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Rita Camacho Silvestre Nobre

Envelhecimento Ativo
no Idoso Institucionalizado

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

2016
Rita Camacho Silvestre Nobre

Envelhecimento Ativo
no Idoso Institucionalizado

Mestrado em Gerontologia Social

Trabalho efetuado sobre a orientação de:

Professora Doutora Aurízia Anica

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

2016
Declaração de autoria de trabalho

Declaro ser o(a) autor(a) deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos
consultados estão devidamente citados no texto e constam na listagem de referências
incluída.

__________________________________________________

Copyright © Rita Camacho Silvestre Nobre

A Universidade do Algarve reserva para si o


direito, em conformidade com o disposto no
Código do Direito de Autor e dos Direitos
Conexos, de arquivar, reproduzir e publicar a
obra, independentemente do meio utilizado,
bem como de a divulgar através de
repositórios científicos e de admitir a sua
cópia e distribuição para fins meramente
educacionais ou de investigação e não
comerciais, conquanto seja dado o devido
crédito ao autor e editor respetivos.
«(…) O envelhecimento deve ser pensado numa perspectiva positiva, centrado nas
características da pessoa que envelhece e nas medidas de controlo e redução das
perdas e não apenas nos efeitos negativos da velhice.»

(Sequeira, 2007, p. 32)

i
Dedicatória

À minha mãe, a minha melhor amiga.


Ao meu pai, o meu herói.
Aos meus amigos, a minha segunda família.

ii
Agradecimentos

Este espaço é dedicado àqueles que deram a sua contribuição para a realização deste
trabalho. A todos eles deixo aqui o meu mais sincero agradecimento.
À professora Doutora Aurízia Anica, diretora do mestrado e orientadora do presente
trabalho, obrigada pelo apoio, paciência, dedicação e aconselhamento.
À Dra. Nicole Lobo, orientadora local, pela colaboração, disponibilidade, incentivo,
atenção e apoio que sempre me dedicou.
À Ana Caço, animadora do Lar Seara de Abril, pela colaboração, apoio,
acompanhamento e disponibilidade que sempre demonstrou em todas as atividades.
A toda a equipa do Lar Seara de Abril, sem exceção, por me fazerem sentir em casa e
pela forma como me receberam.
Aos idosos, por quem fui sempre recebida de braços abertos, por me ensinarem e
ajudarem a perceber que o melhor modo de trabalhar com eles é estar próxima deles e,
sem eles, nada disto teria sido possível. O meu mais sincero obrigada!
Aos meus amigos, Corina, Sara, Cristina, Maria que, entre outros, sempre me
acompanharam e se mostraram dispostos a ouvir os meus receios, dúvidas, ideias, e que
sempre me apoiaram neste percurso.
Um enorme obrigado ao meu namorado Miguel, pelo amor, apoio, paciência, conselhos
e acima de tudo pela força.
E, em especial aos meus pais, sem a vossa ajuda não disto teria sido possível. O meu
obrigado por sempre me terem incentivado e ajudado a prosseguir os meus sonhos, pela
educação que me deram, por todos os sacrifícios que fizeram ao longo das suas vidas
para que nada me tenha faltado, pela paciência e esforço que tiveram ao longo de todo
este percurso e, acima de tudo, por acreditarem e confiarem em mim. É a eles a quem
devo tudo.

A todos um muito OBRIGADA!

iii
Resumo

O projeto de investigação-ação desenvolvido no âmbito de estágio foi


subordinado ao tema Envelhecimento Ativo no Idoso Institucionalizado e foi realizado
no Lar Seara de Abril de Santa Bárbara de Padrões. Teve como principal objetivo
estimular as capacidades cognitivas e físico-motoras dos idosos institucionalizados, no
sentido de promover o envelhecimento ativo. Pretendia-se principalmente manter ou
melhorar a capacidade funcional e cognitiva dos idosos e, portanto, a sua qualidade de
vida.
Foi desenhado um projeto que se desenrolou ao longo de cinco meses, em três
fases: a primeira de diagnóstico, a segunda de implementação e avaliações parcelares
das atividades e estratégias programadas e a terceira de avaliação final dos resultados.
Foi feita uma análise contextual da instituição e no universo dos clientes da instituição
participaram na implementação vinte e sete idosos do Lar Seara de Abril de Santa
Bárbara de Padrões. Foram pré-avaliados e pós-avaliados os participantes com dois
instrumentos: MEEM e índice de KATZ na primeira e na terceira fases do projeto.
Realizaram o pós-teste dezoito dos vinte e sete idosos que participaram na fase de
implementação do projeto. As estratégias e atividades foram planificadas e
concretizadas de acordo com a problemática, os objetivos definidos e os dados
recolhidos sobre o contexto, os participantes e o comportamento destes no período da
implementação.
Os resultados obtidos neste projeto, comprovados nos testes, vêm confirmar que
o programa de atividades desenhado e implementado melhorou ou preservou,
efetivamente, as capacidades funcionais e cognitivas da maioria dos idosos
intervenientes. Considera-se, portanto, que este projeto alcançou os objetivos traçados,
inferindo-se que terá contribuído para a melhoria do bem-estar e qualidade de vida dos
que nele participaram.

Palavras-chave: Envelhecimento ativo; idosos institucionalizados, estimulação


cognitiva e funcional; qualidade de vida.

iv
Abstract

The action-investigation project developed within the internship was subject to


the theme active aging in the institutionalized elderly and it was realized in the nursing
home Seara de Abril of Santa Bárbara de Padrões. Had has its main objective to
stimulate the cognitive, physical and motor capabilities of institutionalize elderly, in the
sense of promoting an active aging. Mainly intending in to keep or improve the
functional and cognitive capabilities of the elderly therefore their life quality.
Was drawn a project that unrolled for five months, in three phases: the first of
diagnosis, the second of implementation and sketchy evaluation of the activities and
programmed strategies and the third of the final results evaluation.
Was performed a contextual analysis of the institution and on a universe of the
clients of the institution participated on the implementation twenty seven elderly of the
nursing home Seara de Abril de Santa Bárbara de Padrões. Were pre-assessed and
post-evaluated the participants with two instruments: MEEM and the Katz index at the
first and third phases of the project. Of the twenty seven elderly that participated on the
implementation phase of the project eighteen conducted a post-exam.
The strategies and activities where planned and implemented according with the
problematic, the objectives defined and collected dada about the context, the
participants behavior since the implementation period.
The results obtained in this project, proven by the tests, come to confirm that the
program activities drawn and implemented improved or preserved actually the
functional and cognitive capabilities of participant elderly.
We consider, therefore, that the objectives outlined were achieved, inferring that
this project contributed to improving the welfare and quality of life of those who
participated in it.

Keywords: Active ageing; elderly institutionalization; cognitive and functional


stimulation; life quality.

v
Índice

Dedicatória .......................................................................................................................... ii
Agradecimentos .................................................................................................................. iii
Resumo .............................................................................................................................. iv
Abstract .............................................................................................................................. v
Introdução .......................................................................................................................... 1
Capítulo 1. Enquadramento Teórico ..................................................................................... 4
1. Conceitos de Envelhecimento ................................................................................... 4
1.1. O Envelhecimento Demográfico ........................................................................ 4
1.2. O Processo de Envelhecimento ............................................................................... 6
2. Envelhecimento Ativo ............................................................................................ 17
3. Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado ......................................................... 19
Capítulo 2. Metodologia .................................................................................................... 21
2.1. Investigação-ação.................................................................................................... 21
2.2. Processo de Intervenção na Instituição ...................................................................... 24
2.2.1. Objetivos ......................................................................................................... 24
2.2.2. Participantes ..................................................................................................... 25
2.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados ............................................................. 25
2.3.1. Questionário Sociodemográfico ......................................................................... 26
2.3.2. Mini Exame do Estado Mental – MEEM ............................................................ 26
2.3.3. Índice de Katz .................................................................................................. 27
2.3.4. Diário de Campo .............................................................................................. 28
2.4. Programa de atividades desenvolvidas ...................................................................... 29
2.5. Procedimentos Éticos .............................................................................................. 31
Capítulo 3. A Associação de Solidariedade Social Seara de Abril - Lar de Idosos Santa Bárbara
de Padrões ........................................................................................................................ 32
3.1. O Contexto Externo ............................................................................................ 32
3.2. O Contexto Interno.................................................................................................. 33
3.2.1. Espaço físico .................................................................................................... 33
3.2.2. Funcionamento e organização institucional ......................................................... 33
3.2.3. Recursos Humanos e Materiais .......................................................................... 34
3.2.4. Parcerias e apoios ............................................................................................. 36
3.3 Caracterização dos utentes ........................................................................................ 36

vi
3.3.1. Caracterização Sociodemográfica ...................................................................... 36
3.3.2. Caracterização do estado mental ........................................................................ 47
3.3.3. Caracterização da autonomia nas atividades de vida diária ................................... 50
Capítulo 4. Análise e Interpretação dos Resultados .............................................................. 52
4.1. Resultados por atividade .......................................................................................... 52
4.2. Função cognitiva ..................................................................................................... 56
4.3. Funcionalidade ....................................................................................................... 59
Considerações Finais ......................................................................................................... 61
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 63
ANEXOS ......................................................................................................................... 68
ANEXO I - Questionário Sociodemográfico ................................................................... 69
ANEXO II – Mini Exame do Estado Mental ................................................................... 72
ANEXO III – Índice de Katz ......................................................................................... 75
ANEXO IV – Declaração de Consentimento Informado aos Inquiridos ............................ 77
ANEXO V – Cronograma de Tarefas ............................................................................. 79
ANEXO VI – Cronograma Mensal das Atividades .......................................................... 81
ANEXO VII – Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural ............... 83
ANEXO VIII – Plano de Intervenção na Instituição de Solidariedade Social Seara de Abril
.................................................................................................................................... 89
APÊNDICES .................................................................................................................... 95
APÊNDICE I – Exemplo de uma folha do Diário de Campo ........................................... 96
APÊNDICE II – Ficha de Avaliação das Atividades ....................................................... 98

vii
Índice de Tabelas

Tabela 1.1 – Modificações fisiológicas do envelhecimento

Tabela 1.2 – Tipologia do Envelhecimento segundo Reichard, Levinson e Peterson

Tabela 1.3 – Tipologia do Envelhecimento segundo Neugarten, Havinghurst e Toben

Tabela 2.1 – Atividades desenvolvidas, objetivos e materiais

Tabela 3.1 – Recursos humanos e materiais da instituição

Tabela 3.2 – Distribuição de frequência da variável idade.

Tabela 3.3 – Distribuição de frequência da variável sexo

Tabela 3.4 – Distribuição de frequência da variável concelho

Tabela 3.5 – Distribuição de frequência da variável estado civil

Tabela 3.6 – Distribuição de frequência da variável nível de escolaridade

Tabela 3.7 – Distribuição de frequência da variável tempo de institucionalização

Tabela 3.8 – Distribuição de frequência da variável motivo de institucionalização

Tabela 3.9 – Distribuição de frequência da variável ser ativo na instituição

Tabela 3.10 – Distribuição de frequência da variável mobilidade/dependência

Tabela 3.11 – Distribuição de frequência da variável qualidade de vida na instituição

Tabela 3.12 – Frequência de alfabetizados e não alfabetizados no MEEM

Tabela 3.13 – Resultados obtidos no pré-estes do MEEM

Tabela 3.14 – Resultados obtidos no pré-teste do Índice de Katz

Tabela 4.1 – Resultados obtidos no pós-teste do MEEM

Tabela 4.2 – Resultados obtidos no pós-teste do Índice de Katz

viii
Índice de Gráficos

Gráfico 1.1 – População dos 0-4, 0-14 e com 60 ou mais anos de 1950 a 2050

Gráfico 3.2 – Distribuição de frequência da variável idade

Gráfico 3.3 – Distribuição de frequência da variável sexo

Gráfico 3.4 – Distribuição de frequência da variável concelho

Gráfico 3.5 – Distribuição de frequência da variável estado civil

Gráfico 3.6 – Distribuição de frequência da variável nível de escolaridade

Gráfico 3.7 – Distribuição de frequência da variável tempo de institucionalização

Gráfico 3.8 – Distribuição de frequência da variável motivo de institucionalização

Gráfico 3.9 – Distribuição de frequência da variável ser ativo na instituição

Gráfico 3.10 – Distribuição de frequência da variável mobilidade/dependência

Gráfico 3.11 – Distribuição de frequência da variável qualidade de vida na instituição

ix
Listas de abreviaturas, siglas e símbolos

AVD’s Atividades de Vida Diária

INE Instituto Nacional de Estatística

OMS Organização Mundial de Saúde

UNFPA United Nations Population Fund

SOC Seleção, Otimização e Compensação

IPSS Instituição Particular de Solidariedade Social

FA Frequência Absoluta

FAA Frequência Absoluta Acumulada

FR Frequência Relativa

FRA Frequência Relativa Acumulada

MEEM Mini Exame do Estado Mental

x
Introdução

No âmbito do curso de mestrado em Gerontologia Social foi proposto aos


discentes a escolha entre a realização de um estágio, de um trabalho de projeto ou de
uma dissertação, cujo principal objetivo recaía na aplicação dos conhecimentos e
desenvolvimento de competências adquiridas ao longo de todo o percurso académico.
A minha escolha incidiu no estágio, a realizar em uma instituição que presta
cuidados a pessoas idosas, pois é nesta área que incidem os meus interesses
profissionais e expectativas em explorar as várias hipóteses de intervenção e também a
que, até à data, sempre me estimulou e motivou a querer desenvolver algum tipo de
projeto.
O estágio decorreu no Lar Seara de Abril - Associação de Solidariedade Social
situada em Santa Bárbara de Padrões, no concelho de Castro Verde – onde tive contacto
com a realidade em questão e onde, transversalmente, procurei desenvolver um trabalho
de campo que recaísse especialmente no nível cognitivo e funcional de acordo com as
necessidades identificadas.
Sendo o estágio realizado em uma instituição residencial para idosos, foi importante
desenvolver previamente algumas temáticas-chave. Desta forma, iniciarei este relatório
com um enquadramento teórico relativo aos conceitos de envelhecimento,
envelhecimento ativo, estimulação cognitiva e funcional, qualidade de vida do idoso e o
idoso institucionalizado.
Frequentemente ouvimos que Portugal está envelhecido, que o número de idosos
é cada vez maior e que a taxa de natalidade tem diminuído. O aumento exponencial do
número de idosos exige que os estados se adaptem a uma nova realidade demográfica e
coloca novos desafios a nível social, estrutural, político e familiar. Deste modo, têm
surgido nas últimas décadas, particularmente nos países mais desenvolvidos, inúmeros
estudos que se debruçam sobre a temática do envelhecimento com o objetivo de o
conhecer melhor e criar estratégias e soluções para melhorar e promover o bem-estar
desta população. Paralelemente, desenvolveram-se áreas científicas, como a
Gerontologia que estuda o envelhecimento através de uma abordagem holística, onde se
insere a presente investigação.
O envelhecimento é um processo adaptativo, lento e contínuo que trás consigo
uma vasta sequência de alterações marcadas por fatores biológicos, psicológicos e
sociais. É um processo universal e complexo que decorre ao longo da vida, mas a
1
maneira como envelhecemos depende de múltiplos fatores, sendo diferente de sujeito
para sujeito, uma vez que cada individuo, para além de poder estar integrado em
diferentes contextos, interpreta as vivências, os estímulos e aprendizagens de maneira
diferente. Algumas capacidades cognitivas e funcionais podem deteriorar-se, sobretudo
no que respeita a idades mais avançadas, sendo possível com treino adequado recuperá-
las ou enriquecê-las.
O processo de envelhecimento é acompanhado por importantes alterações, tais
como alterações a nível músculo-esquelético, visual, vestibular e somatosensorial que
conduzem a alterações na marcha e equilíbrio, a uma maior propensão a quedas, a
declínio da capacidade funcional e consequente perda da independência (Begate,
Ricardo, & Sawazki, 2009). Estas alterações dificultam a realização das atividades de
vida diária (AVD’s), como caminhar, andar, subir e descer degraus, levantar-se e manter
o equilíbrio postural. O declínio da capacidade funcional acarreta na maioria das vezes
diminuição da qualidade de vida dos idosos e um declínio da capacidade física e mental
(Silva, Freitas, Monteiro, & Borges, 2010). A capacidade funcional, em especial o
domínio motor, é um dos importantes marcadores de um envelhecimento bem-sucedido
e de qualidade de vida dos idosos (Catarino, 2015).
A manutenção da cognição é importante para a autonomia e funcionalidade das
pessoas idosas. A cognição é modificável, os estímulos cognitivos podem alterar a
plasticidade e as tarefas cognitivas. O idoso pode e deve ser capaz de ter um papel ativo
na sociedade. Uma boa qualidade de vida passa por fatores biológicos, psicológicos e
sociais, relativamente aos quais são relevantes a interação e adaptação ao meio. O
envelhecimento não é acompanhado necessariamente pela doença ou pelo afastamento
da sociedade, mas isso implica haver um trabalho de integração por parte do idoso e da
sociedade que o acolhe (Silva, et al., 2011).
As alterações cognitivas podem causar incapacidades e limitações, tais como,
incapacidade de mobilidade, de tomar decisões, etc. Assim, existe uma menor
participação na sociedade e, por consequência aumenta a solidão e diminuem os laços
familiares, o que leva à institucionalização. Por estas e outras razões, é de extrema
importância a promoção do envelhecimento ativo para a inserção do idoso no meio, na
vida social (Sequeira C. , 2010).
Existem três riscos possíveis no decurso da institucionalização ( Fernandes S.
D., 2014):

