ESCOLA: Centro de Ensino São José Operário Turma:
DISCIPLINA: Biologia Professora: Glínia Carvalho
Aluno: Nº:
ORIGEM DA VIDA
Entre a metade final do século XVII e o início do século 18, ocorreram intensos debates
sobre como os seres vivos eram formados. Uma das teorias mais defendidas na época era a da
abiogênese também chamada geração espontânea.
A TEORIA DA GERAÇÃO ESPONTÂNEA
A geração espontânea era uma ideia antiga, defendida pelo filósofo grego Aristóteles. E
aceita durante muito tempo, por parte dos estudiosos. Segundo essa teoria, os seres vivos poderiam se
originar da matéria inanimada. Essa teoria foi testada por meio do ensaio proposto pelo médico belga
Jean Baptiste van Helmont. Em uma caixa, ele colocou camisas sujas de suor e espigas de milho.
Após algum tempo, foram encontrados ratos na caixa. Com isso, Helmont deduziu que os ratos
tinham se produzido espontaneamente a partir das camisas e das espigas de milho.
A rejeição da geração espontânea
O médico italiano Francesco Redi questionava a teoria da geração espontânea. Por isso,
realizou um experimento para comprovar que os seres vivos originavam se de outros seres vivos, e
não da matéria inanimada.
Francesco Redi propôs um experimento
simples: ele colocou pedaços de carne em frascos,
deixando alguns abertos e outros cobertos com uma
fina camada de gaze. Após alguns dias, surgiram
larvas na carne presente nos frascos abertos. Esses
recipientes haviam sido visitados por moscas, e o
surgimento de larvas demostrava que esses
organismos foram, na realidade, trazidos pelas moscas
e que não haviam surgido da carne.
O longo embate entre Needham e Spallanzani
Apesar de enfraquecida pelo resultado do experimento de Redi, a teoria da geração
espontânea continuava sendo defendida por alguns estudiosos, principalmente para explicar a origem
dos microrganismos observados com o advento do microscópio.
Um dos defensores era o naturalista inglês John Needham. Influenciado pelas ideias de
seu colega francês George Buffon, ele realizou um experimento que procurava demonstrar a geração
espontânea de microorganismos. John Needham, em 1745. Realizou novos experimentos que
vieram a reforçar. A hipótese de a vida poder originar-se por abiogênese. Consistiam em aquecer em
tubos de ensaio líquidos nutritivos com partículas de alimento. Fechava os impedindo a entrada de ar
e os aquecia novamente. Após vários dias nesses tubos, proliferavam enormes quantidades de
pequenos organismos. Esses experimentos foram vistos como grande reforço a hipótese da
abiogênese.
Mas em 1768. Lázaro Spallanzani criticou duramente a teoria e os experimentos de
Needham através de experimentos similares, mas tendo fervido os frascos fechados com sucos
nutritivos durante 1 hora que posteriormente foram colocados de lado durante alguns dias.
Examinando os frascos, não encontrava se qualquer sinal de vida. Ficou, dessa forma, demonstrado
que Needham falhou em não aquecer suficientemente a ponto de matar os seres pré-existentes na
mistura.
Isso, no entanto, não foi suficiente para descartar por completo a hipótese da abiogênese.
Needham replicou, sugerindo que ao aquecer os líquidos a temperaturas muito altas pudessem estar
se destruindo ou enfraquecendo o “princípio ativo” ou “força vital”. A hipótese da biogênese
continuava sendo aceita pela opinião pública. Mas o trabalho de Spallanzani pavimentou o caminho
para Louis Pasteur.
Em 1962, O químico francês Louis Pasteur realizou alguns experimentos que
contribuíram para eliminar divergências sobre essas teorias. Trabalhando em uma empresa de
fermentação, Pasteur ficou interessado na multiplicação dos microrganismos e, após diversos estudos,
desenvolveu o experimento a seguir.
Pasteur colocou líquidos com nutrientes em frascos de vidro. Ele entortou a cânula desses
frascos e, em seguida, ferveu esses líquidos de maneira suficiente para que o ar e o líquido fossem
esterilizados. Isto é, livre de microorganismos. Após alguns dias, Pasteur observou que não houve o
desenvolvimento de microrganismos no interior dos frascos, mesmo em contato com o ar. Isso foi
possível, pois a forma como a cânula foi entortada permitia passagem do ar para dentro do frasco,
mas impedia a entrada dos microrganismos que eram barrados pelas paredes da cânula. Pasteur
repetiu o experimento, mas dessa vez quebrou a cânula de um dos frascos. Após alguns dias, ele
observou que o líquido do interior deste frasco foi contaminado com microrganismos. Isso ocorreu
porque a barreira imposta pela cânula foi retirada, permitindo que os microrganismos presentes no ar
entrassem em contato com o líquido e se multiplicassem.
