo, Os gestores precisam prestar atenção às iniciativas baseadas
na comunidade. E não há outro país que tenha tantas iniciativas
a também crescente necessidade interna por controle e
sociais. O Brasil tem tratado de maneira inovadora problemas que
previsibilidade coloca o gerente no centro do “furacão”. vão desde o tratamento da Aids até a pobreza, com o Bolsa Família
Surge então a necessidade cada vez maior em profissionalizar ou o uso do etanol como combustível. É um grande número de
e formar este gerente. Afinal, é ele quem irá transformar os iniciativas sociais. (MINTZBERG, 2011)
planos em resultados.
Nas unidades de saúde, eles que assumem a responsabilidade
Entretanto, a média gerência no SUS de hoje é desde a estrutura física das instalações da unidade de
um saber em construção, sobretudo na atenção saúde, a integração entre as equipes, o processo de trabalho
primária, fruto de uma expêriencia inédita do e o acompanhamento das atividades desenvolvidas por
Brasil em universalizar o cuidado com base no elas, a criação de um bom ambiente para o trabalho, até o
princípio da integralidade. monitoramento do alcance das metas pactuadas, a articulação
intra e intersetorial, o enfrentamento de problemas e a busca
Entretanto, segundo entrevista de Henry Mintzberg1 a Tatiana de soluções.
Bautzer, no periódico Istoé Dinheiro, em 24 de maio de 2011, Deste modo, as organizações de saúde necessitam de gerentes
que tenham competência para enfrentar os desafios gerados
Fonte: (http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/56384_10+PERGUNTAS
1 pela complexidade do setor Saúde e as exigências por quali-
+PARA+HENRY+MINTZBERG ) dade nos serviços prestados à população.
Para desempenhar esta função é necessário conhecer As palavras-chave: Processos de Trabalho, Planejamento
planejamento, estratégias para intervenção, programação, e Avaliação, Educação Permanente, Liderança, Gestão de
entender sobre as formas de contrato, gestão dos processos Conflitos, Gestão do Conhecimento, mais que estarem nos
de trabalho e do conhecimento, organização da rede de livros e manuais, necessitam estar introjetadas no dia a dia
saúde, além das questões relacionadas à infraestrutura de cada Gerente do SUS, de modo a imprimir qualidade e
predial e sua manutenção. agilidade ao seu trabalho.

Antes de tudo, o gerente precisa cuidar de sua


equipe, precisa ser e atuar como um líder: e ter Luisa Regina Pessôa
a capacidade de escutar e orquestrar.

Entretanto, para desenvolver todas essas habilidades não


existem cursos de graduação, nem de pós-graduação e não
basta conhecer Saúde Pública.

A literatura estudada para a elaboração deste Manual aponta


para um perfil de liderança participativa e flexível, com
habilidades técnicas, conceituais e humanas; estimuladora do
trabalho em equipe, valorizando a criatividade no trabalho.

Ainda na entrevista, Mintzberg fala sobre liderança: “Nos


últimos anos, nos Estados Unidos, deu-se muita importância
à liderança,... Ninguém fala sobre a liderança baseada na
comunidade.” (MINTZBERG, 2011)

Há, portanto, grandes lacunas entre o perfil encontrado na


realidade de cada unidade de saúde, nas falas dos gerentes
das unidades do Programa de Saúde da Família, e o perfil
traçado por autores contemporâneos para os profissionais da
Média Gerência.

Na realidade brasileira, principalmente em organizações


públicas de saúde, os desafios para uma melhor formação
de gerentes são enormes, assemelhando-se aos desafios da
própria consolidação do SUS e da estratégia de expansão das
Unidades Primárias de Saúde.

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