Direito Previdenciário
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Direito
Previdenciário
Prof. Guilherme Volpato
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!
Com carinho,
Equipe Ceisc ♥
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Direito Previdenciário
1. Seguridade Social
No decorrer das aulas você verá que o direito previdenciário é parte de uma grande en-
grenagem chamada seguridade social. A seguridade social é composta por previdência social,
assistência social e saúde. Cada uma destas partes tem suas particularidades na Constituição
Federal a partir do artigo 194:
A seguridade social na forma como está disposta na CF/1988 é uma adaptação a reali-
dade brasileira do modelo de seguridade social proposto por William Beveridge, na Inglaterra,
em 1942. Foi construída em um contexto entre as duas grandes guerras mundiais, de uma soci-
edade industrial e com uma série de problemas, entre eles os sociais, inerentes àquele momento
histórico.
Este modelo de seguridade social protege tanto os trabalhadores que contribuem para o
sistema previdenciário, quanto às pessoas que pelas mais variadas razões não contribuem, mas
preenchem outros requisitos legais, para obtenção de um benefício. Por esta razão, é reconhe-
cido como um “sistema” de repartição/universalização de proteção social.
Surgiu em contraposição ao “sistema” de capitalização proposto pelo Chanceler alemão
Otto Von Bismarck, na Alemanha, no ano de 1883. Neste modelo, a proteção era exclusiva ao
trabalhador, proporcionalmente contribuição do trabalhador para o sistema previdenciário. Em
síntese, quem contribuía tinha proteção e quem não contribuía ficava sem qualquer proteção
Estatal em matéria de seguridade social. Foi uma forma que o Chanceler Alemão encontrou para
responder aos anseios da classe trabalhadora na fase final da revolução industrial e no começo
da transição do Estado Liberal para o Estado Social.
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Importante aqui referir que não se trata de modelos necessariamente excludentes, mas
que surgem em momentos distintos, tendo, então, respostas distintas, em razão das contingên-
cias das respectivas épocas.
Logo, afirmar que a seguridade social brasileira tem como modelo o sistema de re-
partição/universalização não significa excluir o sistema de capitalização, afinal, como será
visto a seguir, a seguridade social brasileira divide-se em um tripé composto por: previ-
dência social, assistência social, e, saúde. A primeira exige contribuição, e as duas últimas
não.
Seguridade
Social
Previdência Assistência
Saúde
Social Social
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdên-
cia Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que pre-
servem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei.
O caput do artigo 201 possui muitas informações importantes para a disciplina. A primeira,
que a previdência social será organizada em forma de Regime Geral de Previdência Social,
o que é representado pela sigla (RGPS). Esta menção é feita, pois os servidores públicos, em
sua maioria, terão um Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). E, quando não houver
regime próprio para garantia do servidor público, este será protegido pelo regime geral, o que se
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aplica aos cargos de confiança, de livre nomeação e exoneração, por exemplo. O grande obje-
tivo da Seguridade Social é não deixar o trabalhador desprotegido.
A segunda informação importante trazida pelo caput do artigo 201 é que o Regime Geral
de Previdência Social será de caráter contributivo. Isso significa dizer que quem contribui
financeiramente para o sistema previdenciário estará protegido, e, quem não contribui não terá
proteção previdenciária, com exceção aos que se encontram no período de graça, que será visto
adiante.
A terceira informação colhida do caput é que a previdência social é de filiação obrigató-
ria. Isto quer dizer que qualquer pessoa que tenha uma fonte de renda decorrente de atividade
laborativa, seja ela qual for, deverá obrigatoriamente contribuir para a previdência social. Não é
uma faculdade/escolha. É uma obrigação, nos termos do artigo 5º, inciso II da CF/1988, que, ao
prescrever o princípio da legalidade para particular, determina que “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
*Para todos verem: esquema.
Regime Geral
(RGPS)
Previdência Caráter
Social Contributivo
Filiação
Obrigatória
Por fim, quando a CF/1988 menciona o equilíbrio financeiro e atuarial, isso significa que
um dos objetivos da seguridade social brasileira é ser autossustentável, quando comparados as
contribuições e os benefícios pagos pelo sistema. Nesse sentido, as reformas, como a realizada
no ano de 2019, justificam-se na medida em que neste momento histórico se vivencia uma redu-
ção de natalidade, que é somada ao aumento da expectativa de sobrevida (período computado
entre a aposentadoria e a data do óbito) em razão, entre outros, dos avanços tecnológicos vi-
venciados, como na saúde, por exemplo.
Os incisos I à V do artigo 201 da CF/1988 trazem o que chamamos em direito previdenci-
ário de riscos sociais protegidos pela previdência social, tanto aos segurados quanto aos seus
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Art. 201.
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e
idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa
renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e de-
pendentes, observado o disposto no § 2º.
Por seu turno, a assistência social tem previsão constitucional no artigo 203 da CF/1988:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
Na assistência social, é importante perceber que não se faz menção a qualquer regime.
A garantia constitucional é que será prestada a quem dela necessitar, sem qualquer contribuição
à seguridade social. Como anteriormente referido, protege, quando implementados os demais
requisitos previstos em lei, as pessoas que, por quaisquer razões, não contribuem para a segu-
ridade social.