Ao final do experimento, Pasteur verificou que, em uma solução estéril, não ocorre o
desenvolvimento de nenhum microrganismo. Isso pode acontecer somente se um microrganismo vivo
entrar em contato com essa solução. Dessa maneira, ele comprovou a teoria da biogênese, que
defende que o surgimento de um ser vivo somente é possível a partir de outro, mesmo no caso dos
microrganismos.
A TEORIA DE OPARIN E HALDANE
Após a consolidação da teoria da biogênese, seguiu-se uma importante questão entre os
cientistas: como surgiu a vida na Terra? Se um ser vivo se origina apenas a partir de outro, então
como poderia ter surgido o primeiro ser vivo no planeta?
Nas décadas seguintes ao experimento de Pasteur, estudos apontavam que o surgimento
da vida poderia ter ocorrido a partir do rearranjo de moléculas orgânicas simples. Mas,
diferentemente da abiogênese, esses estudos descartavam a existência de forças vitais que agiam na
formação da vida.
Na década de 1920, o bioquímico russo Alexander Ivanov Oparin e o biólogo inglês John
Haldane propuseram uma teoria segundo a qual a vida teria surgido a partir de uma evolução gradual
dos sistemas químicos. De acordo com esses cientistas, a atmosfera da Terra primitiva era composta
pelos gases metano, hidrogênio, nitrogênio, amônia e vapor dágua.
Como consequência da ausência do gás oxigênio na atmosfera, não existia a camada de
ozônio para proteger a Terra dos raios ultravioletas do Sol. Dessa maneira, a energia para a síntese de
moléculas orgânicas vinha do bombardeamento de raios ultravioleta, bem como das constantes
descargas elétricas frequentes na atmosfera primitiva.
Ainda segundo Oparin e Haldane, o oceano primitivo também teve um papel importante
nesse processo. De acordo com os cientistas, naquele período o oceano era uma espécie de sopa
primordial, constantemente agitada, na qual as moléculas podiam realizar diversos tipos de interações
químicas. Essas interações permitiram a formação de coacervados ou protobiontes, agrupamento de
moléculas que mantinham um ambiente químico interno diferente do externo, mas que não podiam se
reproduzir.
MILLER e UREY
Na década de 1950, o bioquímico Miller, orientado por seu professor Urey, testou a
hipótese de Oparin e Haldane com um experimento que simulou as diversas condições existentes na
Terra primitiva.
Durante o experimento, eles pegaram uma solução química que foi aquecida, liberando
vapor de água e gases como amônia, metano e hidrogênio. Os gases produzidos receberam descargas
elétricas. Um condensador foi utilizado para resfriar os gases que passaram para o estado físico
líquido e precipitaram em forma de gotas o líquido formado foi recolhido e analisado.
Ao analisar o líquido recolhido, Miller observou a formação de moléculas orgânicas que
anteriormente acreditava-se serem produzidas somente por células vivas. Entre essas moléculas
estavam os aminoácidos alanina e glicina, substâncias orgânicas encontradas nos seres vivos. Esse
resultado reforçou as análises realizadas por Oparin e Haldane.
Panspermia
Outra teoria a respeito da origem da vida é chamada de panspermia, palavra de origem
grega que significa sementes por todos os lados. Essa teoria afirma que a vida na Terra se originou a
partir de seres vivos provenientes do espaço e que aqui se desenvolveram nas diferentes formas de
vida.
A primeira menção a Panspermia foi feita pelo filósofo grego Anaxágoras (500 a.C. – 428
a.C). No século XIX, a teoria da panspermia foi resgatada por alguns cientistas, como médico e
químico sueco berzelius. E o matemático e físico irlandês, Thomson. Esses cientistas afirmavam que
esses seres vivos teriam chegado à Terra por meio de meteoritos.
Atualmente, a teoria da panspermia admite algumas variações. Alguns pesquisadores
afirmaram que a matéria biológica teria chegado à Terra por meio de meteoroides vindos de planetas
do Sistema Solar ou de fora dele. Outros chegam a afirmar que essa matéria biológica teria sido
transportada propositadamente por uma civilização extraterrestre avançada.
