To give you the best possible experience, this site uses cookies. Review our Privacy Policy and Terms of Service to learn more.
알았습니다
18 subscribers
Checked 3d ago
추가했습니다 nine 년 전
탐색하는 동안 이 프로그램을 들어보세요.
<% _(superChannels).chain().sortBy(function(c) { return } ).each(function(superchan) { %>
<% inclusion = superchan.findInclusion(subChannel.id) %>
' id='<%= superchan.id %>'>
<% }); %>
<% checkedStr = inclusion ? 'checked=checked' : '' %> />
/>
/>
France Médias Monde and RFI Brasil에서 제공하는 콘텐츠입니다. 에피소드, 그래픽, 팟캐스트 설명을 포함한 모든 팟캐스트 콘텐츠는 France Médias Monde and RFI Brasil 또는 해당 팟캐스트 플랫폼 파트너가 직접 업로드하고 제공합니다. 누군가가 귀하의 허락 없이 귀하의 저작물을 사용하고 있다고 생각되는 경우 여기에 설명된 절차를 따르실 수 있습니다 https://ko.player.fm/legal.
Player FM -팟 캐스트 앱
Player FM 앱으로 오프라인으로 전환하세요!
Player FM 앱으로 오프라인으로 전환하세요!
Reportagem
모두 재생(하지 않음)으로 표시
Manage series 1008085
France Médias Monde and RFI Brasil에서 제공하는 콘텐츠입니다. 에피소드, 그래픽, 팟캐스트 설명을 포함한 모든 팟캐스트 콘텐츠는 France Médias Monde and RFI Brasil 또는 해당 팟캐스트 플랫폼 파트너가 직접 업로드하고 제공합니다. 누군가가 귀하의 허락 없이 귀하의 저작물을 사용하고 있다고 생각되는 경우 여기에 설명된 절차를 따르실 수 있습니다 https://ko.player.fm/legal.
Confira aqui as análises, entrevistas e repercussões de notícias que você pode ouvir e baixar. As reportagens +RFI propõem a cobertura de eventos importantes no mundo inteiro feita pelos repórteres e correspondentes da Rádio França Internacional.
…
continue reading
27 에피소드
모두 재생(하지 않음)으로 표시
Manage series 1008085
France Médias Monde and RFI Brasil에서 제공하는 콘텐츠입니다. 에피소드, 그래픽, 팟캐스트 설명을 포함한 모든 팟캐스트 콘텐츠는 France Médias Monde and RFI Brasil 또는 해당 팟캐스트 플랫폼 파트너가 직접 업로드하고 제공합니다. 누군가가 귀하의 허락 없이 귀하의 저작물을 사용하고 있다고 생각되는 경우 여기에 설명된 절차를 따르실 수 있습니다 https://ko.player.fm/legal.
Confira aqui as análises, entrevistas e repercussões de notícias que você pode ouvir e baixar. As reportagens +RFI propõem a cobertura de eventos importantes no mundo inteiro feita pelos repórteres e correspondentes da Rádio França Internacional.
…
continue reading
27 에피소드
All episodes
×
1 Léa Freire: compositora, flautista e arranjadora comemora 50 anos de carreira com show em Paris 7:26
7:26
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요7:26
Léa Freire - compositora, flautista, pianista, arranjadora e criadora do selo Maritaca - está comemorando 50 anos de carreira. Para homenagear a artista, um documentário sobre seu trabalho e uma apresentação de flauta e piano estão previstos nesta quinta-feira (3), em Paris. O evento faz parte da Temporada França Brasil 2025. Em “A Música Natureza de Léa Freire” , o diretor Lucas Weglinski desenha o percurso da artista, um talento burilado desde cedo, começando com aulas de piano erudito aos 7 anos. Aos 16, Léa Freire passou para o violão popular ao conhecer a escola CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), dirigida pelo Zimbo Trio, a quatro quadras de onde ela morava. Na sequência, ela adotou a flauta transversal como instrumento de predileção. Um encontro inusitado dentro de um Fusca selou a amizade de Léa Freire com Filó Machado, instrumentista, compositor, cantor e compositor. “A gente começou a tocar junto e ficava andando de flauta e violão pela madrugada em São Paulo. Imagina, hoje em dia nem pensar, né? E a gente tocava nas escadarias da [avenida] 9 de Julho, que hoje virou um banheiro público, na Praça Roosevelt”, conta Léa. “Tinha uns mendigos que ficavam dormindo ali de dia, de noite, quando a gente estava tocando. E tinha uns que gostavam, outros que mandavam a gente parar”, ri a artista. A dupla ensaiava na praça porque a quitinete de Filó era pequena demais. “Tinha que abrir a janela para trocar de camisa, de tão pequena”, conta. O mundo de Léa Freire naquela época, entre a rua Augusta e praça Rossevelt, era de bares de música ao vivo, toda noite, das 22h às 4h da manhã. Outro encontro chave foi com Alaíde Costa, que acolheu Léa em sua casa durante algum tempo, pois a família da flautista não aceitava esse estilo de vida. Com Alaíde e Filó, Léa tocou para crianças da Febem, um sistema carcerário para menores extinto em 2006. “As crianças ficavam abandonadas, sem pai nem mãe, e não podiam sair, ficando à mercê de todo tipo de abuso”, lembra. No começo dos anos 1980, Léa também foi beber na fonte americana, estudar na mítica escola Berklee, de Boston. Também foi ver os mestres ao vivo, como Wayne Shorter e McCoy Tyner, entre outros, nos bares de Nova York, ouvindo na plateia ou mesmo do lado de fora. Mas o rigor do inverno afugentou Léa, que fez a mochila e foi descendo pela América do Sul. Misoginia Tanto Léa quanto outras artistas entrevistadas no documentário de Weglinski falam sobre o machismo no mundo da música. Como era desbravar a selva de bares paulistanos durante a madrugada? “Meu apelido era sargento Freire, não à toa, sou imune a essas violências”, explica. "Não que não tenha sido vítima." Ela conta que sofreu todos os tipos de abusos misóginos, desde mãos apalpando suas pernas enquanto tocava até cantadas abusadas. Ela acha que hoje a situação está melhor para as mulheres, pois elas são mais numerosas no meio musical. “É uma profissão muito competitiva, então com mais mulheres, fica mais leve. Em São Paulo, tem até uma big band só de mulheres que se chama Jazzmin's e que é muito legal”, conta. Uma virada de chave aconteceu com um hiato na carreira durante 11 anos. Depois de ter o segundo filho, foi informada de que tinha direito a quatro meses de licença no bar onde trabalhava. “Fiquei dois. Voltei. Já estava despedida. Aí cansei." Léa resolveu estudar administração de empresas e virou diretora de uma grande empresa. Mas o estresse desse mundo acabou levando a artista a um burnout. Seguindo conselhos médicos de fazer o que lhe dava prazer, Léa voltou-se para o piano e à composição. E criou o selo Maritaca. "Tem cantor, tem estrangeiro, tem tudo. É uma avacalhação, mas tudo bem, desde que o foco seja a música instrumental”, explica. Léa tem vários projetos em curso, mas revela um desejo, “o de tocar em um puteiro”. Por quê? “Porque eu ia ficar só observando, tocando, ensaiando, ninguém prestando atenção, já pensou?”. Documentário Em "A Música Natureza de Léa Freire", lançado em 2022, Lucas Weglinski trabalha com imagens de arquivo da artista e depoimentos de colegas, como Filó Machado e Alaíde Costa. "Eu comecei a trabalhar com a Léa no primeiro disco de piano solo dela, chamado 'Cine Poesia'. E daí eu comecei a filmar as apresentações musicais dela e cenas do cotidiano", conta o diretor. "E isso começou a me dar uma vontade enorme de fazer um filme sobre ela, principalmente vendo ela fazendo um sucesso enorme na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e tendo ainda que ser apresentada na própria cidade que a gente vive", explica Weglinski, que está acompanhando a artista em Paris. Em Paris, Léa Freire se apresenta no Théatre de la Concorde. Ela faz um pocket show tocando flauta, acompanhada pelo maestro e compositor Felipe Senna no piano.…

1 Xenofobia aumenta em Portugal: casos visando brasileiros registraram alta de 20% em um ano 15:40
15:40
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요15:40
Nos últimos anos, Portugal se firmou como um destino popular para imigrantes, especialmente brasileiros em busca de melhores oportunidades. Entretanto, essa crescente comunidade enfrenta um aumento preocupante nos casos de xenofobia. Luciana Quaresma , correspondente da RFI em Portugal De acordo com dados da Agência para a Migração e Asilo (AIMA) e da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), houve um aumento de 30% nas queixas de xenofobia entre 2022 e 2024. Em 2024, 150 dos casos registrados envolveram brasileiros, representando um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Larissa Abreu, empresária de 38 anos e residente em Portugal desde 2018, notou essa mudança recente. "Nos últimos anos, realmente tem havido um aumento enorme de relatos de xenofobia contra brasileiros, tanto no dia a dia quanto nas redes sociais. Além de situações sutis de preconceito, sou constantemente atacada online por compartilhar minhas experiências." Para Larissa, as dificuldades não se limitam a insultos. “Quem me conhece sabe que eu adoro viver em Portugal, mas também não ignoro quando um serviço ou experiência poderia ter sido melhor. Quando expresso isso, sou alvo de ataques violentos, como ‘volte para sua terra’ ou insultos extremamente agressivos como ‘sua favelada, sua macaca’! Isso mostra uma forte resistência em aceitar críticas vindas de brasileiros, mesmo quando são construtivas.” Larissa destaca que o preconceito está presente em vários aspectos da vida. “No ambiente profissional, essa mentalidade resulta numa desvalorização e na necessidade de provar constantemente nosso valor. E na vida pessoal, percebemos esse preconceito, especialmente na busca por moradia, onde muitas vezes os brasileiros enfrentam exigências desproporcionais.” A AIMA aponta que os brasileiros representam a maior comunidade de imigrantes em Portugal, com mais de 500.000 residentes. Este fluxo migratório reflete condições favoráveis, mas expõe desafios no combate à xenofobia. Desafios legais e a necessidade de denúncia Larissa acredita que “existe uma discriminação estrutural contra brasileiros em Portugal, apesar da relação histórica e da língua em comum”. Ela optou por empreender devido à dificuldade de encontrar oportunidades justas no mercado de trabalho. “Precisamos sempre demonstrar um esforço extra para ser reconhecidos e respeitados”, ressalta. A falta de apoio é outra preocupação. “Como brasileira, muitas vezes me sinto acuada em denunciar. Deveria haver uma linha direta acessível para denúncias, prática e sem burocracia”, afirma a empresária. A insegurança e o medo de represálias dificultam ainda mais essa ação. “Existem discursos institucionais que falam sobre combate à xenofobia, mas muitos brasileiros não sabem como buscar apoio ou sentem que as denúncias não geram mudança.” Ataque a advogada brasileira gera debate sobre xenofobia A advogada brasileira Anna Luiza Pereira, que vive em Portugal desde 2020, relata a dificuldade que enfrentou ao tentar registrar uma denúncia de xenofobia nas redes sociais. “O policial na delegacia me disse que ‘isso não daria em nada’. É muito difícil registrar crimes não visíveis, como agressões verbais. Aqui em Portugal, a legislação é um pouco mais fraca, o que torna o processo ainda mais complicado,” conta. O ataque contra a advogada ocorreu após a divulgação de uma entrevista no podcast “Papo com Fado”, que tem como objetivo compartilhar as histórias de imigrantes brasileiros que residem em Portugal. “Na nossa última gravação, entrevistamos Larissa Abreu, que falou sobre sua experiência de maternidade e comparou as maternidades privadas em Portugal com as do Brasil. Ao comentarmos sobre isso, fizemos um corte do episódio e publicamos no Instagram. A partir dessa postagem, uma senhora desconhecida, cujo perfil se identifica como Glória Pires, começou a tecer comentários depreciativos”, relata. A advogada conta que os ataques foram agressivos e racistas. “Ela fez comentários considerados extremamente ofensivos, como ‘vá pentear macacos’ e ‘volte para a sua terra’. Disse também que ‘ninguém quer vocês aqui’, acompanhada de uma série de posts que geraram uma discussão acalorada entre os usuários envolvidos na conversa”, detalha. Apesar da hostilidade, Anna também destaca que muitos portugueses se manifestaram em defesa dos brasileiros, expressando seu descontentamento com as atitudes xenofóbicas. “Foi uma situação muito complicada, pois fomos extremamente agredidos. Além disso, essa senhora já vinha fazendo comentários xenofóbicos em minhas publicações pessoais sobre imigração há mais de seis meses, evidenciando um padrão de comportamento problemático.” Esse incidente levanta questões sobre a crescente xenofobia em Portugal e o papel que as mídias sociais desempenham na disseminação de discursos de ódio, ao mesmo tempo que destaca a necessidade de um diálogo mais respeitável e inclusivo na sociedade. Como Denunciar? Anna oferece dicas para as vítimas de xenofobia. “Insista na denúncia. Leve o que puder como prova, como prints e gravações. Vá preparado para não deixar dúvida que você vai