Para o objeto de estudo de seguridade social, o único inciso a ser estudado na disciplina
será o inciso V, o qual estabelece:
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Isto significa que o benefício da assistência social, que será chamado de Benefício de
Prestação Continuada (BPC), será devido a quem dele necessitar, independentemente de con-
tribuição, será no valor de um salário mínimo mensal, e será pago em duas hipóteses: quando
se tratar de pessoa com deficiência, nos termos do artigo 2º da Lei nº 13.146/2015, e, ao idoso
com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, desde que, em ambas as condições, a pessoa com
deficiência e o idoso não tenham condições de prover a própria manutenção, ou de tê-la provida
por sua família. Mais adiante haverá um tópico específico sobre o benefício de prestação conti-
nuada (benefício da assistência social), no qual será detalhada do que se trata essa condição de
impossibilidade de sustento próprio.
*Para todos verem: esquema.
Não contributivo
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contribuição para a seguridade social. Lembrem-se de que a seguridade social é formada pelo
tripé previdência social, assistência social e saúde.
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2. Previdência Social
2.1. Conceito
A previdência social antes de qualquer outra coisa é um direito fundamental. Essa afirma-
ção decorre da positivação constitucional no caput do artigo 6º da CF/1988. Trata-se de um di-
reito fundamental em sentido tanto formal, por constar expressamente no texto constitucional,
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doutrinadores utilizam a expressão direito intertemporal, no qual deve ser definida, em razão da
alteração legislativa e do conflito de leis no tempo, qual é a norma aplicável a determinado fato
ou relação jurídica.
Pode-se afirmar que a questão da aplicação da lei previdenciária no tempo guarda estrita
relação com o princípio constitucional da segurança jurídica, previsto no artigo 5º, inciso XXXVI
da CF/1988, condicionando a solução do conflito de leis de modo que “a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Em matéria previdenciária, a existência do direito e as condições para sua concessão
deverão ser determinadas conforme a lei vigente quando da reunião dos requisitos para
sua concessão, e, não necessariamente, quanto da formalização do requerimento. Isto porque,
a lei em vigor quando do requerimento pode ser menos favorável ao segurado, seja por alterar
os pressupostos legais, ou ainda, que empregue metodologia de cálculo que implique em bene-
fício de menor valor se comparado com a lei anterior.
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No Brasil, o regime geral de previdência social é regulamentado pela Lei 8.213/91, a lei
de benefícios da previdência social (LBPS), sendo a responsável por sua gestão o Instituto Na-
cional do Seguro Social (INSS). Importante também mencionar o Decreto 3.048/99, o regula-
mento da previdência social, sendo esta a legislação que atualmente está em conformidade com
a última grande reforma previdenciária, decorrente da Emenda Constitucional 103/19.
Merece destaque aqui o campo de aplicação do regime geral de previdência social. Ele
abrange não somente as pessoas que exercem atividade remunerada, mas pode abranger pes-
soas que não tem atividade remunerada que escolhem contribuir e ter proteção previdenciária.
São os segurados facultativos, que serão estudados em um tópico específico adiante.
Além destes o regime geral de previdência social abrange “ao agente público ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de
outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público”, nos termos do artigo
40, parágrafo 13º da CF/1988.
O regime geral de previdência social destina-se ainda ao servidor público civil ocupante
de cargo efetivo ou militar que não dispuser de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS),
afinal, um dos objetivos da previdência social é proteger o trabalhador, mediante contribuição
compulsória, quando acometido por algum dos riscos sociais previstos em lei. Por exemplo, o
município de Canela, na região da Serra Gaúcha, não possui regime próprio de previdência.
Neste caso, os servidores públicos efetivos contribuem compulsoriamente e são protegidos pelo
regime geral de previdência social.
Por fim, o regime geral de previdência social é destinado ao servidor ou o militar que “ve-
nham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de
Previdência Social”. Por exemplo, um médico que é servidor público em um hospital, e, conco-
mitantemente possui uma clínica particular. Da remuneração na clínica particular será devida
contribuição previdenciária obrigatória ao regime geral de previdência social, havendo como con-
trapartida a proteção caso o médico seja acometido por algum risco social previsto em lei.
Com isto, pode-se concluir que é inverídica a afirmação de que o regime geral de pre-
vidência social é destinado exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada. Como
visto nos parágrafos anteriores, em algumas hipóteses haverá proteção ao servidor público
ou militar, a depender do caso.
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Com Atividade
Remunerada
Iniciativa Privada
Sem Atividade
Remunerada
Sem Regime
Próprio de
Previdência Social
(RPPS)
Servidor Público
Efetivo ou Militar
Que exerça
atividade
concomitante do
RGPS
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Pessoalidade
Habitualidade/
Não
Eventualidade
Empregado
Subordinação
Remuneração
Faz-se esta ressalva, pois na hora da prova você precisará fazer esta distinção entre as
duas categorias a partir do que o enunciado da questão trouxer. Por exemplo: um cozinheiro, a
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depender do caso, poderá ser empregado ou empregado doméstico. O cozinheiro que trabalha
em um restaurante terá finalidade lucrativa. Logo, será empregado. Agora, se o cozinheiro tra-
balhar para uma família, sem que exista finalidade lucrativa com o trabalho do cozinheiro, ele
será empregado doméstico, obviamente, se a prestação de serviço ocorrer por mais de dois dias
na semana.
*Para todos verem: esquema.