2
 Decréscimo da habilidade cognitiva, dificuldade na tomada de decisões,
depressões e demências;
 Inaptidão física, principalmente de mobilização, diminuição das Atividades
de Vida Diária (AVD), aumento de doenças crónicas, entre outros;
 Mudanças afetivas, sociais e económicas tais como a viuvez, a solidão, as
dificuldades nas relações familiares e o apoio social.
Alguns estudos mostram que a institucionalização pode afetar negativamente a
função cognitiva, sendo o resultado do sedentarismo ou falta de incentivo ( Fernandes S.
D., 2014).
Na maior parte das vezes, as perdas cognitivas existentes nos idosos resultam da
inexistência, ou pouco treino do estímulo mental. Assim, desenvolver programas de
treino mental auxilia e potencia um envelhecimento ativo e saudável ( Fernandes S. D.,
2014).
No contexto desta problemática, surgiu a pertinência da criação de um projeto
que potenciasse as habilidades cognitivas e funcionais dos idosos institucionalizados,
que criasse e dinamizasse atividades que colocassem o idoso como agente de promoção
de aprendizagens, sendo importante desenvolver uma estratégia que potenciasse os
saberes dos idosos, estimulando o encontro e a partilha.
Neste sentido, o estágio integrou vertentes de intervenção educativa e
sociocultural, tendo como base a construção de um plano de intervenção social. Esta
intervenção procurou desenvolver estratégias para colmatar necessidades ao nível das
capacidades funcionais e cognitivas, contribuindo para um envelhecimento ativo.
Sendo o público-alvo deste estágio um grupo de idosos a residir numa instituição
social, primeiramente procedeu-se a um enquadramento institucional. São abordados os
princípios, valores e missão desta instituição, o espaço físico, o funcionamento e a
organização institucional e, por fim, as parcerias e os apoios. No capítulo dedicado à
metodologia define-se o problema e as questões de investigação. Delimita-se os
objetivos, justifica-se o estudo, caracteriza-se a população da instituição onde decorreu
o estágio. Apresenta-se o método de investigação e as técnicas utilizadas para a recolha
de dados.
Depois é a vez de se apresentar os resultados da investigação: no capítulo 3
caracteriza-se a instituição onde foi realizado o estudo do ponto de vista externo e
interno; no capítulo 4, apresenta-se e interpreta-se os dados recolhidos durante e após a
intervenção e faz-se, por último, o balanço de todo o processo de investigação-ação.
3
Capítulo 1. Enquadramento Teórico

1. Conceitos de Envelhecimento

O envelhecimento da população é um fenómeno que se desenrola à escala


mundial, a ritmos diferenciados e um dos mais discutidos nos últimos anos (Vega &
Martínez, 2000).
O crescimento da população idosa e a diminuição da população mais jovem são
um traço indissociável da sociedade atual. Devido ao acentuar destas tendências,
conjugadas com outras transformações sociais e culturais, levantaram-se algumas
problemáticas como a diversidade das respostas sociais a oferecer e o aumento da
institucionalização, bem como a qualidade de vida dos mais idosos.

1.1. O Envelhecimento Demográfico

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que em 2025 existirão 1,2


biliões de pessoas com mais de 65 anos. Em todo o mundo, o número de pessoas com
mais de 60 anos cresce com maior rapidez que qualquer outro grupo etário. Em 2006
estimava-se que esta população rondaria os 688 milhões de pessoas e prevê-se que
atinja quase dois biliões de pessoas até 2050, altura em que ultrapassará, pela primeira
vez na história da humanidade, o número de crianças com menos de 14 anos. O gráfico
que se segue (gráfico 1.1) ilustra o aumento da população idosa e o decréscimo da
população jovem (United Nations Population Fund, 2012).

Gráfico 1.1 - População de 0-4, 0-14 e com 60 ou mais anos, 1950-2050

4
O envelhecimento demográfico define-se pelo aumento da proporção das
pessoas idosas na população total. Em Portugal, à semelhança dos outros países
desenvolvidos, estas alterações na estrutura demográfica estão bem patentes,
apresentando um aumento significativo do número de idosos nos últimos anos, como
consequência das tendências de aumento da longevidade e de declínio da fecundidade
(Instituto Nacional de Estatística, 2011)
Nos últimos 30 anos, a esperança média de vida cresceu mas em ordem inversa.
A evolução científica e tecnológica ou a nova visão sobre o significado de qualidade de
vida têm-se evidenciado cada vez mais como dois dos fatores justificativos para este
aumento. Pela redução da taxa de fecundidade e natalidade que originam a redução da
população ativa e jovem do país, prevê-se um futuro onde os idosos predominam, e
cresce a preocupação com o apoio que esta população necessitará (Instituto Nacional de
Estatística, 2011).
A Gerontologia foi criada em 1903 por Elie Metchnikoff e define-se a partir das
expressões gero (velhice) e logia (estudo), e, neste sentido lato, esta ciência tem vindo a
valorizar-se, crescendo exponencialmente a sua visibilidade pública e política, em
termos mundiais, já que enquanto campo do saber especificamente comprometido com a
velhice e com o envelhecimento, a Gerontologia tem como objeto de estudo a pessoa
idosa, as suas circunstâncias e representações, sendo, atualmente reconhecida como uma
área interessante e atrativa para estudos futuros (Ribeiro & Paúl, 2012).
Esta preocupação crescente para ampliar a Gerontologia deveu-se aos inúmeros
desafios lançados à sociedade moderna, como reflexo do envelhecimento populacional
ao longo dos anos e do aumento gradual da população idosa que torna as populações
cada vez mais envelhecidas.
A sociedade antiga, contrariamente ao que se verifica na sociedade moderna,
estimava o saber e a experiência dos mais velhos, protegendo-os e cuidando-os a todo o
custo, até um fim de vida respeitável, embora pudesse haver circunstâncias em que esta
realidade não se verificava. Como nos refere (Daniel, 2009), hoje, não porque tenha
desaparecido o conceito de família, mas por uma necessidade de readaptação constante
às exigências sociais e económicas das famílias, o cuidado dos idosos é confiado,
muitas vezes, a grupos sociais externos à família ou instituições.
Desta forma, este envelhecimento demográfico é apontado como o fenómeno
mais relevante do século XX-XXI nas sociedades desenvolvidas devido às suas
implicações na esfera socioeconómica, traduzindo-se na reestruturação familiar e

5
profissional, para além das modificações ocorridas a nível individual e em novos estilos
de vida na população portuguesa.
Este crescente fenómeno veio obrigar-nos a refletir sobre várias questões como
são exemplo a qualidade de vida dos idosos, a sua saúde, o seu estatuto na sociedade e
os serviços que há ao seu dispor. É essencial que se venha a capacitar o indivíduo para
uma vida ativa e participativa nesta faixa etária, de modo a promover-se um
envelhecimento positivo e a contribuir-se para uma boa qualidade de vida onde não se
exclua o idoso da restante sociedade, o que traduz uma forte preocupação na construção
de estruturas que dêem resposta a este número crescente de idosos que necessitam de
apoios.

1.2. O Processo de Envelhecimento

Envelhecer representa um processo ativo, universal, que evolui gradualmente


com as transformações no organismo e que se inicia no nascimento e irá terminar com a
morte (Dalsenter & Matos, 2009). O envelhecimento é um processo universal complexo
e contínuo que acompanha a pessoa humana ao longo da sua vida. O envelhecimento
como processo que acompanha toda a vida humana implica deterioração endógena da
estrutura e funcionalidade de vários órgãos e tecidos, existindo também a contribuição
de fatores extrínsecos no envelhecimento e no modo como se envelhece.
Por ser um processo universal e que está constantemente a evoluir, muitos são os
autores que têm algo a dizer sobre este processo. Para Agree e Freedman (2001),
envelhecimento é um processo individual e coletivo, pois cada ano de existência de vida
do indivíduo é sinal cronológico de envelhecimento, assim como o aumento da
proporção da população considerada idosa. Paúl e Fonseca (2008, p.32) sublinham, no
entanto, a diversidade do processo de envelhecimento humano: “se envelhecer constitui
uma experiência comum a todos aqueles que têm o privilégio de viver vidas longas, o
processo de envelhecimento é muito diferenciado de pessoa para pessoa, sendo marcado
por diferentes modos de experimentação, das vivências que o atravessam”.
Segundo Zimerman (2000), envelhecer pressupõe alterações de ordem física e
psicológica no indivíduo. A forma natural e gradual das transformações que ocorrem ao
longo da vida, poderão estar associadas às características genéticas individuais, e
principalmente ao modo de vida de cada um.

6
E, ainda, de acordo com a OMS, à medida que a pessoa envelhece a sua
qualidade de vida é fortemente marcada pela capacidade em manter autonomia e
independência, uma vez que a autonomia é caracterizada pela possibilidade de tomar
decisões por si, sobre como deverá viver diariamente em concordância com as suas
próprias regras e preferências, estando a independência virada para a capacidade de
realizar atividades relacionadas com a vida diária (Dalsenter & Matos, 2009).
No que diz respeito ao processo de envelhecimento, acredita-se que a sociedade
deverá entender que este processo é dinâmico, progressivo distinguindo-se por
manifestações a nível biológico, psíquico e social que sucedem ao longo da vida do
indivíduo de modo diferenciado (Lima, Lima, & Ribeiro, 2010).
O envelhecimento, para Fernández-Ballesteros (2009), pode ser classificado em
dois tipos: como envelhecimento normal ou primário (alterações normais associadas ao
processo de envelhecimento, não afetadas pela doença e/ou influências ambientais) e
como envelhecimento patológico ou secundário (associado a múltiplas patologias de
carácter crónico). Desta distinção, emergem dois conceitos distintos: o de senescência e
o de senilidade, que apesar da sua fácil distinção do ponto de vista teórico, na prática
muitas vezes essa diferenciação é extremamente difícil devido à sua mútua interação. A
senescência ou envelhecimento primário caracteriza-se pelas mudanças corporais
associadas à idade enquanto a senilidade ou envelhecimento secundário consiste nas
mudanças que ocorrem com maior frequência, mas que não têm que estar
necessariamente presentes. O envelhecimento primário parece estar associado à
longevidade máxima da espécie e o envelhecimento secundário às diferenças
interindividuais (Spar & La Rue, 2005).
Para Fontaine (2000), o envelhecimento é o conjunto de processos que o
organismo sofre após a sua fase de desenvolvimento. Envelhecimento e
desenvolvimento são fenómenos dinâmicos que evocam transformações do organismo
de natureza biológica e psicológica em função do passar do tempo.
Carvalho e Dias (2011), referem, ainda, que o envelhecimento é um fenómeno
complexo que não envolve somente aspetos demográficos da população, mas também
aspetos de cariz sociocultural, económico e político, estando estes em permanente
interação com a dimensão biológica e subjetiva de cada pessoa.

7
1.2.1. Aspetos Biológicos

O envelhecimento biológico, caracteriza-se por uma diminuição da taxa metabólica,


como consequência da diminuição das trocas energéticas no organismo, devido à
morbilidade a que as pessoas se encontram expostas ao longo da vida. O
envelhecimento representa um processo biológico complexo que se caracteriza por um
declínio geral das funções fisiológicas e bioquímicas da maioria dos sistemas. O
envelhecimento é deste modo um processo inevitável que implica também modificações
somáticas e psicossociais, em que as dimensões biológica, social e psicológica
interagem de forma ininterrupta e que se afetam mutuamente (Catarino, 2015).
De acordo com Doria, Buonocore, Focarelli e Marzatico (Catarino, 2015) durante o
envelhecimento podem ser observadas inúmeras alterações biológicas, que incluem uma
reduzida capacidade para utilizar o oxigénio, capacidade cardiovascular e de adaptação
respiratória débil, deterioração do sistema nervoso (alteração na forma, número e
velocidade de condução dos potenciais evocados) e diminuição da massa muscular com
uma redução do diâmetro das fibras (causada por uma alteração qualitativa e
quantitativa das fibras musculares). A nível celular, estão também inerentes alterações a
nível morfológico e bioquímico.
Segundo Sequeira (2010), a senescência inicia-se com alterações ao nível do aspeto
exterior, por exemplo no aparecimento dos cabelos brancos, na lentidão gradual dos
movimentos, nas alterações no equilíbrio, na diminuição da força muscular, na
diminuição da velocidade de reação, nas alterações emocionais e nas alterações
cognitivas. As alterações internas do organismo ocorrem associadas às mudanças que
ocorrem ao nível de alguns órgãos vitais (coração, pulmão, rins, fígado, etc.) e do
metabolismo basal (circulação, tónus muscular, atividade glandular, etc.), as quais
associadas ao envelhecimento intrínseco implicam frequentemente uma diminuição da
capacidade funcional. Embora este processo se inicie muito antes, é nos idosos que se
pode verificar claramente que a pele e músculos ficam com menos elasticidade, há uma
diminuição da massa e da força muscular, à qual se associa uma lentidão no
funcionamento dos diversos sistemas corporais.
As alterações a nível fisiológico, de acordo com Berger (Berger & Poirier-Mailloux,
1995), podem, de uma forma esquemática, ser divididas em alterações estruturais e
alterações funcionais, como é possível verificar no quadro que se segue:

8
Tabela 1.1 - Modificações Fisiológicas do Envelhecimento (Berger & Poirier-Mailloux,
1995, p. 127)

1.2.2. Aspetos Psicológicos

As implicações e alterações inerentes ao envelhecimento, não ficam circunscritas


exclusivamente aos domínios do fisiológico e biológico. Com efeito, as alterações
surgem também a nível psicológico, muitas vezes associadas às modificações corporais,
que se traduzem numa mudança de atitudes e comportamentos (Sequeira, 2010).
A nível psicológico, procede-se a uma avaliação do equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades do individuo, como forma de minimizar as perdas associadas ao
envelhecimento. O envelhecimento psicológico é um processo extremamente complexo
que “depende de factores patológicos, genéticos, ambientais, do contexto sociocultural
em que se encontra inserido e da forma como cada um organiza e vivencia o seu
projecto de vida” (Sequeira, 2010, p. 23).
Segundo Berger (Berger & Poirier-Mailloux, 1995, p. 184), as estruturas da

9
personalidade e os modos de vida mantêm-se mais ou menos idênticos na velhice. É
fundamental ter em conta os estados emotivos, as respostas às situações antigas e novas,
o ambiente e o papel que continuam a desempenhar na sociedade para uma melhor
perceção das mudanças vividas pelas pessoas idosas. As alterações emotivas e a
afetividade são influenciadas pelo ambiente em que estão inseridas e pela saúde física e
mental. Com a idade, os fatores de stress aumentam, as crises e os problemas tornam-se
mais numerosos.
Ainda de acordo com os autores acima citados, “a adaptação ao envelhecimento é
função do equilíbrio entre as estruturas cognitivas e emocionais do sujeito” (p.184). Os
idosos para terem um comportamento adaptado têm que estar motivados para tal e são
as suas preocupações e as suas expectativas que irão determinar a mudança de
comportamento.
Ao nível das emoções ou afetividade, o envelhecimento está frequentemente ligado a
imagens estereotipadas de pessoas irritáveis, difíceis, desagradáveis e tristes. No
entanto, é sabido que a vida afetiva dos idosos não é assim tão diferente da vida das
pessoas mais novas, embora tenham que lidar com certos elementos como a reforma, o
sentimento de inutilidade e de impotência, as perdas no plano físico, emotivo e social,
que a tornam mais difícil (Berger & Poirier-Mailloux, 1995, p. 186).
Relativamente à motivação (Berger & Poirier-Mailloux, 1995, p. 186), isto é, à
capacidade para ter atividades ou para agir, os idosos são tendencialmente menos ativos
e tendem a passar mais tempo a descansar, a ler e a ver televisão. No entanto, não se
deve analisar de forma tão rígida a motivação dos idosos, uma vez que é necessário ter
em conta outros fatores como a condição socioeconómica, o grau de escolaridade e as
características individuais.
Por último, relativamente à personalidade (Berger & Poirier-Mailloux, 1995, pp.
186-190), o seu desenvolvimento é um processo de diferenciação contínuo, que se
explica pela acumulação de experiências do indivíduo e um melhor domínio das
pulsões, ou seja, o ser humano está sempre a adaptar-se, desde a infância até à velhice.
As pesquisas demonstram que existe na certa continuidade entre as estruturas da
personalidade e os aspetos sociais e pessoais da adaptação. Nem sempre é fácil definir e
medir a personalidade, contudo estabeleceram-se duas tipologias sobre a personalidade
das pessoas idosas. A primeira tipologia refere-se às personalidades adaptadas e
personalidades mal-adaptadas e provêm de um estudo de Reichard, Levinson e
Peterson. Esta tipologia define cinco tipos de personalidades, três consideradas

10
adaptadas e duas consideradas mal adaptadas (tabela 1.2.)