seguir em frente. Registre a ocorrência na polícia e também nas plataformas de redes sociais, que têm ferramentas para denunciar discursos de ódio.” Ela enfatiza a importância de recorrer à CICDR. “Pode-se fazer uma denúncia online ou por e-mail, que é uma alternativa mais tranquila.” A legislação portuguesa prevê punições para crimes de ódio e discriminação, mas muitos casos de xenofobia acabam sem consequências para os agressores. Mas, segundo Anna, as "denúncias precisam ser registradas". Ticiane Fidelis, carioca e residente em Portugal há seis anos, conta que teve um contrato de alugue negado simplesmente devido à sua nacionalidade. "O consultor imobiliário disse que o proprietário não alugava para brasileiros,” relata. Cada vez há mais casos de brasileiros em Portugal que compartilham vídeos na internet, com registros de ataques de xenofobia e racismo. No entanto, especialistas aconselham que a melhor abordagem é entregar esses materiais às autoridades competentes para a devida investigação e ação legal. Ticiane, que também fez denúncia na polícia, diz estes ataques são muito frequentes. “Acredito que, nas redes sociais, esse tipo de ataque ocorre principalmente porque muitas pessoas se sentem protegidas atrás de uma tela, achando que a internet é uma terra sem lei. Essa sensação de impunidade, sem dúvida, incentiva esse comportamento. No início, confesso que isso me afetou profundamente e despertou gatilhos, me fazendo questionar se realmente precisava passar por essa situação. Contudo, hoje me sinto muito mais forte e preparada para me defender contra esses ataques." Segundo a brasileira, a impunidade e o cenário político em Portugal têm sido favoráveis ao aumento da xenofobia. A utilização da retórica anti-imigração, que culpa imigrantes por problemas sociais ou econômicos, reforça estigmas negativos, incentivando atitudes xenofóbicas na sociedade. “Portugal está em um momento em que os imigrantes são usados como bodes expiatórios. O problema da habitação e da saúde é frequentemente atribuído aos imigrantes, sem qualquer embasamento,” critica Ticiane. Ela acredita que é fundamental denunciar, mesmo que não resulte em nada. “Quanto mais pessoas denunciarem, maior será a pressão para que as autoridades tomem medidas contra aqueles que praticam a xenofobia. Só assim podemos combater esse tipo de discriminação e exigir mudanças efetivas”.…

1 Brasil lidera debate na ONU sobre o combate ao ódio e à violência digital contra mulheres 6:16
6:16
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요6:16
O Brasil assumiu um papel de liderança na luta contra a misoginia on-line durante a 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), um dos principais fóruns da ONU sobre os direitos das mulheres. Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York, Em um evento paralelo realizado nesta terça-feira (18) na sede das Nações Unidas, em Nova York, representantes do governo brasileiro, especialistas e ativistas destacaram os desafios para combater o ódio e a violência digital contra as mulheres e defenderam a responsabilização das plataformas digitais. O evento, intitulado “Misoginia on-line: os desafios para enfrentar o ódio e todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres”, foi organizado pelo Ministério das Mulheres e posicionou o Brasil na vanguarda dessa discussão global. Autoridades brasileiras reforçaram a necessidade de regulamentação internacional para garantir a proteção das mulheres no ambiente digital, um dos maiores desafios atuais na luta pelos direitos das mulheres. Brasil na linha de frente da luta contra a violência digital A secretária executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, destacou o empenho do Brasil em colocar a misoginia digital no centro da agenda internacional. Para ela, o primeiro passo no combate a essa violência é reconhecê-la e nomeá-la, algo que ainda falta em muitos debates. “O Brasil está avançado, primeira coisa bem importante sobre a violência de gênero nas redes sociais. Em todas as falas, a gente viu que isso é negado. O primeiro passo é reconhecer", afirmou Guarezi. Guarezi também falou sobre as pesquisas que estão sendo realizadas no Brasil para mensurar o impacto da violência digital e embasar políticas públicas mais eficazes. A secretária ressaltou a importância de coletar dados concretos para construir soluções e estratégias. “Nós no Brasil estamos fazendo pesquisa porque a gente não tem dados concretos para embasar ações eficazes, porque isso vai fundamentar o nosso processo de análise e o nosso processo de reflexão e proposição de ações", explicou. Responsabilização das plataformas digitais A responsabilização das plataformas digitais foi um dos principais temas do evento. Renata Gil, conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), detalhou as propostas que estão sendo discutidas no Brasil para responsabilizar legalmente as empresas de tecnologia em casos de discurso de ódio e ataques coordenados contra mulheres. “A responsabilidade das plataformas digitais no Brasil está sendo enfrentada a duras penas e a gente tem um recurso no Supremo Tribunal Federal, e o voto apresentado pelo ministro Dias Toffoli cria responsabilidade objetiva das plataformas. Este processo delineia de forma vanguardista o que é violência digital e o que é vulnerabilidade digital". diz Renata Gil. Renata também destacou a falta de uma regulação clara sobre o funcionamento das plataformas digitais, o que dificulta a responsabilização das empresas e deixa as vítimas desprotegidas diante de ataques organizados. A proposta brasileira de responsabilizar legalmente as plataformas foi bem recebida por outros países participantes da CSW. “O Brasil tem sido um dos principais articuladores na defesa dessa regulamentação. Esse é um passo necessário para que o ambiente digital se torne mais seguro para as mulheres”, completou Gil. Ataques digitais como ferramenta política Mulheres em cargos de liderança são alvos frequentes de ataques on-line. Maria José (Mazé), líder da Marcha das Margaridas, ressaltou que a violência digital é uma ferramenta usada para afastar as mulheres da política e limitar sua influência nos espaços de poder. "A violência digital é uma extensão das múltiplas violências que afetam as mulheres todos os dias. O compartilhamento de difamação e desinformação é um método para impedir a entrada e permanência das mulheres na política", afirmou Mazé. Mazé citou o caso de Manuela D’Ávila e de Dilma Rousseff, que foram alvo de campanhas de desinformação e ataques coordenados nas redes sociais. Dilma sofreu uma série de ataques misóginos durante seu segundo mandato, enquanto Manuela chegou a ser agredida fisicamente após ataques organizados em plataformas digitais. Brasil continua a pressionar por soluções globais O Brasil reforçou sua posição como referência internacional no combate à violência digital de gênero ao propor, durante a CSW, uma estratégia para ampliar a proteção das mulheres no ambiente digital. Maria Helena Guarezi afirmou que o Brasil continuará a pressionar por avanços nessa agenda nos próximos encontros internacionais: “Da forma como há hoje, uma exacerbação de determinados extremismos na sociedade, talvez a gente tenha, sim, que voltar a dialogar, e inclusive sobre as ações de determinadas legislações que teremos que refletir. Podemos ter legislações mais incisivas, outras menos incisivas. A história e a execução dessas ações vão nos dizer se a gente avançou ou não para o fim dessa violência", concluiu.…

1 Diálogo com Krajcberg: plantas na Mata Atlântica viram pigmentos em obras expostas por brasileira em Paris 5:45
5:45
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요5:45
"Torna-te aquilo que és" é o título do trabalho da brasileira Daniela Busarello, convidada para integrar a mostra "O grito pelo planeta" ("Le cri pour la planète", no original em francês), uma homenagem ao escultor e fotógrafo polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg (1921-2017), fervoroso defensor do meio ambiente. A artista recolheu amostras da Mata Atlântica e as reutilizou, através de um processo medieval de depuração, criando 170 pigmentos em óleo sobre gaze. Conhecida por um trabalho que usa frequentemente matérias-primas naturais para constituir suas obras, Daniella Busarello adotou o mesmo método para criar esse diálogo com as criações de Frans Krajcberg . "Ele colhia plantas, troncos, folhas, cascas, no mar, na praia. Recolhia o que encontrava. As plantas que eu colhi no meu caminho estavam ao lado da casa dos meus pais", compara. "É o lugar onde eu caminho hoje, onde eu caminhava na minha infância, ou seja, como o Krajcberg, [o que interessa] é o que está à mão. A natureza está ao nosso lado, ela não está lá longe, ela não é essa coisa intocável", argumenta a artista. Segundo ela, "Torna-te aquilo que és" não é uma pintura, e sim "uma entidade, que está viva. Essas plantas estão falando com a gente. E ela tem 1m40 por 2m80 de altura e está numa posição vertical, exposta em uma placa de vidro, é como se ela estivesse de pé", ressalta. "Ela não está pendurada, ela tem um corpo, mesmo que esse corpo seja invisível, que é esse vidro, e isso a torna um símbolo realmente de cura", diz. Técnica medieval "Eu escolhi essa pintura, que é mais do que uma simples obra de arte, porque ela envolve todo um processo de reflexão e também de manufatura, por assim dizer", explica a artista. "Eu coletei entre 50 e 60 plantas da floresta amazônica nas calçadas de Curitiba, cidade onde nasci, que tem cerca de 3 milhões de habitantes e, atualmente, conta com apenas 1% da Mata Atlântica original. Apesar disso, é considerada a cidade ecológica do Brasil. Isso já é, por si só, uma provocação, e tem tudo a ver com as provocações do Krajcberg", contextualiza Busarello. "Eu também quero mostrar que a Mata Atlântica não é apenas aquela que está intacta e maravilhosa. Ela é a mata que está ao nosso lado todos os dias, até mesmo na nossa calçada. Por isso, escolhi essas plantas e fotografei cada uma delas — tanto a árvore ou arbusto quanto todo o processo de transformação. Transformar a planta em pó, em pigmento, é um processo medieval", lembra. "A técnica que eu utilizo é a mesma dos antigos pintores, que faziam suas próprias tintas a partir dos pigmentos. Foi dessa forma que desenvolvi a minha pintura", conta. "Depois de transformar a planta, que é 90% composta por água, em pó, eu reidrato com os ingredientes necessários, misturo com cera de abelha e aplico. A gaze, embora pareça um material frágil, tem a função de um curativo. Ela é algo que envolve, é macia, delicada. Mas, ao mesmo tempo, carrega uma força por trás", destaca a pintora. Propriedades medicinais Ela detalhou a escolha das plantas catalogadas. "Cerca de 99% das plantas que colhi têm propriedades medicinais. Não foi de propósito, eu fui em cada uma querendo saber quem é que eu estava escolhendo, dissecando. Algumas têm toda uma ligação com o ciclo econômico do meu estado, o Paraná , como a erva-mate, que foi muito influente em tudo que aconteceu até hoje. Além do Pau-Brasil, que é uma espécie protegida e é o nosso nome também", diz a artista. "Esta é a segunda vez que estou exibindo essa pintura aqui [na França]. A primeira vez foi em uma abadia, e também foi uma experiência maravilhosa, mas com um tipo de apresentação diferente. Acho isso interessante, porque na outra ocasião, eu apresentei todos os 170 pigmentos utilizados na obra, e a instalação em si era diferente. Já aqui, trouxe a pintura junto com os nomes das plantas, pois cada planta não representa apenas seu nome, mas também suas propriedades medicinais", sublinha. Mata Atlântica Ela explica a escolha da Mata Atlântica como base de pigmentos. "O mundo fala muito da Amazônia , mas quem não é brasileiro raramente menciona a Mata Atlântica. Sempre preciso explicar sobre ela. A razão é que, embora exista a mata propriamente dita, a maior parte da Mata Atlântica está em áreas urbanas", diz a artista. "Acho que hoje restam menos de 20% dessa vegetação original, e, a cada vez que falo sobre isso, percebo que o número é ainda menor do que eu imaginava. É importante divulgar a existência dessa mata, para que as pessoas se conscientizem de que ela está presente em nosso cotidiano. E o que eu considero maravilhoso é justamente o fato de ser uma mata urbana. Isso nos chama a atenção para o fato de que é no nosso dia a dia que devemos prestar atenção à natureza que nos cerca", afirma. A primeira parte da exposição "O grito pelo planeta" fica em cartaz no Espaço Krajcberg, em Paris, até o dia 15 de maio de 2025. Krajcberg Frans Krajcberg (1921-2017) foi um artista plástico, escultor e fotógrafo de origem polonesa, naturalizado brasileiro. Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, ele se estabeleceu no Brasil na década de 1950 e se tornou um grande defensor do meio ambiente. Sua obra é profundamente marcada por seu engajamento ecológico e ele costumava utilizar materiais naturais, especialmente troncos de árvores carbonizados provenientes do desmatamento na Amazônia, para denunciar a destruição da natureza. Suas esculturas, muitas vezes imponentes e tortuosas, expressam uma revolta contra o desmatamento e os incêndios criminosos. Além do seu trabalho artístico, Krajcberg militou ativamente pela preservação da floresta amazônica, colaborando com movimentos ambientalistas. Ele viveu grande parte de sua vida em uma casa-ateliê no coração da floresta brasileira, em Nova Viçosa (Bahia). Sua arte, na interseção entre a land art e a arte engajada, permanece como um testemunho poderoso da luta pela proteção do meio ambiente.…