Pessoalidade
Âmbito
Residencial
Habitualidade/
Não eventualidade
Empregado Empregado Sem Finalidade
Doméstico Doméstico Lucrativa
Subordinação
Mais de 2 dias
na semana
Remuneração
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d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social;
e) desde que receba remuneração decorrente de trabalho na empresa:
1. o empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade limitada,
urbana ou rural;
2. o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anô-
nima;
3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e
4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista e o administrador, quanto a este último,
quando não for empregado em sociedade limitada, urbana ou rural;
f) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
g) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
h) (Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer
atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração;
j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;
l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana,
com fins lucrativos ou não;
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista tem-
porário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do art. 111 ou III do art.
115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado
da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da Consti-
tuição Federal;
n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à socie-
dade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado;
o) (Revogado pelo Decreto nº 7.054, de 2009)
p) o Microempreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Com-
plementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos
e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais;
q) o médico participante do Projeto Mais Médicos para o Brasil, instituído pela Lei nº
12.871, de 22 de outubro de 2013, exceto na hipótese de cobertura securitária específica
estabelecida por organismo internacional ou filiação a regime de seguridade social em seu
país de origem, com o qual a República Federativa do Brasil mantenha acordo de
seguridade social;
r) o médico em curso de formação no âmbito do Programa Médicos pelo Brasil, instituído
pela Lei nº 13.958, de 18 de dezembro de 2019.
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Nunca é demais lembrar: os segurados do RGPS serão sempre pessoa física. Logo,
o segurado especial não será diferente. A primeira informação que o inciso VII nos traz é que o
segurado deve ser residente em imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural. A segunda
informação é que a atividade pode ser desenvolvida de forma individual ou em regime de eco-
nomia familiar. O parágrafo quinto explicita o que se trata este instituto:
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A atividade do segurado especial admite várias formas de formalização. Poderá ser reali-
zada em área própria, em área de usufruto, em área onde se tenha a posse, onde seja assen-
tado, com contrato de parceria, contrato de comodato, ou ainda, com arrendamento rural. Pode
ser atividade relacionada a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal (seringueiro) ou pescador
artesanal.
Em se tratando de atividade agropecuária, a legislação limita o segurado especial em área
de até quatro módulos fiscais. Não confundir módulo fiscal com hectare.
Agricultura
Pecuária
Regime de Economia
Familiar
Segurado
Seringueiro
Especial
Sem Empregados
Extrativista Permanentes
Vegetal
Pescador
Artesanal
Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Re-
gime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que
não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório
da previdência social.
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Vale o destaque que, como regra geral, quem é servidor público (segurado obrigatório do
RPPS) não pode ser segurado facultativo do RGPS. Neste sentido é o parágrafo 2º do artigo 11,
prescrevendo que “É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na
hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribui-
ção ao respectivo regime próprio.”
Por sua vez, o parágrafo 1º do artigo 11 traz uma relação exemplificativa de quem pode
ser segurado facultativo, do qual destacaremos a pessoa que se dedique exclusivamente ao
trabalho doméstico no âmbito de sua residência, o síndico de condomínio não remunerado, o
estudante, e o presidiário que não exerça atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social. Neste sentido:
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Contribuinte
Individual
Trabalhador Avulso
Empregado
CADESF
Doméstico
Empregado
Segurado Especial
Facultativo
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A jurisprudência entende que esta comprovação pode ser feita com outros meios de prova,
como cadastro no SINE (Sistema Nacional de Emprego), cadastros em agencias de recruta-
mento e seleção de pessoas, entre outros.
Ainda da leitura do parágrafo segundo extrai-se que o segurado que possui mais de cento
e vinte contribuições sem a perda da qualidade de segurado (período de graça de 24 meses)
pode ter o acréscimo de mais 12 meses, caso comprove o desemprego involuntário por meio de
registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego. Neste caso, o período de graça
pode chegar a 36 meses.
Por fim, o parágrafo oitavo faz menção ao segurado que teve a contribuição abaixo do
limite mínimo legal. Nestes casos, como a contribuição abaixo do limite mínimo não conta como
tempo de contribuição, deverá o segurado realizar a complementação, o agrupamento, ou ainda,
os valores maiores ao limite mínimo dentro do mesmo ano para que mantenha a qualidade de
segurado.
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Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de de-
pendentes do segurado:
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Dependentes do Segurado
Cônjuge/Companheiro(a),
Irmão menor 21 anos, ou
Filho menor 21 anos, ou
Pais inválido, ou com deficiência
inválido, ou com deficiência
intelectual, mental ou grave.
intelectual, mental ou grave.
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quarenta e nove centavos). R$ 7.507,50 (sete quinhentos e sete reais e cinquenta centavos) e
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) não haverá contribuição previdenciária do trabalhador para o Re-
gime Geral de Previdência Social.
Em relação a valor mínimo de contribuição, a Emenda Constitucional 103/19 fez uma
adaptação das contribuições previdenciárias, muito em razão do que se chama no direito de
trabalho de “uberização” das relações de trabalho, bem como da regulamentação de novas for-
mas de trabalho pela Reforma Trabalhista de 2017, que criou, entre outros, o trabalho intermi-
tente, modelo no qual o trabalhador pode, a depender do caso concreto, receber valores inferio-
res ao salário-mínimo. Assim, o artigo 145, § 14º da Constituição Federal estabeleceu que, para
fins previdenciários, só será computado como tempo de contribuição que for igual ou superior à
contribuição mínima mensal exigida para a categoria, que, com exceção do segurado especial,
será de um salário-mínimo mensal. Neste sentido:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indi-
reta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral
de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição
mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições.
