LAMPIAO TAMBEM NAO ERA FEITOSA
BASTARDO
CARLOS FEITOSA
EM livro sod o titulo «Capitio Virguline Ferreira Lamplios, Rio, 1962, 0
Sr. Nortan Macedo divulga falso Miame familiar, vineulando o tamose Interven-
tor do Sertao acs FEITOSAS DOS INHAMUNS, dando a obra um capitulo sob
esta_epigrate.
Fazendo ressalr a verdade, 4 1u2 da Historia do Ceard, do Tratade Genes-
Jégico da Familia Feitosa, do Sr. Leonardo Feltosa, Fortaleza, 1962, Tipografia
Paulina, e de outras pecas histéricas, destiz o valdo esforgo do Sr. Nertan em
artigo estampado em «Q Povo de 30-11-1963, com a denominacc de «Larpiio
nEo era Feitosa> (elm Caso de Distorcte Histérlea>)
Inconformado, pelo mesmo veiculo, e escudandose numa Indignidade, o Sr.
Nertan macula # memdérla do Udador Int!morato e de seus prdprios pals, que
morecem todo c nosso respeito, publicando esta reepesta —
. Tal apreciagio em
caganje & uma tentatlva para fugir a0 tema dos nossos desentendimentes, Usando
do dircite de retorsfic, afirmo que, em «petigho de misérie> andarla © Estado,
se 0 Govémno deste ouvidos as inslnuactes do Fiscal do TBAD Nertan Macedo,
Quem quiser eaber que organisma ¢ éste, Inia 0 livro «IBAD — Sigin ds Cor-
rupsio», do Sr, Eloy Dutra, Rio, 1963, Fdltbra Clvilizacko Brasileira, Daqul por
Aiante eu o invecarel como Fiscal, a que, Indavidamente, fui tratade come Juiz.
Ao quo, depols, oscevera: «Pouco se me dé que ése magistrade, cheio de
azedume, parco de educeefo, quelra fazer prevalecer, como verdade tinica € In
destrutivel, a sua versio s6bre o sespeltavel cli familiar.» Aatde © carente de
educagio quem se demonstrou fol o meu antzxonista. Sua Hnguagem nfo @ 3
de quem tem educacdo, mas a de quem ¢ moralmente Inrapaz de confessar um
trro, ¢ Intelectualmente impotente para deferder sous pontos de vista, quando
insustentévels e vulnerados. © fiscal, e ndo cu, @ quem quer «fazer prevalecer,
como verdade unica e indestrutivel, a sua verstio», pois, em seu livre, afizmou:
*De qualquer forma, um Feftosa> (pag, 185). Allés, nfo é so uma, slo duas, a
do pat e a do bisevd, A minha nko 6 unica nen Indestrutivel, pois admite ou.
tras, contanto que se uduzam provas. Busco # verdade, nfo procure impingtia,
Continuando, diz que «faga 0 julz Feltosa bom proveite de sua eradicho ¢
doixe em poz quem nunca o vin mals gordor. Acredite 0 fiscal Macedo que € a
contragosto que 0 conteste, mas nfo poderla deixi-lo em paz com o seu argo,
enguanto trouxer @ puloileo suas Invercionices @ respelta da familla a que per-
tengo. Erudictio nfo a tenko, apenas aprovelto minhas horas de lazer lendo 9
histérla de minha terra, e, em particular, a de minha familia, @ 0 meu hobby.
Confessando 0 seu athcamonto ao assunto, declara: «Soret suetnto, embora
cont razGes de sobra para ser prolixo, tanto quanto 0 malcriado Juv, eujo falr-
play € sindnimo de grosseria.» Nao hé mérito algum em o escrivinhador ser
prolixo, Pelo contrério, t21 pratica constitul demérlto, Mels do aue eu, 0 fiscal
demonstrou set malerlado © grosseiro. A atitude temperamental do fiscal fez
Jembrer cen contada por Flomero. Vencida Tréia, reuniram-se os conguistado-
Fes sob a presidénela de Agamenfo para estudarem @ partllha dos despojos.260 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA
Aquiles reclemou malor quinhio, por ter sido o mais bravo, Os outros pare:
clam nfo concordar e, entio, o reclamante, indlgnado, deblaterou. Agamenso,
stbiamente, o adverte: «Tu te agastas, fllho? Entio nfo tens razie!»
