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Zezita de Matos

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Zezita Matos
Nome completo Severina de Souza Pontes
Outros nomes Zezita de Matos
Nascimento 28 de agosto de 1942 (82 anos)
Pilar, PB
Nacionalidade brasileira
Ocupação
Período de atividade 1958–presente
Prêmios Prêmio Guarani de melhor atriz coadjuvante (2021)
Website zezitamatos.com

Severina de Souza Pontes (Pilar, 28 de agosto[1] de 1942), mais conhecida como Zezita Matos,[2] é uma atriz e professora brasileira, que ganhou destaque por seus trabalhos no cinema, como Laura em Mãe e Filha (2012), Das Dores em A História da Eternidade (2015) e Tereza em Deserto Particular (2021). Na televisão, Zezita ganhou notoriedade por interpretar Piedade em Velho Chico (2016). Em 2020, recebeu aclamação da crítica por interpretar Chiquinha no filme Pacarrete, pelo qual foi indicada ao Grande Otelo de melhor atriz coadjuvante e venceu o Prêmio Guarani, também de atriz coadjuvante.[3]

Zezita nasceu em uma fazenda em Juripiranga, distrito da cidade de Pilar, interior da Paraíba, em 28 de agosto de 1942. Lá ela viveu até seus seis anos de idade. Seus pais eram comerciantes e ela é a filha mais velha de cinco irmãos.[4] Ela realizou um exame de admissão e foi aprovada no Colégio das Damas em Campina Grande. Os custos com o internato eram muito altos e seu pai não conseguiu mantê-los, mudando-se para João Pessoa em busca de mais oportunidades de trabalho.[5]

Ainda muito jovem, começou a se interessar pelo mundo das artes. Com apenas 16 anos de idade, em 1958, já vivendo na capital João Pessoa, ingressou no time de atores do teatro paraibano, onde consagrou-se como a Primeira-Dama do Teatro Paraibano, título esse dado por um grande amigo seu que virou marca registrada da atriz.[6] No início, a atriz enfrentou muita resistência de seu pai para frequentar o grupo teatral. Zezita apenas podia ir para os ensaios com a presença de seu irmão, o também ator Everaldo Pontes.[5]

A atriz formou-se em duas graduações, Letras e Pedagogia. Por anos, lecionou no Centro Universitário de João Pessoa e atuou como coordenadora dos cursos de Pedagogia e Letras. Mesmo após sua aposentadoria, continuou se envolvendo em projetos culturais com implantações de saraus de poesias e um clube de cinema dentro da instituição. Zezita também sempre foi muito ativa politicamente. Ela frequentou o grupo da juventude comunista na Paraíba. Por conta disso, precisou ficar por meses escondida na casa de um tio para não ter o mesmo destino que alguns de seus colegas que foram perseguidos, presos, torturados e até desaparecidos durante o Regime Militar Brasileiro.[5]

Zezita iniciou sua carreira no teatro amador de João Pessoa entre o final dos anos 1950 e início dos anos 1960. Ela foi se envolvendo em diversas montagens teatrais da cidade e além da atuação, tornou-se um dos principais nomes da cultura do estado da Paraíba. Aos 14 anos, foi convidada para o Grupo de Teatro Popular de Arte e foi escalada para peça Prima Dona. Inicialmente, ela estava escalada para um pequeno papel. Zezita estudou toda a peça para se preparar. No dia da apresentação, a atriz principal não pôde comparecer e Zezita a substituiu, sendo bastante elogiada e requisitada para mais trabalhos.[4] Conciliou, por anos, a atuação com a docência.[7] Recebeu o título de "Primeira Dama do Teatro Paraibano", pois foi a primeira mulher a dirigir o Teatro Santa Roza.[8]

