Cap 1 - O reflexo inato
quinta-feira, 30 de março de 2023 16:56
A característica comum entre todos os reflexos inatos é de que há sempre uma alteração no
ambiente que produz uma alteração no organismo. Dessa forma, todas as espécies animais,
incluindo de seres humanos, apresentam comportamentos reflexos inatos, que consistem em
uma preparação mínima que os organismos têm para interagir com seu ambiente e tenham
chances de sobreviver.
Logo, os reflexos inatos "nascem" com o organismo e são responsáveis pela sobrevivência da
espécie.
O reflexo na ciência psicológica não diz respeito ao mesmo reflexo utilizado no senso comum,
que consistiria em habilidades ou capacidades de um organismo, e sim, sobre a relação entre
uma ação e um acontecimento anterior a ela. Nesse caso, a ação anterior é chamada de
"estímulo" e a ação consequente, de "resposta".
Portanto, um reflexo é a relação entre um estímulo e uma resposta, um tipo específico de
interação entre um organismo e seu ambiente.
Reflexo, estímulo e resposta:
Estímulo --> mudança no ambiente.
Resposta --> mudança no organismo.
Ex:
Estímulo: fogo próximo à mão.
Resposta: contração do braço.
Sendo assim, ao definir o reflexo, entende-se que uma mudança no ambiente (estímulo),
produz determinada mudança no organismo (resposta). Isto é, reflexo é quando um estímulo
elicia uma resposta (S —> R)
Contingências estímulo-resposta:
Contingências: modos de descrever como ambiente e organismo interagem de forma condicional,
descrição de relações condicionais entre eventos, isto é, relações de Se... Então... . Logo, uma
relação reflexa é uma relação de contingência.
- Intensidade do estímulo: "quanto" ou "força" do estímulo.
- Magnitude da resposta: "quanto" ou "força" da resposta.
Ex: a força com que a martelada é dada no joelho é a intensidade do estímulo, enquanto o ângulo de
extensão da perna é a magnitude da resposta.
Leis ou propriedades do reflexo:
- Lei da intensidade-magnitude: a intensidade do estímulo é uma medida diretamente
proporcional à magnitude da resposta. (Ex: quanto mais alto o barulho, maior o susto).
- Lei do limiar: para todo reflexo, é necessária uma intensidade mínima do estímulo para que
uma resposta seja eliciada. (Ex: é necessária uma intensidade mínima de choque elétrico para
que ocorra a contração muscular).
- Lei da latência: tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta.
Quanto maior a intensidade do estímulo, menor o intervalo entre sua apresentação e a
ocorrência da resposta (inversamente proporcionais). Além disso, quanto maior a intensidade
do estímulo, maior será a duração da resposta.
Efeitos de eliciações sucessivas:
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Efeitos de eliciações sucessivas:
- Habituação da resposta: quando eliciações sucessivas de uma resposta fazem a mesma
intensidade do estímulo eliciar respostas com magnitudes cada vez menores e latências cada
vez maiores.
- Sensibilização da resposta (ou potenciação): quando eliciações sucessivas de uma resposta
fazem uma mesma intensidade de estímulo eliciar respostas com magnitudes cada vez
maiores e latências cada vez menores.
Tanto a habituação quanto a sensibilização são temporárias, isto é, quando interrompida
apresentação do estímulo, uma nova apresentação do estímulo produzirá magnitudes e latências de
respostas similares àquelas registradas no início.
Os reflexos e o estudo das emoções:
Parte daquilo que é chamado de emoção envolve respostas reflexas a estímulos ambientais, o
que pode significar o motivo da dificuldade em controlar algumas emoções.
Boa parte do que entendemos como emoções diz respeito à fisiologia do organismo, isto é, ao
sentir medo, uma série de reações fisiológicas está acontecendo no corpo. Esse aspecto
fisiológico das emoções fica claro quando se fala sobre o uso de medicamentos como, por
exemplo, ansiolíticos e antidepressivos.