A violéncia ¢ a arma de que se servem os desasalatidos de razho.
Zangado porque Bo louvel o livro — ¢, se assim agi ¢ poraue a sua melhor
parte & a transcricSo do que outros disscram, sendo 6ua obra verdadelro pro-
duto de parasitismo Hterério —, sentencia: «Devolvo o julz Feitosa ao lyro
do qual saiu jejuno.> N&o precisa o fiscal Nertan Macedo recomendarme que
relela 0 seu Ilvro, pols que $6 até tresit e a te voltare! togas ax vozes que fOr
necoscérlo. Jejuno quem esté € o fiscal Macedo, no tocante & Histéria de Ceard.
Com Indlstarcével falta de modéstla. reclama o fiscal do IBAD que ea nao
‘tenka gostado da subliteratura que, com muito esforco, vem elaborando, multe
elogiada, no seu dizer, por outros «que se ckamam Adonlas Filho, Octévio ae
Farias, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Plinio Salgsdo, Willy Lewin, Alvaro
Moreira (para citer apenas alguns de quase uma centena de nomes nactonals
que o magistrade tgnora @ que sobre os meus livros se pronunciaram). No
ignoro sses nomes e nem suas obras, pols que ce trata de intelectuals yor
demas conhecidos.
© elozio déles, multas vézes. ¢ encomendad pela Edltéra, que thes manda
os livros — na mafotla Gos casos, sem cléneia do sutor, e, até, sem contacts
Pestont entre o autor das louvaminkas © o afithade — com a recomendacko ex-
pressa de que elogle a obra, senao ele fica nas prateietres, e a conseqiiéncia é
a de que o editor terd prejulzos. Veledamente, éstes dizeres contém a ameagn:
se nfo o fizer, 0 seu trabalho naa seré publicade
Luiz Pinto, comentando o romance «O Dragior, do pocta José Alcldes Pinto,
recentermente vindo @ lume, dé-nos ¢ seu testemunho do valor déstes elogiog:
4A critica de notinhas elogiosas, pedidas, rogadas, quase sempre é responsive!
por esse proliferacho.2 (, E iogo mals, <¢ um livto de linha neutras. Ora, se nfio é tra
dalho nistérico e nem ce fiecao, mas, do clinha neutrax, por que se aferro
tanto em sustentar um érro d= Unhas Aistérico-xenealdgicas, citanéo um histo
Tlador isolado em cantradi¢zo com quase uma dezena de outros, do malor con:
celto? Por isto € que nfo faz sentide essa definicéo de pesiciu de sua obra.
Reportando-se & feltura do livro, diz que «fo preolou reccrrer no Bazin
de Studart nem meter o nariz nas tracas dos cartériog do sertio. Allés, hd multa
kente que Penta que fazer historia ¢ sdmente rebuscar arquivos, fugar acumen.
tos. Talvez seja por isto que o Cearh née tem um intérprete come Pernambuco
tem um Gilberto Freyres. Na verdade quem escreve historia «por quase ins-
tintor ro precisa «meter o nariz nas tragas dos cartérlos do serthor:REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 261
fsse entender do Sr. Nertan é érro palmar. Felar-se em histéria, em Barto
de Studert ¢ trazer & baila Gilberto Freyre, como elemente de prol de outre
Estado, sobrepondo aste aqueie, ¢ desconhecer a obra de um e a de outro. K
confundir alhos com bugalhos. # nfo saber que um foi historiador (Bardo de
Studart), @ dos mais corretos, © 0 outro (Gilberto Freyre), sociélogo, alls,
yesza, que s6 vé as colsas sob um prisma. B «0 Homem do um blho Sé» (LL
vrarla Freitas Bastos, 1961}, do meu comuniclpe Joaquim Plmenta, autor do
terrive! Hibolo Cultura de Fichirie e da arrojads Seciologia Juridica do Trabalho.