A parte final do § 14º contempla a solução para quem, porventura, contribua com valor
abaixo do salário-mínimo. É possível que o segurado opte pela complementação, pelo agrupa-
mento, ou ainda, pela utilização de valores superiores ao mínimo exigido em outras competên-
cias do mesmo ano, o que foi regulamentado de forma infraconstitucional no § 27-A do artigo
216, do Decreto 3048/99:
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Por exemplo: uma pessoa é contratada por uma empresa e recebe salário de contribuição
fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais) por mês. Neste caso, tendo em visto o valor do salário de
contribuição, o cálculo da contribuição incidirá nas faixas de 7,5%, 9,0%, e, 12%. Esta conclusão
se chega a partir da tabela que faz parte do artigo 198 do Decreto 3048/99.
A contribuição da pessoa do exemplo, na faixa de 7,5%, será até um salário-mínimo (em
2023 = R$ 1.302,00). Logo, 7,5% de R$ 1.302,00 totaliza R$ 97,65.
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Até R$ R$
7,5%
1.302,00 97,65
R$ R$ R$
2.571,29 1302,01 1.269,28
R$ R$
9,0%
1.269,28 114,23
R$ R$ R$
3.000,00 2.571,30 428,70
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R$
12,0% R$ 51,44
428,70
Assim, a contribuição será o resultado da soma dos valores apurados em cada uma das
faixas de percentuais sobre o salário de contribuição, totalizando, neste exemplo, em R$ 265,99.
R$ R$ R$ R$
97,65 114,23 51,44 265,99
Regra Geral
Contribuinte
Individual e
Facultativo
20% Limite 20% Limite
Mínimo Máximo
(R$ 1.302,00) (R$ 7.507,49)
= R$ 260,40 = R$ 1.501,49
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tempo de contribuição, podem contribuir 20% do salário do limite mínimo de contribuição. Esta
possibilidade está prevista no artigo 199-A do Decreto 3048/99:
Art. 199-A. A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela exclusão do
direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento,
sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, a
alíquota de contribuição:
Art. 199-A. A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela exclusão do
direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento,
sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, a
alíquota de contribuição:
§ 1º A alíquota de contribuição de que trata o caput é de cinco por cento:
I - a partir da competência maio de 2011, para o MEI, de que trata o § 26 do art. 9º, cuja
contribuição deverá ser recolhida na forma regulamentada em ato do Comitê Gestor do
Simples Nacional;
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Art. 199-A. A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela exclusão do
direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento,
sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, a
alíquota de contribuição:
§ 1º A alíquota de contribuição de que trata o caput é de cinco por cento:
II - a partir da competência setembro de 2011, para o segurado facultativo sem renda
própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residên-
cia, desde que pertencente a família de baixa renda, observado o disposto no § 5º.
Por fim, o segurado especial não tem limite mínimo de contribuição. A contribuição deste
segurado não está condicionada ao salário de contribuição, mas sim a receita bruta da comerci-
alização da produção rural. A contribuição do segurado especial será de 1,3%, sendo 1,2% para
a Seguridade Social, e, 0,1% para o RAT (riscos ambientais do trabalho). A previsão legal está
no artigo 200 do Decreto 3048/99:
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Ainda sobre o salário de contribuição, uma importante consideração precisa ser feita sobre
o § 9º do artigo 214, o qual apresenta rubricas que não integram o salário de contribuição. Trata-
se de verbas que são, em sua maior parte, de caráter indenizatório, não representando remune-
ração por tempo do trabalhador à disposição do empregador ou tomador do serviço.
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Art. 32. O salário de benefício a ser utilizado para o cálculo dos benefícios de que trata
este Regulamento, inclusive aqueles previstos em acordo internacional, consiste no resul-
tado da média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adota-
das como base para contribuições a regime próprio de previdência social ou como base
para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os art. 42 e art. 142
da Constituição, considerados para a concessão do benefício, atualizados monetaria-
mente, correspondentes a cem por cento do período contributivo desde a competência
julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior a essa competência.
A partir da leitura do artigo é possível afirmar que o salário de benefício será o resultado
de uma média de todas as contribuições do segurado, desde a competência de julho de 1994,
ou, desde o início da contribuição, se posterior a julho de 1994.
*Para todos verem: esquema.
3. Benefícios em Espécie
Art. 71. O auxílio por incapacidade temporária será devido ao segurado que, uma vez
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos, conforme
definido em avaliação médico-pericial.
Quem definirá qual o prazo da incapacidade será a avaliação médico-pericial. Mesmo que
porventura o atestado médico do segurado indique um prazo superior ao estipulado pela perícia
médica realizada no INSS, prevalecerá o prazo estipulado pela perícia médica do INSS.
O caput artigo menciona o cumprimento, quando for o caso do cumprimento de carência.
Carência é o número mínimo de contribuições que o segurado precisa ter direito ao benefício.
Neste sentido dispõe o artigo 26 do Decreto 3048/99:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consi-
deradas as competências cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao seu limite
mínimo mensal.