Tabela 1.2. Tipologia do Envelhecimento segundo Reichard, Levinson e Peterson


(Adaptado Berger & Poirier-Mailloux, 1995, p. 188)

Tipologia do Envelhecimento segundo Reichard, Levinson e Peterson


A. Personalidades Adaptadas
1. Os maduros: Pessoas amáveis, que aproveitam a vida, aceitam-se de forma
realista, mantêm actividades e não se arrependem do passado.
2. Os pantufinhas: Pessoas passivas, dependentes e felizes com a reforma,
vivem poucos conflitos, exteriorizam-se pouco, bem adaptadas à reforma e
não têm remorsos quanto ao passado.
3. Os durões: Pessoas que recorrem a mecanismos de defesa, muitas vezes
estritas, centradas mais no dever do que no prazer, são pouco introspectivas
e tornam-se vulneráveis quando são obrigadas a cessar a sua actividade.
B. Personalidades Mal-Adaptadas
4. Os zangados: Pessoas coléricas, hostis, negativas, azedas e desconfiadas,
que não aceitam a velhice, desprezam os jovens e têm medo da morte.
5. Os que se auto-depreciam: Pessoas depressivas, com uma fraca auto-estima,
balanço de vida negativo e com muitos remorsos. Para eles, a velhice
representa a decadência, e a morte a libertação.

Um segundo estudo realizado por Neugarten, Havighurst e Toben permitiu


estabelecer uma segunda tipologia, que engloba quatro tipos de personalidades, as quais
se subdividem em oito categorias (tabela 1.3.).

11
Tabela 1.3. Tipologia do Envelhecimento segundo Neugarten, Havighurst e Toben
(Adaptado Berger & Poirier-Mailloux, 1995, p. 189)

Tipologia do Envelhecimento segundo Neugarten, Havighurst e Toben


 Personalidades Bem Integradas (muito satisfeitas com a vida)
1) Os reorganizadores
2) Os reflectidos
3) Os Descomprometidos
 Personalidades de Carapaça Blindada (muito ou medianamente satisfeitas
com a vida)
4) Os conservadores
5) Os reservados (ou inquietos)
 Personalidades Dependentes e Passivas (fraca, medianamente ou mesmo
muito satisfeitas com a vida)
6) As pessoas à procura de protecção
7) Os apáticos
 Personalidades Não Integradas (pouco ou nada satisfeitas com a vida)
8) Os desorganizados

No entanto, nos últimos anos, outras teorias têm ganhado cada vez mais notoriedade
e importância, tal como as que se desenvolvem com especial enfoque no “ciclo vital”,
através do estudo do processo de envelhecimento ao longo da vida como um processo
contínuo. Entre os diversos autores, que estudaram o ciclo vital, destaca-se Baltes
(1987) que estabeleceu uma série de reflexões sobre esta temática, que passamos a
referir, socorrendo-nos da síntese de Fernández-Ballesteros (2009):
I. Ao longo da vida existe um equilíbrio entre ganhos (crescimento) e perdas
(declínio). Sendo que durante os primeiros anos os ganhos são maiores que as perdas, e
na velhice acontece o contrário.
II. Existem determinadas funções psicológicas que se perdem com a idade
(inteligência fluída) e outras que se mantêm (inteligência cristalizada);
III. Durante o ciclo de vida, a variabilidade interindividual vai-se tornando mais
notória, tornando as pessoas cada vez mais diferentes entre si.

12
IV. Existe capacidade de reserva ao longo do ciclo vital, ou seja, capacidade para
compensar as perdas através de treino ou manipulação externa;
V. A variabilidade entre idosos está associada a três formas de envelhecer: normal,
patológica e bem-sucedida. O envelhecimento bem-sucedido pode ser obtido através de
mecanismos de seleção, otimização e compensação;
Baltes e Baltes (1990), tendo em conta os princípios acima referidos propuseram
um modelo, o “modelo de otimização seletiva por compensação”- modelo SOC, que
define o envelhecimento bem-sucedido assente em dois pressupostos: (1) a procura de
um elevado nível de funcionamento e o (2) afastamento dos comportamentos de risco.
De uma forma geral podemos dizer que, a seleção consiste na especialização em
certas atividades físicas e intelectuais, que serão depois otimizadas (por exemplo, na
escolha de uma profissão), enquanto a compensação consiste no desempenho de
determinada atividade na qual o indivíduo mantém o seu nível de funcionamento
mediante a utilização dos seus conhecimentos e do seu saber (utiliza a inteligência
cristalizada para neutralizar o declínio da inteligência fluída). Tendo em consideração
todo este processo, o resultado final será “a manutenção de um elevado nível de
funcionamento nalgumas atividades, a conservação de um sentimento de eficácia
pessoal (local de controlo interno) e de um sentimento geral de velhice bem-sucedida”
(Fontaine, 2000, p.157).
Partindo de uma perspetiva do envelhecimento ao longo da vida, e segundo
Sequeira (2010), a satisfação e o bem-estar psicológico estão associados ao
envelhecimento bem-sucedido. A qualidade de vida e o bem-estar psicológico
contemplam domínios como a satisfação pessoal, as emoções, a sensibilidade, os
sentimentos e os desejos de acordo com a subjetividade de cada indivíduo. A história de
vida, o sistema de valores e o contexto social assumem desta forma uma importância
significativa na obtenção do envelhecimento bem-sucedido.

13
1.2.3. Aspetos Sociais

A nível social, o envelhecimento também traz profundas mudanças, sobretudo ao


nível da participação ativa dos idosos na sociedade.
Segundo Sequeira (2010), os idosos sofrem profundas mudanças ao nível dos papéis
desempenhados, a nível familiar, laboral e ocupacional. Tendencialmente, participam
em redes sociais de menores dimensões e diminuem os contactos intersociais. Os idosos
são socialmente ativos junto da família e grupos restritos de amigos. As redes sociais
sofrem alterações ao longo dos anos e vai sendo necessária uma constante reorganização
das mesmas, de forma a manter a participação social e a independência. Importa aqui
dar especial destaque à reforma, muitas vezes desejada, no entanto indubitavelmente
associada à desvinculação ao mercado de trabalho e à diminuição da importância social
do idoso, que passa muitas vezes a ser considerado inútil e problemático.
Atualmente, os idosos são raras vezes discriminados, e o seu espaço no seio da
família é cada vez menor, como consequência da competitividade laboral e da
necessidade de manter um rendimento adequado. Os elementos do agregado familiar
veem-se forçados a efetuar horários alargados e longe do local de residência. É desta
forma que surge o recurso ao lar, não como uma opção, mas sim como uma
consequência de todo este processo. Os idosos têm perdido progressivamente a sua
influência passando a integrar a família como mais um membro, destituído de qualquer
valor relativo, por questões de prioridade, na qual o emprego muitas vezes se sobrepõe
por uma questão de sobrevivência. Nestas circunstâncias o idoso é remetido para as
instituições de apoio tal como os lares, os centros de dia, etc. (Sequeira C. , 2010).
Face ao atual quadro demográfico, as famílias, que têm um papel fundamental
na assistência e na manutenção do idoso no seu contexto habitual durante o maior
tempo possível, estão hoje perante um grande desafio. No entanto, quando deixa de ser
possível ou viável mobilizar recursos financeiros e familiares para cuidar de um idoso
ou quando a sua capacidade funcional se começa a degradar, a institucionalização surge
como uma alternativa (Gonçalves, et al., 2010).
A institucionalização está muitas vezes associada a fatores como a classe social,
a presença de doenças ou a disfunção (imobilidade, instabilidade, incontinência e
deterioração cognitiva, etc.) (Gonçalves, et al., 2010). A participação da mulher no

14
mercado de trabalho, bem como alterações da estrutura familiar também conduzem à
institucionalização (Gonçalves, et al., 2010).

1.2.4. Aspetos Cognitivos

Como foi atrás referido, o envelhecimento normal conduz a uma série de alterações
cognitivas que não tem repercussões a nível das atividades diárias, uma vez que alguns
fatores relacionados com a natureza gradual das alterações permitem a manutenção do
funcionamento, a readaptação e a preservação dos conhecimentos, das competências e
das capacidades dos idosos.
Spar e la Rue (2005) apontam algumas variáveis como mediadoras da cognição no
envelhecimento normal, entre os quais se destaca: fatores genéticos, saúde,
escolaridade, atividade mental, atividade física, personalidade e humor, meio social e
cultural, treino cognitivo, sexo e conhecimentos especializados. No entanto importa
referir que as alterações cognitivas, quando não compensadas com outros mecanismos,
interferem na globalidade das funções do idoso, entre as quais se destacam o
processamento de informação e a memória de trabalho.
No que concerne ao processamento de informação, este está em grande parte
dependente da capacidade do idoso para receber e reter informação, sendo fundamental
efetuar a distinção entre os dois tipos de inteligência envolvidos no processo, a
inteligência fluída e a cristalizada. Estes dois tipos de inteligência sofrem diferentes
influências e alterações durante o processo de envelhecimento. Por um lado, a
inteligência cristalizada, consiste na aquisição de conhecimentos centrados na educação
(cultura), no conhecimento e na experiência que os indivíduos acumulam ao longo da
vida (Sequeira C. , 2010). Por outro lado, a inteligência fluída, isto é, a capacidade de
raciocinar, perceber a relação entre os objetos, criar novas ideias, adaptar-se a
mudanças, sofre um declínio com a idade, diminuindo a velocidade e a precisão no
processamento de informação (Sequeira C. , 2010).
Relativamente à memória, esta é uma das queixas mais frequentes associadas ao
processo de envelhecimento. De facto, a memória constitui uma das funções cognitivas
fundamentais à manutenção de um envelhecimento ativo, sendo fundamental à
manutenção do quotidiano, da orientação, da comunicação, da execução de tarefas, etc.,
e com a idade ocorre uma diminuição da velocidade de recuperação dos vários recursos
da memória, especialmente ao nível da memória de trabalho (memória a curto prazo ou
15
imediata). Relativamente à memória a longo prazo (memória de recordação), esta
mantém-se relativamente estável ou declina muito pouco com a idade (Spar & La Rue,
2005).
Segundo (Spar & La Rue, 2005), o envelhecimento pode interferir nas funções
cognitivas através de alterações nas seguintes aptidões:
 Habilidades perceptivomotoras: declínio começa por volto dos 50-60 anos;

 Atenção: pode manter-se estável ou sofrer ligeiro declínio. Problemas em dividir


a atenção, filtrar ruído, deslocar a atenção;

 Inteligência: pode declinar em idades avançadas, essencialmente em novas


tarefas;

 Linguagem: a comunicação, a sintaxe, a fluência e o conhecimento das palavras


pode manter-se estável ou sofrer ligeiro declínio. Dificuldade no processamento
de mensagens complexas;

 Memória de curto prazo (imediata): estável a declínio ligeiro.

 Memória de trabalho (recente): estável ou declínio ligeiro a moderado.


Dificuldade na manipulação da memória a curto prazo;

 Memória remota: declínio variável. Intacta para aspetos mais importantes da


história pessoal;

 Visuo-espacial (copiar desenhos, etc.): declínio variável, intacta em figuras


simples, dificuldade em figuras complexas;

 Raciocínio: declínio variável na resolução lógica dos problemas;

 Funções executivas: ligeiro declínio, planeamento e execução menos eficiente de


comportamentos complexos;

 Velocidade: declínio com lentificação do pensamento e da ação. É a mudança


mais constante do envelhecimento.

Todas estas alterações, embora façam parte do processo de envelhecimento,


dependem das características individuas e do contexto onde o idoso está inserido
(Sequeira C. , 2010).

16
As alterações cognitivas, acima mencionadas, que acompanham o processo
normal de envelhecimento, dificultam muitas vezes o diagnóstico de perturbações
mentais orgânicas, como é o caso da demência. A demência constitui uma situação de
défice das faculdades mentais, onde se incluem as faculdades mentais, cognitivas e
volitivas, o comportamento e a personalidade. Existe unanimidade em afirmar que a
prevalência e incidência das demências aumentam com a idade, uma vez que esta está
associada ao envelhecimento e tem um caráter crónico e insidioso (Sequeira C. , 2010).
O diagnóstico da demência nem sempre é fácil, particularmente nos mais idosos e tendo
em conta a ausência de marcadores biológicos específicos (Spar & La Rue, 2005), pelo
que se privilegiam os instrumentos de avaliação da função cognitiva, como adotado no
presente estudo, o Mini Exame do Estado Mental (Folstein, Folstein & McHugh, 1975,
segundo adaptação portuguesa de Manuela Guerreiro et al., 1993) e que constitui uma
forma de diagnóstico e despiste das situações em que existe défice cognitivo de acordo
com o grau de escolaridade (Sequeira C. , 2010).

2. Envelhecimento Ativo

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Envelhecimento Ativo consiste


no “processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança,
no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem” (WHO, 2002,
p. 12). Este conceito deve ser compreendido no contexto da cultura e do género. O
envelhecimento ativo para a OMS remete para a participação ativa nas questões sociais,
económicas, culturais, espirituais e civis. O idoso precisa de continuar a participar na
sociedade de forma útil. É importante que sinta que continua a fazer parte dela,
intervindo e contribuindo para o seu desenvolvimento. Ou seja, este novo modelo surge
como sendo mais consensual, no sentido que preconiza a qualidade de vida e a saúde
dos mais velhos, com manutenção da autonomia física, psicológica e social, em que os
idosos estejam integrados em sociedades seguras e em que assumam uma cidadania
plena (Ribeiro & Paúl, 2011).
O envelhecimento pode ser vivenciado de inúmeras formas, e usufruir de um
envelhecimento ativo e bem-sucedido depende, não apenas das questões relacionadas
com a saúde, mas, principalmente, das ações e responsabilidades de cada indivíduo. O
aumento da esperança média de vida coloca novos desafios à sociedade, entre os quais à
saúde e à prestação de cuidados. A saúde constitui um recurso essencial a um bom

17
envelhecimento, pelo que se deve apostar numa prevenção das doenças e porque a
longevidade implica um maior risco de doença e, consequentemente, um maior índice
de dependência, logo existirá uma maior necessidade de prestação de cuidados
(Sequeira C. , 2010).
Ribeiro e Paúl (2011) dizem existir formas diferentes de envelhecer e com um
contacto diário com as pessoas mais velhas podemos constatar isso mesmo. Um
envelhecimento bem-sucedido, satisfatório ou ativo não depende de fatores como a
sorte, mas sim de cada um de nós, das nossas ações e responsabilidades individuais,
bem como dos contextos promotores dessas formas de envelhecimento.
Neste sentido, Jacob e Fernandes (2011) afirmam que qualquer programa que
pretenda melhorar um envelhecimento ativo com êxito deverá prevenir a doença e a
incapacidade associada à otimização do funcionamento psicológico e do funcionamento
cognitivo. Deste modo, os fatores psicológicos estão na base de um bom
envelhecimento ativo, pois são estes fatores que fazem o indivíduo conseguir
ultrapassar quaisquer situações adversas que encontre.
O processo de envelhecimento conduz a alterações na vida quotidiana dos
indivíduos, impondo uma adaptação a novas situações e vivências que levam
frequentemente ao isolamento e à perda de relações sociais. O modelo de
envelhecimento ativo preconizado pela OMS contempla uma variedade de fatores:
 Determinantes de ordem pessoal (fatores biológicos, genéticos, e
psicológicos);
 Determinantes de ordem comportamental (estilos de vida saudável e
participação ativa no cuidado da própria saúde);
 Determinantes de ordem económica (rendimentos, proteção social,
oportunidades de trabalho digno);
 Determinantes do meio físico (acessibilidade a serviços de transporte,
moradias e vizinhança seguras e apropriadas, água limpa, ar puro e alimentos
seguros);
 Determinantes de ordem social (apoio social, educação e alfabetização,
prevenção de violência e abuso);
 Determinantes relativos aos serviços sociais e de saúde (orientados para a
promoção da saúde e prevenção de doenças, acessíveis e de qualidade (Ribeiro
& Paúl, 2011, p. 3).