Sendo © Sr. Nertan Macolo «0 homem de um lluro sé», 0 de Théherge, &
querendo, & farca, que se elogiem os seus trabalhos, nio é de se estranhar sua
admiragio pelo ensimesmado , bem assim, , e, mals tarde, enfelxou-os, com outros tra-
baihos, em «Cearé — Homens e Fatos». J& vimos que, do mesma modo, sgiu Pedro
‘Théberge. assenhoreando-se do acevo histérieo do Ieé — a metrépole do Interior
nos tempos coloniais — para confecclonsr o seu (pSg. 185), supondo tratar-se de um representante do ramo Ferreira
Ferro, donde o capitulo FEITOSA DOS INHAMUNS, do seu livro.
© notavel folelorista Luis da Camara Cascudo, um dos mais argutos pea-
quisadores do Brasil, para quem os cartérios e os arquivos das camaras do
interior sfo as sues mais belas jéias, nao seria leviano em afirmar o despau-
terio de que Lempliio serla Feltosa dos Inhamuns. Sle pode ier achado possl-
vel, mas de wma possibidsde a uma afirmagso, demanda muito tempo para
uma pesquisa, Jumals Cascudo externarl sto por escrito, sem exame acurade,
se 6 que disse.
‘Tradugso oral de Lampiio ser Feltosa, nem dentre os de Pernamhuca Isto
6 possivel, nis obstante a histéris dossa familia, Id, ser povco conhecida agul.
Nos sertées do Carirl, do @Quixclé © dos Inhamuns, asseguro que ela nap existe.
Contesto que se declare os nomes das pestoas ouvidas nessas pesquisas, que nao
foram feitas. O depolmento de uma dnica pessoa nio faz prova. Jé dizlam os
Tomanos: testis uns testis nullus, F, tanto mals, 0 dizer de um sé individuo
nfo forma uma tradigGo. Mas, vamoa dissccar a falea tradigio de quo fala o
Sr. Nercan.
Gomes de Freitas, o vivente que Ihe falou em nome dos Inhamuns, $4 Ihe
desnentiu em «C Povo» de 21-22 de dezembro de 1963, quando, desajeltadamente,
2 para satisfazer o Sr. Nertan, arranjou un bastarde com o nome de José Fer
relra, filo de Manuel Ferrelra GONDIM. Ora, se o pai era Manvel Ferreira
GONDIM, 0 filho devoria ser José Ferreira GONDIM. © nome do avd do Lam-
plio, cliado por Nertan, & José Ferreiza da SILVA. coisa bem diferente. Dai
Por diante, Gomes de Fraltas, enredado em lames gonenlégicos ¢ nfo podenda
sair-se do labirinte em que se meteu, abandonou José Ferreira com estas pa-
lavras: «Perdeu-se nos sertGes e agrestes de Pernambucos, e, déle, «rezam as
tradig6es, provém Lampidox. Jofio Forroira, trmtio de Lampifio, ji atestou sor
Inveridica essa adusio.
Desencontrandose do Sr. Gomes de Freitas, 0 Sr. Nertan nao perdeu o seu
hersi, Localizoi-o em Vila Bela (nig. 185). O pior de tudo isto é que o Sr
Nertan ainda diz que se apéia cm Gomes de Freitas, As tradigées tém que ser
fundamentadas por pesquisas. pois que, ouvin dizer © parece, diz 9 povo, n&o
se conta. Nao provada, a histéria pacsa a ser ostéric, quo ¢ outra coisaREVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 263
Allés, 9 narrativa do Sr. Gomes de Fretins, incluinde um bastardo no melo
dos fez legittmos aa Manuel Ferreira Gondim, fax lembrar aquela outra em que
um Individuo, armade de uma espingarda de churcho, metou, numa lagoa, doz
marrecos com um s6 tro. Intervém um companheiro: @ um macaco. O cacador,
As pressas, com a férca da tmaginacho, construlu uma cérea na lagoa, para po-
der salvar o péta do amigo, pots que macaco nao vive ndgua. Meu conterraneo
Gomes de Freltas precisa reencontrar ésse bastardo que éle perdeu no intertor
de Pernambuco. Do contrario... sua histérla fleard sendo estérla.
