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Inhapuambuçu: diferenças entre revisões

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{{Mais notas|data=junho de 2024}}{{Ver desambig|este=a aldeia indígena localizada onde hoje se situa a cidade de São Paulo|o vilarejo colonial|São Paulo dos Campos de Piratininga}}[[Imagem:Jean-Baptiste Debret - Vista geral da cidade de São Paulo.JPG|miniaturadaimagem|''Vista Geral da Cidade de São Paulo.'' [[Aguarela|Aquarela]] de [[Jean-Baptiste Debret]] representando a cidade de São Paulo no começo do século XIX sobre o promontório onde, provavelmente, também se localizava a vila de Inhapuambuçu.]]'''Inhapuambuçu''' ou '''Pirantininga'',''''' são os nomes da [[aldeia]] [[Indígenas|indígena]] [[Tupiniquins|tupiniquim]] que se situava na região correspondente ao [[Centro Histórico de São Paulo|Centro Histórico]] da cidade de [[São Paulo]] antes da chegada dos colonizadores portugueses. Também se refere a uma elevação no relevo, um notável acidente geográfico acima da acrópole paulistana, que apresenta-se como uma formação rochosa ou de terra, de forma arredondada, destacando-se como um elemento distintivo da paisagem local. Seu nome deriva do idioma [[tupi antigo]] e significa "morro que se vê ao longe". A aldeia era habitada pelos [[Tupi]] antes da chegada dos colonizadores europeus, região marcada pela presença histórica de figuras como [[Cacique Tibiriça|Tibiriçá]], [[Padre Anchieta|José de Anchieta]] e [[João Ramalho]], que desempenharam papéis importantes na fundação da cidade de São Paulo. e desempenhava um papel importante na vida cultural e espiritual desses povos.
{{Mais notas|data=junho de 2024}}{{Ver desambig|este=a aldeia indígena localizada onde hoje se situa a cidade de São Paulo|o vilarejo colonial|São Paulo dos Campos de Piratininga}}[[Imagem:Jean-Baptiste Debret - Vista geral da cidade de São Paulo.JPG|miniaturadaimagem|''Vista Geral da Cidade de São Paulo.'' [[Aguarela|Aquarela]] de [[Jean-Baptiste Debret]] representando a cidade de São Paulo no começo do século XIX sobre o promontório onde, provavelmente, também se localizava a vila de Inhapuambuçu.|300x300px]]'''Inhapuambuçu''' (em [[tupi antigo]]: ''i(nh)apu'ãm-busú'', ou, ''y(nh)apu'ãm-busú'', significando "grande cume" ou "grande ponto do rio", respectivamente) ou '''Piratininga''' (em [[Língua tupi|tupi antigo]]: ''pi'ra-tininga'', significando "peixe a secar") são dois nomes utilizados para se referir a uma [[aldeia]] [[Indígenas|indígena]] [[Tupiniquins|tupiniquim]] que se situava na região correspondente ao [[Centro Histórico de São Paulo|Centro Histórico]] da cidade de [[São Paulo]] antes da chegada dos colonizadores portugueses. A aldeia era liderada pelo [[morubixaba]] [[Tibiriçá]] e veio a abrigar, a partir de [[1554]], o [[Pátio do Colégio|Colégio de São Paulo]].<ref>{{Citar livro|título=Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo|ultimo=Monteiro|primeiro=John M.|data=1994|editora=Companhia das Letras|local=São Paulo, Brazil|página=21}}</ref>

== História ==
A história de Inhapuambuçu remonta à pré-colonização do Brasil, quando a região era habitada pelos povos indígenas. A aldeia era conhecida por sua localização estratégica, ponto central de vários [[peabirus]] e seus recursos naturais abundantes, sendo um ponto de encontro e intercâmbio entre diferentes etnias da região.

Com a chegada dos colonizadores europeus no século XVI, a aldeia de Inhapuambuçu passou por mudanças significativas. A colonização portuguesa trouxe consigo conflitos e transformações culturais para a região, afetando profundamente a vida dos povos indígenas que lá habitavam.


== Etimologia ==
== Etimologia ==
"Inhapuambuçu" vem do Tupi-Antigo i(nh)apu'ãm-busú o grande cume ou y(nh)apu'ãm-busú o grande ponto do rio, ainda segundo Augusto Bicalho,<ref name=":0">{{Citar livro|título=Simbolismo E Profecia Na Fundação De são Paulo|ultimo=Kehl|primeiro=Luis Augusto Bicalho|data=2005-06-27|editora=Editora Terceiro Nome|lingua=pt-BR}}</ref> nome que faz referência a um morro alto que pode se avistar longas distâncias.
Inhapuambuçu, segundo Augusto Bicalho, vem do [[Língua tupi|tupi antigo]] ''i(nh)apu'ãm-busú,'' significando "o grande cume" ou ''y(nh)apu'ãm-busú,'' significando "o grande ponto do rio, nome que faz referência a um morro alto que se pode avistar de longas distâncias.<ref name=":0">{{Citar livro|título=Simbolismo e Profecia na Fundação de São Paulo|ultimo=Kehl|primeiro=Luis Augusto Bicalho|data=2005-06-27|editora=Editora Terceiro Nome|lingua=pt-BR}}</ref>