1 Centro Pompidou em Foz do Iguaçu "terá foco na América Latina", diz em Paris representante do governo paranaense 6:19
6:19
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요6:19
Uma comitiva técnica da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC) está em Paris até domingo (16) para tratar do projeto de construção do Museu Internacional de Arte de Foz do Iguaçu, em parceria com o Centre Pompidou. O projeto da primeira filial do tradicional centro cultural francês no continente americano terá um investimento previsto de R$ 200 milhões e a obra deve ficar totalmente pronta em 2027, de acordo com o Governo do Paraná. A RFI Brasil conversou com Luciana Casagrande Pereira, secretária estadual da Cultura paranaense para saber mais detalhes sobre a iniciativa. Maria Paula Carvalho , da RFI em Paris A comitiva brasileira desembarcou na capital francesa na segunda-feira (10) para reuniões, workshops e visitas técnicas com equipes do Centre Pompidou para troca de experiências, planejamento e diretrizes de concepção do novo espaço dedicado à arte no oeste do Paraná. As negociações com a instituição francesa começaram em 2022. O museu brasileiro será um espaço pluridisciplinar, abrangendo artes visuais, cinema, música e dança, consolidando-se como um centro cultural dinâmico no país. “Para a gente, é uma grande oportunidade. É uma visibilidade para os nossos artistas. É uma entrada no circuito internacional de arte e é importante para a população ter acesso a esse acervo importante que o Pompidou tem, mas sempre dialogando com o nosso território”, destaca Luciana Casagrande Pereira, secretária da Cultura do Paraná. “Não é um Pompidou que chega exatamente como o da França e se instala na nossa região. O projeto científico foi concebido entre a nossa equipe e a equipe do Pompidou, mas ele nasce do zero. Sobre as exposições, o que vai ser apresentado, ainda estamos iniciando essa construção”, explica. O projeto arquitetônico da primeira sucursal de um dos mais famosos espaços de arte moderna e contemporânea de Paris na América terá a assinatura do arquiteto paraguaio Solano Benítez. “Ele é um arquiteto internacional, que já ganhou o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza e que conhece a nossa região”, diz Luciana Casagrande Pereira sobre a escolha do autor. “Ele respeita muito o território, entende a nossa cultura, como nos comportamos ali”, acrescenta. “Tenho certeza de que será um orgulho não só para nós paranaenses e brasileiros, mas para os países vizinhos também”, completa. A ideia é de que a natureza seja um elemento central no conceito arquitetônico do edifício, que ficará a cerca de 10 minutos de carro do Parque Nacional do Iguaçu, onde estão as famosas cataratas do Iguaçu. “Solano Benítez tem um estilo. Ele trabalha com o tijolo, que é um material milenar, que não tem nada de inovador, mas a técnica que ele usa é muito inovadora”, revela a secretária de Cultura. “Nós não vamos importar material de nenhum outro país. Nós vamos construir com a nossa matéria-prima, que é a terra”, comenta. A construção será feita em um terreno de 24 mil metros quadrados cedido pela CCR Aeroportos, empresa responsável pela administração do aeroporto de Foz do Iguaçu. “Eu não digo que é complexo, eu digo que é desafiador, é instigante”, afirma Luciana Casagrande Pereira. “Tem o projeto arquitetônico, mas você tem a preparação da cidade, da região, a sensibilização das pessoas, da comunidade, para receber. Tem a questão jurídica, financeira, tudo que um projeto deste tamanho envolve. Mas temos obtido muito sucesso em todos esses desafios e estamos muito animados”, acrescenta. “É um projeto grande, de 10.000 metros quadrados e nós estamos planejando as inaugurações em algumas fases. Pretendemos entregar o museu completo em 2027, mas em 2026 nós já teremos uma algumas partes abertas”, antecipa. A secretária de Cultura explica por que Foz do Iguaçu foi escolhida para abrigar a nova sede do Centre Pompidou. “Eu acho que há o interesse pela região de tríplice fronteira. Além disso, o Paraná passa por um momento de muita segurança jurídica”, continua. “Nós somos o primeiro estado em educação, o que é bem importante. É uma região muito fértil, onde nós estamos plantando este projeto. Então, acho que é uma somatória de valores”, conclui. O avanço na concretização do museu acontece em um ano chave para o Centre Pompidou de Paris, que fechou as portas , na segunda-feira à visitação nas salas de exposição permanentes para passar por uma grande reforma que deve durar cinco anos. Até setembro de 2025, o local abrigará ainda pequenas exposições temporárias, antes de interromper totalmente o seu funcionamento para a realização de um projeto colossal de restauração, cuja remoção do amianto será a parte mais demorada. A previsão é de reabertura em 2030. “Neste período de metamorfose do Pompidou estaremos ainda mais presentes no Brasil e no Paraná, será um momento crucial para todos nós, estamos muito felizes com este projeto”, afirma Laurent Le Bon, presidente do Centre Pompidou, citado pela equipe paranaense presente em Paris. Uma comitiva do centro de artes francês, incluindo o presidente da instituição, esteve no Brasil em julho do ano passado para conhecer o espaço e definir detalhes do projeto de construção. Na ocasião, também foi feita a assinatura de parceria de colaboração técnica para a construção do museu no Paraná. Para Alice Chamblas, chefe de desenvolvimento internacional do Centre Pompidou, o Paraná tem uma paisagem cultural muito rica, especialmente na capital Curitiba. “Mas entendemos que é um desejo do Governo do Estado equilibrar essa paisagem, fortalecendo a cultura em outras regiões e o projeto do Museu Internacional de Arte de Foz do Iguaçu vem exatamente a esse encontro”, afirma a francesa, também citada pela equipe brasileira. Carolina Loch, diretora de implantação do Museu Internacional de Arte de Foz do Iguaçu, explica que o acervo do museu estará muito conectado ao território onde o prédio será construído. Porém, os visitantes irão encontrar peças importantes da coleção francesa. “O museu terá um foco muito grande na América Latina, em especial nos países da tríplice fronteira, ao mesmo tempo em que teremos trabalhos que já são apresentados ao público na Europa, a partir da coleção do Pompidou, estabelecendo novas narrativas”, explica Loch. A vinda da missão paranaense à Paris ocorre em um momento simbólico, já que 2025 marca o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil. “Eu acho que dá mais destaque. Ele não foi pensado para isso. Mas certamente é uma grande ação, tanto para o Brasil quanto para França”, afirma a secretária de Cultura do Paraná. Sobre o Centre Pompidou Mais do que um museu de arte em Paris, o Centre Pompidou é um complexo cultural efervescente, que abriga biblioteca, ateliê de escultura, cinema, dança e um centro de estudos musicais e acústicos. O edifício, localizado no coração da cidade, chama a atenção pelos traços da construção, como a tubulação colorida, escadas rolantes visíveis e vidro e aço que cercam a estrutura, com vista para diversos cartões postais da capital francesa. O projeto imaginado pelos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers, a pedido do então presidente francês Georges Pompidou, destoa do resto da arquitetura em uma região conhecida por seus prédios que datam de outro século e chegou a ser chamado de “máquina horrível” durante a sua construção. Inaugurado em 1977, o Beaubourg, como é carinhosamente conhecido, possui um rico acervo de arte moderna e contemporânea de cerca de 140 mil obras, de 1905 até à atualidade. Considerado um dos principais espaços de exposição de arte moderna e contemporânea do mundo, o Pompidou compete com o MoMA de Nova York para saber quem tem a maior coleção do planeta. O complexo cultural abriga peças de artistas como Pablo Picasso, Joan Miró, Salvador Dalí, Frida Kahlo e Francis Bacon. Com o fechamento temporário, uma parte de sua impressionante coleção será exibida no Grand Palais, também em Paris, assim como nas filiais do Pompidou fora da capital francesa, como na cidade de Metz, no leste da França, ou no exterior, como em Málaga, na Espanha, em Xangai, na China e, em breve, em Bruxelas, na Bélgica. Outra parte das obras será exposta em um polo artístico previsto para ser inaugurado em 2026, em Massy, a 30 minutos ao sul de Paris.…

1 Exposição de brasileira em Paris conecta mantos tupinambás, Museu Nacional e Maurício de Nassau 6:12
6:12
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요6:12
Após o sucesso de sua participação na edição de 2024 do Paris Photo, a artista brasileira Lívia Melzi realiza ‘Tabula Rasa’, sua primeira exposição solo em galeria na capital francesa, de 8 de março a 19 de abril, na galeria Salon H, no 6° distrito da capital francesa. Luiza Ramos, da RFI Em uma mistura complexa de fotografia, tapeçaria, vídeo e esculturas, ela relaciona oito anos de pesquisa que envolvem o manto tupinambá, o Museu Nacional do Rio de Janeiro e o conde Maurício de Nassau, governador da colônia holandesa no nordeste brasileiro no século 17. A exposição traça “uma linha do tempo” desde o evento da volta do manto tupinambá para Brasil e desdobra outros dois capítulos principais: o Museu Nacional e a figura de Maurício de Nassau . “A coleção dos mantos na Europa foi assunto do meu primeiro grande trabalho”, conta Lívia. A outra parte é um projeto retomado mais recentemente pela artista que se interessa pela história dos três bustos idênticos de Maurício de Nassau. “A gente tem um de cobre no Recife, em praça pública. Tem outro num depósito do lado de Amsterdã, que foi uma estátua destituída do Museu Mauritshuis, que foi a casa dele e que fica em Haia. E um terceiro busto na Alemanha, no túmulo dele. Então, a partir de três imagens, eu fotografei esses três bustos e consegui adquirir o molde original de onde esses bustos foram feitos”, detalha. A exposição tem curadoria de Margaux Knight e a artista, que usa moldes de esculturas e materiais como vidro e gesso, apresenta também peças de estudo para mostrar os resultados de sua pesquisa plástica e teórica a partir da figura de Nassau. O manto tupinambá, depois de três séculos na Dinamarca, retornou ao Brasil , em julho de 2024, como uma doação do Museu Nacional dinamarquês ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, que está se recompondo após o incêndio que destruiu seu acervo em 2018. Através da história, Lívia evidencia questões de conservação e desapropriação. Livia Melzi, que também iniciou sua carreira artística em 2018, aprofunda a relação do manto, originário dos povos