18
3. Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado

O conceito de qualidade de vida é algo difícil de definir, pois não há uma definição
exata. A Direção-Geral da Saúde - Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas
(2004, p. 6), citando a OMS, corrobora a dificuldade em definir qualidade de vida, visto
considerar que se trata de uma “percepção individual da posição na vida, no contexto do
sistema cultural e de valores em que as pessoas vivem e relacionada com os seus
objectivos, expectativas, normas e preocupações. É um conceito amplo, subjectivo, que
inclui de forma complexa a saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de
independência, as relações sociais, as crenças e convicções pessoais e a sua relação com
os aspectos importantes do meio ambiente”.
Para compreender a qualidade de vida dos idosos institucionalizados devemos ter em
conta vertentes de natureza material, emocional, social e de saúde, tentando não
sobrevalorizar a saúde em detrimento dos restantes, visto a qualidade de vida não ser
uma consequência direta do estado de saúde ( Paúl & Fonseca, Psicossociologia da
Saúde, 2001).
Por seu lado, Fernández-Ballesteros (1998) afirma que a qualidade de vida dos
idosos institucionalizados está muito dependente das vivências, do estilo de vida e das
características individuais de cada pessoa. Estamos, assim, perante uma conceito
multidimensional que pressupõe a correlação de diferentes componentes e
condicionantes, cuja relevância dependente não só de parâmetros sociais, como
pessoais.
A questão da qualidade de vida emerge com peculiar importância, uma vez que
surgem questões de ordem ética e prática, nas quais reside o princípio da legitimidade e
oportunidade de prolongamento da vida dos idosos. Efetivamente, este ciclo de vida
apresenta-se como sendo o mais frágil do ponto de vista físico e mental, pressupondo
com alguma evidência a formação de equipas multidisciplinares, onde se deverão juntar
vários profissionais, especialistas em áreas muito diferentes, capacitados em prestar
cuidados primários e secundários aos idosos mais dependentes física e psicologicamente
(Zagher, Pierezan, & Claudino, 2009). A nível biológico, os idosos são suscetíveis a
mais problemas de saúde que poderão influenciar positiva ou negativamente o seu bem-
estar subjetivo e/ou psicológico na sua qualidade de vida (Fernandes M. S., 1996).
Frequentemente, os idosos que estão institucionalizados possuem um
autoconceito mais baixo e um maior índice de depressão do que os idosos que vivem em

19
suas casas. Isto pode dever-se ao facto do reduzido número de atividades que os idosos
institucionalizados efetuam e também ao facto de se sentirem sós e da modificação da
vida pessoal a que o idoso fica sujeito quando entra para uma instituição (Marrachinho ,
2014).
Assim, é muito importante que estas instituições prestem cuidados
especializados e cuidados de qualidade, pois a qualidade das instituições depende muito
das pessoas que trabalham nessa mesma instituição. Os trabalhadores têm tarefas
importantes a cumprir, nomeadamente, a criação de um ambiente institucional favorável
ao idoso, onde a vida deve ser valorizada e a dignidade do idoso reconhecida. Segundo
Winnicott (Pinhel, 2011), o ambiente institucional deve ser adaptado às necessidades
emocionais da pessoa idosa, onde esta possa demonstrar a sua própria personalidade e
onde usufrua de uma base segura, evitando, deste modo, possíveis sentimentos de
solidão, ou seja, o ambiente institucional deve centralizar-se na pessoa, desenvolvendo
cuidados gerontológicos apropriados a cada caso.

20
Capítulo 2. Metodologia

Neste capítulo apresenta-se o processo de investigação do ponto de vista


metodológico.
O presente relatório resulta de um processo de investigação-ação e da
observação direta e participativa, cujo objetivo foi o de contribuir para a resolução de
problemas práticos através de uma mudança social, na qual o investigador não foi um
mero observador mas, também, um participante.

2.1. Investigação-ação

A Associação de Solidariedade Social Seara de Abril é uma instituição


dinamizadora de inúmeras atividades destinadas aos seus utentes, tendo sempre presente
a unidade com a comunidade e os seus intervenientes. Dadas as motivações da autora e
as necessidades da instituição, a estratégia de investigação mais adequada foi a
investigação-ação.
A investigação-ação procura colocar em conjunto a ação e a reflexão, a teoria e a
prática, em participação com outros, na procura de soluções práticas para problemas de
natureza permanente para as pessoas e mais genericamente da prosperidade das pessoas
individualmente e das suas comunidades (Reason & Bradbury, 2001).
Para Guerra (2002, p.56), a investigação-ação, tem como finalidade “modificar
os comportamentos, os hábitos, as atitudes dos indivíduos ou populações, melhorar as
relações sociais, ou ainda modificar as regras institucionais de uma organização”. Este
autor aponta, ainda, as características da investigação-ação:
- É um processo continuado e não pontual, influenciando todo o percurso· de
investigação;
- Implica que os grupos “objectos” do conhecimento se constituam como
“sujeitos” do conhecimento;
- O seu ponto de partida não é uma teoria nem um quadro de hipóteses, mas sim
uma situação, um problema e uma prática real e concreta;
- O objetivo não é fundamentalmente o aumento do conhecimento sobre a
realidade, mas a resolução de problemas e, assim, interessa mais o processo de mudança
social exigido pela investigação-ação do que o resultado desta;
- O investigador não é um mero observador, mas um apoiante dos sujeitos

21
implicados na acção.
Kurt Lewin surge, após John Dewey, como pioneiro da investigação-ação. A
escola psicossocial de Kurt Lewin é a primeira a introduzir o conceito de investigação-
ação durante os anos 40 nos Estados Unidos. Contudo, ao longo dos anos, vários foram
os autores que se debruçaram sobre esta temática. Nos anos 70, do séc XX, temos
Stenhouse da escola de Cambrigde, Stephen Kemmis da corrente australiana, entre
outros. Charles Delorme – corrente francófona – e Orlando Fals-Borda, assim como
Paulo Freire surgem, também, como defensores do processo de investigação-ação, que,
para fazer sentido, tem que partir de necessidades sentidas quer a nível individual, quer
a nível social (Lucio-Villegas, 1993).
Segundo Guerra (2002), as metodologias de investigação-ação permitem, em
simultâneo, a produção e o conhecimento sobre a realidade, a inovação no sentido da
singularidade de cada caso, a produção de mudanças sociais e, ainda, a formação de
competências dos intervenientes. Os trabalhos de Kurt Lewin evidenciavam três grandes
características da investigação-ação, nomeadamente o carácter participativo, o impulso
democrático e o seu interesse simultâneo em consolidar um corpo de conhecimentos
válido para as Ciências Sociais, com atividades de transformação inerentes a tentativas
de mudança social nas populações que participam nestes processos (Lucio-Villegas,
1993).
Lewin apresenta-nos a investigação-ação associada a uma espiral auto-reflexiva,
que acaba por ser seguida pela grande maioria dos precursores desta metodologia. De
acordo com Lewin, tanto nas relações intergrupais, como noutros campos da prática
social, o diagnóstico tem de ser complementado, por estudos experimentais
comparativos sobre a efectividade de diferentes mecanismos de mudança. Assim,
segundo o autor, nem sempre basta partir de um bom diagnóstico, sendo muitas vezes
necessário complementá-lo com estudos experimentais, mesmo, com projectos
experimentais (Lucio-Villegas, 1993).
A abordagem de consciencialização caracteriza-se por tentar intervir na
realidade de uma forma rigorosa e sistemática, por um procedimento em espiral, no qual
se intervém a partir do momento em que se inicia o diagnóstico, guardando claramente
todos os passos da investigação-ação (diagnóstico, plano de acção, seguimento,
avaliação e reajuste do plano de ação) (López Górriz, 1998).
Rahman e Fals Borda (1992), por sua vez, definem a investigação-ação como
um processo de vida e de trabalho, uma vivência, uma progressiva evolução para uma

22
transformação total e estrutural da sociedade e da cultura com objetivos sucessivos e
parcialmente coincidentes. É um processo que requer um compromisso, uma postura
ética e uma persistência em todos os níveis. Enfim, é uma filosofia da vida na mesma
medida em que é um método.
Este é um processo que releva extrema consistência, na medida em que envolve
não só o investigador, mas, também, os próprios sujeitos da ação, bem como todos os
elementos nela envolvida, directa ou indirectamente. A investigação-ação é aplicada,
não só em contextos educativos mas, também. nos mais diversos contextos sociais, onde
todos os indivíduos são encarados como possíveis produtores de conhecimento.
A participação de todos os intervenientes no processo é fundamental para levar a
cabo um qualquer projeto de investigação-ação (Lucio-Villegas, 1993). É a partir destes
pressupostos que surge o conceito de investigação participativa, uma das abordagens da
investigação-ação, segundo a qual os indivíduos se tornam, simultaneamente, objetos e
sujeitos da investigação. De acordo com Lucio-Villegas (1993), a investigação
participativa permite-nos ir construindo saberes que nascem da reflexão sobre as
práticas.
Esta investigação-ação participativa (López Górriz, 1998), implica uma
participação ativa e total da comunidade, dos investigadores e dos técnicos. Estes têm
de ajudar a consciencializar os sujeitos das suas possibilidades, dos seus recursos e
acompanhá-los na sua mobilização e organização.
Importa, ainda, salientar que sendo a investigação-ação uma estratégia de
investigação bastante complexa, de carácter qualitativo, a mesma implica a utilização de
vários métodos e técnicas no decorrer de todo o processo.

23
2.2. Processo de Intervenção na Instituição

De seguida apresenta-se o processo da intervenção, bem como os objetivos


gerais e específicos de cada atividade. Importa referir, desde já, que algumas atividades
previstas sofreram mudanças no decorrer da sua implementação, em função das
capacidades e gostos dos idosos.
Relativamente à calendarização, o plano de atividades realizou-se durante cinco
meses consecutivos (de 8 de Janeiro de 2016 a 8 de Junho de 2016), correspondentes ao
estágio curricular do curso de mestrado em Gerontologia Social (Anexo V).
Durante a intervenção foram feitas anotações sobre cada atividade que se
desenvolvia com os utentes. Este diário de campo ajudou a organizar a informação
recolhida de acordo com a área de intervenção em que se baseava a atividade e com a
atividade específica e a sua data, hora, local, duração e participante (s).

2.2.1. Objetivos

Partindo do conhecimento da realidade e do levantamento de necessidades,


como todos os projetos sociais, este também implicou necessariamente a delimitação
prévia dos objetivos que se pretendiam alcançar com a concretização das diversas
atividades desenvolvidas. Os objetivos do presente projeto encontram-se divididos em
objetivos gerais e específicos.
O objetivo geral da investigação consiste em conhecer o impacto da estimulação
cognitiva na funcionalidade e na cognição.
Deste emergem os seguintes objetivos específicos:
- Avaliar na fase inicial as necessidades dos utentes;
- Avaliar na fase inicial e no final do projeto as capacidades funcionais dos
utentes;
- Superar as dificuldades e necessidades físicas, cognitivas sociais;
- Promover o bem-estar físico, emocional, pessoal e social;
- Promover o envelhecimento ativo;
- Promover a participação ativa nas atividades;
- Promover a memória, a destreza motora, e ainda um melhor raciocínio.

24
2.2.2. Participantes

Os principais beneficiários da implementação deste projeto de investigação -


ação foram, fundamentalmente, os utentes da Instituição de Solidariedade Social Seara
de Abril. Esta população (N=40) foi a base para o diagnóstico das necessidades e
posterior definição e implementação das atividades programadas. No pré-teste
participaram vinte e sete utentes, sendo que na fase de pós-teste participaram, por
vontade própria, apenas dezoito utentes. Dos restantes vinte e dois utentes, não
participaram seis por motivo de falecimento.

2.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Le Compte e Preissle (1993) elucidam-nos que esta fase começa com uma
abordagem clara no âmbito da realidade a pesquisar, os objetivos do estudo, a
informação adequada às questões específicas da pesquisa e às estratégias mais
adequadas para obter a informação necessária. No presente relatório procura-se
descrever um conjunto flexível de linhas orientadoras que relaciona os paradigmas
teóricos com as estratégias de pesquisa e os métodos de recolha de todo material
empírico.
Para Fortin (2009), os dados são elementos de informação recolhidos junto dos
participantes, trata-se de uma das etapas da investigação e poderá levar muito tempo. Os
tipos de métodos de recolha de dados são vários.
Segundo Quivy e Campenhout (1992), o instrumento selecionado, neste caso o
questionário, está dependente dos objetivos da investigação, do modelo de análise e das
características do estudo. Referem ainda que o questionário apresenta como vantagens a
possibilidade de quantificar uma pluralidade de dados possibilitando imensas análises
de correlação. Permitindo, igualmente, em períodos curtos de tempo obter muita
informação.
Para a recolha dos dados foram selecionados vários métodos, tais como, o
inquérito por questionário para a caracterização sociodemográfico, elaborado por mim,
tendo em atenção as características da investigação e a necessidade de recolha de
informação sobre os idosos. Como instrumentos de avaliação foram aplicados: o Mini
Exame do Estado Mental – MEEM (Folstein, Folstein & McHugh, 1975, segundo
adaptação portuguesa de Manuela Guerreiro e colabs., 1993) e o Índice de Katz (Katz e

25
colabs., 1963, versão apresentada por Sequeira, 2007) validados para a população
portuguesa e que seguidamente apresento.

2.3.1. Questionário Sociodemográfico

Realizou-se um questionário sociodemográfico (Anexo I), composto por


questões de fácil compreensão, com o intuito de se caracterizar os participantes no
estudo. O questionário é composto por questões abertas e fechadas cuja finalidade
assenta na colheita de dados sobre os idosos e sobre a instituição.
Este questionário foi aplicado oralmente a vinte e sete utentes, existindo o
cuidado de falar pausadamente e, quando necessário, o de adaptar a linguagem de modo
a ser mais facilmente compreendida. Foi dado ênfase às questões relacionadas com a
idade, o sexo, a escolaridade, o estado civil, a profissão exercida, o motivo de
internamento em instituição, o tempo de institucionalização, a participação nas
atividades da instituição, as amizades e as visitas (Anexo I).