Os organismos nascem preparados para que algumas modificações momentâneas ocorram em
sua fisiologia em função de alterações no ambiente, sendo assim, segundo a Teoria da
Evolução de Darwin, determinadas respostas emocionais em função da apresentação de
alguns estímulos mostraram ter valor de sobrevivência para os membros da espécie.
O comportamento emocional não se restringe apenas às relações reflexas. As respostas
emocionais reflexas podem ser modificadas por meio da interação do organismo com o
ambiente.
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Cap 2 - O reflexo aprendido: condicionamento pavloviano
quinta-feira, 30 de março de 2023 17:44
Uma característica das espécies animais é a de aprender novos reflexos, ou seja, a capacidade
de reagir de formas diferentes a novos estímulos. Durante a evolução das espécies,
determinadas respostas a estímulos específicos de seu ambiente foram selecionadas, isto é,
passaram a fazer parte do repertório comportamental da espécie.
O reflexo aprendido: Pavlov:
Para que haja a aprendizagem de um novo reflexo, ou seja, para que haja condicionamento
pavloviano, um estímulo que não elicia uma determinada resposta (neutro) deve ser emparelhado a
um estímulo que a elicia.
Legenda:
- NS: estímulo neutro
- US: estímulo incondicionado
- UR: resposta incondicionada
- CS: estímulo condicionado
- CR: resposta condicionada
A relação entre o estímulo incondicionado (US) e a resposta incondicionada (UR) é um reflexo
incondicionado, pois não depende de aprendizagem para ocorrer (inato).
Quando o condicionamento é estabelecido, houve a aprendizagem de um novo reflexo
(reflexo condicionado), que é uma relação entre um estímulo condicionado (CS) e uma
resposta condicionada (CR).
PARADIGMA DO CONDICIONAMENTO RESPONDENTE
Condicionamento pavloviano e o estudo das emoções:
Emoções são, em grande parte, relações entre estímulos e respostas (são, em partes,
comportamentos respondentes).
Se os organismos podem aprender novos reflexos, podem também aprender a emitir
respostas emocionais na presença de novos estímulos. Provou-se a partir do experimento do
pequeno Albert que o condicionamento pavloviano tem utilidade para o estudo do
comportamento emocional, uma vez que, a partir dele, verificou-se que um ser humano
poderia aprender a ter medo de algo que, antes, não temia.
A partir desse experimento, foi possível compreender alguns aspectos sobre como
determinadas pessoas passam a emitir respostas emocionais como, por exemplo, medo de
penas de aves ou excitação sexual ante estímulos pouco usuais, e também, ante a emoções
mais corriqueiras. É possível compreender o porquê certas emoções são difíceis de serem
controladas, isso se dá pois algumas delas são, em parte, respostas reflexas.
Todos nós temos sensações de prazer ou desprazer, por exemplo, em maior ou menor grau,
diferentes de outras pessoas, da mesma forma que podemos sentir emoções diferentes na
presença de estímulos iguais. Isso se dá pois cada um possui uma história de
condicionamento, passando por diferentes emparelhamentos de estímulos durante a vida,
que contribuem para a individualidade de cada comportamento. Logo, como diferentes
pessoas possuem diferentes histórias de aprendizagem, o analista do comportamento deve
investigar a história de cada indivíduo, baseando sua intervenção na história de aprendizagem
específica do sujeito.
Generalização respondente: após um condicionamento, estímulos que se assemelham fisicamente
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Generalização respondente: após um condicionamento, estímulos que se assemelham fisicamente
ao estímulo condicionado podem passar a eliciar a resposta condicionada em questão. As
propriedades da resposta eliciada (magnitude, duração e latência) dependerão do grau de
semelhança entre os estímulos em questão.
Extinção respondente: quando um estímulo condicionado (CS) é apresentado várias vezes sem o
estímulo incondicionado (US) ao qual foi emparelhado, seu efeito eliciador se extingue
gradualmente.