indígenas, e Maurício de Nassau, responsável por levar os objetos para a Europa. “Maurício de Nassau está intimamente ligado com a coleção de mantos tupinambá, com o fato da coleção estar na Europa. Meu trabalho gira em torno da relação entre a Europa e o Brasil . Como a Europa construiu o Brasil através das imagens, mas não somente, e o papel do museu. Isso que me interessa”, revela Lívia. A artista visual pretende analisar com sua exposição na galeria Salon H como um museu, sendo uma instituição que nasceu na Europa, poderia guardar e definir o imaginário do povo brasileiro sobre si mesmo, mas também o “imaginário da Europa em relação ao Brasil”, explica. Artista natural de São Paulo, que mora em Paris há 12 anos, Livia traz questionamentos sobre como os fragmentos da história, restos queimados, fragmentos funerários, coleções fotográficas prestes a desaparecer, moldes de estátuas podem preencher o futuro Museu Nacional do Rio. No Museu brasileiro, Livia Melzi conta que trabalha em conjunto com a instituição para preservação demo acervo recuperado após o incêndio, através de arquivo fotográfico que, segundo ela, já contém mais de 200 imagens e que podem ser vistos em vídeo na galeria Salon H. A descolonização “A exposição mostra muito a minha relação com as instituições. Eu gosto muito de pensar em como conhecimento é construído e imposto, e o papel das instituições nisso. Como a gente no Brasil, quando pensa no Museu Nacional, herda tudo isso”, reflete a artista. Lívia acredita que atuar em suas pesquisas e registros é “ver a História se construindo na nossa frente” . “Hoje o Museu Nacional é a grande promessa de descolonização de um museu. Eu estou muito curiosa para continuar trabalhando com eles e para fotografar e documentar essa história se construindo, a volta do manto, nesse projeto sobre os mantos. Eu estou tendo a sorte de acompanhar com a fotografia”, diz. Para ela, a exposição mostra os elementos principais da sua pesquisa e carreira até hoje. “É legal ver a coerência e a conversa entre as coisas, porque tudo está ligado (...) Às vezes eu faço as coisas sem perceber, mas as histórias estão todas conectadas no final das contas, então achei muito justo colocar tudo numa sala só. Tudo no mesmo lugar a atravessar esses três capítulos completamente ligados”, conclui Livia Melzi.…

1 Expo Favela cresce na França e 2ª edição vai destacar bioeconomia, de olho no clima e na COP 30 8:16
8:16
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요8:16
Depois de uma primeira edição de sucesso ano passado, a Expo Favela Innovation repete a dose em 2025 em Paris com expectativas de maior visibilidade, mais patrocínios e apoiadores. Nesta terça-feira (4), o projeto foi lançado oficialmente pela Cufa France que anunciou o foco da segunda edição do evento na bioeconomia, de olho na agenda climática global e na COP 30, que acontecerá este ano em Belém. Além disso, o evento é parte das programações do ano cultural do Brasil na França. Luiza Ramos , da RFI A feira Expo Favela Innovation, em sua segunda edição internacional agendada para os dias 4 e 5 de julho, dá mais um passo para se firmar na cena cultural parisiense. As palestras de lançamento nesta terça-feira (4) contaram com depoimentos de participantes da versão anterior. Para a diretora da Central Única das Favelas na França (Cufa France), Karina Tavares, o aumento da credibilidade da Expo Favela na Europa vem dos testemunhos dos empreendedores vencedores do ano passado que perceberam maior visibilidade, além de abertura de caminhos para eventos e até financiamentos para seus negócios. “E isso a gente constrói baseado no que foi criado no Brasil. Baseado nessa visão que teve o Celso Athayde (fundador da Cufa no Brasil), a Cufa e a Expo lá no Brasil, de começar a consolidar uma família de empreendedores que vêm das periferias da França. Para esse ano, então, a gente está mais forte, com três patrocinadores a mais e foco em bioeconomia, porque é ano de COP e a gente sabe que é prioridade para o Brasil e para o mundo”, considera Karina Tavares. Segundo ela, nesta edição, a bioeconomia não se resumirá somente em gerenciar recursos econômicos respeitando os ecossistemas: “A gente vai falar de racismo climático e de justiça climática. A gente sabe que as pessoas que moram em territórios vulneráveis estão nas primeiras linhas de combate quando tem muito calor ou quando tem uma chuva. Os primeiros que sofrem vão ser mulheres no Brasil, são negros e pessoas que moram em favelas. A Cufa, nesse ponto, sempre foi visionária e a gente está então trazendo essa mentalidade, essa visão que é realmente uma metodologia. Esta é a primeira e única feira exportada na Europa do Brasil e ela vem da favela, então assim, é um golaço”, comemora a diretora em entrevista à RFI . Valorização maior na França O crescimento do Expo Favela também se dá pelo espaço disponibilizado para evento de 2025. Os expositores e artistas participantes terão uma área cinco vezes maior, no Teatro da Concórdia, na nobre zona dos Champs-Élysées. Algo celebrado pelo diretor artístico do Expo Favela Innovation, Daniel Nicolaevsky, por ser “ uma estrutura da cidade de Paris ”. “A gente está sendo mais valorizado, a gente está com muito mais espaço, porque o teatro é realmente muito grande, tem várias salas, tem uma sala de 600 lugares, tem uma sala de cinema, tem uma sala de stand up, tem um espaço exterior. Nós temos a mesma quantidade de empreendedores, mas nós vamos ter mais espaço. Nós vamos ter mais artistas também, estamos trabalhando com galerias de artes, com centro de arte, para pegar alguns artistas que estão sendo apresentados durante a temporada France-Brésil (ano do Brasil na França) para nós termos mais vozes. É um evento brasileiro que está ocupando um espaço público do lado da Avenida Champs Elysées, em Paris, então realmente a gente está subindo bastante de nível”, pontuou Daniel, que nasceu na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. “Sendo eu um artista que nasceu numa favela no Brasil, escrever ‘favela’ em frente a um teatro em Paris e fazer essa ocupação total já vai ser incrível”, antecipa Daniel Nicolaevsky. O diretor artístico também conta detalhes da produção 2025, que terá a moda como um dos ramos prioritários: “A gente tem esse projeto muito em parceria com Casa 93, que nasceu no Brasil pela Nadine Gonzalez. E nós vamos colocar em honra a moda e a indústria têxtil africana e brasileira, com essa ponte francesa no evento. Nós vamos colocar em honra a Amazônia também ”, destaca o diretor. Ele acrescentou que peças poderão ser divulgadas a partir de maio. Leia também Floresta desmatada para abrir avenida: obras em Belém para a COP30 falham na sustentabilidade Questões sociais vistas de perto Nadine Gonzalez, diretora da Casa 93, em Saint-Denis, coletivo de formação em moda que nasceu de seu desejo que trazer a cultura brasileira para a periferia francesa depois de 12 anos morando no Rio de Janeiro, também falou sobre o projeto de criação de moda que será apresentado no Expo Favela por seus alunos, em criação conjunta com Daniel Nicolaesvsky e Rafaela Pinah, diretora de arte carioca. “Este ano é um pouco maior, porque é um projeto de nove meses, são mais ou 300 horas de sessões para criar essa coleção coletiva entre diferentes alunos da Casa93, que eles nem se conhecem todos, porque eles vêm de várias turmas diferentes, assim como os alunos do Brasil de várias turmas também. Essa vai ser uma coleção eco responsável, porque o foco é o upcycling”, diz ela, fazendo referência ao reaproveitamento de materiais e citou como exemplo o artesanato com latinhas de alumínio, muito comum nas periferias do Rio . Segundo ela, o primeiro passo vai ser apresentar em julho no Expo Favela, e em seguida o projeto completo será apresentado em novembro no Brasil, no Rio de Janeiro. Para o diretor artístico do Expo Favela Innovation, Daniel Nicolaesvsky, existe uma grande importância de situar as populações ribeirinhas nas produções deste ano. “A gente está trazendo esse diálogo que os ribeirinhos e as casas de palafitas, que também são uma forma de favela e que precisam ter uma atenção muito delicada, porque a mudança climática transforma esses lugares num lugar de urgência. Então nós temos que olhar para esses lugares muito atentivamente e muito com muito cuidado”, alerta. 2025: ano cultural Brasil-França A comissária Geral do Ano Cultural Brasil-França 2025, Anne Louyot, também esteve no lançamento da segunda edição da Expo Favela de Paris e confirmou à RFI que a Expo Favela Innovation de Paris é um dos projetos da programação do Ano cultural franco-brasileiro , que segundo ela, deve ser lançado ainda em abril para duas temporadas de quatro meses de cada lado do Atlântico, entre os meses de maio de dezembro de 2025. “Temos dois projetos no âmbito da temporada Brasil-França. Dois projetos cruzados; um projeto durante o momento brasileiro na França e um projeto durante o momento no Brasil , são um projeto no âmbito da moda, com a Cufa e a Casa 93, e o segundo projeto no âmbito da gastronomia na Expo Favela Minas, então em Belo Horizonte, com Cufa Minas. Vão ser convidados vários chefes franceses também das periferias”, disse Anne Louyot. “E vamos desenvolver vários projetos para preparar a COP 30 , por exemplo. Vamos organizar em Belém, no final de agosto, na abertura da temporada francesa no Brasil, um grande fórum científico franco-brasileiro, com todos os centros de pesquisa franceses e brasileiros que trabalham a questão do meio ambiente, especialmente na Amazônia”, revelou a comissária. As inscrições para selecionar 40 empreendedores de bairros populares franceses para participar da Expo Favela Innovation estão abertas até 10 de maio no site expofavela.fr…

1 Embaixador, legionário e esportista brasileiros relatam 'exaustão' dos ucranianos após três anos de guerra 11:52
11:52
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요11:52
Passava de 5h da manhã em Kiev quando as tropas russas invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Após três anos de guerra, completados nesta segunda-feira (24), a RFI entrevistou o embaixador do Brasil em Kiev, Rafael Vidal, sobre as perspectivas, ainda remotas, de um cessar-fogo com a Rússia. A reportagem também ouviu os relatos de um combatente que esteve no front em Kharkiv e de um esportista cansado dos ataques russos diários à capital ucraniana. Na última semana, os ucranianos ficaram estarrecidos com as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que chamou Volodymyr Zelensky de "ditador" e acusou o presidente ucraniano de ter iniciado o conflito. Os ataques virulentos de Trump soaram para os europeus como uma "inversão de aliança estratégica" dos Estados Unidos com a Rússia de Vladimir Putin, em detrimento da segurança no continente europeu. O embaixador do Brasil em Kiev, Rafael Vidal, acompanha o dia a dia da guerra desde setembro do ano passado e apoia o processo de negociação iniciado entre Washington e Moscou. "A situação da Ucrânia é muito difícil, porque a guerra não se limita ao teatro de operações. Ela alcança zonas civis, cidades muito densamente povoadas", relata. O presidente Luiz Inácio da Silva também indicou esse apoio, desde que todas as partes sejam envolvidas nas negociações. O restabelecimento do diálogo de alto nível entre os Estados Unidos e a Rússia, com uma primeira reunião dos respectivos representantes das Relações Exteriores das duas potências em Riad, na semana passada, é considerado pela diplomacia brasileira como "um primeiro ensaio real para buscar uma solução diplomática a uma guerra que não interessa mais a nenhum dos dois países envolvidos nessa tragédia humanitária". "O momento, hoje, seria de cautela, de prudência e de apoio às negociações que começam a ser entabuladas com o patrocínio dos Estados Unidos. Eu acho que esse não é o momento de narrativas de lideranças europeias que questionam, desconfiam ou não estendem as mãos para esse processo negociador, que começa a ser entabulado", disse o embaixador brasileiro. O presidente francês, Emmanuel Macron, reúne-se com Donald Trump na segunda-feira (24) nos Estados