Como regra geral, o auxílio por incapacidade temporária exige o cumprimento de 12 con-
tribuições mensais, conforme artigo 29, inciso I, do Decreto 3048/99:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
I - doze contribuições mensais, nos casos de auxílio por incapacidade temporária e apo-
sentadoria por incapacidade permanente; e
Entretanto, o legislador entendeu que em alguns casos o período de carência fica dispen-
sado, conforme artigo 30, inciso III, do Decreto 3048/99:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
O § 1º do artigo 71 possui uma informação bem importante nos benefícios por incapaci-
dade temporária: doença pré-existente a filiação do segurado no Regime Geral de Previdência
Social não tem cobertura, salvo se a incapacidade decorrer de progressão ou o agravamento da
doença. Neste sentido:
O auxílio por incapacidade temporária durará o tempo entendido pela perícia médica para
recuperação da capacidade laborativa. Caso não ocorra a recuperação da capacidade laborativa,
durará até a conversão em aposentadoria por incapacidade permanente, ou, se ocorrer a recu-
peração para a atividade laborativa, mas sobrevenha perda ou redução da capacidade para o
trabalho em razão de acidente do trabalho ou acidente de qualquer natureza, o auxílio por inca-
pacidade temporária durará até a conversão em auxílio acidente, conforme disposto no art. 78
do Decreto 3048/99:
Art. 78. O auxílio por incapacidade temporária cessa pela recuperação da capacidade
para o trabalho, pela concessão de aposentadoria por incapacidade permanente ou, na
hipótese de o evento causador da redução da capacidade laborativa ser o mesmo que
gerou o auxílio por incapacidade temporária, pela concessão do auxílio acidente.
O benefício por incapacidade temporária terá uma renda mensal inicial de 91% do salá-
rio de benefício (que é o resultado da média aritmética de todo o período contributivo do segu-
rado).
*Para todos verem: esquema.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Art. 43. A aposentadoria por incapacidade permanente, uma vez cumprido o período de
carência exigido, quando for o caso, será devida ao segurado que, em gozo ou não de
auxílio por incapacidade temporária, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível
de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, que lhe será
paga enquanto permanecer nessa condição.
Entretanto, o legislador entendeu que em alguns casos o período de carência fica dispen-
sado, conforme artigo 30, inciso III, do Decreto 3048/99:
38
1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
§ 2º Até que seja elaborada a lista de doenças ou afecções a que se refere o inciso III
do caput, independerá de carência a concessão de auxílio por incapacidade temporária e
de aposentadoria por incapacidade permanente ao segurado que, após filiar-se ao RGPS,
seja acometido por alguma das seguintes doenças:
I - tuberculose ativa;
II - hanseníase;
III - alienação mental;
IV - esclerose múltipla;
V - hepatopatia grave;
VI - neoplasia maligna;
VII - cegueira;
VIII - paralisia irreversível e incapacitante;
IX - cardiopatia grave;
X - doença de Parkinson;
XI - espondiloartrose anquilosante;
XII - nefropatia grave;
XIII - estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
XIV - síndrome da imunodeficiência adquirida (aids); ou
XV - contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.
O § 2º do artigo 43 possui uma informação bem importante para a aposentadoria por in-
capacidade permanente: doença pré-existente a filiação do segurado no Regime Geral de Pre-
vidência Social não tem cobertura, salvo se a incapacidade decorrer de progressão ou o agrava-
mento da doença. Neste sentido:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Art. 45. O valor da aposentadoria por incapacidade permanente do segurado que neces-
sitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de vinte e cinco por cento,
observada a relação constante do Anexo I, e:
I - devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; e
II - recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado.
Art. 44. A aposentadoria por incapacidade permanente será devida a partir do dia imedi-
ato ao da cessação do auxílio por incapacidade temporária, ressalvado o disposto no § 1º,
e consistirá em renda mensal decorrente da aplicação dos seguintes percentuais inciden-
tes sobre o salário de benefício, definido na forma do disposto no art. 32:
I - sessenta por cento, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de con-
tribuição que exceder o tempo de vinte anos de contribuição, para os homens, ou quinze
anos de contribuição, para as mulheres; ou
II - cem por cento, quando a aposentadoria decorrer de:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
a) acidente de trabalho;
b) doença profissional; ou
c) doença do trabalho.
A regra do inciso I estabelece que a aposentadoria por incapacidade permanente terá uma
renda mensal que terá um valor base de 60% do salário de benefício. O aumento deste percen-
tual dependerá para os homens, que tenham mais que vinte anos de tempo de contribuição, e,
para as mulheres, que tenham mais de quinze anos de tempo de contribuição. Caso o homem
não tenha atingido os 20 anos de tempo de contribuição ou a mulher não tenha atingido os 15
anos de tempo de contribuição, receberão tão somente 60% do salário de benefício.
Observação: Nos termos do artigo 201, § 2º da Constituição Federal “Nenhum benefício
que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
valor mensal inferior ao salário-mínimo.”
3.3. Auxílio-Acidente
O auxílio-acidente é o único benefício previdenciário que possui natureza indeniza-
tória. Será pago após o retorno ao trabalho para o segurado que tiver a consolidação de lesão
que resulte em perda ou redução da capacidade para a atividade habitual. Esta perda ou redução
da capacidade para a atividade habitual poderá ter como origem um acidente do trabalho ou um
acidente de qualquer natureza. Está previsto no artigo 104 do Decreto 3048/99:
Perceba que o artigo 104 não aborda, como no auxílio por incapacidade temporária e na
aposentadoria por invalidez, a questão da carência. Isto porque, nos termos do artigo 30, inciso
I, do Decreto 3048/99, o auxílio acidente independe de carência. Neste sentido:
Uma observação fundamental de ser feita é que o auxílio-acidente não é pago a todos
os segurados. Conforme princípio da seletividade e distributividade anteriormente visto neste
41
1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
material, o legislador entendeu que este benefício é concedido tão somente aos segurados em-
pregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, e, segurado especial. O contribuinte indivi-
dual e o segurado facultativo foram excluídos dos beneficiários.