A atriz sempre foi fascinada pelo cinema. Em sua juventude, colecionava edições da famosa revista Cinelândia, pois ela adorava ler sobre os bastidores de gravações e guardar fotos de atores e atrizes.[8] Após anos de carreira no teatro, em 1965 realizou seu primeiro teste para cinema e foi aprovada para uma participação no filme Menino de Engenho, sendo dirigida por Walter Lima Júnior.[8] Depois, voltou a se dedicar exclusivamente ao teatro. Em 1984, fez sua primeira aparição em televisão com uma pequena ponta na novela Vereda Tropical.[9]

Em 2000, após mais de 35 anos de seu primeiro trabalho no cinema, surgiu um convite de Marcus Vilar para Zezita atuar em seu curta-metragem A Canga. Ela conta que já não pensava mais em fazer cinema, mas após sua participação no curta começaram a surgir mas convites para filmes.[8] Em 2005, esteve no premiado longa Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes. Ganhou destaque em O Céu de Suely, filme dirigido por Karim Aïnouz em 2006, interpretando a avó da protagonista Suely, interpretada por Hermila Guedes. No filme, sua personagem se chamava Zezita, pois todos os personagens secundários da produção possuem os mesmos nomes dos atores que o interpretam.[10]

Nos anos seguintes, continuou a realizar pequenas participações em filmes e muitos curtas-metragens, totalizando mais de 10 curtas em sua carreira. Em 2011, voltou a ganhar destaque por seu desempenho em Mãe e Filha, onde ela interpreta uma das protagonistas, Laura, a mãe. Dirigido pelo premiado cineasta cearense Petrus Cariry, o filme percorreu por diversos festivais de cinema e Zezita foi aclamada por sua atuação, vencendo prêmios de melhor atriz no Cine Ceará, FestCine Goiânia e FestCine Maracanau. Por seu desempenho no filme, recebeu sua primeira indicação ao Prêmio Guarani, maior premiação da crítica cinematográfica brasileira, na categoria de melhor atriz coadjuvante.[11]

Em 2015, brilhou como a matriarca Donas das Dores em A História da Eternidade, filme dirigido por Camilo Cavalcante. Atuando ao lado de nomes como Irandhir Santos e Marcélia Cartaxo, ela foi bastante elogiada vencendo os prêmios de melhor atriz no Festival Internacional de Cinema da Fronteira e também no Festival Paulínia de Cinema, sendo esse último compartilhado com Marcélia e Débora Ingrid.[12]

Em 2016, Zezita ganhou notoriedade no cenário nacional por sua interpretação na novela Velho Chico, de Benedito Ruy Barbosa. A atriz foi convidada por Luiz Fernando Carvalho para interpretar a mãe coragem Piedade dos Anjos. Na trama, ela é mãe do protagonista Santo e de Bento, interpretados por Domingos Montagner e Irandhir Santos, respectivamente. Curiosamente, Zezita já havia atuado no papel de mãe de Irandhir em quatros filmes antes da novela.[13] Ela conta que fazer novelas não estava em seus planos, mas aceitou o convite do diretor Luiz Fernando por conta de seus trabalhos como cineasta.[13] Também em 2016, esteve no elenco da grande produção Reza a Lenda, atuando com Cauã Reymond, Sophie Charlotte e Luísa Arraes.

Em julho de 2018, a atriz tomou posse como presidente da Academia Paraibana de Cinema (APC). Zezita tornou-se primeira mulher a assumir a presidência da APC, tendo o professor e cineasta João de Lima como vice-presidente.[8]

Em 2018 volta à televisão em uma participação especial na série Onde Nascem os Fortes, também dirigida por Luiz Fernando Carvalho. Também em 2018, foi convidada por Allan Deberton para gravar o premiado Pacarrete. No filme, ela divide tela com Marcélia Cartaxo, Soia Lira e João Miguel. Interpretando a irmã da protagonista Pacarrete, Chiquinha, Zezita foi bastante elogiada pela crítica. Por esse trabalho, ela recebeu sua primeira indicação da Academia Brasileira de Cinema ao Grande Otelo, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. O trabalho no filme também rendeu sua primeira vitória e segunda indicação ao Prêmio Guarani de Melhor Atriz Coadjuvante em 2021.[3]