Quanto A do Sr, Meton Vieira, talande pelo Quixeld, disse-me fle que a sua
histéria fol ouvida no Ginésio do Crato, pelog Feltosas do Barra (Janudrlo ¢
Zaquinha), nico dos Inhamuns, o6 quals, quando acossados pelos colegas, em
trotes, para intimida-los, faziam-se passat por parentes de Lamplao para, com
isto, imprimirems temor, dando-setne fores de valentia, com o que ligavam as
tradiedes bélleas dos Feltosas sos feltog de Lampio. Vejase como uma patus-
cada de estudantes, contada como pilhéria, passa a ser impingida como histérla.
Allés, para se saber quanto © Dr. Meton Vielra pouco conhece de Lampido,
Dasia a transcricho déste trecho de sua autorla: «Quem canhece Conceigto do
Plancé —~ no este paralbano, bem sabe sua posi¢io de terra bellgerante, pols
fica ela cercada por wma seaiiéncia de zonas, outrora de cangaco brabo, pols ao
sul flea o municipio de Serra Tslhada, om cujo centro esta a zone do Pau
de Fiéres e Riacho do Navlo, de ofde safram os mals famosos cangaceiros do
Nordeste, bastandose citar Antonio Silvino, VIRGULINO LAMPIAO E SEUS
IRMAOS, SENHOR PEREIRA E LUIZ PADRE para sdmente flear ai.2 (Matanca
Geral Para Matar Jodo da Casa Velha, pendltima de unia série de 10 roporta-
gens, em de 2-21 de junho de 1964),
Senkor Pereira ¢ Luis Padre nunea foram irmias de Lampific. © inico lego
que os uniu fo! o fato de éste ter se iniciado no cangaco no bande comandada
por aquéles 9, per tim, assumido es Tédeas do grupo com o afastamento daque-
les, Os itmSos de Lampl&o, que o acompanharam, forum Antonie, Living e Eze
dulel, este, apelidade do «Ponto Finos. @ esta a soguranca dos informantes da
Sr. Nertan. Tudo estérias. # assim que se formam as falsas tradigdes. Quem
niBo estiver a per da Vida de Lampttio, lende o texto do Dr. Maton sa!rd repe-
tindo que senhor Pereira e Luis Padre eram seus Irmfos, © que, portanto. éle
era Pereira do Pajei de Fldres, tal como o Sr. Nertan que, falsamente, quer
fazer passar Lamp!so por Feltosa dos Inhamuns.
Mals além confessa o Sr. Nertan: eC Sr. Gomes de Freltag me contestoa
nfo ser Lamplio um Ferreita Ferro, e sin, um Ferreira Pedrcea ou Ferreira
Gendim, 0 que vem a dar na mesme coisa, ou seja, Fettosa — e nada além de
Feitosa.» Ora, um elemento das grandes familias Ferreira Ferro, Ferreira Pe
dresa ov Ferreira Gondlm, tngressando na Foltoea, seus descendentes serdo
Feitesss, ¢ ébvio. Mas, de modo algum, os demals membros daquelas familias
Poderao ser consideredos Feitosas, e, assim, tal fate nto «vem dar na mesma
coisa, ou seja, Feltosa — e nada além de Feltosar, pols que € diverse o resul-
tado. Os descendentes do Sargento-Mor Francisco Ferreira Feitogs, enteado do
Coronet Francisco Alves Feitosa, 56 s¢ tornaram Feltosas devido ao seu casa-
mento com D. Josefa Alves Feitnsa, filma do Coronel, de suas segundas nip-
cias, com D. Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina. Do contrarlo, éles
Mio seriam Feitosas, Do mesr.o modo, nAo tendo delvado descendéncla 0 Co-
malsedrio-Geral Lourenco Alves Feltosa, cosado com D. Anténla de Oliveira Lel-
te, da familia Gondim de Gotana, pols que, falecendo ela @ ¢ filho, Coronel Low.