Unidos. Macron afirmou que dirá a Trump que ele não pode ser "fraco" diante de Vladimir Putin . O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também será recebido pelo republicano nesta semana. Brasileiro retorna do front na região de Kharkiv Após três anos de guerra, 85 brasileiros estão cadastrados como residentes no serviço consular da embaixada. Com frequência, outros passam pela Ucrânia em trânsito, por razões familiares, empresariais ou por trabalharem em agências das Nações Unidas. Porém, as autoridades consulares brasileiras não têm contato, só quando são solicitadas, pelos brasileiros que se alistaram como combatentes na Legião Estrangeira para defender o território ucraniano das tropas russas. No início de fevereiro, o legionário paranaense Rocha retornou de Kharkiv, cidade do leste da Ucrânia, antiga capital na era soviética, até 1934. Quase na fronteira da região russa de Bolgorod, Kharhiv era a segunda maior cidade ucraniana antes da guerra, mas foi esvaziada de seus habitantes, que fugiram do intenso cerco russo. Rocha passou três meses na linha de frente, junto com oito combatentes brasileiros, e contou à RFI que o avanço ucraniano para dentro do território russo, em Kursk, impactou sua missão. "Nosso regimento era composto por três equipes: a nossa, uma de franceses e outra de colombianos. A rotação seria a seguinte: a equipe de franceses ia primeiro, a nossa em segundo e depois a dos colombianos. Porém, no dia 26 de dezembro ou 25 de dezembro, os franceses foram em 15 combatentes. Treze ficaram feridos e dois morreram", relata o brasileiro. "No meu ver, Kursk era causa perdida. Nós somos um batalhão de defesa da Ucrânia, não fomos para lá para invadir o território russo. Uma coisa é você defender uma cidade, limpar aquele território da cidade que foi invadido pela Rússia, outra coisa é você invadir uma soberania. Querendo ou não, você já está ultrapassando aquilo que você falou que fazia", disse Rocha. Segundo o legionário, a Rússia trabalha numa forma de pinça, como durante a época soviética. "Eles pegam um território, fazem uma pinça pela esquerda e pela direita e fecham; quem está no meio, esquece, não consegue sair mais. Além de você estar invadindo o território russo, você estava indo para a morte", conta o ex-combatente. Ele observou uma grande evasão de ucranianos para a Polônia, Eslováquia e Hungria, fugindo da guerra, "por saberem que alguns batalhões são destinados à morte". Rocha diz que sempre quis participar de uma guerra: "Um pouco pela experiência, para entender como funciona toda a logística de combate". Ele afirma que em nenhuma parte da Ucrânia sofreu racismo por ser negro. "Eu vivi uma experiência única, por estar num ambiente de guerra e também por ter vivenciado as pessoas sendo muito gratas pela nossa presença." O ex-combatente brasileiro espera que a Ucrânia acabe logo com o conflito e retome seus territórios. Ao mesmo tempo, Rocha se mostra pessimista em relação às intenções de Moscou. "Pode dar um cessar-fogo aí de dois ou três anos, mas uma hora ou outra, a Rússia vai querer ir para frente de novo", prevê. "Ninguém acredita em acordo de paz", diz brasileiro residente em Kiev O brasileiro Jonatan Santiago, conhecido como Moreno, jogava futsal no time ucraniano Skyup quando a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Com o início do conflito, em fevereiro de 2022, ele foi obrigado a deixar o país, mas retornou em agosto de 2023. Há muitos anos radicado em países do leste da Europa, ele se instalou na Ucrânia em 2012. Moreno descreveu à RFI uma rotina de bombardeios insuportáveis na capital, mas que se normalizaram, para espanto do brasileiro. "Kiev, graças a Deus, é uma das cidades que tem um dos melhores sistemas de defesa em relação a drone, a mísseis e tudo mais, porque ataque praticamente é todo dia, praticamente todo dia. É assim, você acostuma na verdade, porque é sirene, sirene três a quatro vezes por dia. Toda noite praticamente tem ataque", relata. "Às vezes é engraçado porque tem um drone abatido na rua, um drone voando em cima, e as pessoas estão andando normal, caminhando na rua. Normalizou um negócio que não é normal", explica o ex-jogador de futsal. Atualmente, Moreno tem trabalhado com traduções e como empreendedor no ramo esportivo. Devido ao longo tempo em que reside em Kiev, o brasileiro tem muitos amigos na cidade e observa a desconfiança dos ucranianos em relação às negociações de paz. "Como eu falo o idioma, como eu converso, como eu leio também todas as notícias no Instagram e no Telegram, minha opinião – e não é uma opinião generalizada, mas é uma grande porcentagem –, ninguém aqui na Ucrânia acredita em acordo nenhum. Até porque eles, os russos, não dá para confiar", afirma. Moreno nota uma hostilidade crescente de parte da população contra o presidente Volodymyr Zelensky. "Talvez aconteça uma reviravolta, talvez dentro da própria Ucrânia para essa guerra acabar. Talvez alguma coisa pró-Rússia, porque eu acho muito difícil qualquer cenário que a Ucrânia ganhe a guerra ou ganhe territórios. É muito difícil. As próprias pessoas, o próprio ucraniano não vê isso como possibilidade", destaca. O brasileiro viveu seis anos na Rússia e tem uma filha que mora em Moscou. "Meus amigos aqui, por exemplo, que são patriotas, eles xingam a Rússia, eles xingam o Putin, mas, por outro lado, todos eles já queriam viver em paz. Chega um ponto que a pessoa só não quer mais guerra, só quer que acabe." Entre vítimas civis e militares, sem falar em desaparecidos, o balanço humano da guerra na Ucrânia continua difícil de ser estabelecido. Zelensky disse em meados de fevereiro que mais de 46 mil de seus soldados morreram em combate e outros 380 mil ficaram feridos. Fontes ocidentais relataram números superiores, que variam de 50 mil a 100 mil soldados ucranianos mortos no campo de batalha. A Rússia não comunicou suas perdas desde o segundo semestre de 2022, quando reconheceu menos de 6 mil soldados mortos. No final de 2024, o então secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, falou em 700 mil soldados russos mortos ou feridos. A esse balanço, deve-se somar os soldados norte-coreanos usados por Moscou como força de ataque à Ucrânia: entre 1.100 mortos, segundo Seul, e 3 mil, de acordo com Kiev.…

1 Séries brasileiras conquistam Berlinale com linguagens inovadoras e temas urgentes 6:28
6:28
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요6:28
Não foram apenas os curtas e longa-metragens brasileiros que brilharam nesta 75ª edição da Berlinale, na capital alemã, em 2025. Um outro mercado promissor, o das séries brasileiras, ganhou espaço e conquistou holofotes no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Má rcia Bechara , enviada especial da RFI a Berlim Exemplo disso é a série De Menor , assinada pela diretora Caru Alves de Souza, veterana do festival berlinense que conquistou o prêmio do Júri Internacional com o longa Meu Nome é Bagdá , em 2020. De Menor , a série, convidada especial da seção Generation este ano, é uma espécie de spin off do primeiro filme homônimo da cineasta paulistana, que ganhou as telas brasileiras em 2013, e usa de uma linguagem não naturalista para criar um "olhar crítico" sobre a situação de adolescentes desassistidos e marginalizados no Brasil. "A proposta da série não busca oferecer respostas definitivas para essa situação, pois, como cineastas, não temos todas as ferramentas necessárias para isso. Nosso objetivo é, na verdade, fazer um chamado ao espectador, incentivando-o a refletir sobre esse contexto", diz a diretora. "Os episódios exibidos aqui na Berlinale incluem o primeiro, que aborda a história de um adolescente negro pego usando drogas e julgado como traficante, uma situação bastante comum no país. Já o terceiro episódio se passa inteiramente dentro de um programa de TV, quase como uma transposição da audiência para o formato sensacionalista, típico desses programas que já emitem um julgamento imediato", antecipa. Terror brasileiro Já a série de terror Reencarne , de Bruno Safadi, que fez sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Berlim, acompanha um ex-policial que é abordado por uma mulher que diz ser a reencarnação de seu falecido parceiro de trabalho, com um elenco que conta com o ator guineense Welket Bungué, além de Julia Dalavia, Taís Araujo, Enrique Diaz e a portuguesa Isabél Zuaa. "Minha expectativa é apresentar uma série de terror que, embora tradicionalmente associada a narrativas norte-americanas, é uma produção brasileira. A trama se passa no interior de Goiás, uma região do Brasil que raramente é retratada nesse tipo de gênero. Trata-se de uma história que também foge dos clichês do imaginário das narrativas brasileiras. Com um elenco majoritariamente negro, acredito que Reencarne traz novas imagens do Brasil para o mundo", diz o diretor Bruno Safadi. Juan Jullian, um dos criadores de Reencarne , explica um pouco sobre o processo de criação da série. "Essa série foi aprovada em 2021, durante um pitch realizado pela TV Globo, que buscava histórias com protagonismo negro. Passamos um ano no processo de desenvolvimento e escrita, seguido de meses de filmagem, o que tornou essa jornada longa até chegarmos à Berlinale. Acredito que a série representa uma iniciativa legítima, sendo criada e escrita por autores negros e LGBTQIA+. É mais uma série de terror com protagonismo negro, o que é uma contribuição importante para o gênero", contextualizou. O diretor Bruno Safadi ressalta a importância da Berlinale como vitrine para as séries brasileiras. "A Berlinale é um dos três maiores festivais de cinema do mundo, com 75 anos de história. A trajetória do cinema passa por aqui, e as séries têm ganhado cada vez mais destaque, não só no cenário global, mas também nos festivais de cinema. Participar com uma série brasileira em um evento tão importante e tradicional como o Festival de Berlim é, sem dúvida, uma honra", afirmou em entrevista à RFI em Berlim, na sede do Berlinale Series Market. Veterano da Berlinale, onde já concorreu ao Urso de Ouro com o longa Joaquim , em 2017, e cujo filme O Homem das Multidões foi exibido na mostra Panorama, em 2013, o diretor pernambucano Marcelo Gomes assina agora sua primeira série, Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Imediatamente , inspirado da história real de comissários de bordo que traziam remessas clandestinas do medicamento AZT para doentes de HIV na época em que a epidemia de Aids tomou conta do Brasil. "Quando a Morena Filmes me apresentou o projeto, fiquei muito emocionado, por diversas razões. Primeiramente, porque vivi os anos 1980 e 1990, ainda que fosse muito criança na época, e aqueles anos foram marcados por uma realidade terrível. O preconceito e a intolerância em relação às pessoas HIV positivas eram imensos. A série se constrói a partir dessa trama de intolerância brutal. Em um dos episódios, um dos personagens diz que a AIDS caiu como um "tailleur" na caretice, uma referência à forma como a sociedade lidava com a questão e também o descaso das autoridades públicas na época", lembra o diretor Marcelo Gomes. "Essa história precisa ser contada aos jovens que não sabem nada sobre aquele momento da história. Precisamos aprender com os erros do passado. Mas também é importante que ela seja relembrada pelas pessoas que viveram aquela época, para que nunca se esqueçam do que aconteceu, especialmente em um momento como o que o mundo atravessa hoje, com novas ondas de intolerância", sublinha. "Há três anos, o Brasil teve um governo que foi extremamente intolerante com a comunidade LGBTQIA+, o que torna essa narrativa ainda mais relevante. Fiquei muito emocionado ao recordar tantas pessoas que conheci e que, infelizmente, morreram devido ao preconceito", destaca. "Era um momento extremamente difícil, pois não existia nenhum medicamento eficaz, com exceção do AZT, que só foi liberado nos Estados Unidos. As autoridades brasileiras demoraram cinco anos para aprovar o AZT. Durante esse período, o que aconteceu foi uma rede de solidariedade: comissários de bordo, que viajavam para os Estados Unidos toda semana, começaram a trazer o medicamento em quantidades cada vez maiores para ajudar as pessoas. Assim, formou-se uma verdadeira rede de apoio, um 'contrabando do bem', como costumamos dizer, para salvar vidas", detalha Marcelo Gomes sobre o enredo da série. A Berlinale fica em cartaz na capital alemã até o dia 23 de fevereiro.…