2.3.2. Mini Exame do Estado Mental – MEEM

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM), elaborado por Folstein et al., (1975),
é um dos instrumentos mais estudados e utilizados para avaliar o estado cognitivo e
rastrear quadros demenciais (Lourenço & Veras, 2006). É um teste de fácil e rápida
aplicação, que procura a existência de distúrbios cognitivos, permitindo avaliar a
gravidade e intensidade dos mesmos (Gil & Busse, 2009). Foi também desenvolvido
para se utilizar na prática clínica, mais precisamente, na avaliação da mudança do
estado cognitivo de pacientes geriátricos (Apóstolo, 2011).
É constituído por várias questões agrupadas em domínios cognitivos diferentes:
orientação; retenção; atenção e cálculo; evocação; linguagem e habilidade construtiva.
Em termos de validade de conteúdo avalia oito de onze aspetos principais do estado
cognitivo, não focando a abstração, o julgamento e a expressão (Chaves, 2009). Cada
questão tem uma pontuação de 0 ou 1, ou seja, depende da realização ou não da questão
e se esta está ou não correta, sendo que a pontuação máxima é de 30 pontos.
As questões são realizadas pela ordem apresentada no instrumento, recebendo
assim uma pontuação imediata para cada questão. Após a conclusão do teste, serão
26
somados os pontos atribuídos a cada questão respondida corretamente, obtendo-se assim
a pontuação final (Apóstolo, 2011). Uma vez que o desempenho neste teste depende
também da escolaridade do sujeito, recomenda-se a utilização de pontos de corte
distintos, consoante o nível de educação do sujeito (Lourenço & Veras, 2006). Na
versão original de Folstein et al., (1975), a cotação de 23/24 pontos foi considerada o
valor indicador de declínio cognitivo. No entanto, com a tradução e adaptação do
MEEM para a população portuguesa, são identificados valores de corte para detetar
défice cognitivo, nomeadamente, menor ou igual a 15 pontos para indivíduos
analfabetos, menor ou igual a 22 pontos para 1 a 11 anos de literacia e menor ou igual a
27 pontos para literacia superior a 11 anos (Guerreiro M. G., 1998).
Este instrumento pode ser utilizado como teste de rastreio para perdas cognitivas
ou mesmo como avaliação cognitiva, apenas não pode ser utilizado para diagnosticar
demência (Chaves, 2009). Esta escala de avaliação foi escolhida por essa mesma razão,
para avaliar o estado cognitivo e também pela sua aplicação rápida e eficaz,
possibilitando uma avaliação breve do estado mental. Participaram no pré-teste, com
este instrumento, vinte e sete utentes (Anexo II).

2.3.3. Índice de Katz

O Índice de Katz ou Índice de Atividades de Vida Diária desenvolveu-se para


medir o funcionamento físico de doentes com doença crónica (Katz, Ford, Moskowitz,
& Jackson, 1963). Várias foram as teorias e instrumentos de medida desenvolvidos a
partir de então. Katz e colaboradores demonstraram, por exemplo, que a recuperação do
desempenho funcional de seis actividades consideradas básicas da vida quotidiana de
idosos incapacitados (banhar-se, vestir-se, ir à casa de banho, transferir-se, ser
incontinente e alimentar-se) era semelhante à sequência observada no processo de
desenvolvimento da criança.
Verificou-se, através de estudos antropológicos, a existência de semelhanças
entre essas seis funções e o comportamento das pessoas nas sociedades primitivas, o
que sugeria que as funções citadas eram biológicas e psico-socialmente primárias,
refletindo uma hierarquização das respostas neurológicas e locomotoras (Duarte,
Andrade & Lebrão, 2007). Estes autores desenvolveram um estudo tendo por objetivo
descrever o desenvolvimento histórico, a evolução e a correta utilização do Índice de

27
Independência nas Atividades de Vida Diária de Katz, bem como as modificações e
adaptações desenvolvidas.
Com a versão de Sequeira (2007), podemos avaliar se o idoso é dependente,
necessita de ajuda, necessita de supervisão ou é independente. A pontuação das
atividades vai de 1 a 4 para cada item, sendo que a pontuação 1 representa dependência
completa, 2 necessidade de ajuda, 3 necessidade de supervisão e 4 independência total
(Sequeira C. , 2010). Assim, quanto maior a pontuação, melhor é a funcionalidade do
idoso, isto é, quanto mais próximo de 24 valores, mais independência o idoso tem face
às atividades básicas de vida diária (Sequeira, 2007). Considera-se que se um idoso se
recusar a realizar determinada tarefa, não realiza a mesma, embora pudesse ser
considerado capaz (Apóstolo, 2011). Estudos feitos na Turquia, Brasil e Índia com este
mesmo índice revelam a sua fiabilidade na avaliação funcional dos idosos (Luthra, Negi
& Grupta, 2016; Rebustini et al., 2015; Arik et al., 2015). Participaram no pré-teste,
com este instrumento, vinte e sete utentes (Anexo III).

2.3.4. Diário de Campo

Nalguns casos o observador regista as suas notas em diário de campo, efectuado


num determinado período, previamente estabelecido (um dia, uma semana, uma mês).
Através da análise do diário de campo é possível ver a evolução do
relacionamento do observador com a comunidade/grupo em estudo, facilitando também
a observação/avaliação do trabalho. As notas de campo “ajudam o investigador a
acompanhar o desenvolvimento do projecto, a visualizar como é que o plano de
investigação foi afectado pelos dados recolhidos” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 151).
As notas do diário de campo dizem o que o investigador regista, diária e
sistematicamente, as suas observações e informações, as suas reflexões teóricas e
metodológicas e todas as impressões e estados de espírito. Costa (1986) teoriza que o
diário de campo tem a preocupação de distinguir claramente cada um daqueles três tipos
de registo. Na anotação da informação substantiva distingue ainda observações
pessoalmente realizadas, informações prestadas por outras pessoas e enunciados verbais
dos atores sociais em estudo, procurando transcrever estes últimos tão à letra quanto
possível.
Nos diários de campo registei o meu dia-a-dia na Instituição, as atividades que

28
desenvolvia com os utentes e as informações que obtinha junto dos profissionais que
trabalhavam diariamente na instituição (Apêndice I).

2.4. Programa de atividades desenvolvidas

O programa de atividades foi definido tendo em conta as características da


população alvo, os recursos existentes e os objetivos a alcançar. No final de cada
atividade era sempre preenchida uma ficha de avaliação das atividades onde anotava o
nome da atividade, o dia em que tinha sido realizada, o número de participantes e se os
utentes tinham gostado ou não gostado da atividade (Apêndice II).

Tabela 2.1 – Atividades desenvolvidas, objetivos e materiais

Atividade Objetivos Descrição da Materiais utilizados


Atividade
Puzzles - Praticar a Os participantes Imagens ou
manipulação de construíram desenhos cortados
formas; imagens ou em tamanho
-Atuar no desenhos cortados grande.
raciocínio lógico; previamente.
- Estimular a
capacidade de
memorização;
- Associar a
peça/figura ao
orifício
correspondente.
Jogo das Cartas - Estimular o Os utentes Baralho de cartas
raciocínio; juntavam-se em
-Desenvolver e/ou pares. O jogo que
manter a mais gostaram foi o
capacidade da bisca.
intelectual,
participativa e
organizativa;
- Convívio.
Jogo do Dominó -Estimular o Os idosos gostavam Dominó
raciocínio; de jogar
-Desenvolver e/ou individualmente,
manter a uns contra os
capacidade outros.
intelectual,
participativa e
organizativa;

29
- Convívio.
Jogo do Bingo -Estimular o Cada utente jogava Roleta do bingo;
raciocínio; individualmente. À Cartões com
-Desenvolver e/ou medida que iam números;
manter a saindo os números, Feijões.
capacidade teriam que
intelectual, confirmar nos seus
participativa e cartões se tinham
organizativa; esse número. O
- Convívio. primeiro que
preenchesse o
cartão, ganhava.
Acerta no Alvo - Estimular o O idoso tinha que 1 Arco;
raciocínio lógico; conseguir acertar 4 Discos.
- Coordenação com as malhas, de 4
óculo-manual; cores diferentes,
- Fortalecimento dentro do arco.
dos músculos dos
braços e mãos.
Jogo das Tampas - Estimular o Cada utente tinha Alguidar com água;
raciocínio lógico; que conseguir Várias tampas de
- Fortalecimento retirar o maior garrafas;
dos músculos das número de tampas, Pauzinhos.
mãos e da colocadas no
motricidade fina; alguidar com água,
- Coordenação com a ajuda de dois
óculo-manual. pauzinhos.

Identificar as cores - Estimular a Cada utente tinha Molas pintadas de


memória cognitiva; que adivinhar qual várias cores;
- Manutenção da a cor que estava Papel com riscas de
motricidade fina; num papel e, por várias cores.
- Domínio da ordem, pendurar a
nomenclatura das mola com a cor
cores e sua correspondente no
distinção. estendal. E assim
sucessivamente, até
chegar ao fim da
lista de cores
Jogo da Memória - Estimular a Coloquei dentro de Caixa;
Tátil memória tátil; uma caixa dez 2 bolas, 2 canetas, 2
- Identificar, através objectos. Cada uma livros, 2 ´réguas e 2
do tato, peças das peças está batons.
iguais. repetida. Pede-se ao
idoso que retire um
objeto e o
identifique. De
seguida, pede-se
que com as mãos,
consiga encontrar o

30
objeto igual ao que
retirou
anteriormente.
Jogo dos Sons - Estimular a Importa referir que Computador com
memória auditiva; previamente é diversos sons.
- Identificar os necessário reduzir
diversos sons. os sons distratores,
tais como o som da
tv. De seguida,
coloco diversos
sons e peço aos
idosos para
identificarem cada
um.
Fila de Objetos - Estimular a Coloco em cima da Livro;
memória visual; mesa sete objectos Relógio;
- Ser capaz de e peço a cada um Lápis;
enunciar os objetos dos utentes para os Estojo;
observados. observarem durante Garrafa de água;
30 segundos. Borracha;
Passados 30 Caixa de
segundos, tapo os comprimidos;
objectos com um Pano.
pano e peço ao
utente para
mencionar os
objetos que
visualizou.

2.5. Procedimentos Éticos

Tendo em consideração que a investigação aplicada em seres humanos pode


eventualmente causar prejuízo dos direitos e liberdades da pessoa torna-se fundamental
tomar todas as precauções necessárias de forma a proteger os direitos e liberdades das
pessoas que participam nas investigações (Fortin, 2003).
Deste modo, a presente investigação teve como pressupostos éticos a garantia do
anonimato e confidencialidade dos dados, ou seja, os resultados são “apresentados de tal
forma que nenhum dos participantes num estudo possa ser reconhecido nem pelo
investigador, nem pelo leitor do relatório de investigação” (Fortin, 2003, p.117).
O consentimento livre e esclarecido foi outro dos procedimentos éticos adotados,
por meio da disponibilização de informação relativa à descrição do estudo, objetivos e
da recolha do consentimento escrito, livre e esclarecido, por parte dos sujeitos (Fortin,

31
2003). Neste sentido, foi disponibilizado a todos os inquiridos, um documento relativo
ao consentimento livre, informado e esclarecido de participação na presente
investigação (Anexo IV).

Capítulo 3. A Associação de Solidariedade Social Seara de Abril - Lar de


Idosos Santa Bárbara de Padrões

3.1. O Contexto Externo

Santa Bárbara de Padrões é uma freguesia do concelho de Castro Verde que se


situa a treze quilómetros do dito concelho, e é constituída por nove aglomerados
populacionais (A-do Corvo, Beringelinho, Lombador, Montinhos, Neves da Graça,
Rolão, Santa Bárbara de Padrões, Sete e Viseus). Com 66,32 km² de área e 1271
habitantes, tem uma densidade populacional de 19,2 hab./Km2.
A paisagem da freguesia apresenta uma orografia mais acidentada que o resto do
concelho, assumindo-se como um território de transição entre as planícies do Campo
Branco e a Serra do Caldeirão.
Pertencendo ao antigo concelho de Padrões desde a sua fundação no século XIII,
a freguesia foi integrada no concelho de Castro Verde, na reforma administrativa de
Passos Manuel, em 1836.
A vida económica da freguesia está intimamente ligada à riqueza do subsolo,
pois é aí que está localizada a Mina de Neves-Corvo, a maior exploração de Pirite da
Europa. Tradicionalmente, esta freguesia está há muito ligada à atividade mineira, pois
dessa realidade foram encontrados vestígios arqueológicos desde, pelo menos, 1700
a.C..
Ainda ao nível arqueológico, foi também em Santa Bárbara de Padrões que
foram descobertas largas centenas de lucernas romanas, que remontam ao século I, e
que agora podem ser apreciadas e estudadas no Museu da Lucerna, em Castro Verde.
No adro da Igreja Matriz de Santa Bárbara de Padrões foi descoberta uma pedra que tem
servido de banco, mas que na realidade se trata de um verdadeiro Menir. Assim, pode-se
deduzir que Santa Bárbara de Padrões já era povoada no período megalítico.
Para além da indústria extrativa, a freguesia está economicamente ligada à

32
agricultura e à pastorícia, refletindo-se essa realidade nos hábitos artesanais, dos quais
se destaca o fabrico das tradicionais mantas de lã do Lombador. Nesta freguesia
encontram-se ainda em atividade, não há muitos anos, um conjunto importante de
cardadores e tecedeiras. Apesar dos muitos esforços efetuados, esta actividade encontra-
se em declínio. Entre o artesanato da freguesia encontramos ainda as cadeiras de buínho
e a construção de Violas Campaniças.
Contrariamente às outras aldeias integradas, com necessidade de revitalização
populacional, a Santa Bárbara de Padrões levanta-se outro desafio não menos
importante, a promoção de um crescimento controlado que respeite as suas
características e identidade próprias.
A nível cultural, destacam-se a Associação de Artesãs Dobadoira e a Associação
de Cante Alentejano "Os Cardadores", e a nível do desporto destaca-se o Grupo
Desportivo da Sete.

3.2. O Contexto Interno

3.2.1. Espaço físico

A Associação de Solidariedade Social Seara de Abril é uma Instituição


Particular de Solidariedade Social (IPSS) sem fins lucrativos, fundada em 2002 por um
grupo de habitantes da freguesia e sediada na freguesia de Santa Bárbara de Padrões,
concelho de Castro Verde.
O Lar de Terceira Idade de Santa Bárbara de Padrões foi inaugurado no dia 4 de
Dezembro de 2013.
O novo equipamento representou um investimento da Câmara Municipal de
Castro Verde na ordem dos 1.775.664.32 €, co-financiado em 85% pelo programa In
Alentejo.

3.2.2. Funcionamento e organização institucional

A Associação de Solidariedade Social Seara de Abril visa a promoção cultural e


social de todos os seus habitantes, pelo fomento da solidariedade e da participação ativa
da população na solução dos seus próprios problemas. A instituição tem como principal

33
finalidade a prestação de apoio social à população em geral e, promoção de actividades
de âmbito sociocultural que permitam o estabelecimento de laços de solidariedade bem
como atividades de animação comunitária.
Embora a instituição pareça não ter definido a missão, a visão e os valores
podemos considerar com base na informação oral fornecida pela directora técnica, que a
missão do Lar passa por proporcionar serviços permanentes e adequados às utentes;
contribuir, dentro do possível, para a melhor qualidade de vida dos utentes no seu
processo natural de envelhecimento; criar condições que permitam preservar e
incentivar a relação interfamiliar e potenciar a integração social. Assim, como os
Valores do Lar que são o respeito pela dignidade, a individualidade, a integridade e o
desenvolvimento da sua personalidade, autonomia, privacidade e intimidade,
confidencialidade, igualdade, participação, liberdade de expressão, liberdade religiosa,
autonomia na gestão do seu património.
O Lar proporciona aos seus utentes, serviços adequados às suas necessidades,
procurando contribuir para uma melhor qualidade de vida do idoso. Os principais
serviços passam pelo alojamento; cuidados de higiene e conforto; a alimentação variada
e equilibrada e tratamento de roupa; prestação de cuidados de saúde e tratamentos de
fisioterapia; atividades de animação sociocultural, de atividade física e de atividade
lúdica, cuidados de imagem, acompanhamento nas tarefas diárias e saídas ao exterior,
para efeito de consultas e tratamentos, dando conhecimento aos familiares e solicitando
a sua ajuda, se necessário.
A Estrutura Residencial para Pessoas Idosas está localizada no coração do
Alentejo, numa aldeia rodeada de amplas vistas e tranquilidade. O edifício de
construção moderna e totalmente equipado de acordo com as necessidades dos seus
destinatários é composto por quarenta e seis camas, divididas entre vinte quartos duplos
e seis individuais. Todos os quartos têm wc privado, acesso à Internet e ligação para
TV.

3.2.3. Recursos Humanos e Materiais

O lar é dirigido a nível técnico pela diretora técnica, a qual conta com o apoio da
secretária, e a qual faz a ponte entre a mesma e o pessoal operacional. Todo o pessoal

34
trabalha por turnos, com a exceção da diretora técnica, da secretária, da técnica de
animação, da fisioterapeuta, da enfermeira e dos dois rececionistas, estando as noites
apenas reservadas para as auxiliares de ação direta e para as auxiliares de serviços
gerais.
A enfermeira possui um gabinete próprio e apoia tanto a nível de medicação e
tratamentos, como na higiene das residentes com saúde mais instável e
acompanhamento a consultas fora da instituição. O serviço de enfermagem está
disponível todos os dias (exceto ao fim-de-semana e feriados), das 8h às 17h. A
fisioterapeuta tem uma sala de fisioterapia onde ajuda os utentes na melhoria das suas
capacidades de locomoção e equilíbrio, bem como a coordenação dessas funções e o
aumento da força muscular. O lar possui animadora sociocultural e existe uma sala de
atividades onde esta desenvolve diversas atividades com os utentes. A instituição dispõe
ainda de uma sala de convívio onde os utentes passaram a maior parte do seu tempo e
onde também se desenvolvem atividades em grupo, uma sala de refeições e dois jardins
interiores, onde os utentes gostam de dar um passeio.