rengo Alves Penedp ¢ Rocha, segue-se que, com a morte do rebento Gnico, de
sapareces o derradelro laivo de sangue dos Gondins na familia Feltoaa, nessa
primelca goragho,
Assim, dossaa trés familias @ Gnica em que o Mame persiste 6 a Ferreira
Ferro, por cujo vineulo, 44 até o Sr. Gomes de Freitas disse nfo se filia Lampigo,284 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA
© Sr. Nertan astegura que Lampifio era, «de qualquer forma. um Fe'toss»
(pag. 185), provindo do ranmo Ferreira Ferro, Agora, no revide, acetta o alvitre
do Sr. Gomes de Freitas, ¢ s0 conforma em que soja bastardo, podendo, entio,
descender dos Fecretre Pedrosa ou dos Ferreira Gondim. Qualguer tabua de
salvacio, Ine serve, comtanto que nao fique abandonado, O Sr. Nertan vaga no
desconhecido. Largado dos Ferreira Ferro, pelos seus informantes anterlores,
aquéle embarcadicgo do Léide Braslletro, que feou déle mofando por tris
De mancira alguma crelo que o veterano jornalista se agaste com essa afirma-
Bo. dado o seu gdsto pelas colsas da Nordeste. A propria Ordem do Jagungo,
por éle fundada, 6 um desmentido formal & desautorlzada interprotacSo dos sen-
timentos alhelos. Também ndo me aborrecerla ésse parentesco se ficasse pro-
vade que o era. O meu esférgo ¢ no sentido de que ce aclare a histérla, tique
certo o fiscal Macedo. Vamos estudar mais Lampigo.
Nes sertdes por onde andou a fiscal, n&o @ por «Capitio Virgullno Ferreira
Lamplic» que o famoso bandoleiro eonhecldo, mas por Virgulino, Lamplac,
Virgulino Ferreira, Capltfc Virgulino, C. Lampiéo e Capitao Virgulino Lam
Plo. Asam asté escrito por éle, Lampiéo, por repérteros como AdSo Carrazzoni
(cA Nolte), Luciano Carneiro e Pedro Lima («0 Cruzetros, Nonnalo Masson (¢Fa-
tos & Fotos»), e os numerosos folhetings da Iteratura de cordel espathados naa
felras do Nordeste, destacando-se, dentro multos, , ¢Lampido na Bahia», eVisita de
Lampifo a Juazeiros, . Devin tere poupado Gste tra-
balho, fazendo-o éle mesmo, pols que eu 14 o havia felto, N&o o féz, pols vou
darme a ste labor, para, mals uma ves, provar a verdade: «A erénica mals
antiga, corrente nas redondezas, rezava que o bisav6 paterne de Virgulino viera
de TAUA, NA SERRA DO SAQ JOAO DOS INHAMUNS» (pag. 185, do seu
vro). Repare-se que se trata de afirmacho propria, déle, © nfic de transcricio,
Se Tana fica na Serra do Sko Jofo dos Inhsmuns, é curial que Tau seja cidade
serrana. Néo bi como negar.
Depots de minhas resiricces ao Sr. Nertan, quanto @ Lamplao ser Feitosa
dos Inhamuns, volta @le soflsmando: «Quando disse que Lampiio SERIA um
Feltesa BASTARDOs, ¢, mals adlante, «SUGERT apenas uma ascendéncia Fe!-
tosa de Virgulino Ferreira da Silvas (nko é mais Virgulino Ferrelra Lampisic?).