A mais recente contribuição para essa teoria foi feita por 2 astrônomos, o britânico Fred
Hoyle e o cingalês chamado Chandra. De acordo com esses cientistas, é realmente possível que
cometas carreguem vida bacteriana pelo espaço. Essa afirmação tem como evidência a detecção de
matéria orgânica no espaço interestelar, principalmente em cometas.
AS PRIMEIRAS CÉLULAS
Após diferentes hipóteses sobre a formação da vida na Terra, outros questionamentos
começaram a ser formulados, entre eles os de como surgiram as primeiras células.
Com o avanço das pesquisas científicas, surgiram fortes indícios de que as primeiras
células foram formadas após milhões de anos de rearranjos moleculares. Com esses rearranjos, as
moléculas se tornaram cada vez maiores, mais complexas e estáveis, tais como os carboidratos, os
lipídios, as proteínas e os ácidos nucleicos que formariam o DNA e o RNA. A interação entre
algumas dessas moléculas resultou na membrana plasmática, estrutura que permitiu a entrada, a
retenção e a saída de substâncias do interior das células.
As primeiras células formadas eram procarióticas, ou seja, não possuem núcleo nem
estruturas membranosas em seu interior, similares as bactérias e a arqueobactérias atuais. Essas
células possuem somente uma membrana plasmática que separa o meio externo do interno e seus
componentes estão quase todos dispersos em seu interior. As células procarióticas não possuem
organelas membranosas, tais como mitocôndrias, responsáveis pela captação de gás oxigênio e
produção de energia e nem cloroplastos responsáveis pela captação de luz solar e produção de
carboidratos. Além disso a estrutura e o metabolismo das células procarióticas são mais simples do
que os das células eucarióticas que possuem um núcleo delimitado por membrana assim como as
organelas distribuídas em seu citoplasma.
Estudos indicam que a formação das células eucarióticas se iniciou com a invaginação da
membrana plasmática das células procarióticas, processo que levou à formação de algumas organelas,
como o retículo endoplasmático e a membrana nuclear. Essa última separou o material genético do
citoplasma da célula.
TEORIA ENDOSSIMBIONTE
Em 1970, a bióloga Lynn Margulis. Elaborou uma teoria para explicar a origem da
mitocôndria e do cloroplasto no interior da célula eucariótica. Era a chamada teoria da
endossimbiose. Segundo essa teoria, a formação da mitocôndria ocorreu quando uma célula
procariótica que que metabolizava oxigênio, foi capturada por uma célula eucariótica. A célula
capturada conseguiu escapar do mecanismo de digestão celular e se diferenciou, tornando-se uma
mitocôndria.
De acordo com Margulis, um processo similar ocorreu na formação do cloroplasto: uma
célula eucariótica, que já possuía uma mitocôndria, englobou uma célula procariótica
fotossintetizante, provavelmente uma cianobactéria. Essa cianobactéria se diferenciou, e formou o
cloroplasto, originando uma célula ancestral eucariótica autotrófica.
Essa teoria é sustentada por diversas evidências observadas nas células eucarióticas
atuais. Veja algumas delas:
1. Mitocôndrias e cloroplastos possuem seu próprio material genético. E ribossomos.
2. Grande semelhança entre o material genético e os ribossomos dessas organelas com
algumas bactérias.
3. Mitocôndrias e cloroplastos possuem 2 ou mais membranas, sendo que a mais interna
é similar à dos procariontes.
TEORIA HETEROTRÓFICA E TEORIA AUTOTRÓFICA
A hipótese heterotrófica é uma das hipóteses que buscam explicar a forma de nutrição dos
primeiros organismos vivos que surgiram na Terra. Como o nome indica, essa hipótese afirma que os
primeiros seres vivos apresentavam uma nutrição heterotrófica, ou seja, eles eram incapazes de
produzir seu próprio alimento, absorvendo matéria orgânica presente no meio.
Esses organismos, após a captação da matéria orgânica, realizavam fermentação para
garantir a produção de energia necessária para a realização de suas atividades. "Isso deve ao fato de
que a respiração aeróbia, feita pela maioria dos seres vivos atuais, não seria possível em um ambiente
com baixa concentração de oxigênio. Além disso, nesse tipo de respiração, uma série de reações
químicas ocorrem, sendo necessário uma grande quantidade de enzimas e uma maior complexidade
desses organismos.