Tabela 3.1 – Recursos humanos e materiais da instituição

Físico/Materiais Humanos
1 Imóvel térreo 1 Diretora Técnica
23 Quartos com wc privativa num total de 1 Técnica de Animação
46 camas
8 Wc individuais 1 Enfermeira
1 Cozinha 1 Fisioterapeuta
2 Copas 1 Cozinheira
1 Sala de Fisioterapia 2 Ajudantes de cozinha
1 Enfermaria 2 Lavadeiras
1 Sala de Atividades 1 Secretária
1 Secretaria 1 Jardineiro
1 Sala de Convívio 11 Auxiliares de Ação Direta
1 Gabinete de Direção 8 Auxiliares de Serviços Gerais
1 Lavandaria 2 Rececionistas
4 Salas de Arrumo 1 Dispenseiro
1 Receção

35
2 Escritórios
1 Sala de Reuniões
1 Átrio
4 Corredores
2 Jardins interiores
1 Quintal
1 Sala para o pessoal
1 Dispensa
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

3.2.4. Parcerias e apoios

Os principais parceiros da instituição são a Câmara Municipal de Castro Verde e


a Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Padrões. Aliás, os dois primeiros constituem
importantes fontes de financiamento das respostas sociais da Associação de
Solidariedade Social Seara de Abril.
A nível de financiamento público, os recursos são da Segurança Social. A nível
do financiamento privado, os recursos são dos utentes.

3.3 Caracterização dos utentes

3.3.1. Caracterização Sociodemográfica

Este projeto foi feito com e para os idosos do lar Seara de Abril de Santa
Bárbara de Padrões.
Os utentes desta IPSS são 44 e a média de idades é de 83 anos. Como se pode
verificar na tabela e gráfico abaixo, os indivíduos têm entre os 55 e os 93 anos. Embora
para efeitos estatísticos sejam considerados idosos os indivíduos com mais de 65 anos, o
lar tem 4 utentes com menos de 65 anos, que sofrem de patologias do foro psicológico e
necessitam de apoio (tabela 3.2 e gráfico 3.2).

36
Tabela 3.2 – Distribuição de frequência da variável idade

Idades FA FAA FR FRA


[50;65,5[ 4 4 4/44= 0,09 4/44= 0,09
[65,5;80,5[ 10 14 10/44= 0,23 14/44=0,32
[80,5; 95,5[ 30 44 30/44= 0,68 44/44= 1
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.2 – Distribuição de frequência da variável idade

IDADES
35

30

25

20
IDADES
15

10

0
[50;65,5[ [65,5;80,5[ [80,5; 95,5[

37
No lar, 68% dos utentes são mulheres e apenas 32% são homens. Esta
discrepância deve-se talvez há maior longevidade da mulher face ao homem (tabela 3.3
e gráfico 3.3).

Tabela 3.3 – Distribuição de frequência da variável sexo

Género FA FR
Masculino 14 14/44= 0, 32
Feminino 30 30/44= 0,68
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.3 – Distribuição de frequência da variável sexo

GÉNERO
35

30

25

20

15 GÉNERO

10

0
Masculino Feminino

38
Apesar do lar se situar em Santa Barbara de Padrões a população abrangida
compreende outras localidades. O maior número de idosos provém do concelho de
Castro Verde (43%), de Mértola com 20% e de Almodôvar com 14% (tabela 3.4 e
gráfico 3.4).

Tabela 3.4 – Distribuição de frequência da variável concelho

Concelho FA FR
Castro Verde 19 19/44= 0,43
Almodôvar 6 6/44= 0,14
Mértola 9 9/44= 0,20
Odemira 3 3/44= 0,07
Ferreira do Alentejo 1 1/44= 0,02
Beja 2 2/44= 0,05
Castelo Branco 1 1/44= 0,02
Ourique 1 1/44= 0,02
Serpa 1 1/44= 0,02
Évora 1 1/44= 0,02
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.4 – Distribuição de frequência da variável concelho

Concelho
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2 concelho
0

39
A maioria dos idosos são viúvos (66%). Solteiros e casados têm a mesma
percentagem, 16%, e divorciados 2% (tabela 3.5 e gráfico 3.5).

Tabela 3.5 – Distribuição de frequência da variável estado civil

Estado Civil FA FR
Casado 7 7/44= 0,16
Viúvo 29 29/44= 0,66
Solteiro 7 7/44= 0,16
Divorciado 1 1/44= 0,02
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.5 – Distribuição de frequência da variável estado civil

ESTADO CIVIL
35

30

25

20

15 ESTADO CIVIL

10

0
Casado Viúvo Solteiro Divorciado

40
A nível de escolaridade, 78% dos utentes não sabem ler nem escrever, 22%
sabem ler e escrever e não há ninguém licenciado (tabela 3.6 e gráfico 3.6).

Tabela 3.6 – Distribuição de frequência da variável nível de escolaridade

Escolaridade FA FR
Não sabe ler nem escrever 35 35/44= 0, 80
Sabe ler e escrever 9 9/44= 0, 20
Licenciatura 0 0/45= 0
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.6 – Distribuição de frequência da variável nível de escolaridade

Escolaridade
40
35
30
25
20
Escolaridade
15
10
5
0
Não sabe ler nem escrever Sabe ler e escrever Licenciatura

41
Sobre o tempo de institucionalização, a maioria dos utentes, 77%, estão
institucionalizados há 1 a 4 anos, 23% dos utentes estão institucionalizados há menos de
1 ano e ninguém está institucionalizado há mais de 5 anos (tabela 3.7 e gráfico 3.7).

Tabela 3.7 – Distribuição de frequência da variável tempo de institucionalização

Tempo de FA FR
Institucionalização
 1 ano 10 10/44= 0,23
1 A 4 anos 34 34/44= 0,77
5 A 9 anos 0 0/44= 0
 10 anos 0 0/44= 0
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.7 – Distribuição de frequência da variável tempo de


institucionalização

Tempo de Institucionalização
40

35

30

25

20
Tempo de Institucionalização
15

10

0
< 1 ano 1 A 4 anos 5 A 9 anos > 10 anos

42
A maioria dos utentes, 73%, estão institucionalizados devido a problemas de
saúde, 18% estão institucionalizados devido a motivos familiares, 9% por ter medo da
solidão e 0% devido a problemas económicos (tabela 3.8 e gráfico 3.8).

Tabela 3.8 – Distribuição de frequência da variável motivo de


institucionalização

Motivos de FA FR
Institucionalização
Problemas Económicos 0 0/44= 0
Problemas de Saúde 32 32/44= 0,73
Motivos Familiares 8 8/44= 0,18
Medo da Solidão 4 4/44= 0,09
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.8 – Distribuição de frequência da variável motivo de institucionalização

Motivo de Institucionalização
35
30
25
20
15 Motivo de Institucionalização
10
5
0
problemas problemas de motivos medo da
economicos sáude familiares solidão

43
Mais de metade dos utentes, 66% não é ativo na participação de tarefas
organizadas pela instituição, apenas 34% se diz ativo na participação de tarefas
organizadas pela instituição (tabela 3.9 e gráfico 3.9).

Tabela 3.9 – Distribuição de frequência da variável ser ativo na instituição

Ser ativo FA FR
Sim 15 15/44= 0,34
Não 29 29/44= 0,66
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.9 – Distribuição de frequência da variável ser ativo na instituição

Perceção sobre ser ativo


35
30
25
20
15 Ser ativo
10
5
0
Sim Não

44
Em relação à questão de como os utentes avaliam a sua mobilidade/dependência
(capacidade para se movimentar e deslocar sozinho), 27% dos utentes avalia a sua
mobilidade/dependência como sendo Muito Má, 25% diz que a sua
mobilidade/dependência é Muito Boa, 20% avalia a sua mobilidade/dependência como
Boa, 16% como Razoável e 11% como sendo Má (tabela 3.10 e gráfico 3.10).

Tabela 3.10 – Distribuição de frequência da variável mobilidade/dependência

Mobilidade/dependência FA FR
Muito Boa 11 11/44= 0,25
Boa 9 9/44= 0,20
Razoável 7 7/44= 0,16
Má 5 5/44= 0,11
Muito Má 12 12/44= 0,27
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.10 – Distribuição de frequência da variável mobilidade/dependência

Mobilidade/dependência
14

12

10

6 Mobilidade/dependência

0
Muito Boa Boa Razoável Má Muito Má

45
Na questão de como avaliam a sua qualidade de vida na Instituição, 48% dos
utentes avalia-a como sendo Boa, 36% como Razoável. E apenas 16% avalia a sua
qualidade de vida como Muito Boa. Nas duas restantes opções (Má ou Muito Má)
ninguém se manifestou (tabela 3.11 e gráfico 3.11).

Tabela 3.11 – Distribuição de frequência da variável qualidade de vida na


instituição

Qualidade de Vida na FA FR
Instituição
Muito Boa 7 7/44= 0,16
Boa 21 21/44= 0,48
Razoável 16 16/44= 0,36
Má 0 0/44= 0
Muito Má 0 0/44= 0
Total 44 1
Fonte: Observação de dados facultados pela instituição

Gráfico 3.11 – Distribuição de frequência da variável qualidade de vida na


instituição

Qualidade de Vida na Instituição


25

20

15
Qualidade de Vida na
10 Instituição

0
Muito Boa Boa Razoável Má Muito Má

46
3.3.2. Caracterização do estado mental

De seguida, caracteriza-se o estado mental dos utentes do lar Seara de Abril de


Santa Bárbara de Padrões considerando o grau de escolaridade. Os resultados foram
obtidos através do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), um instrumento de
avaliação cognitiva de referência nos idosos com demência, que possibilita o despiste de
défice cognitivo de acordo com o grau de escolaridade (Sequeira, 2010).
No caso desta amostra constituída por vinte e sete utentes, a maioria destes
frequentou entre 1 a 4 anos de escolaridade (n=16) e os restantes são analfabetos
(n=11). Este facto deve-se à proveniência modesta da maioria dos idosos, oriundos de
estratos sociodemográficos muito baixos e de regiões em processo de desertificação,
onde se privava as crianças de acesso fácil a escolas ou, por outro lado, onde não
existiam condições monetárias para a permanência das crianças na escola para além do
4º ano (antiga 4ª classe).
Como se pode constatar na tabela 3.12, a categoria de analfabeto reúne 40% dos
idosos da amostra, ao passo que a categoria dos alfabetizados com escolaridade entre 1
e 11 anos de escolaridade agrupa 60% dos idosos da amostra. A categoria de
alfabetizados com mais de 11 anos de escolaridade não apresenta qualquer pessoa.

Tabela 3.12 – Frequência de alfabetizados e não alfabetizados no MEEM

Categoria FA FR
Analfabetos 11 11/27= 0, 40
Alfabetizados (de 1 a 11 16 16/27= 0,60
anos de escolaridade)
Alfabetizados (mais 11 0 0/27= 0
anos de escolaridade)
Total 27 1

47
Relativamente aos resultados obtidos no MEEM, por categoria (tabela 3.13), é
possível verificar que a falta de escolaridade não é factor impeditivo de atingir um valor
alto no instrumento MEEM. Por seu turno, parece invulgar que os indivíduos que não
frequentaram a escola e/ou que são analfabetos tenham conseguido manter a função
cognitiva a um nível muito superior ao ponto de corte, pois, efetivamente, muitos
autores (Forciea & Lavizzo-Mourey; 1998, Marchand, 2001; Schaie, 1996) defendem o
nível de educação como fator protetor do surgimento de declínios cognitivos leves ou
graves na velhice.
Pormenorizando, é possível constatar que, no conjunto dos vinte e sete utentes,
na categoria dos não alfabetizados, 7 utentes obtiveram valores superiores ao ponto de
corte para esta categoria (≤ 15 pontos) e, apenas, 4 utentes obtiveram menos de 15
pontos. Na categoria dos Alfabetizados (1 a 11 anos de escolaridade), 6 utentes
apresentaram valores superiores ao ponto de corte para este grupo (≤ 22 pontos), e 10
utentes obtiveram valores menores ou iguais a 22 pontos. Por ultimo, na categoria dos
Alfabetizados com mais de 11 anos de escolaridade não houve registo de nenhum utente
(tabela 3.13).
Pode-se supor que estes resultados devem-se a factores de ordem biológica,
psicológica e social. Assim, pressupõe-se que este processo pode explicar como alguns
idosos por ação de ambientes menos favoráveis, tenham iniciado o declínio cognitivo
mais cedo (apesar de pouco acentuado) e, que por outro lado, outros o tenham
conservado, ou até mesmo melhorado as suas capacidades, por ação de ambientes mais
favoráveis (por exemplo, a permanência num trabalho mais exigente).

48
Tabela 3.13 – Resultados obtidos no pré-teste do MEEM

Utentes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Categoria

Não 24 23 14 25 19 21 11 12 11 19 21
alfabetizados
(menor ou
igual a 15
pontos)
Alfabetizados 16 15 11 19 19 19 22 26 24 12 26 24 26 17 22 24
(1 a 11 anos
escolaridade)
(menor ou
igual a 22
pontos)
Alfabetizados
(com + de 11
anos de
escolaridade)
(menor ou
igual a 27
pontos)

49
3.3.3. Caracterização da autonomia nas atividades de vida diária

Segundo o Índice de Katz (Katz et al., 1963, versão apresentada por Sequeira, 2007),
quanto maior a pontuação do teste, maior a funcionalidade do idoso, isto é, quanto mais
próximo de 24 valores, melhor é a capacidade funcional.
Com base no Índice de Katz, foi caracterizada a autonomia nas atividade de vida diária
da amostra de vinte e sete utentes. Através de uma análise dos dados obtidos, constatei que as
pontuações variaram entre 9 e 24 pontos, sendo que uma percentagem significativa obteve
entre 20 a 22 pontos no teste.
Foco, de seguida, os resultados deste teste em relação às seis atividades avaliadas (tabela
3.14). No controlo de esfíncteres, a maioria dos idosos são independentes e apenas 6 idosos
revelam dependência.
Em relação ao banho, cerca de 21 idosos são independentes com ajuda, apenas 2 idosos são
totalmente independentes e 4 idosos são dependentes relativamente a esta atividade de vida
diária. Na atividade “utilização da casa de banho”, a maioria é independente (17 idosos), 4
idosos são independentes com supervisão, outros 4 idosos são totalmente dependentes e
apenas 2 são independentes com ajuda.
Na mobilidade, 16 idosos são independentes e 3 idosos apenas são independentes com
supervisão. Em relação à categoria independente com ajuda temos 3 idosos e 5 idosos são
dependentes.
No vestir/despir, 13 idosos são independentes com ajuda, 10 idosos são totalmente
independentes, ao passo que 4 idosos são dependentes. Por fim, na alimentação, todos os
idosos da amostra (27 idosos) são independentes.

50
Tabela 3.14 – Resultados obtidos no pré-teste do Índice de Katz

Utentes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Categoria

Controlo de esfíncteres 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 1 4 4 1 1 1 4 4 4 1 1 4 4 4

Banho 2 2 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 2 2 4 1 2 2 2 2

Utilização W.C. 2 4 4 4 4 3 4 4 4 3 3 4 2 4 4 4 1 1 1 4 4 4 1 3 4 4 4

Mobilidade 4 4 4 3 4 4 4 4 4 1 3 4 2 4 3 4 1 1 1 4 4 4 1 2 4 2 4

Vestir/despir 2 2 4 2 2 4 2 2 4 2 2 2 2 2 2 4 1 1 1 4 4 4 1 2 4 4 4

Alimentação 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

Total 18 20 22 19 20 21 20 20 24 16 18 20 16 17 19 22 9 9 9 22 22 24 9 14 22 20 22

51
Capítulo 4. Análise e Interpretação dos Resultados

O presente capítulo é relativo ao tratamento dos dados recolhidos por meio da


observação participante e registos em diário de campo e da aplicação de dois
instrumentos de avaliação: o Mini Exame do Estado Mental e o Índice de Katz.
Estes dois instrumentos de avaliação foram aplicados antes de se iniciar o projeto (pré-
teste) e após a implementação do projeto (pós-teste), com um programa que incluía
atividades que estimulassem os participantes nos âmbitos cognitivo, afetivo, físico e
motor (Anexo VIII). No primeiro ponto descreve-se as atividades e os resultados das
observações da participação nestas. No segundo e terceiro pontos, compara-se os dados
iniciais com os dados obtidos após a intervenção (MEEM e Índice de Katz).