Em 2021, estreia o filme Acqua Movie, onde Zezita atua ao lado de Augusto Madeira, Marcélia Cartaxo e Alessandra Negrini. No mesmo ano, esteve em Deserto Particular, filme representante do Brasil na disputa do Óscar de melhor filme estrangeiro. Por esse trabalho, ela se saiu vitoriosa no Cine PE, festival de cinema em Recife, como melhor atriz coadjuvante.[14]

Ano Trabalho/Obra Personagem Notas
1984 Vereda Tropical Mulher que persegue Maria da Paz Participação[15]
2016 Velho Chico[16] Piedade dos Anjos[17]
2018 Onde Nascem os Fortes Rosa Episódio: "22 de maio"
2020 Amor de Mãe Maria Izabel dos Santos
Ano Título Personagem
2024 O Sertão Vai Vir ao Mar Maria José
2023 O Alecrim e o Sonho Joana Eulália [18]
2021 Currais Zezita
Deserto Particular Tereza
Acqua Movie Avó
2020 Não me esqueças, me ame para sempre Gegê
Remoinho
2019 Pacarrete Chiquinha[19]
Ambiente Familiar Rezadeira[20]
Marés Marli
2016 Reza a Lenda Deinha
2015 Olhos de Botão
A História da Eternidade[21] Dona das Dores
2013 Os Pobres Diabos Zezivalda
2012 Boa Sorte, Meu Amor Empregada
2011 Mãe e Filha Laura
2010 Olhos Azuis Dora
Ferrolho Odete
O Sonho de Inacim Mãe Aninha
2009 Azul
2007 Baixio das Bestas
2006 O Céu de Suely Zezita
2005 Cinema, Aspirinas e Urubus Mulher da Galinha
2001 A Canga
1965 Menino de Engenho Figurante
  • Prima Dona
  • Quebra-quilos
  • As Velhas

Prêmios e indicações

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Ano Prêmio Indicação Trabalho Resultado ref
2010 Festival de Curta-Metragem de Pernambuco Melhor Atriz Azul Venceu [22]
2011 Festival de Cinema no Ceará Mãe e Filha Venceu [23]
FestCine Goiânia Venceu
FestCine Maracanau Venceu [24]
2012 Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro Melhor Atriz Coadjuvante Indicado [11]
Festival Nacional de Curta Metragem de Taquaritinga Melhor Atriz Homenagem Venceu [22]
2014 Festival Internacional de Cinema da Fronteira A História da Eternidade Venceu [25]
Festival Paulínia de Cinema Venceu [26]
2016 Academia de Cordel do Vale do Paraíba Honra ao Mérito Cultural Homenagem Venceu [27]
2021 Festival Sesc Melhores Filmes[28] Melhor Atriz Nacional Pacarrete Indicado
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro[29] Melhor Atriz Coadjuvante Indicada
Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro[30] Melhor Atriz Coadjuvante Venceu
Cine PE - Festival do Audiovisual Melhor Atriz Coadjuvante Deserto Particular Venceu [14]
2022 Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro[31] Melhor Atriz Coadjuvante Indicado
Festival Sesc Melhores Filmes[32] Melhor Atriz Nacional Currais Indicado