À medida que o tempo passou, as condições ambientais no planeta modificaram-se. A
quantidade de moléculas orgânicas disponíveis no meio ambiente reduziu-se, diminuindo a
quantidade de alimento disponível. Surgiram nesse cenário organismos capazes de sintetizar seu
próprio alimento, utilizando-se da luz solar e do gás carbônico disponível no ambiente. Esses
organismos eram, portanto, fotossintetizantes.
Com a atividade dos organismos fotossintetizantes, uma maior quantidade de oxigênio foi
liberada no ambiente. Esse oxigênio disponível passou a ser utilizado, por alguns seres, no processo
de respiração aeróbia, que garante uma maior produção de energia do que aquela conseguida pela
fermentação.
Os defensores da hipótese heterotrófica afirmam que os primeiros seres vivos eram
muito simples, não apresentando aparato suficiente para produzirem seu próprio alimento, sendo
necessária a absorção de matéria orgânica do meio.
Entretanto, os opositores a essa teoria afirmam que na Terra primitiva, provavelmente,
não existiam quantidades suficientes de matéria orgânica para que esses organismos conseguissem
sobreviver e aumentar sua população. Desse modo, os críticos afirmam que o mais provável é que os
primeiros seres vivos fossem autotróficos e obtivessem seu alimento por meio da quimiossíntese.
A hipótese autotrófica afirma que os primeiros seres vivos que surgiram em nosso
planeta eram capazes de produzir seu próprio alimento. Vivendo em um ambiente completamente
hostil, esses seres teriam sido capazes de retirar do ambiente a energia necessária para a produção da
matéria orgânica de que precisavam.
Provavelmente, os primeiros seres vivos não eram fotossintetizantes, como plantas e algas,
mas sim quimiossintetizantes, um processo realizado por algumas bactérias. Isso significa que não
utilizavam a luz solar para produção de seu alimento, e sim a energia proveniente da oxidação de
compostos inorgânicos presentes na Terra primitiva.
A hipótese autotrófica é sustentada no fato de que atualmente é possível observar-
se bactérias quimiossintetizantes vivendo em locais extremos, como as fontes hidrotermais, que se
destacam pela presença de vários metais e água em altíssima temperatura. De acordo com os
defensores dessa ideia, se bactérias são encontradas atualmente vivendo nesses ambientes e
realizando esse tipo de nutrição, provavelmente, organismos com características semelhantes podem
ter sobrevivido dessa forma às condições extremas da Terra quando a vida surgiu.
A principal crítica feita a essa hipótese é o fato de que os primeiros seres vivos que se
estabeleceram no planeta eram muito simples e, provavelmente, não tinham o aparato necessário
para a realização de processos autotróficos. Os críticos à hipótese autotrófica afirmam que o mais
provável é que os primeiros seres vivos se alimentassem de matéria orgânica disponível no meio.
Vale salientar que a hipótese autotrófica também apresenta críticas, uma vez que não se
sabe se a quantidade de matéria orgânica disponível no meio seria suficiente para sustentar os novos
organismos que estavam sendo formados.
ATIVIDADE
1. Diferencie teoria da abiogênese e biogênese.
2. Por que o resultado do experimento de Francesco Redi contestou a teoria da abiogênese?
3. Como o experimento de Pasteur sobre a geração de microrganismos fortaleceu a teoria da
biogênese?
4. O que seriam os coacervados?
5. Que moléculas existiam na Terra primitiva, segundo Miller e Urey?
6. Escreva as diferenças entre a teoria heterotrófica e a teoria autotrófica.
7. O que é endossimbiose?
8. Como os organismos fotossintetizantes modificaram a atmosfera primitiva da Terra,
permitindo o aparecimento de outras formas de vida?
9. Solange cortou uma goiaba ao meio e encontrou um bicho. Elabore uma explicação baseada
na teoria da geração espontânea para a situação. Proponha também uma explicação baseada
na teoria da biogênese.
10. Coloque na ordem os acontecimentos abaixo, desde o início da vida na Terra até o
aparecimento dos seres vivos atuais.
( ) formação das primeiras células
( ) formação de moléculas orgânicas complexas
( ) aparecimento de organismos capazes de produzir alimentos pela fotossíntese
( ) surgimento dos primeiros organismos aeróbicos