Andrea Matarazzo
Angelo Andrea Matarazzo (São Paulo, 1956) é um empresário e político brasileiro.
Graduado em Administração de Empresas, é, atualmente, presidente licenciado da Matarazzo SA Holding e da Metalma SA.
É sobrinho-neto do conde Francesco Matarazzo.
Vida política
Na iniciativa privada, atuou como membro do Conselho Consultivo da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria e presidente do Comitê de Investimento. Foi, ainda, conselheiro do Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (IEDI) e membro do Conselho de Administração da Fundação Bienal de São Paulo.
Foi secretário de Política Industrial do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, de 1992 a 1993; e assessor especial do Ministério da Educação e Cultura, de 1991 a 1992.
Filiado ao PSDB, foi secretário estadual de Energia e presidente da Cesp durante o governo Mario Covas e membro dos conselhos de Desestatização do Estado de São Paulo, de Administração da Companhia Paulista de Ativos e de Ciências e Tecnologia do Estado de São Paulo. Integrou também o Comitê de Relações Empresariais do Governo do Estado de São Paulo e o Instituto Teotônio Vilela, além de coordenador do Núcleo de Gestão Estratégica da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. De 1999 a 2001, foi, ainda, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi também embaixador do Brasil em Roma, entre 2001 e 2002.
Ingressou na administração municipal como subprefeito da Sé na gestão de José Serra, em 2005. Assumiu também, em 2006, a Secretaria Municipal de Serviços, como subprefeito da Sé e secretário (de Coordenação das Subprefeituras) na gestão de Gilberto Kassab. A partir de 2008, manteve-se apenas como secretário e continua no mesmo cargo na segunda gestão de Kassab.
Críticas e respostas
CESP
Durante sua presidência da CESP, no governo de Fernando Henrique Cardoso, essa empresa foi responsável pelo maior desastre [1] ecológico da história do Brasil, segundo a OAB e ambientalistas: o enchimento do reservatório da Usina hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), em que animais em extinção de dezenas de espécies foram afogados por falta de salvamento, milhares de famílias desalojadas e um dos mais ricos ecossistemas do Brasil e do mundo foi destruído. A Usina de Porto Primavera também é considerada a terceira mais ineficiente usina hidrelétrica do mundo e um exemplo de corrupção da ditadura militar[2].
Acusações de incentivo ao higienismo social e gentrificação
Durante seu exercício como secretário municipal do município de São Paulo, Matarazzo foi duramente criticado por diversos movimentos sociais ligados aos partidos de esquerda. Os movimentos ligados à chamada "população sem-teto", ao direito à moradia no centro e alguns acadêmicos[3] em planejamento urbano em São Paulo criticam-no por ter, supostamente, interrompido programas de habitação promovidos na gestão anterior, de Marta Suplicy[4] e por adotar uma política urbanística para o centro da cidade considerada, por eles, higienista e excludente[5], afinada com propostas de gentrificação adotadas em outras cidades do mundo, nas quais igualmente houve expulsão da população de baixa renda das áreas centrais. Tal atuação foi chamada por pelo menos um membro de entidades que defendem os direitos humanos de fascista[6] por tais motivos. Alguns movimentos sociais que atuam no centro da cidade também desenvolveram um dossiê reunindo denúncias de possíveis violações dos direitos humanos ocorridas no Centro por parte da gestão Serra-Kassab, comandadas por Matarazzo[7]. Em 2005 tais movimentos realizaram um protesto contra tais políticas em frente à casa de Matarazzo[8].
Algumas entidades de defesa dos direitos humanos ainda estenderam suas críticas a respeito da política de Matarazzo e da gestão Serra-Kassab para a política em relação ao centro da cidade e o que viram como um recrudescimento da repressão à população pobre e em especial aos vendedores ambulantes sem autorização para comerciar em vias públicas, acusando a política em questão de fascista e de ser uma "tentativa de criminalizar a pobreza".[9]. Para alguns urbanistas e especialistas do planejamento urbano que fazem oposição ao governo Serra-Kassab, porém, a questão ultrapassa o problema da população sem-teto e diz respeito à interrupção das políticas de habitação de interesse social nas áreas centrais por parte da gestão Serra-Kassab, o que seria visto como mais um elemento no processo de gentrificação e de higienização social em um contexto que enxergam como sendo de repressão policial à população de rua e de criminalização dos movimentos sociais e políticos.[10][11][12][13]
Matarazzo classifica as críticas de "leviandade pura", argumentando que "nada mais são que mentiras repetidas para tentar transformá-las em verdade", expondo que a prefeitura apresenta alternativas viáveis aos moradores de rua, como os albergues. Explicou também que "a prefeitura tem procurado resolver o problema dos moradores de rua, através de convênio com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da abertura de hotéis sociais, que você tira a pessoa do albergue – e ao invés de albergada, a pessoa passa a ser hóspede e ter um endereço". Matarazzo exigiu ainda que o padre Júlio Lancelotti, personalidade que alega-se seja historicamente ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT),[14] prove suas acusações [15], o que, segundo ele, até o momento não ocorreu [16] .
Ver também
Ligações externas
Bibliografia
- NUNES, Fabiano. Jato d'Agua Expulsa Morador de Rua de Calçada. Mendigos são Surpreendidos Durante Limpeza da Prefeitura na Madrugada. Ministério Público Investiga Abusos e Agressões. Prefeitura Fala em Punição - Fotos São Paulo, SP: Jornal São Paulo Agora (grupo Folha de S. Paulo), 13 de fevereiro de 2008. Fonte: Ministério Público do Estado de São Paulo www.mp.sp.gov.br
Notas e referências
- ↑ Notícias da OAB.
- ↑ Coalizão Rios Vivos.
- ↑ ComCiência; Centro de São Paulo: revitalização, especulação ou higienização?; Excerto: "Tenta-se reafirmar que existe um projeto de convivência (entre diferentes segmentos da população), enquanto na prática o projeto é muito mais pautado pela violência" (FIX, Mariana)
- ↑ Defensor público acusa prefeitura de promover “higienização social”
- ↑ Na rua sem direito a direitos - Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
- ↑ Agência Brasil: Pastoral do Povo de Rua critica "limpeza social", prefeitura rebate acusações
- ↑ dossie.centrovivo.org: Fórum Centro Vivo; Violação dos direitos humanos no Centro de São Paulo: propostas e reivindicações para políticas públicas - Dossiê de denúncias; São Paulo: FCV, 2006
- ↑ [1] CMI; Escracho na casa do subprefeito Andrea Matarazzo em SP; correspondência eletrônica; acessado em janeiro de 2008
- ↑ Blog Milton Jung; Opinião de Matarazzo sobre camelôs é facista, diz Condepe; outubro de 2007
- ↑ ComCiência; cf. [2]
- ↑ ComCiência; Prós e contras da revitalização de centros urbanos; acessado em janeiro de 2008
- ↑ [3]
- ↑ [4]
- ↑ Revista Veja, edição 2031 de 24 de outubro de 2007
- ↑ Agência Brasil: Pastoral do Povo de Rua critica "limpeza social", prefeitura rebate acusações
- ↑ MATTOS, Sérgio. Centro de São Paulo: revitalização, especulação ou higienização? Brasília: Patrimônio - Revista Eletrônica do IPHAN, 4 de outubro de 2005