Recuperação espontânea: um reflexo, depois de extinto, pode ganhar força novamente sem novos
emparelhamentos.
A necessidade de se expor ao CS sem a presença do US é a razão pela qual carregamos, ao
longo da vida, uma série de medos e outras emoções que, de algum modo, nos atrapalham.
Ex: sempre que pudermos, evitaremos lugares altos, mesmo que estejamos em absoluta segurança,
desse modo, não entraremos em contato com o CS (altura), e o medo pode nos acompanhar por toda
a vida.
Contracondicionamento: se determinado CS elicia uma resposta de ansiedade, o
contracondicionamento consistiria em emparelhar esse CS a outro estímulo que elicie relaxamento.
Dessensibilização sistemática: dividir o procedimento de extinção em pequenos passos. Construir
uma escala de estímulos de acordo com a magnitude que produzem a hierarquia de ansiedade.
Condicionamento de ordem superior: processo em que um estímulo previamente neutro passa a
eliciar uma resposta condicionada como resultado de seu emparelhamento a um CS que já elicia a
resposta em questão (emparelhamento NS — CS). Quanto mais alta é a ordem do reflexo
condicionado, menor é sua força.
Fatores que influenciam o condicionamento pavloviano:
- Frequência dos emparelhamentos: quanto mais frequentemente o CS é emparelhado com o
US, mais forte será a resposta condicionada.
- Tipo do emparelhamento: respostas condicionadas mais fortes surgem quando o NS é
apresentado antes do US e permanece durante sua apresentação.
- Intensidade do estímulo incondicionado: um US intenso tipicamente leva a um
condicionamento mais rápido.
- Grau de predição do estímulo neutro: o NS deve ser preditivo da ocorrência do US. Caso o NS
seja apresentado muitas vezes sem ser seguido pelo US, o condicionamento será menos
provável do que se o NS for seguido pelo US sempre que apresentado.
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Cap 3 - Aprendizagem pelas consequências: o reforçamento
quinta-feira, 30 de março de 2023 19:46
Classificamos como operante o comportamento que produz consequências que se constituem
em alterações no ambiente e cuja probabilidade de ocorrência futura é afetada por tais
consequências.
O comportamento operante produz consequências no ambiente: "resposta" para se referir ao
comportamento operante (comportamento do indivíduo).
O comportamento operante é influenciado (controlado) por suas consequências:
As consequências que nossos comportamentos produziram no passado influenciam sua
ocorrência futura, isto é, o comportamento é controlado, ou influenciado, por suas
consequências. Logo, dizer que as consequências dos comportamentos os controlam, de
maneira geral, é o mesmo que se dizer que elas determinarão se os comportamentos que as
produziram ocorrerão com maior ou menor frequência no futuro.
A explicação do comportamento, de acordo com o referencial teórico da Análise do
Comportamento, está no passado, e não no futuro. São as consequências dos
comportamentos que ocorreram no passado que explicam por que ele ocorre no presente e
poderá ocorrer no futuro.
Consequências reforçadoras: é um tipo de consequência que aumenta a probabilidade de que
volte a ocorrer o comportamento que a produziu.
Contingência de reforçamento: é expressa na forma se... Então... (se o comportamento X
ocorrer, então a consequência Y ocorre), é representado pelo diagrama R —> C
Extinção operante: ao suspender o reforçamento de um comportamento, verifica-se que a
frequência de sua ocorrência diminui, retornando ao seu nível operante, isto é, à frequência
com que ocorria antes de ser reforçado.
Outros efeitos da extinção:
- Aumento da frequência da resposta no início do processo de extinção
- Aumento da variabilidade da topografia da resposta
- Evocação de respostas emocionais (raiva, ansiedade, etc)
Resistência a extinção: é o tempo ou o número de vezes que um determinado comportamento
continua ocorrendo após a suspensão do reforçamento.
Fatores que influenciam a resistência:
- Número de exposições à contingência de reforçamento
- Custo da resposta
- Intermitência do reforçamento
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