Além disso, a concessão do auxílio-acidente depende da consolidação das lesões que
impliquem perda ou redução da capacidade laborativa. Se a consolidação da lesão não implicar
perda ou redução da capacidade laborativa não será devido o auxílio acidente, conforme art.
104, § 4º, inciso I, do Decreto 3048/99.
Enquanto as lesões não estiverem consolidadas, o segurado receberá o auxílio por inca-
pacidade temporária. Tanto é assim que o § 2º do artigo 104 estabelece que “O auxílio-acidente
será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio por incapacidade temporária (...)”.
Quanto à renda mensal inicial, ela será de 50% do salário de benefício que deu origem ao
auxílio-doença do segurado. Neste sentido:
Art. 56. A aposentadoria por idade do trabalhador rural, uma vez cumprido o período de
carência exigido, será devida aos segurados a que se referem a alínea “a” do inciso I, a
alínea “j” do inciso V e os incisos VI e VII do caput do art. 9º e aos segurados garimpeiros
que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar, conforme definido no
§ 5º do art. 9º, quando completarem cinquenta e cinco anos de idade, se mulher, e ses-
senta anos de idade, se homem.
Os segurados que fazem jus a aposentadoria por idade do trabalhador rural foram delimi-
tados no caput do artigo, sendo eles: o empregado rural; o contribuinte individual que presta
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
serviço de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de em-
prego; o trabalhador avulso que presta serviço de natureza rural, com intermediação obrigatória
do órgão gestor de mão de obra; o segurado especial (atividade agropecuária, pescador artesa-
nal, seringueiro, extrativista vegetal), e, o garimpeiro que trabalhe em regime de economia fami-
liar.
Observação: O garimpeiro não é segurado especial. Se aposentará com idade diferenci-
ada se trabalhar em regime de economia familiar.
No que diz respeito a carência, o artigo 29, inciso II do Decreto 3048/99 estabelece a
carência da aposentadoria por idade do trabalhador rural em 180 contribuições mensais:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
(...)
II - cento e oitenta contribuições mensais, nos casos de aposentadoria programada, por
idade do trabalhador rural e especial;
O § 1º do artigo 56 do Decreto 3048/99 determina ainda que para ter direito à aposenta-
doria por idade, o trabalhador rural precisa comprovar esta na atividade no período imediata-
mente anterior ao requerimento do benefício. Neste sentido:
Art. 56. (...)
§ 1º Para fins do disposto no caput, o segurado a que se refere o inciso VII do caput do
art. 9º comprovará o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua,
no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou, conforme o caso, ao
mês em que tiver cumprido o requisito etário, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computados os períodos
pelos quais o segurado especial tenha recebido os rendimentos a que se referem os inci-
sos III ao VIII do § 8º do art. 9º.
Os demais segurados que tem direito a aposentadoria por idade do trabalhador rural re-
ceberão uma renda mensal de 70% do salário de benefício, com acréscimo de 1% (um por cento)
para cada ano de contribuição. Neste sentido:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
trabalhadores rurais a que se referem a alínea “a” do inciso I, a alínea “j” do inciso V e o
inciso VI do caput do art. 9º, para o garimpeiro e para o segurado especial que contribua
facultativamente corresponderá a setenta por cento do salário de benefício definido na
forma prevista no art. 32, com acréscimo de um ponto percentual para cada ano de con-
tribuição.
Art. 57. Os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 56 mas que satis-
façam essa condição, se considerados períodos de contribuição sob outras categorias de
segurado, farão jus ao benefício ao atenderem os requisitos definidos nos incisos I e
II do caput do art. 51.
Art. 51. A aposentadoria programada, uma vez cumprido o período de carência exigido,
será devida ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - sessenta e dois anos de idade, se mulher, e sessenta e cinco anos de idade, se homem;
e
II - quinze anos de tempo de contribuição, se mulher, e vinte anos de tempo de contribui-
ção, se homem.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Quanto ao requisito carência, o artigo 29, inciso II estabelece a exigência de 180 contri-
buições mensais:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
(...)
II - cento e oitenta contribuições mensais, nos casos de aposentadoria programada, por
idade do trabalhador rural e especial;
Exige-se ainda a idade mínima de 62 anos, cumulado com 15 anos de tempo mínimo de
contribuição para as mulheres, e, 65 anos, cumulado com 20 anos de tempo mínimo de contri-
buição para os homens.
Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência exigido, será
devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este último
somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que com-
prove o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e bioló-
gicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses agentes, de forma permanente, não
ocasional nem intermitente, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupa-
ção, durante, no mínimo, quinze, vinte ou vinte e cinco anos, e que cumprir os seguintes
requisitos:
I - cinquenta e cinco anos de idade, quando se tratar de atividade especial de quinze anos
de contribuição;
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
II - cinquenta e oito anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte anos de
contribuição; ou
III - sessenta anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte e cinco anos
de contribuição.