Referências

  1. «Dama do Teatro paraibano, atriz Zezita de Matos, completa 74 anos». Jornal da Paraíba. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  2. «Estreando em Velho Chico Zezita de Matos tem frio na barriga». TV Famosos. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  3. a b «Atriz ZEZITA MATOS ganha Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro por sua atuação em PACARRETE - BafafáPB». bafafanoticias.com.br. Consultado em 22 de janeiro de 2022 
  4. a b «..::| O Olhar de Zezita - Zezita Matos |::..». www.escritalivre.com.br. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  5. a b c «O olhar de Zezita». Curtadoc. Consultado em 22 de janeiro de 2022 
  6. «Zezita de Matos uma trajetória de aprendizados». Assiste Brasil. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  7. «A atriz Zezita de Matos faz live histórica e 'encanta' internautas! - Notícias - 16º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro». festaruanda.com.br. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  8. a b c d e «Zezita Matos assume presidência da Academia Paraibana de Cinema». Cruzeiro do Sul Educacional S/A - Portal de Notícias. 11 de julho de 2018. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  9. «Atriz paraibana conta como se transformou sua vida após atuar na novela 'Velho Chico'». Paraíba Já. 20 de maio de 2016. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  10. «A Verdade Documental na Ficção em O Céu de Suely». SetCenas. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  11. a b «Zezita Matos - Papo de Cinema». Consultado em 21 de setembro de 2016 
  12. Cineweb, Alysson OliveiraDo; Reuters*, via (25 de fevereiro de 2015). «Estreia: premiado 'A história da eternidade' traz conflito no sertão». Cinema. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  13. a b «'Nunca tinha pensado em fazer novelas', diz Zezita Matos, a Piedade de 'Velho Chico'». F5. 11 de setembro de 2016. Consultado em 25 de janeiro de 2022 
  14. a b Cinevitor (27 de novembro de 2021). «Cine PE 2021: conheça os vencedores». CINEVITOR. Consultado em 28 de novembro de 2021 
  15. ALMEIDA, Giselle (20 de maio de 2016). «Estreando em "Velho Chico", Zezita Matos tem frio na barriga a cada cena...». tvefamosos.uol.com.br. Consultado em 23 de março de 2021 
  16. «Zezita de Matos está no elenco de Velho Chico». Unipe. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  17. «Zezita de Matos revela abordagem masculina nas ruas pela figura materna que vive como Piedade». Gshow. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  18. «O Alecrim e o Sonho». AdoroCinema. Consultado em 2 de julho de 2024 
  19. «Pacarrete». AdoroCinema. Consultado em 27 de agosto de 2019 
  20. «Ambiente Familiar». AdoroCinema. Consultado em 12 de novembro de 2019 
  21. «A História da Eternidade é o grande vencedor do 6º Festival de Paulínia». Uol. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  22. a b «Profª e atriz Zezita Matos é homenageada no 5º Festival Nacional de Curta Metragem». UNIPÊ. 29 de novembro de 2012. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  23. «Melhor Atriz». UNIPÊ. 27 de janeiro de 2012. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  24. «FEST MARACANAU – TEUS OLHOS MEUS, o vencedor - Blog de Cinema». blogs.diariodonordeste.com.br. Consultado em 6 de fevereiro de 2017 
  25. «Zezita Matos: da Paraíba para 0 festival de cinema». Jornal Minuano. Consultado em 21 de setembro de 2016 [ligação inativa]
  26. «Zezita Matos - Papo de Cinema». Consultado em 21 de setembro de 2016 
  27. «Zezita Matos recebe homenagem da Academia de Cordel do Vale do Paraíba: 'Estou muito grata'». Consultado em 21 de setembro de 2016 
  28. «Melhor Atriz Nacional». Festival Sesc. Consultado em 18 de fevereiro de 2021 
  29. «Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021: Indicados». Cenas de Cinema. 28 de setembro de 2021. Consultado em 29 de setembro de 2021 
  30. «26º Prêmio Guarani :: Indicados de 2020». Consultado em 24 de novembro de 2021 
  31. «27° Prêmio Guarani:: Indicados de 2021». Papo de Cinema. 6 de dezembro de 2022. Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  32. «48° Festival Melhores Filmes: Melhor Atriz Nacional». Melhores Filmes Sesc SP. 1 de fevereiro de 2022. Consultado em 1 de fevereiro de 2022 

Ligações externas

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