4.1. Resultados por atividade

Apresenta-se, seguidamente, os resultados parcelares obtidos em cada atividade


realizada, segundo os dados das observações registados no decurso das mesmas.

 Atividades Lúdicas e Recreativas

 As atividades de expressão plástica consistiram na produção de recortes e


colagens, pinturas, desenhos, cortes e costura, modelagens e decalques.

Este grupo de atividades esteve associado às épocas festivas, como o Carnaval e


a Páscoa, nas quais os idosos participaram ativamente nos trabalhos de recortes.
Tivemos, ainda, um ateliê de chapéus, onde os idosos colaboraram na construção e
decoração dos chapéus.
Os objetivos das atividades eram:
- Desenvolver a destreza manual;
- Estimular a criatividade;
- Desenvolver a atenção, a concentração e a coordenação;
- Promover a orientação espacial e temporal;
- Adquirir novos conhecimentos.

52
Os objetivos parecem ter sido alcançados na medida em que se trabalhou cada
um destes objetivos através da interação entre os participantes, quer em grupo quer
individualmente, nas várias atividades. Isto foi possível inferir através da observação
direta participante e das conversas informais que ia estabelecendo no decorrer de cada
atividade.
Consegui, também, observar que os idosos ficavam bastante mais entusiasmados
quando estas atividades eram feitas em grupo, pois eram atividades mais dinâmicas que
permitiam que houvesse oportunidade de aquisição de novos conhecimentos. Devo
ainda salientar que não foram demonstradas graves dificuldades no decorrer das
mesmas.

 Atividades Socioculturais

 As atividades socioculturais consistiram na recolha de património oral,


adivinhas, provérbios, rimas e versos, tendo como objetivo o
desenvolvimento pessoal e social.

A festa do Dia Internacional da Mulher, a festa do 25 de Abril, o desfile de


Carnaval e os passeios de convívio (Passeio à Mina de São Domingos, visita à
universidade sénior, torneio de boccia, baile dos chapéus e caracolada no Monte
Pereiro) com outros lares do concelho de Castro Verde, contaram com a participação
ativa da maioria dos utentes.
Ainda na época de Santo António, foram plantados, para reprodução, vários
manjericos, atividade na qual participaram os utentes.
A recolha de património oral deu-se em quase todas as atividades.
Os objetivos traçados foram:
- Estimular a comunicação verbal;
- Partilha de experiências;
- Estimular a memória;
- Reviver as vivências e experiências adquiridas ao longo da vida;
- Incrementar a participação ativa dos idosos;
- Permitir a relação com o meio envolvente;
- Fomentar a integração social do/a idoso/a;
- Proporcionar momentos de convívio e confraternização;

53
- Envolver a comunidade nas comemorações festivas;
- Preservar o meio ambiente.
No geral, os idosos mostraram-se cooperantes e interessados na maior parte das
atividades, mas nem sempre o tempo de duração destas foi bem controlado.

 Atividades Cognitivas

 As atividades de estimulação cognitiva/mental e sensorial contaram com


atividades ligadas a jogos de mesa (puzzles, cartas, dominó e bingo), a jogos
lúdicos (acerta no alvo, jogo das tampas, jogo da pesca, construir formas
geométricas com plasticina, associação de imagens), ao cálculo matemático,
a exercícios de memória, a jogos de semelhanças e diferenças, a jogos de
identificar as cores e a jogos de reconhecimento auditivo, táctil e visual.

Estas atividades foram as mais dinâmicas do plano na opinião dos participantes.


Ainda que tenha existido alguma dificuldade nas atividades de cálculo matemático, das
tarefas verbais e dos jogos de memória, com a ajuda de todos os idosos acabaram por
executar todas as tarefas até ao fim.
Relativamente ao cálculo matemático, somente alguns idosos mostraram grande
destreza e gosto em responder às questões.
Os jogos de reconhecimento auditivo, táctil e visual foram aqueles que mais se
destacaram a nível de entusiasmo e espírito de grupo. Os jogos de reconhecimento
auditivo consistiram na reprodução de sons digitais e identificação numa lista do que
estes eram; nos jogos de reconhecimento táctil foram utilizados vários objetos,
relativamente aos quais o idoso tentou adivinhar, através do toque e com os olhos
vendados, o que era cada um; por fim, nos jogos de reconhecimento visual utilizaram-se
imagens em pares, viradas ao contrário, para que cada um levantasse duas imagens de
cada vez e encontrasse os pares corretos.
Os objetivos destas atividades foram os seguintes:
- Fomentar o espírito de grupo e cooperação;
- Atuar no raciocínio lógico;
- Adquirir novos conhecimentos e partilha de informação;
- Evitar o isolamento;
- Prevenir a rápida degradação mental;

54
- Estimular a memória e a concentração;
- Dominar a nomenclatura das cores e a sua distinção.
Foi possível inferir que todos os objetivos terão sido cumpridos com sucesso e que
todas estas atividades foram, na opinião dos idosos, as mais divertidas, sendo
observável no decorrer de todas as atividades a boa disposição e o interesse na partilha
de histórias relacionadas com as temáticas. O tempo de duração das atividades nem
sempre muito foi bem controlado, pois existia alguma dispersão, o que, por sua vez,
também ajudou a que o idoso interagisse mais com quem o rodeava.

 Atividades Físico-Motoras

 As atividades de animação física e motora consistiram em exercícios de


aquecimento e relaxamento, ginástica habilitativa, jogo da boccia e
caminhadas.

Neste quadro de atividades, o jogo da boccia parece ter sido a atividade que
conseguiu despertar alguma satisfação. Talvez por não necessitar de um grande esforço
físico, contrariamente às outras atividades.
Todos os idosos mostraram severos problemas em executar quaisquer exercícios
ligados à atividade física, inclusive era necessário incentivá-los para que realizassem a
atividade. Fatores justificativos deste acontecimento talvez sejam a idade já avançada e
as dificuldades de mobilidade relacionadas com a falta de ocupação livre.
Dentro das dificuldades sentidas, os exercícios de aquecimento e relaxamento
eram aqueles que, lentamente, eram executados dentro dos termos solicitados. Nas
caminhadas, o número de idosos também era um pouco reduzido devido à pouca
mobilidade de alguns idosos e por mais de metade estarem dependentes de cadeiras de
rodas e andarilhos. Ainda assim, com muito custo, sempre acabaram por realizar a
maior parte das atividades ligadas à animação física ou motora.
Os objetivos definidos foram:
- Estimular os/as idosos/as para as práticas desportivas;
- Coordenar e controlar o próprio corpo;
- Aumentar a resistência física;
- Estimular a comunicação não-verbal;

55
De todas as atividades, estas foram as que os participantes menos gostaram.
Seria necessário desenvolver um trabalho adequado, constante, persistente, de modo a
prevenir a rápida degradação física dos idosos e a cativá-los para a prática de exercício
físico. Isto acabaria não só por contribuir para que não sentissem tantas dificuldades em
executar algum tipo de exercícios como, também, para que se sentissem melhor consigo
próprios por conseguirem realizar alguns exercícios, ainda que com ajuda. Não havendo
um grande interesse na prática destas atividades, o tempo de duração destas foi bem
controlado.

4.2. Função cognitiva

Tendo como referencial o objetivo proposto, apresenta-se os dados obtidos antes e


após a implementação do projeto de intervenção, utilizando o Mini Exame do Estado
Mental (Folstein, Folstein e McHugh, 1975, segundo adaptação portuguesa de Manuela
Guerreiro e colabs., 1993). Este teste dá-nos uma pontuação total de 0 a 30 pontos, tem
apenas três pontos de corte a reter (≤ 15 – analfabetos; ≤ 22 – 1 a 11 anos de
escolaridade; ≤ 27 – escolaridade superior a 11 anos).
Como atrás foi referido, o pré-teste foi aplicado a um conjunto de vinte e sete
utentes. Foi possível verificar que este grupo de idosos se apresentava com uma
incidência mais elevada de défice cognitivo entre os alfabetizados (62,5%) do que entre
os não alfabetizados (36,4%). No pós-teste (tabela 4.1.), no qual participaram 18 utentes
pertencentes ao grupo que realizou o pré-teste, verificou-se que aumentou a incidência
de défice cognitivo entre os alfabetizados (88,9%), tendo-se reduzido a incidência do
défice cognitivo no grupo dos não alfabetizados (22,2%). Estes resultados não são
comparáveis globalmente, porque o número de participantes não é idêntico nos dois
momentos, dado que nem todos os participantes no pré-teste aceitaram ou puderam
participar no pós-teste. Isto mesmo considerando que se apresentam os valores
percentuais da incidência do défice cognitivo em ambos os momentos. Ainda assim, é
de realçar que o grupo dos não alfabetizados apresentou uma melhoria de resultados
percentuais no pós-teste, face aos resultados do pré-teste. Pelo contrário, o grupo dos
alfabetizados apresentou piores resultados no pós-teste, quando estes resultados são
comparados com os do pré-teste. Convém acrescentar que o número de participantes

56
alfabetizados se reduziu de 16 no pré-teste para 9 no pós-teste, ao passo que no grupo
dos não alfabetizados o número de participantes se reduziu de 11 no pré-teste para 9 no
pós-teste.
Relativamente ao conjunto dos 18 utentes que responderam tanto ao pré-teste
como ao pós-teste, é possível verificar que 7 (38,9%) utentes melhoraram os resultados
e 8 (44.4%) utentes obtiveram menos pontos no pós-teste, sendo que 3 (16,7%) utentes
mantiveram o mesmo resultado, tanto no pré-teste como no pós-teste.
Pormenorizando, é conveniente referir que, no conjunto dos dezoito utentes que
responderam ao pré-teste e ao pós-teste, no grupo dos não alfabetizados, composto por
nove pessoas, 4 (44,4%) utentes melhoraram os resultados, igualmente 4 (44.4%)
utentes obtiveram piores resultados e apenas 1 (11,1%) utente manteve o mesmo
resultado. Quanto ao grupo dos alfabetizados, composto igualmente por nove utentes,
verifica-se que 3 (33.3%) melhoraram nos resultados do pós-teste, 4 (44,4%) utentes
obtiveram menos pontos e 2 (22,2%) utentes mantiveram o mesmo resultado.

57
Tabela 4.1 – Resultados obtidos no pós-teste do MEEM

Utentes 1 2 3 4 5 6 7 10 12 14 15 16 17 19 24 25 26 27
Categoria
Não 20 22 18 22 20 22 12 12 22
alfabetizados
(menor ou
igual a 15
pontos)
Alfabetizados 16 20 21 19 22 22 12 23 22
(1 a 11 anos
escolaridade)
(menor ou
igual a 22
pontos)
Alfabetizados
(com mais de
11 anos de
escolaridade)
(menor ou
igual a 27
pontos)

58
4.3. Funcionalidade

De acordo com o segundo objetivo específico do presente estudo foram


caracterizados os idosos institucionalizados ao nível das suas atividades de vida diária.
Apresento, seguidamente, os resultados obtidos no Índice de Katz (Katz et al., 1963,
versão de Sequeira, 2007). Neste teste quanto maior for a pontuação, maior é o grau de
funcionalidade do idoso, isto é, quanto mais próximo de 24 pontos, melhor é a
capacidade funcional.
Como atrás foi referido, no pré-teste apliquei este instrumento a um conjunto de
vinte e sete utentes. Foi possível verificar que este grupo de idosos se apresentava com
uma elevada taxa de resultados próximos do máximo, uma vez que 15 utentes
apresentaram resultados situados entre 20 e 24 pontos (55,6%). Com resultados entre 12
e 19 pontos encontraram-se 8 utentes (29,6%) e apenas 4 utentes obtiveram resultados
abaixo de 12 pontos (14,8%). No pós-teste (tabela 4.2.), no qual participaram 18
utentes, todos eles participantes no grupo que realizou o pré-teste, verificou-se que 12
utentes (66,7%) obtiveram uma pontuação situada entre 20 e 24 pontos. Com resultados
entre 12 e 19 pontos, encontra-se 6 utentes (33,3%). Abaixo de 12 pontos não foi
encontrado caso algum (0%).
Os resultados obtidos no índice de Katz, atrás referidos, apesar de não serem
comparáveis globalmente, porque o número de participantes não é idêntico nos dois
momentos em que foi aplicado o teste - dado que nem todos os participantes no pré-
teste aceitaram ou puderam participar no pós-teste - parecem indicar uma melhoria da
capacidade funcional em parte dos participantes no projeto, o que se confirma se
considerarmos, como se fará seguidamente, apenas os resultados dos participantes que
responderam ao pré-teste e ao pós-teste.
Efetivamente, no conjunto dos 18 utentes que responderam ao pré-teste e ao pós-
teste é possível verificar que, no pós-teste, 9 utentes (50%) melhoraram os resultados
obtidos no pré-teste, ao passo que 6 utentes mantiveram o mesmo resultado e apenas 2
utentes pioraram relativamente aos resultados obtidos no pré-teste.

59
Tabela 4.2 – Resultados obtidos no pós-teste do Índice de Katz

Utentes 1 2 3 4 5 6 7 10 12 14 15 16 17 19 24 25 26 27
Categoria
Controlo de 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
esfíncteres
Banho 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 3 2 2
Utilização 2 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 4 1 1 1 4 4 4
W.C.
Mobilidade 2 4 4 4 4 4 3 1 4 4 4 4 1 1 1 4 4 4
Vestir/despir 2 2 4 2 2 4 4 3 4 2 4 4 1 1 1 4 4 4
Alimentação 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Total 16 20 22 18 20 22 21 16 22 20 22 22 12 12 12 23 22 22

60
Considerações Finais

Consideramos que o projeto de investigação-ação que desenvolvemos e que se


propôs implementar estratégias para o envelhecimento ativo no idoso institucionalizado,
partindo dos interesses, das motivações e do conhecimento prévio das condições
específicas dos utentes de uma estrutura residencial no baixo Alentejo, para estimular
estes utentes principalmente nos domínios cognitivo e físico-motor, veio confirmar que
o objetivo principal de contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas nestes
âmbitos é não só possível como indispensável.
Foi desenhado um projeto de investigação-ação, que se desenrolou ao longo de
cinco meses, em três fases: a primeira fase de diagnóstico; a segunda fase de
implementação e avaliações parcelares das atividades e estratégias programadas; a
terceira fase de avaliação final dos resultados. A fase de implementação consistiu
fundamentalmente em sessões de atividade física, motora e de estimulação social e
cognitiva que foram planeadas, dinamizadas e observadas diretamente, tendo em vista
ajustamentos pontuais que se revelassem necessários. Foram avaliados na primeira fase
(pré-teste) e na terceira fase (pós-teste) os participantes com recurso a dois
instrumentos: MEEM e índice de KATZ. Participaram no projeto vinte e sete utentes do
Lar Seara de Abril de Santa Bárbara de Padrões. Embora, o pré-teste tenha sido
realizado pelos vinte e sete utentes participantes, o pós-teste apenas foi realizado por
dezoito utentes.
Uma das estratégias utilizadas neste projeto para motivar os idosos a participar
nas atividades programadas foi a promoção do diálogo, tanto durante as atividades,
como fora delas. Estes idosos institucionalizados têm muita necessidade de falar sobre
si próprios e sobre aquilo que os rodeia, tornando-se qualquer preocupação ou aspeto
que os perturbe esgotante para eles, do ponto de vista psicológico. Por essa razão,
procurando criar um ambiente propício à comunicação e à convivialidade, optou-se por
cultivar um diálogo continuado, tanto individualmente, como em grupo, o que em nosso
entender favoreceu o desenvolvimento do projeto e os resultados obtidos.
Os resultados avaliados com recurso aos instrumentos acima mencionados
confirmam a evidência científica demonstrando que, para além de manter, é possível
melhorar a capacidade funcional e cognitiva dos idosos institucionalizados. Os
resultados, comprovados nos testes aplicados, vêm confirmar que, embora não

61
garantindo o alcance de todos os participantes, é possível preservar as capacidades
funcionais e cognitivas e, melhor do que isso, melhorá-las em uma parte bastante
significativa dos utentes institucionalizados, com incidência, na população
institucionalizada não alfabetizada. Estes resultados foram obtidos após o
desenvolvimento de um projeto multidimensional e integrado de atividades adequadas
às necessidades e motivações dos utentes, com incidência especial nos domínios
cognitivo e físico-motor, atrás descrito.
Para terminar, é indispensável fazer um balanço global do estágio curricular no qual
se integrou o trabalho de investigação-ação apresentado. Os conhecimentos adquiridos
ao longo dos três semestres da parte curricular do curso foram postos em prática e
confrontados com a problemática de uma estrutura residencial para idosos, onde foi
necessário desenhar, desenvolver e avaliar um projeto de intervenção e os seus
resultados. O trabalho foi realizado com empenho, dedicação, iniciativa, autonomia e
responsabilidade, tanto nas atividades inerentes ao projeto propriamente dito, como nas
tarefas que se desenvolveram para além deste.
Considera-se que o investimento e o esforço tiveram êxito e foram reconhecidos, o
que representa um desafio para o futuro. Os seis meses regulamentares de estágio
equivaleram, por isso, a uma significativa oportunidade de aprendizagem que marcará
seguramente o futuro pessoal e profissional da autora deste relatório.