A condição de pessoa com deficiência será avaliada por meio de avaliação biopsicos-
social, a qual, nos termos do caput do artigo 70-A do Decreto 3048/99 será “realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar”, que indicará “grau de deficiência leve, moderada ou grave”.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
A renda mensal inicial da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência está prevista
no artigo 70-J, inciso II do Decreto 3048/99:
Art. 70-J. A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será
calculada a partir da aplicação dos seguintes percentuais sobre o salário de benefício de-
finido na forma prevista no art. 32:
(...)
II - setenta por cento, acrescido de um ponto percentual do salário de benefício por grupo
de doze contribuições mensais até o máximo de trinta por cento, na hipótese de aposen-
tadoria por idade de que trata o art. 70-C.
Por seu turno, a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência terá
como principal condicionante o grau da deficiência, apurado na perícia biopsicossocial, conforme
artigo 70-B do Decreto 3048/99:
Art. 70-B. A aposentadoria por tempo de contribuição do segurado com deficiência, cum-
prida a carência, é devida ao segurado empregado, inclusive o doméstico, trabalhador
avulso, contribuinte individual e facultativo, observado o disposto no art. 199-A e os se-
guintes requisitos:
I - aos vinte e cinco anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência,
se homem, e vinte anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave;
II - aos vinte e nove anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência,
se homem, e vinte e quatro anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência mode-
rada; e
III - aos trinta e três anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência,
se homem, e vinte e oito anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
O benefício será dividido em partes iguais entre todos os dependentes da mesma classe,
conforme determinação do artigo 113 do Decreto 3048/99, no sentido de que “A pensão por
morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos, em partes iguais.”
Em alguns casos, os dependentes podem perder o direito a pensão por morte, a saber:
Uma inovação trazida pela Emenda Constitucional 103/19 foi a de que, cessada a cota de
um dependente, ela não é repassada aos demais, como acontecia anteriormente. Por exemplo,
são 3 dependentes e o benefício é de R$ 3.000,00 (três mil reais). Neste caso, cada dependente
terá uma cota de R$ 1.000,00 (mil reais). Quando um dos dependentes completar 21 anos, per-
derá a condição de dependente, e, com a perda da condição de dependente, a cota que tinha
direito não é repassada aos demais. Assim, ao invés dos outros dois dependentes passarem a
receber R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais cada), continuarão recebendo a cota de R$ 1.000,00
(mil reais) cada. Isto é o que se extrai da primeira parte do § 3º do artigo 113 do Decreto 3048/99:
“As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos
demais dependentes”.
Merece destaque o fato de que para o cônjuge, companheiro(a), a pensão por morte será
vitalícia somente se o viúvo(a) tiver quarenta e quatro anos ou mais. Até completar esta idade, a
pensão por morte durará por um tempo proporcional a data do viúvo(a) na data do óbito. Neste
sentido:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Dependente Inválido
3.9. Auxílio-Reclusão
O auxílio-reclusão é outro benefício pago aos dependentes do segurado, que precisará se
enquadrar no conceito de baixa renda, e, que esteja recolhido à prisão em regime fechado. Ao
contrário da pensão por morte, o auxílio-reclusão depende de um número mínimo de contribui-
ções do segurado para que os dependentes possam ter direito. Neste sentido:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
IV - vinte e quatro contribuições mensais, no caso de auxílio-reclusão.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Logo, para que os dependentes do segurado tenham direito ao auxílio reclusão, é neces-
sário que ele tenha cumprido a carência de 24 contribuições mensais. Para além da carência, os
demais requisitos são dispostos no artigo 116 do Decreto 3048/99:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Art. 117. O valor do auxílio-reclusão será apurado na forma estabelecida para o cálculo
da pensão por morte, não poderá exceder o valor de um salário-mínimo e será mantido
enquanto o segurado permanecer em regime fechado.
Recluso em Regime
Fechado
Carência de 24
Auxílio-Reclusão
contribuições mensais
Valor máximo de um
salário-mínimo
3.10. Salário-Família
O salário-família é outro benefício pago aos segurados que se enquadrarem no conceito
de baixa renda. Entretanto, não é devido a todos os segurados, conforme dispõe o artigo 81 do
Decreto 3048/99. É devido ao segurado empregado, empregado doméstico e ao trabalhador
avulso. São excluídos o segurado especial, o contribuinte individual e o segurado facultativo.
Neste sentido:
Art. 81. O salário-família é devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive o
doméstico, e ao trabalhador avulso com salário de contribuição inferior ou igual a R$
1.425,56 (mil quatrocentos e vinte e cinco reais e cinquenta e seis centavos), na proporção
do respectivo número de filhos ou de enteados e de menores tutelados, desde que com-
provada a dependência econômica dos dois últimos nos termos do disposto no art. 16,
observado o disposto no art. 83.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Cota fixa
3.11. Salário-Maternidade
O salário-maternidade é o benefício pago em razão do nascimento, adoção ou guarda
judicial de criança com até 12 anos de idade, com duração, como regra geral, de 120 dias, con-
forme disposto no artigo 93 do Decreto 3048/99:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Excepcionalmente, poderá ser prorrogado em até 28 dias, sendo 14 dias antes, e, 14 dias
depois do parto, conforme atestado médico que será submetido a avaliação médico pericial a
cargo do INSS, conforme previsão do § 3º do artigo 93 do Decreto 3048/99.
Para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa, não há exi-
gência do cumprimento de carência. Neste sentido:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
(...)