1 Produção audiovisual de indígenas do Brasil é destaque em evento acadêmico na França 7:42
7:42
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요7:42
Um seminário internacional realizado nesta quinta-feira (13), na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), na região parisiense, visa trazer debates artísticos, antropológicos e sociais a partir da produção audiovisual contemporânea dos povos indígenas na América Latina. Em paralelo, a associação Autres Brésils organiza a exibição especial Caméra-Flèche, no sábado (15), que irá apresentar quatro curtas inéditos do cinema indígena brasileiro, com a presença dos cineastas Olinda Yawar Tupinambá e Ziel Karapotó. Luiza Ramos, da RFI O seminário internacional “Motyrõ: artes indígenas e cinema na América Latina” contou com a apresentação de projetos de pesquisadores e professores da França e do Reino Unido sobre povos originários da Bolívia, México e Brasil , que abriram os debates sobre o tema nesta quinta-feira, antes da exibição dos filmes. Esse é o primeiro seminário sobre a produção audiovisual indígena que Christian Fischgold, pesquisador e professor na EHESS desde 2023, organiza em conjunto com Jamille Pinheiro Dias, da Universidade de Londres, e a professora Lúcia Sá, da Universidade de Manchester. “Para debater sobre esse tema temos a presença de dois cineastas e artistas indígenas brasileiros que são: a Olinda Tupinambá e o Ziel Karapotó. São dois artistas jovens que participaram da última Bienal de Veneza representando o pavilhão brasileiro, são dois artistas com uma obra que dialoga com diversas questões acerca do colonialismo, de novas linguagens, de questões de gênero, de corpo e então são artistas realmente muito interessantes para falar com a comunidade acadêmica nesse evento”, diz Christian Fischgold. Nova geração de artistas indígenas “em todos os lugares” Olinda Tupinambá, artista, cineasta e jornalista, que faz parte da Rede Katahirine, uma rede audiovisual dirigida por mulheres indígenas, foca seu trabalho em questões ambientais. Ela, que é originária do sul da Bahia , detalhou à RFI a importância da atual visibilidade da produção audiovisual dos povos originários brasileiros, principalmente para indígenas da região Nordeste, que muitas vezes são desvalorizados, segundo ela, por não serem parte do biotipo do indígena amazônico . “Nós, povos indígenas, vivemos por muitos anos sendo vistos com o que as outras pessoas falavam sobre nós. Então existia um certo romantismo, de alguma forma coisa mais caricaturesca do que as pessoas esperam do que é indígena. E eu acho que quando a gente entende a importância dessa ferramenta, que é o audiovisual, a gente usa ela para mostrar quem nós somos e essa diversidade. Ao mesmo tempo, dizer que nós estamos em todos os lugares”, destaca Olinda Tupinambá. Para a jornalista, no Brasil ainda “é difícil para as pessoas entenderem a complexidade do que são os povos indígenas. Então existia sempre um olhar que era um olhar do colonizador sobre a gente. Muitas vezes preconceituoso, de que só existe indígena, por exemplo, na Amazônia . O meu trabalho também vem para descontextualizar e falar: nós somos indígenas do Nordeste e a gente está nesse contexto”, aponta. Olinda vê no audiovisual indígena “uma ferramenta de denúncia”, que se iniciou com a luta pela terra e hoje tem como prioridade a questão ambiental. Olinda Tupinambá apresentará no evento de sábado seu filme 'Ibirapema', feito para uma exposição de arte da Pinacoteca de São Paulo . A obra conta a história de uma mulher indígena que vivia num tempo mítico e ao comer carne humana é transportada para a cidade de São Paulo e tem seus primeiros contatos com a arte ocidental. “Eu costumo dizer que foi um filme divisor de águas na minha carreira de artista porque, de fato, foi a primeira vez que eu começo a trabalhar com essa questão de pesquisa de arte”, conta a documentarista. A sofisticação da arte indígena contemporânea Ziel Karapotó, que teve seu trabalho apresentado na última Bienal de Veneza em 2024, exibirá no sábado seu documentário ficcional ‘Paola’, ao lado de sua colega Olinda Tupinambá e outros artistas indígenas convidados. Ele também contou à RFI sobre sua produção artística e suas influências . “Eu sou formado em artes visuais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas eu tive a oportunidade de transitar e trabalhar com muitas linguagens. Porque hoje eu tenho consciência que eu já nasci imerso. A gente já nasce cantando, dançando ali [na aldeia], imerso sobre nossas relações culturais, e hoje, eu entendo isso como arte, uma arte potente, uma arte realmente forte”, descreve. Karapotó, que também é artista plástico e realiza performances, comentou ainda sobre as novas ferramentas de artes integradas à produção indígena contemporânea, sobretudo no cinema. Para ele, a arte indígena vai muito além do artesanato tradicional, e faz refletir sobre diversas temáticas sociopolíticas que dizem respeito às comunidades originárias brasileiras. “A gente vem para romper esse lugar e esse entendimento do que é a arte indígena. A arte indígena é sempre colocada em um lugar muito rudimentar, no passado, do início da história da arte brasileira. E a minha geração vem mostrar que a arte indígena é orgânica, é sofisticada e é capaz de usar as novas linguagens e novos códigos a seu favor. Sempre mantendo códigos tradicionais, sua base tradicional e cultural”, sublinha o jovem artista. Intitulada 'Caméra-Flèche: Caminhos do cinema indígena no Brasil' , a exibição de quatro curtas ocorre neste sábado, às 18h, no cinema L’Ecran de Saint Denis , que vende ingressos para a sessão que deve seguir com debates na presença dos diretores presentes. No programa: - Rami Rami Kirani - o poder transformador da ayahuasca nas mãos das mulheres Huni Kuin - Minha Câmera, Minha Flecha - a câmera como arma de luta e memória - Paola - uma jornada entre o documentário e a ficção no coração da amizade e das raízes Karapotó - Ibirapema - uma jornada poética entre a mitologia indígena e a modernidade urbana Christian Fischgold adiantou à RFI que um segundo seminário na temática das artes indígenas deve acontecer na EHESS ainda no primeiro semestre de 2025.…

1 "Malu", retrato de uma atriz brasileira insubmissa, libertária e iluminada estreia em festival na França 6:05
6:05
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요6:05
“Malu” é um pequeno grande filme. Pequeno mesmo, só o orçamento e o calendário apertado. Mas o primeiro longa de Pedro Freire, na verdade, é enorme, com atuações transbordantes, direção certeira e tudo mais de que precisa um grande filme. O filme fez sua estreia francesa nesta sexta-feira (7), no festival Regards Satellites que acontece em Saint Denis, na região parisiense. Patrícia Moribe, em Paris O filme conta os últimos anos da atriz Malu Rocha (1947-2013), mãe do cineasta, que fez carreira no teatro, trabalhando com nomes como Gianfrancesco Guarnieri, Plínio Marcos e Flávio Rangel. Ela estreou no palco em 1969, no Teatro Oficina, de José Celso Martinez Correa. Figurativamente, Malu Rocha nasceu e morreu no Oficina, pois seu velório também aconteceu no local icônico. “Foi um velório muito peculiar, com vinho, baseados de maconha”, relembra Freire. “Foi quase uma encenação, com o caixão dela no meio do palco com uma luz bem teatral e várias fotos da carreira dela espalhadas. A questão da maconha era importante para ela. Nem eu, nem minha irmã somos maconheiros, mas ela era muito maconheira. Então resolvemos no velório dela distribuir baseado para as pessoas. Foi uma festa muito bonita, muito pagã. E nesse velório eu pensei ‘cara, essa mulher precisa de um filme’. E aí passei alguns anos elaborando até conseguir escrever o roteiro.” “Malu” traz no elenco atrizes com trabalho sólido em teatro. Yara de Novaes, premiada atriz e diretora de teatro, com pouca passagem no audiovisual, faz o papel principal. Juliana Carneiro da Cunha, um dos grandes nomes do teatro francês (Théâtre du Soleil), faz a mãe, dona Lili. E Carol Duarte, que despontou no filme “A Vida Invisível de Euridice Gusmao”, de Karim Ainouz, é a filha Joana – que é, na verdade, uma personagem que é uma fusão do próprio diretor e de sua irmã, a atriz e diretora Isadora Ferrite. Freire conta que optou por atrizes de teatro porque buscava profundidade psicológica, de profissionais acostumadas a ensaios. “Foram três semanas de ensaio e três semanas de filmagem”, explica. Luminosa "Minha personagem é uma mulher maravilhosa, uma atriz brasileira, sobretudo de teatro, que nasceu na década de 40 e viveu o auge da sua profissão durante a ditadura militar", conta Yara de Novaes. "Ela compreendeu que o palco poderia ser também um lugar de luta. O filme tem um recorte temporal, que é o momento em que a Malu já está um pouco decadente, social e fisicamente, com o início de uma doença neurodegenerativa. Há um embate geracional muito interessante e profundo no filme, dela com a filha e a mãe. Malu foi uma mulher libertária e contraditória, maravilhosa, luminosa, intensa, insubmissa." “Malu” é o primeiro longa de Pedro Freire, apesar da bagagem de muitos anos trabalhando no cinema brasileiro. Ele dirigiu oito curtas e trabalhou em 17 longas de outros diretores em funções diversas: assistente de direção, diretor de casting e preparador de elenco, além de escrever roteiros. Freire apresentou a ideia à produtora Tatiana Leite há quase oito anos, pouco antes do desmonte da cultura brasileira na era bolsonarista. “Durante alguns anos, a gente ficou no desenvolvimento do roteiro. Ele escrevendo e eu dando feedback”, conta Leite. “E não tinha nenhuma perspectiva de captação – alguns estados, durante o caos total, tinham mantido uns fundos regionais, mas na época, o Rio estava parado e foi muito duro. Assim, é muito difícil passar o pires no exterior quando você não tem nada nacional para dar uma credibilidade – sobretudo sendo um primeiro longa-metragem”. Pouco dinheiro, muita garra O projeto saiu do papel após ganhar um edital da Rio Filme. Na sequência, Tatiana Leite foi atrás de parceiros. Com capital mínimo, a equipe foi se formando e as atrizes, se juntando ao projeto. “Eu fiquei muito impressionada com a força da Yara, da Carol e da Juliana. E também tem cenas tipo monólogo da Juliana, que todo mundo ficou de cara, a equipe inteira parada, hipnotizada por essa mulher”, relata a produtora. A estreia foi no festival de Sundance, nos Estados Unidos, seguido de outros no mundo todo, com muitos prêmios e críticas positivas. A distribuição na França ainda está sendo negociada. A produtora conta, um pouco chateada, que alguns compradores alegam que o filme não apresenta os elementos típicos que esperam de um produto brasileiro: miséria, violência urbana, indígenas ou universo queer. “Acho idiossincrático porque, ao mesmo tempo, acho o filme muito brasileiro”, diz. “Malu” foi apresentado na França no festival Regards Satellites , em Saint Denis, região parisiense, com presença das atrizes Yara de Novaes, Juliana Carneiro da Cunha e Carol Duarte, além da produtora Tatiana Leite.…

1 Com poesia e cinema, indígenas brasileiros reforçam em Paris a luta pela demarcação justa de terras 8:30
8:30
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요8:30