Gra, 14 esta no seu LWvro 0 capitulo: FEITOSA DOS INHAMUNS e, dentro dele,
a afirmagio categériea: , inieinda om
1920 © terminada em: 1928, pensavase que a desintellgéncia teria nascide do de«
conheeimento do tempo de suas concess5es, como dle mesmo, Joho Brigido, con:
fessa: «No fol possivel ainda conhecer-se a época precisa das terras de Jucé:
origem da uta; o que seria um bom apoto para a sua cronologia e ponto de
parti¢a pare o reconhecimento de algumas outres datas (Cearh —~ Homens ¢
actos, 1919, pag. 372)
Depola de identificadas ns terras do Ric de Jucés, viu-se que a orlgem dos
empates dos Montes e Foltosas estava na Lagea do Iguatv e no Rio Trugu, na
Ribelra dos Quixelés, mmulto distante daquelas terras. A préprie romenclatura
dos torais das Iutas nfo assInala nenhum tepdnimo no Alto Jaguaribe, onde se
situa 0 Rio de Jucis, mas 10-a6 na Ribeira do Salgndo ¢ Médio Jeguartbe, cer-
eanias do Icé.
‘© escopo priniordial das lutas fol a chefin politiea do nascente arralal, bi-
partido em Ieé de Gima, dos Montes, e Ye6 de Baixo, doe Feltosas.
A cimensa bibliografias que falet 6 a respeito de Lampige, pots que nola
nfo ha uma s6 referéncta a trabalhos histéricos. No setor da Histéria do Cearé
© fisea! Macedo continua alhalo.
Afirma ainda que «dizes que os Feitosas tinham séqultes de malvados &
mais do que sabldo. Ou seja, que o julz Carlos Feltosa queria que os seus va-266 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA
Tentes ancostrals andassem de parceria com anjos da Cérte Celeste?» Nia con-
testel que os meus mulores Uvessem, a set mando, os seus parentes e amigos,
pols que se trata de fato comum ne Pais, prética usual ainda hoje. © bem co-
nhecide © repto de Jodo Brigido: «quem: tiver avés que nfo malassem ou {0s
sem mortos, levante o dedo!» (Terra ¢ Pave de Cearé, de Stivio Jélio, pig.
53, 1996, Rio, Livraria Carvalho Editéra), O que refutel fol o exegerado nimero
de Indios jenipapos que acomparhava 0 Grupo Feltosa, que nao deve ser cone
fundido com os Feltoses, jé que ésses retivos se agregavam eo Coronel, Jofo
da Fonseca Feltosa a n&o 105 Weltosas,
No entanto, poderia ter argumentado que Osses MALVADOS nfo eram Fel.
tosas, e nfo eram seus seguidores, trazendo ao pérea subsidies do Barao de
Studart,
Com efeito, 0 provecto historiador dé a chefia ¢o Grupo Feitosa ao Coronel
Jodo da Fonseca Ferreira, como se vé désse peas:
«Em poucas palevras formule minhas reflexdes ¢ exponhko minhas divides:
Em 1. lugar. Geraldo do Monte ara o enefe da parcialidade adversaria aos
Fettosas?
Em 20 lugar. O chefe Foltosa chamava-se Coronel Jodo da Fonseca Fer-
relra © aio Capit6o Jogo Ferreira da Fonseca» (sINEDITOS...> (Rev. Trim. do
Inst. do Cearas, 1.¢ tim., tomo X, 196, pég. 149)
Assim, a responaabilidads de mandataria dos excessos da guerra cabe ao
Coronel Joko da Fonseca Ferreira ¢ nfio aos irmAos Feltosas, que lutevam &s
suas ordens diretas, e em defesa do Ouvidor (doc. a. XLIX), gue era o man-
dante. Prova eonereta désse comando @ dessa assertiva vEse fo doc. n.° I, dos
(cInéaitosy do Bartio, de onde traslado éste excerto: «hontem que se contaram
20 deste entrou uma grossa tropa de gente neste Cariri vinda dos Irhamuns, &
se ENCORPORCU com o Coronel Jo’o da Fonseca Ferreira e 0s Tapuyos dos
Jonipapos...» (Carta do Juiz do Jaguaribe ac Senado, de 12 de Junho de 1724),
dos sInéditoss.