III – dez contribuições mensais, no caso de salário-maternidade, para as seguradas con-
tribuinte individual, especial e facultativa, respeitado o disposto no § 2º do art. 93 e no
inciso II do art. 101.
A legislação prevê ainda uma flexibilização na carência para casos de parto antecipado,
sendo a carência proporcional ao número de meses em que o parto foi antecipado. Como regra
geral, uma gestação dura 9 meses, logo, a carência é de 10 contribuições mensais. Se, o parto
ocorre, por exemplo, no sétimo mês, a carência será de 8 contribuições mensais. Assim:
Art. 29. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social,
ressalvado o disposto no art. 30, depende dos seguintes períodos de carência:
(...)
Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o
inciso III será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em
que o parto foi antecipado.
Em casos de aborto não criminoso, a legislação prevê salário-maternidade por duas se-
manas. Neste sentido:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
A renda mensal inicial terá uma forma de cálculo conforme a qualidade de segurado. Em
relação a segurada empregada, o salário maternidade pode ser superior ao teto do valor
dos benefícios previdenciários, quando sua remuneração mensal for superior ao teto do INSS.
Neste sentido:
Art. 94. O salário-maternidade para a segurada empregada consiste numa renda mensal
igual à sua remuneração integral e será pago pela empresa, efetivando-se a compensa-
ção, observado o disposto no art. 248 da Constituição, quando do recolhimento das con-
tribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, devendo aplicar-se à renda men-
sal do benefício o disposto no art. 198.
A trabalhadora avulsa tem o benefício calculado conforme previsto no artigo 100 do De-
creto 3048/99:
Art. 101. O salário-maternidade, observado o disposto nos art. 35, art. 198, art. 199, art.
199-A ou art. 200, pago diretamente pela previdência social, consistirá:
I – no valor correspondente ao do último salário de contribuição, para a segurada empre-
gada doméstica, observado o disposto no art. 19-E;
II – em um salário-mínimo, para a segurada especial;
III – em um doze avos da soma dos doze últimos salários de contribuição, observado o
disposto no art. 19-E, apurados em período não superior a quinze meses, para as segura-
das contribuinte individual e facultativa e para a desempregada que mantenha a qualidade
de segurada na forma prevista no art. 13.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Importante mencionar que a reabilitação profissional, embora seja obrigatória “Não cons-
titui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no mesmo emprego ou a sua
colocação em outro para o qual foi reabilitado”.
Por fim, o artigo 141 do Decreto 3048/99 faz a previsão de que empresas com mais
de cem funcionários deve preencher um percentual de seus cargos com beneficiários re-
abilitados ou na condição de pessoas com deficiência. Neste sentido:
Art. 141. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois por
cento a cinco por cento de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas porta-
doras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I – até duzentos empregados, dois por cento;
II – de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III – de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou
IV – mais de mil empregados, cinco por cento.
Feitas estas observações, encerra-se o tópico dos benefícios previdenciários, sendo es-
tudado, a seguir, o benefício de prestação continuada a da assistência social.
4. Assistência Social
A assistência social, conforme disposto no artigo 203 da CF/1988 será prestada a quem
dela necessitar, conquanto se enquadre na condição de pessoa com 65 anos ou mais, ou, pes-
soa com deficiência, sendo que, em ambos os casos, o postulante ao benefício deverá compro-
var não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele
que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
A fixação deste lapso temporal mínimo permite afirmar que uma doença ou incapacidade
pode ser considerada deficiência, desde que produza efeito pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
De todo modo, quando não produzir efeito pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos, não se terá o
reconhecimento da condição da pessoa com deficiência.
Observação: Caso o conceito de pessoa com deficiência seja cobrado na prova, o enun-
ciado obrigatoriamente deverá trazer subsídios para isto. Não há como criar uma regra geral e
abstrata. A condição de pessoa com deficiência será aferida no caso concreto.
Observe o esquema sobre o tópico:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Não
contributivo
Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que trata o art. 94 da Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a pessoa com defici-
ência moderada ou grave que, cumulativamente:
I – receba o benefício de prestação continuada, de que trata o art. 20 desta Lei, e passe a
exercer atividade:
a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-mínimos; e
b) que enquadre o beneficiário como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência
Social ou como filiado a regime próprio de previdência social da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios;
II – tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do requerimento do auxílio-inclu-
são;
III – tenha inscrição regular no CPF; e
IV – atenda aos critérios de manutenção do benefício de prestação continuada, incluídos
os critérios relativos à renda familiar mensal per capita exigida para o acesso ao benefício,
observado o disposto no § 4º deste artigo.
5. Prescrição e Decadência
Prescrição e decadência são temas que se aplicam aos mais variados ramos do direito.
No direito previdenciário não seria diferente, razão pela qual o tema será visto, sob a ótica da
disciplina, neste tópico específico.
A questão da decadência no direito previdenciário encontra-se regulamentada no artigo
347 e 347-A do Decreto 3048/99, os quais determinam:
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
Art. 347. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do
segurado ou beneficiário para a revisão dos atos de concessão, indeferimento, cancela-
mento ou cessação de benefício e dos atos de deferimento, indeferimento ou não conces-
são de revisão de benefício, contado:
I - do primeiro dia do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da
data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou
II - do dia em que o segurado tiver ciência da decisão de indeferimento, cancelamento ou
cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de
revisão de benefício no âmbito administrativo.
(...)
Art. 347-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que de-
corram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
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1ª Fase | 38° Exame da OAB
Direito Previdenciário
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