Com o objetivo de oferecer uma visão geral da diversidade e sobre a produção dos povos indígenas, especialmente do Brasil, nos campos da pesquisa acadêmica e da criação artística, foi realizado nesta segunda (3) e terça-feiras (4), no Collège de France, em Paris, o segundo simpósio internacional sobre povos indígenas. O evento “Ciências Vivas: Perspectivas Indígenas no Mundo da Pesquisa e das Artes” recebeu, dentre outros cientistas e pesquisadores da área, também palestrantes indígenas em intercâmbio na França através do plano de mobilidade acadêmica internacional voltado para os povos originários no Brasil, o programa Guatá. Idjahure Kadiwel, carioca de origem terena e kadiwéu, e doutorando na USP , foi um dos participantes. Ele declamou um poema autoral no primeiro dia do evento para introduzir o tema das estratégias de luta pela demarcação de território e direitos civis do povo indígena. “Eu acho que a arte é muito importante porque é aquela coisa que não tem fronteiras, barreiras ou limitações, para tocar o coração das pessoas, para abrir a mente das pessoas. Cinema, poesia, artes visuais, música, tudo serve para a gente ser afetado e afetar”, declarou Idjahure Kadiwel. “É importante quando a gente consegue trazer um pouco de uma consciência diferente por meio desses trabalhos, dessas obras, esses eventos assim. O limite é a própria criatividade não só nas artes, mas como o colóquio propõe esse mundo da pesquisa das artes”, disse o cientista social em entrevista à RFI . Idjahure Kadiwel também destacou a importância da inserção dos indígenas no meio acadêmico. “A gente ouviu aqui pesquisas muito originais dos nossos colegas antropólogos indígenas. Então é isso que a gente está tentando compartilhar, um pouco dessa novidade que é uma novidade também para o Brasil. Ter os indígenas na pós-graduação, no doutorado. Uma novidade da última década, talvez, esse aumento exponencial. Então, a gente estar desenvolvendo esse trabalho aqui na França , em Paris , já é uma outra etapa dessa história”, comemora. Acampamento Terra Livre O filme “Nosso modo de lutar”, exibido durante o evento no Collège de France, mostra os encontros intergeracionais que acontecem anualmente no movimento indígena brasileiro conhecido como ATL (Acampamento Terra Livre, o maior ato da luta dos povos originários latino-americanos, em Brasília). Uma das diretoras do curta, a liderança indígena Francy Baniwa, original do povo medzeniako da região do Alto Rio Negro , que é doutora em antropologia pela UFRJ e cursa pós-doutorado na USP, comentou sobre a perspectiva feminina no filme e na luta indígena. “Essa presença das mulheres agora que estão com câmeras nas mãos, que estão produzindo cinema, que é um olhar diferente, que é de dentro para fora, de sair dessa coisa ocidental. A gente tem visto que de fato é um diferencial quando é feito e produzido por mulheres, mas também uma ferramenta que tem nos proporcionado essa luta de demarcação através de uma câmera, que também é uma ferramenta de luta e de resistência. Para você poder registrar, você poder denunciar. Então ela [a câmera] tem se tornado o arco e flecha nessa questão do registro de conhecimentos”, enfatizou Francy Baniwa. A força da pesquisa acadêmica na demarcação justa de terras A ativista Juliana Amanayara Tupinambá, em intercâmbio de doutorado na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, e palestrante nos dois dias do simpósio em Paris, reforçou a relevância da presença indígena no meio acadêmico internacional para combater a implementação Marco Temporal . “É de suma importância porque já era um movimento que a gente tinha nacionalmente. No Brasil, então, quando surge a lei de cotas, é a porta para os indígenas ingressarem na universidade. E aí com muitas lutas a gente consegue não só ingressar, mas permanecer nesses espaços e também trazer a nossa própria epistemologia indígena para dentro desses espaços. Atravessar esse mar Atlântico para chegar aqui na Europa e trazer também os nossos projetos de pesquisa é também um ato de militância para buscar formas de defender os direitos indígenas”, afirma. A cientista explica que “através de uma pesquisa antropológica” do território é possível documentar oficialmente ao governo, para “ajudar na própria demarcação do território”. “Hoje temos advogados indígenas que defenderam na corte brasileira o porquê os territórios não se aplicam ao Marco temporal. O decreto 1775, que é o decreto da demarcação indígena, não tem que ser seguido com a tese do Marco temporal. Eu acredito que isso venha através dessa apropriação do papel da caneta, como os meus mais velhos, falam”, considera Tupinambá. Leia também Derrota "histórica" do marco temporal no STF é destaque na imprensa internacional A força feminina na luta territorial A geógrafa e doutoranda na UFGD, Universidade Federal de Grande Dourados, Sandra Cândido, da etnia terena da aldeia Ipegue, que palestrou no segundo dia do evento, falou à RFI sobre a contribuição do intercâmbio em Paris para sua pesquisa. Sandra estuda as semelhanças entre a presença da mulher francesa nas revoluções territoriais camponesas e a mulher indígena como elemento essencial nos conflitos territoriais em solo brasileiro. “As conquistas de Napoleão Bonaparte aqui, a expansão territorial dele aqui afetou diretamente o conflito territorial lá no Brasil e em 1850 foi decretada a lei de terras que consolidou a perda dos nossos territórios. Qual que é a importância de estar aqui? Para ampliar essa visão geral do conflito territorial aonde nós mulheres estamos inseridas. As mulheres francesas são revolucionárias, são fortes e foram as mulheres francesas com crianças, bem parecido quando a gente vai para as retomadas, que vão os velhos, os anciãos, jovem, moça, rapaz, criança, mulher, criança de colo, amamentando, vai todo mundo para a retomada”, exemplifica a geógrafa. Igualmente em doutorado na UFGD, Anastácio Peralta também enfatiza a importância do intercâmbio para seu projeto acadêmico, para a luta indígena e seus objetivos pessoais. “Os estudos também apontam algum novo caminho. Uma pesquisa de conhecimento nosso mesmo, conhecimento indígena, conhecimento Guarani Kaiowá. Isso traz para nós uma fonte de novo renascer. Esse intercâmbio traz para nós também a possibilidade de estar contando para alguém de fora que nós temos problema no Brasil, que talvez futuramente, com a globalização, podemos ter um resultado de parceria, de apoio intelectual, de apoio de denúncia. O intercâmbio traz essa força e os novos amigos e conhecimento que estamos conquistando”, relata Peralta. O evento “Ciências Vivas: Perspectivas Indígenas no Mundo da Pesquisa e das Artes” foi realizado a partir de uma iniciativa da Comissão Nacional Francesa para a UNESCO , da Embaixada da França no Brasil e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em parceria com o Laboratório de Antropologia Social (LAS) e a sua equipe de Antropologia Linguística.…

1 Doutorandos de povos originários do Brasil discutem produção científica em Paris 4:34
4:34
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요4:34
Um colóquio na universidade Paris 8 foi organizado nesta sexta-feira (31) para discutir a produção cientifica de pesquisadores indígenas brasileiros que participam de um plano de mobilidade internacional voltado para os povos originários no Brasil, o programa Guatá. Patrícia Moribe , da RFI em Paris “Este encontro marca o encerramento de um ciclo em que nós tivemos, aqui em Paris, oito bolsistas indígenas que foram contemplados no âmbito do programa, que é um programa do governo francês em parceria com o governo brasileiro, que teve como e tem como objetivo apoiar pesquisadores indígenas”, explica Eloy Terena, secretário-executivo do ministério dos Povos Indígenas. “É um momento muito simbólico para nós, porque é muito pouco tempo ainda que nós estamos vivenciando no Brasil essa valorização do que nós chamamos de intelectuais indígenas”, diz Terena. “O programa prioriza você trazer conhecimento tradicional desses povos, dos seus territórios, colocar esses saberes para dialogar. Então você tem aí uma oportunidade única de ter pesquisadores indígenas de diversas áreas do conhecimento, olhando para toda a sistemática global e pensando em resolutividade local a partir dos seus territórios.” “É um colóquio muito importante, porque, na verdade, não é para discutir os problemas indígenas, mas deixar os próprios cientistas indígenas explicarem, apresentarem eles mesmos a questão científica”, explica Armelle Enders, professora de História do Brasil Contemporâneo na Universidade de Paris . “Enfim, os povos que eram estudados agora são atores da própria ciência, são atores científicos importantes.” Maristela Aquino, da etnia Guarani, é uma das doutorandas. Da UFGD (Universidade Federal de Grande Dourados), ela estuda ciência indígena, ancestralidade e resistência feminina nos territórios tradicionais e sagrados de retomadas. “Estou feliz porque eu estou cumprindo minha missão aqui. E voltando para o Brasil. A luta continua lá.” “Eu desenvolvo uma pesquisa no Brasil sobre a cartografia da roça Guarani Kaiowá e sustentabilidade em busca da cura da terra”, explica Anastácio Peralta, também da UFGD. “E isso me encanta muito, porque os tradicionais, os mais velhos, mais antigos, nunca prejudicaram a terra e eu estou em busca desse conhecimento para poder ajudar não só meu povo, mas o próprio planeta”. Sandra Terena, da UFGD, estuda conhecimentos tradicionais que a mulher Terena aciona para poder ocupar o espaço dentro e fora do território. Em seu trabalho, ela faz um contraponto com as mulheres francesas. “Elas são conhecidas como guerreiras revolucionárias, elas são fortes”, explica. Internacionalização e mobilidade “Vimos que os indígenas estão entrando nas universidades, mas são poucos ainda no doutorado. E a questão foi justamente conseguir a internacionalização e mobilidade para esses estudantes”, explica Nadège Mezié, uma das criadoras do programa Guatá . “Na maioria das vezes, não conseguem essa mobilidade porque é complicado, eles não sabem que existe, então essa bolsa é justamente para isso, é uma experiência tanto pessoal, quanto para a carreira”. Ela explica ainda que há, entre os doutorandos, diversidade tanto de perfis quanto de grupos étnicos, com alunos de Odontologia, Ciências Sociais e Humanas, Antropologia etc.” Anne Louyot, comissaria francesa do Ano Brasil França 2025, explica que muitos eventos estarão ligados aos povos indígenas. “É muito importante introduzir essa dimensão de culturas e línguas indígenas na relação entre a França e o Brasil. Ainda mais porque temos também povos indígenas na Guiana Francesa”, explica. ”Vamos ter um colóquio e uma exposição sobre as línguas e as culturas indígenas das fronteiras no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que vai incluir, claro, o diálogo entre povos indígenas da França e do Brasil”, diz. Durante a COP em Belém, haverá também um encontro entre representantes desses povos indígenas da fronteira franco-brasileira, acrescenta Louyot. “Outro evento importante é um grande encontro sobre a biodiversidade na Amazônia que vai acontecer no Museu Nacional de História Natural de Paris, que trabalha com a Universidade de São Paulo, com uma parte dedicada às culturas indígenas e à presença indígena.”…

1 Festival de cinema em Saint-Denis na França destaca cinema periférico brasileiro 5:24
5:24
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요5:24