Viu-se que @ tropa dos Inhamuns INCORPOROU-SE ao Coronel Joio da
Fonseca Ferreira e aos Tapuias da Nagao Jenipapo. Quem se INCORPORA nfo
tem o Comando. Zste pertence ac incorporador, tal como $4 assinalou o Barko
de Studart, acima. Por gutro lado. estas praticus que foram unr horror, sao
comuns na guerta, mesine nos dias que correm. Leiam-se os autores italiano: a
respelto da ceupacao americana em seu pals, especialmente, ¢A Peles, de Mala-
Parte, de onde © Sr. Jofio Climaco Bezerra colheu esta observagio. «Asslste 20s
meninos senda vendidos. Trés délares uma menina de dez anos, dols ddlares
urn mening, E ¢s negros amerleanos que apa)pam ss meninas, metem as mts
Dor entre os botées dos calgéozinhos dos meninos.» («Romance e Guerras», em
cUnitérloy de 21 de Junko de 1964).
Acentue-se, ainda, gue 0 Coronel Joi da Fonseca Ferreira agla sob o ar-
Ditrio do Ouvidor José Mendes Machado, ¢ que os Feitosas » tudo assistlem com
indiferenga EM CONTEMPLACAO, como se comprova com o doc, n.° KI, nos-
tas palavras: <,..somes Informados aue o Douter José Mendes Machado, vendo
eriar 9 lugar de Ouvidor desta Cap.t, esta educatdo 0s povos della por si e sous
offictaes com lelte tio venenoso que querendo o povo quelxar-se-the do estranho
mode cop; que o vem dlssipando das fazendaa e das Insoléncias com que o esté
opprimindo se valeo do Coronel Jo&o da Fonseca Ferreira com oltenta Tapuyoa
Jenipapos de granadetrag EM CONTEMPLAGAQ dos Feltosas... (Requerimento
do Sensde go Capltio-Mor Manuel Francés, em 14 de setembro de 1724, dos
ainéditoss, do Barho de Studart.
Nese documento verifica-sa 9 terce!ro plano em que ge colocaram os Fel-
tosas nessas desordens, ja que a responsabilidade imtclectual pertencia ao Ou-REVISTA DO INSTITUTO DO CHARA 267
vidor, © comanda go Coronel Joie da Fonseca Ferreira, que contava com os
indios Jenipapos ©, os Feltosas, apenas contemplavam o espeticalo ¢ com éles
contemporizavam.
Em Portaria que © Capitio-Mor Manuel Francés expediu so comdssirio Pedro
da Rocha Franco, os Feitosas estéo exclufdos das arbitrariedades cometidas pelo
Cuvidor @ pelo Coronel Joao da Fonseca Ferreira, Lése rela: «Ordeno ao Co-
missArio-Geral Pedro da Roche Franco por serve.t de S. Mage. nic dé gente da-
quetla Rivet ao Dor. Ouvr, Geral José Mendes Machado pr. ter mostrado a
axperiéncla a’ pela Just.» felta na sua corr.m se alterou a Ribr,s de Jagoarlbe
@ suas annexas pelo d. Min.o com Joo da Fone: Ferra. e seus Tapulos Jeni-
papos € outra nasko tem feilo mortes, ostelidades ¢ roubas...» (Portaria de 8
fe outubro de 1724), des «lnéditoss.
A exolusio dos Feltosas na ordem cupratranscrita, demonstra o papel se
cundarissimo que tiveram @les nax desordens em estudo.
Em outre documento, a carta de me XXVII, testificam os Oficlais da Ca-
mara do Jaguaribe que a associngho dos Fe!tosas nas lutas fol apenas parcial,
Els o texto: s...pelas muitas Insolenclas que Ihes tem feito, estavam determi
nados todos a morreram no campo e nie tomnarem #s suas casas sem que o 4.0
Ministro fasse deposto fora da ribeira até S Magde. qe. Ds. ge. mandasse to-
mar conheciments das injustigas q’ Ines tem feito querenda com PARCIALIDA-
DES de Francisco Alz. Feitoza ¢ seus parentes e amigos...» (Carta & CAmara,
datada da Matriz d@ Nossa Serhora do Rosérlo, de Jaguaribe, aos 22 de dezem-
bra de 1724, assinando pelos Oficials da Camara, Miguel de Sousa Card¢so),
dos