62
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67
ANEXOS

68
ANEXO I - Questionário Sociodemográfico

69
Questionário da Caracterização Sócio-Demográfico

Grupo 1- Caracterização individual


Nome do utente:
___________________________________________________________________
Idade: _______________
Localidade:
___________________________________________________________________
Sexo: F M

Data de Nascimento: __________________

Estado Civil: ________________________

Grau de Escolaridade:

Não sabe ler, nem escrever Ensino Técnico Profissional

Sabe ler e escrever Licenciatura

Ensino Básico Pós - Graduação

Ensino Preparatório Mestrado

Ensino Secundário Doutoramento

Grupo 2 – A vida na Instituição


1. Há quanto tempo vive nesta instituição?

<1 Ano

1 A 4 anos

5 A 9 anos

> 10 Anos

2. Por que motivo veio para a instituição:

Problemas Económico

Problemas de Saúde

Motivos Familiares

Medo da Solidão

70
Outros motivos:
___________________________________________________

Grupo 2 – A vida na Instituição


1. Considera-se uma pessoa ativa na participação das tarefas organizadas pela
instituição?
______________________________________________________________________

2. Se sim, considera que as actividades que realiza o/a ajuda a ficar mais ativo
socialmente e contribuem para o seu bem-estar?

Sim
Não

3. Como avalia a sua mobilidade/dependência (capacidade para se movimentar e


deslocar sozinho/a)

Muito Boa Boa Razoável Má Muito Má

4. Como avalia a sua qualidade de Vida:

Muito Boa Boa Razoável Má Muito Má

5. O que considera importante para ter uma boa qualidade de vida?

5.1.Ter saúde física


5.2.Ter saúde psicológica
5.3.Ter dinheiro
5.4.Ter o apoio da família
5.5.Ter o apoio dos amigos
5.6.Poder passear e divertir-se
5.7.Outro. Qual?

Obrigada pela sua colaboração!

71
ANEXO II – Mini Exame do Estado Mental

72
AVALIAÇÃO COGNITIVA
MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL
(Folstein, Folstein e McHugh, 1975, segundo adaptação portuguesa de Manuela
Guerreiro e colabs., 1993. Laboratório de Estudos de Linguagem do Centro de Estudos
Egas Moniz, Hosp. Sta. Maria)

Paciente:_____________________________________________
Idade:_______________
Data de Avaliação:__________________________

73
74
ANEXO III – Índice de Katz

75
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
ÍNDICE DE KATZ - ESCALA DE ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA
(Katz e colabs., 1963, versão apresentada por Sequeira, 2007)

Paciente:________________________________________________
Idade:________
Data de Avaliação:_____________________

76
ANEXO IV – Declaração de Consentimento Informado aos Inquiridos

77
Declaração de Consentimento Informado

Aceito responder às perguntas do inquérito por questionário apresentado por Rita


Camacho Silvestre Nobre, com o objetivo de recolher dados para um trabalho curricular
de mestrado a apresentar na Universidade do Algarve, respostas para as quais me é
garantida total confidencialidade.
O presente inquérito é destinado aos utentes do Lar Seara de Abril - Associação de
Solidariedade Social de Santa Bárbara de Padrões e tem como finalidade o estudo da
estimulação cognitiva nas capacidades funcional e cognitiva do idoso do
institucionalizado

Data _____/_____/_____

Assinatura ________________________________________

Agradecimento da investigadora

Eu, Rita Camacho Silvestre Nobre, a realizar investigação conducente à obtenção do


grau de mestre em Gerontologia Social na Universidade do Algarve, desde já agradeço
toda a atenção dispensada e colaboração neste inquérito por questionário, garantindo a
total confidencialidade das respostas concedidas.

Data _____/_____/_____

Assinatura ________________________________________

78
ANEXO V – Cronograma de Tarefas

79
Cronograma de Tarefas

Calendarização Tarefas Fase da Investigação


Janeiro de 2016 Conhecer os idosos, a equipa
de trabalho da Instituição e a
Instituição. Investigação
Recolher informação.

De Fevereiro de 2016 a 1.ª Fase da Aplicação dos


Maio de 2016 Instrumentos de Avaliação
Desenvolver e participar nas Ação
atividades.
Maio de 2016 2.ª Fase da Aplicação dos
Instrumentos de Avaliação. Ação
De Junho a Agosto de 2016 Escrita do Relatório Final.
Avaliação

Setembro de 2016 Entrega da 1.ª versão à


Orientadora. Conclusão

Setembro de 2016 Reformulação do Relatório


Final. Conclusão

A 30 de Setembro de 2016 Entrega da Versão Final nos


serviços académicos. Conclusão

80
ANEXO VI – Cronograma Mensal das Atividades

81
Cronograma Mensal das Atividades

Mês/dia de 2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


semana
Fevereiro 1 2 3 4
Fevereiro 8 9 10 11
Fevereiro 15 16 17 18
Fevereiro 22 23 24 25
Fevereiro 29

Mês/dia de 2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


semana
Março 1 2 3
Março 7 8 9 10
Março 14 15 16 17
Março 21 22 23 24
Março 28 29 30 31

Mês/dia de 2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


semana
Abril 4 5 6 7
Abril 11 12 13 14
Abril 18 19 20 21
Abril 25 26 27 28

Mês/dia de 2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


semana
Maio 2 3 4 5
Maio 9 10 11 12
Maio 16 17 18 19
Maio 23 24 25 26
Maio 30 31

82
ANEXO VII – Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural

83
Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural
Mês de Fevereiro

2ªF 3ªF 4ªF 5ª


10h: Jogo de 10h: Cuidados 10h: Hora do Conto 10h: Ginástica
Memória Auditiva Estéticos Sénior
14h30m: Aplicação
14h30m: dos instrumentos de
14h30m: Boccia Trabalhos avaliação 14h30m: Ateliê de
Sénior Manuais: Carnaval Costura
10h: Questionários 10h: Puzzles 10h: Cuidados
aos Utentes Feriado: Dia de Estéticos
Carnaval 14h30m: Puzzles
14h30m: Boccia 14h30m: Ateliê de
Sénior Costura
10h: Visionamento 10h: Jogo de 10h: Jogos de mesa 10h: Ginástica
de um filme Memória Visual Sénior
14h30m: Ateliê de
14h30m: Boccia 14h30m: Ateliê de Costura 14h30m: Ateliê de
Sénior Costura Costura
10h: Ateliê de 10h: Jogo de 10h: Jogo das Cartas 10h: Ginástica S
Costura memória cognitiva
14h30m: Jogo do
14h30m: Boccia 14h30m: Jogo Bingo
Sénior Acerta no Alvo
10h: Jogo de
memória táctil

14h30m: Boccia
Sénior

84
Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural
Mês de Março

2ªF 3ªF 4ªF 5ª


10h: Ateliê de 10h: Continuação do 10h: Ginástica
chapéus ateliê de chapéus Sénior

14h30m: Ateliê de
14h30m: Ateliê de croché 14h30m: Ateliê de
costura Costura
10h: Cuidados 10h: Cuidados 10h: Hora do Conto 10h: Jogo de
estéticos Estéticos memória visual
14h30m: Jogos de
14h30m: Boccia 14h30m: Festa do mesa 14h30m:
Sénior Dia da Mulher Caminhada pela
aldeia
10h: Trabalhos 10h: Jogo acerta no 10h: Trabalhos 10h: Trabalhos
Manuais: Páscoa alvo Manuais: Páscoa Manuais: Páscoa

14h30m: Boccia 14h30m: Baile dos 14h30m: Jogo do 14h30m: Ateliê de


Sénior Chapéus Dominó Costura
10h: Trabalhos 10h: Trabalhos 10h: Jogo das Cartas 10h: Caminhada
Manuais: Páscoa Manuais: Páscoa Matinal
14h30m: Lanche da
14h30m: Boccia 14h30m: Ateliê de Páscoa 14h30m: Ginástica
Sénior Culinária Sénior
10h: Jogo de 10h: Jogos de 10h: Jogo de 10h: Ginástica
memória visual motricidade fina identificar as cores Sénior

14h30m: Boccia 14h30m: Ateliê de 14h30m: Ateliê de 14h30m: Cuidados


Sénior costura costura Estéticos

85
Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural
Mês de Abril

2ªF 3ªF 4ªF 5ª


10h: Jogos de 10h: Jogos de 10h: Ginástica
mesa estimulação Sénior
cognitiva

14h30m: Boccia 14h30m: Jogo das 14h30m: Cuidados


Sénior Cartas Estéticos
10h: Jogo das 10h: Hora do Conto 10h: Ginástica
Tampas Sénior
14h30m: Visita à
14h30m: Ateliê de universidade sénior
costura em Castro Verde 14h30m: Ateliê de
Costura
10h: Jogo de 10h: Jogos de mesa 10h: Ginástica
Memória Visual Sénior
14h30m: Teatro
14h30m: Ateliê de Infantil
Costura (comemorações do 25 14h30m: Ateliê de
de Abril Costura
10h: Jogo de 10h: Jogo das Cartas 10h: Ginástica
Feriado: 25 de memória cognitiva Sénior
Abril 14h30m: Jogo do
14h30m: Ateliê de Bingo 14h30m: Ateliê de
costura costura

86
Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural
Mês de Maio

2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


10h: Jogo das Cartas 10h: Jogo de 10h: Ateliê de 10h: Ginástica
Identificar as cores Costura sénior
14h30m: Boccia
Sénior 14h30m: Ateliê de 14h30m: Jogo do 14h30m: Ateliê de
costura Bingo costura
10h: Jogo do 10h: Ateliê de 10h: Plantar 10h: Ateliê de
Dominó Costura Manjericos costura

14h30m: Boccia 14h30m: Jogo do 14h30m: Trabalhos 14h30m: Trabalhos


Sénior Bingo manuais manuais
10h: Cuidados 10h: Hora do Conto
Estéticos Passeio à Mina de Seminário em Beja
São Domingos 14h30m: Ateliê de
14h30m: Boccia costura
Sénior
10h: Jogo da 10h: Ateliê de 10h: Jogo acerta no
memória auditiva Costura alvo Feriado

14h30m: Boccia 14h30m: Jogo de 14h30m: Jogo das


Sénior memória visual cartas
10h: Caminhada 10h: Jogo de
matinal memória cognitiva

14h30m: Boccia 14h30m: Jogo das


Sénior Tampas

87
Planeamento Mensal das Atividades de Animação Sociocultural
Mês de Junho

2ªF 3ªF 4ªF 5ªF


10h: Aplicação da 10h: Ginástica
2ªfase dos Sénior
instrumentos de
avaliação
14h30m:
Caracolada no
14h30m: Ateliê de Monte Pereiro
costura
10h: Jogo das 10h: Cuidados 10h: Jogos de Mesa
Tampas Estéticos
Fim do Estágio
14h30m: Torneio de Curricular
14h30m: Jogos de Boccia Sénior em
14h30m: Boccia Estimulação Castro Verde
Sénior Cognitiva

88
ANEXO VIII – Plano de Intervenção na Instituição de Solidariedade Social Seara de
Abril

89
Plano de Intervenção na Instituição de Solidariedade Social Seara de Abril

Pré-teste e pós-teste

Área de Objetivos Atividades Recursos


Intervenção

- Observação das
atitudes e
- Identificar a
comportamentos;
existência de
algum grau de - Conversas
incapacidade física informais; - Material de
e/ou cognitiva; suporte às
- Recolha de
atividades;
informação junto da
Avaliação Física e
equipa de auxiliares; - Animadora
Cognitiva - Comparar a
sociocultural.
evolução dos - Preenchimento do
idosos antes e MiniExame do Estado
depois de aplicado Mental de Folstein,
o plano de Folstein & McHugh
intervenção. (1975), traduzido por
Guerreiro e col.
(1993);

- Índice de Katz –
Escala de Atividades
Básicas de Vida
Diária de Katz e
colabs. (1963), versão
apresentada por
Sequeira (2007).

90
Atividades lúdicas e recreativas

Área de Objetivos Atividades Recursos


Intervenção
- Desenvolver a - Pintura;
destreza manual; - Desenho;
- Estimular a - Corte e costura;
criatividade; - Modelagem e Material de suporte
Expressão - Desenvolvimento da decalque; às atividades;
plástica atenção, concentração - Recortes e Animadora
colagens.
e coordenação; sociocultural.
- Promoção da
orientação espacial e
temporal;
- Aquisição de novos
conhecimentos.

91
Atividades Socioculturais

Área de Intervenção Objetivos Atividades Recursos


- Estimular a - Conversas
comunicação informais;
verbal; - Recolha de
- Partilha de património oral
experiências; (rimas, adivinhas,
- Estimular a provérbios,
memória; canções,
- Reviver as anedotas);
vivências e - Recolha de
experiências dizeres populares;
adquirida ao longo - Desfile de Material de suporte
Desenvolvimento
da vida; Carnaval; às atividades;
pessoal e social
- Incrementar a - Festa do Dia da Animadora
participação ativa Mulher; sociocultural.
dos idosos; - Festa do 25 de
- Permitir a relação Abril;
com o meio - Torneio de
envolvente; Boccia;
- Fomentar a - Baile dos
integração social Chapéus;
do/a idoso/a; - Passeios de
- Proporcionar convívio;
momentos de - Plantar
convívio e manjericos para o
confraternização; Santo António.
- Envolver a
comunidade nas
comemorações
festivas;
- Preservar o meio
ambiente.

92
Atividades Cognitivas

Área de Intervenção Objetivos Atividades Recursos


- Fomentar o - Jogos de mesa;
espírito de grupo e - Jogos lúdicos;
cooperação; - Cálculo
- Atuar no matemático;
raciocínio lógico; - Exercícios de Material de
- Aquisição de memória; suporte às
Estimulação novos - Jogos de atividades;
cognitiva/mental e conhecimentos e semelhanças e Animadora
sensorial partilha de diferenças; sociocultural.
informação; - Jogos de identificar
- Evitar o as cores;
isolamento; - Jogos de
- Prevenir a rápida reconhecimento
degradação mental; auditivo, táctil e
- Estimular a visual.
memória e a
concentração;
- Domínio da
Nomenclatura das
cores e a sua
distinção

93
Atividades Físico-Motoras

Área de Objetivos Atividades Recursos


Intervenção
- Estimular os/as - Exercícios de
idosos/as para as aquecimento e
práticas desportivas; relaxamento; Material de suporte
- Aquisição, - Ginástica às atividades;
coordenação e habilitativa; Animadora
Animação física ou controlo do próprio - Jogo da Boccia; sociocultural.
motora corpo; - Caminhadas.
- Aumentar a
resistência física;
- Estimular a
comunicação não-
verbal.

94
APÊNDICES

95
APÊNDICE I – Exemplo de uma folha do Diário de Campo

96
Exemplo de uma folha do Diário de Campo

97
APÊNDICE II – Ficha de Avaliação das Atividades

98
Associação de Solidariedade Social Seara de Abril
Santa Bárbara de Padrões

Ficha de Avaliação das Atividades

Atividade:________________________________ Data:_____________________

Participantes Gostaram  Não Gostaram  Obs.

99

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