O festival Regards Satellites realizado em Saint Denis, na região parisiense, destaca em sua terceira edição o cinema periférico brasileiro. De 29 de janeiro a 9 de fevereiro serão exibidos filmes de vários países e realizados debates e encontros com cineastas, com o objetivo de fomentar linguagens inovadoras de cinema. O festival Regards Satellites (Olhares Satélites, em tradução livre) começou quarta-feira (24) com a exibição do longa "A cidade é uma só?" (2013) do cineasta brasileiro Adirley Queirós, precedido pelo curta "O cinema acabou" (2024), do diretor paulistano Lincoln Péricles. Queirós é conhecido por filmes como "Mato seco em chamas", realizado com Joana Pimentel, premiado no Festival Cinema du Réel, em Paris , e parte da seleção oficial da Berlinale, em 2022 . Exibido na abertura do festival, "A cidade é uma só?", primeiro longa de Queirós, retrata a criação da Ceilândia, bairro onde o diretor cresceu e onde ainda vive. A cidade-satélite do Distrito Federal, que inspira toda a obra do cineasta, foi fundada, na década de 1970, dentro da Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), projeto implementado para retirar trabalhadores pobres que se instalaram no entorno de Brasília. Um processo histórico pouco conhecido, exposto pelo filme que mistura documentário e ficção. “Eu acho que as periferias de Brasília, durante muito tempo, foram, obviamente, afastadas do processo, assim como no Brasil todo. Não só Brasília”, diz o cineasta, observando que o interesse por um cinema feito na periferia ou com essa temática é recente. “Na verdade, isso tem menos de 20 anos [...] O processo do cinema periférico brasileiro foi crescendo aos poucos”, analisa. Linguagens inovadoras O festival Regards Satellites tem o objetivo de fomentar linguagens inovadoras de cineastas independentes, como explica Claire Allouche, uma das curadoras do evento e especialista em cinemas brasileiro e argentino contemporâneos. “A ideia é de não pensarmos que estamos nos confins do mundo. O problema da palavra periferia é que às vezes dá a sensação de que cineastas periféricos, ou de lugares periféricos, sempre vão estar do lado do centro. E a ideia não é essa”, explica. “Claramente a proposta do festival é de revalorizar as potências das periferias e de reivindicar a palavra periferia como outro centro”, diz. “Eu acho que esse é o cinema contemporâneo”, diz Adirley Queirós. “A importância é muito grande. Primeiro pelas pessoas que estão envolvidas na coordenação do festival, pelos temas que são abordados, pelas pessoas que circulam por aqui. São várias periferias do mundo que estão aqui”, diz, destacando que o evento abre espaço para a posição política, mas também para questões estéticas. “Pouco se fala sobre a estética do cinema periférico. Eu acho que é o mais importante, na verdade. A estética é, hoje em dia, muito mais do que a formalidade, muito mais importante do que o conteúdo”, defende o cineasta. “O conteúdo pode ser abordado de várias maneiras, mas essa ideia de um cinema periférico mundial, que entra com a nova possibilidade de estética, é bem diferente”, afirma. “Oscar é um desserviço” Adirley Queirós é crítico sobre a importância dada no Brasil ao Oscar. “Acho que o Oscar é um desserviço para a gente. O que o Oscar representa é, na verdade, um processo colonial muito forte. Você pensar que a gente está envolvido num processo de legitimar a indústria americana, sendo que a indústria americana historicamente foi perversa contra a gente”, lamenta. “Eu acho que, obviamente, o Walter Salles e o filme dele têm uma importância, mas o Oscar não tem importância nenhuma para mim”, acrescenta. Outro cineasta brasileiro com filmes exibidos durante o festival é Lincoln Péricles. Esta será a primeira vez que suas obras são apresentadas na França. Natural de Capão Redondo, comunidade periférica da capital paulista, o realizador ficará em residência em Saint-Denis entre janeiro e abril. Além disso, com Adirley Queirós, Lincoln Péricles realiza uma masterclass na segunda-feira (3). Em fevereiro, o paulista realiza a programação de filmes de várias “quebradas” do Brasil, dentro do projeto da diretora franco-senegalesa Alice Diop, La Cinémathèque idéale des banlieues du monde (A Cinemateca ideal das periferias do mundo), realizado conjuntamente pelos Ateliers Médicis (centro que acolhe artistas do mundo inteiro e de todas as áreas em residência) e o Centro Georges Pompidou. Alguns desses filmes serão acessíveis on-line. O Regards Satellites também vai exibir o filme “Malu”, de Pedro Freire, “Baby” de Marcelo Caetano e longas de diretores poloneses, franceses e americanos.…

1 Cia brasileira revisita 'Ilíada' para o teatro em francês, numa 'transcriação' com ajuda da IA em Paris 13:10
13:10
나중에 재생
나중에 재생
리스트
좋아요
좋아요13:10
Uma aventura épica entre a tradução literária, a "transcriação", a música e a performance. O diretor de teatro Octavio Camargo há 20 anos revisita numa imersão total o texto clássico de Homero, a "Ilíada", ao lado da Cia Iliadahomero, baseada em Curitiba. Em Paris, ele conduziu ao lado de artistas brasileiros uma oficina no Centro Cultural Centquatre (104), em um projeto que explorou o teatro e a tradição experimental, usando técnicas de "transcriação" com ajuda da Inteligência Artificial (IA). O conceito de "transcriação", desenvolvido pelo poeta concretista brasileiro Haroldo de Campos, é uma abordagem inovadora no campo da tradução literária, particularmente em relação à poesia. Inspirado por ideias de Ezra Pound e pelo concretismo brasileiro, Haroldo de Campos propôs uma prática tradutória que vai além da simples transferência de conteúdo entre línguas, enfatizando a recriação do texto original em um novo contexto linguístico e cultural. A transcriação não é apenas uma tradução literal ou fiel ao texto original , mas sim uma recriação que mantém o espírito, a força estética e a função poética do original. Campos considera o tradutor Odorico Mendes, que realizou a primeira tradução da "Ilíada" de Homero para o português ainda no século 19, o "pai da transcriação" no Brasil. A "transcriação" é uma "tecnologia de tradução", onde a função poética se torna mais importante em algum lugar do que a mera transcrição literal de uma frase. "Estamos aqui a convite de Cláudia Washington, que trabalha no 104, para conduzir um ateliê de tradução experimental inspirado no trabalho de Odorico Mendes", explica Octavio Camargo. Mendes foi o tradutor pioneiro de Homero para a língua portuguesa, com versões completas da "Ilíada" e da "Odisseia". "Odorico realizou grande parte desse trabalho em Paris, onde viveu por 14 anos, entre 1850 e sua morte em 1864. Suas traduções, marcadas por um estilo único e inovador, chegaram às mãos de Dom Pedro II e foram publicadas postumamente, cerca de dez anos depois", conta. Estranhamento "A tradução do Odorico guarda um estranhamento na língua portuguesa que a gente gostaria de preservar. Então, o uso das ferramentas digitais não é apenas transferir a responsabilidade da tradução para a inteligência artificial, não é utilizar a inteligência artificial como uma ferramenta auxiliar, mas preserva todo o sentido do workshop e do encontro, que passa pela pessoa que fala francês, pelo crivo artístico e também pelo histórico existencial do performer", detalha Camargo. A oficina explora a interseção entre a tradução literária e as novas tecnologias. "Nosso objetivo é investigar como ferramentas digitais, como tradutores automáticos, podem ser usadas para traduzir um poeta tão complexo quanto Odorico Mendes. A ideia não é simplesmente transferir a responsabilidade da tradução para a inteligência artificial, mas utilizá-la como um recurso auxiliar, preservando as particularidades do texto original, como suas inversões sintáticas e construções anacolúticas", afirma o diretor. "Tradução da tradução" Camargo destaca que o foco da oficina não é produzir uma tradução literal, mas sim criar uma "tradução da tradução" para o francês, buscando manter o estranhamento característico do texto de Odorico. "O trabalho é pensado como um script para performances na língua francesa, conectando a poética de Odorico ao contexto contemporâneo e ao público local", explica. "O Odorico faz uma tradução anacolútica de Homero. O anacoluto é uma figura de linguagem onde você inverte a ordem sintática da frase. Normalmente, a frase escrita em prosa tem sujeito, verbo e complemento, nessa ordem. O anacoluto inverte, e às vezes coloca o complemento antes do sujeito, e às vezes antes do verbo. Às vezes chega a omitir o verbo, como é na vida real", explica Octavio Camargo, que além de diretor de teatro é professor de composição no curso de Composição e Regência da UNESPAR - Escola de Música e Belas Artes do Paraná, possui mestrado em estudos literários pela UFPR e é doutorando em filosofia na Universidade Federal do Paraná em parceria com a EHESS, a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Erra quem acredita que a prosa transcreve a oralidade. A prosa "domestica" a fala, coloca-a dentro de um formato destinado à leitura silenciosa, apenas para o leitor, enquanto a lingua oral é cheia de quebras de convenções da gramática. A proposta também inclui uma abordagem cênica, em diálogo com o trabalho da companhia fundada por Octavio no Brasil, que realizou, em 2016, uma performance integral da "Ilíada" na tradução de Odorico . "Foram 24 horas de espetáculo, fruto de 20 anos de pesquisa. Agora, em Paris, estamos lidando com o canto um da 'Odisseia', que aborda a saga de Telêmaco em busca do pai, Ulisses", detalha. A narrativa, escrita provavelmente no século VIII a.C., continua a ressoar nos dias atuais. "Os épicos de Homero foram, na Grécia antiga, uma espécie de política pública de educação, transmitindo valores éticos e culturais. Hoje, eles nos convidam a refletir sobre dois modelos de existência: o de quem permanece e luta pelos seus, como na 'Ilíada', e o de quem parte, sem o peso da saudade, como na 'Odisseia'. Esses dilemas ainda dialogam com nosso tempo", analisa Octavio. Cláudia Washington, artista visual, performer e colaboradora do Centquatre (104), falou sobre a concepção e a realização da oficina de tradução experimental liderada por Octavio Camargo e sua equipe em Paris. "Conheço o trabalho do Octavio e da companhia há muito tempo, e sempre admirei a profundidade e a inovação que eles trazem. Quando surgiu a oportunidade de conectar esse projeto ao Centquatre, um espaço colaborativo de arte contemporânea, achei que seria o ambiente perfeito para acolher a oficina", explicou Cláudia. "O 104 é um lugar marcado pela diversidade de pessoas e pela abertura à experimentação, o que casou perfeitamente com a proposta de explorar a tradução de Odorico Mendes para o francês." Receptividade do público francês O convite e a parceria com o Centquatre resultaram em três dias de intensas atividades, com a possibilidade de novos desdobramentos no futuro. "A recepção do público francês foi muito positiva. A oficina atraiu um público jovem, mas também experiente, formado por pessoas interessadas em literatura, música e na cultura brasileira. Essa conexão com o Brasil, especialmente por meio de uma tradução que parte de um texto brasileiro para o francês, despertou grande curiosidade", destacou Cláudia. Além disso, a música, um elemento essencial na identidade cultural do Brasil, foi um dos pontos de destaque. "A música brasileira é amada e amplamente reconhecida na França, o que contribuiu para criar um vínculo ainda mais forte entre o público e a proposta do ateliê", concluiu. "Escrita viva" Fernando Alves Pinto, ator e integrante da oficina de tradução experimental, reflete sobre a interação entre cena e texto, destacando como essa relação transforma a experiência teatral. "O texto ganha vida na cena. Quando você lê um texto de forma mecânica, como um computador, ele perde significado. Mas o que Odorico Mendes escreveu tem uma pulsação, quase como um fluxo de pensamento não lógico, não aristotélico. É uma escrita viva, que já traz em si a teatralidade", explica. Para ele, o processo de tradução para o francês é uma oportunidade de revisitar e revitalizar a obra. "Ao transpor o texto para outra língua, somos obrigados a reexaminar tudo. Às vezes penso: será que vamos conseguir fazer algo tão bom quanto Odorico? Claro que não, mas é uma delícia tentar. Esse trabalho de renascer o texto na cena, com nossa interpretação e energia, traz uma vitalidade única", conclui. A oficina no Centquatre contou com a participação de artistas de diferentes áreas, como Chiris Gomes (atriz de teatro, performance e canto), Cláudia Washington (artes visuais e performance), Fernando Alves Pinto (ator de teatro e cinema), a violoncelista Kimdee , e Véronique Bourgoin (performer e fotógrafa). "É um trabalho multidisciplinar que busca atualizar Homero e abrir espaço para novas formas de olhar para o épico", concluiu o diretor Octavio Camargo. Depois de Paris, o diretor brasileiro Octavio Camargo segue viagem para Berlim, onde realiza uma exposição de trabalhos da Oficina de Autonomia, ao lado do artista Brandon LaBelle, com obras de áudio e vídeo que apontam para formas de navegar por regimes dominantes de inteligibilidade, gravadas no Brasil Espanha e Alemanha.…
플레이어 FM에 오신것을 환영합니다!
플레이어 FM은 웹에서 고품질 팟캐스트를 검색하여 지금 바로 즐길 수 있도록 합니다. 최고의 팟캐스트 앱이며 Android, iPhone 및 웹에서도 작동합니다. 장치 간 구독 동기화를 위해 가입하세요.