Piratininga, por sua vez, significa algo como "peixe secando" ou "peixe a secar", através da junção do substantivo ''pi'ra'', que significa "peixe" e ''(mo)tininga'', o gerúndio de forma aferética do verbo ''(mo)tining'', que corresponde ao verbo "secar" na língua portuguesa.<ref>{{Citar periódico |url=https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/149 |título=Toponímia de influência indígena nos bairros de Belo Horizonte |data=2020-11-03 |acessodata=2024-06-11 |periódico=Cadernos de Linguística |número=2 |ultimo=Cunha |primeiro=Evandro L. T. P. |ultimo2=Lourenço |primeiro2=Lorenza |pagina=12 |paginas=01–19 |lingua=pt |doi=10.25189/2675-4916.2020.v1.n2.id149 |issn=2675-4916}}</ref> O termo, além de se referir à aldeia indígena, também era utilizado para se referir ao [[rio Tamanduateí]], que banhava as proximidades do lugar.{{Sfn|Monteiro|1994|p=229}}
== Importância Cultural e Espiritual ==
Inhapuambuçu desempenhou um papel central na vida cultural e espiritual dos povos indígenas Tupi que lá habitavam, o local era utilizado para rituais religiosos, celebrações festivas e atividades comunitárias, sendo considerado um espaço sagrado e reverenciado pelos habitantes locais.


== História ==
Quanto a altura, Anchieta descreve<ref>{{citar web|ultimo=Vieira|primeiro=Celso|url=http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000125.pdf|titulo=Anchieta|data=1933|acessodata=30 de Maio de 2024|website=http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000125.pdf}}</ref>: "Do viso dessa acrópole, rude preeminência de vinte e cinco a trinta metros, desvendava-se todo o horizonte, a várzea dilatada, o curso do Tietê..."
[[Ficheiro:Rodrigues, José Wasth - Cacique Tibiriçá e Neto, Acervo do Museu Paulista da USP.jpg|miniaturadaimagem|''Cacique [[Tibiriçá]] e Neto.'' Óleo sobre tela de [[José Wasth Rodrigues]] representando o morubixaba da aldeia de Inhapuambuçu.]]

A aldeia de Inhampuambuçu, ou Piratininga, era, a que tudo indica, um dos mais importantes assentamentos tupiniquins da [[Capitania de São Vicente]]. Devido à falta de registros escritos antes da colonização, é muito difícil precisar quando a aldeia foi fundada. O que se sabe é que ela, por volta de [[1532]], era chefiada pelo morubixaba [[Tibiriçá]] - depois batizado como Martim Afonso. - e que havia acolhido, já há alguns anos, o português [[João Ramalho]]. Em [[1554]], foi fundado, pelas mãos dos padres jesuítas [[Manuel da Nóbrega]] e [[José de Anchieta]], junto da aldeia, o Colégio de São Paulo. Alguns anos depois, em [[1557]], a aldeia, assim como Jurubatuba, mais ao sul, já estava em processo de fragmentação.{{Sfn|Monteiro|1994|p=22}}
O morro calvo, a pedra calva, ou morro careca do Inhapuambuçu, também chamada pelos indígenas da época de Itaecerá<ref name=":0" /> era um ponto de referência importante na paisagem da aldeia e possuía significado espiritual para os povos indígenas, acredita-se que o local se extendia desde o Morro da Forca até o viaduto da cidade de Osaka, onde hoje fica o Jardim Oriental da Liberdade.

Em agosto de 1553 o Padre Manuel da Nóbrega visitou a recém-criada aldeia Inhapuambuçu,<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/2510159 |título=Cartas dos primeiros jesuitas do Brasil. Vol. I, 1538-1553. |data=maio de 1958 |acessodata=2024-03-13 |periódico=The Hispanic American Historical Review |número=2 |ultimo=Diffie |primeiro=Bailey W. |ultimo2=Leite |primeiro2=Serafin |paginas=279 |doi=10.2307/2510159 |issn=0018-2168 |ultimo3=Leite |primeiro3=Serafim}}</ref> onde os índigenas estavam em processo de conversão ao cristianismo e escolheu a acróple entre os rios [[Anhangabaú]] e [[Rio Tamanduateí|Tamanduateí]] para esatabelecer-se, com base em sua topografia e hidrografia favoráveis, ideal para a criação de um núcleo de catequese e fudação da Vila de São Paulo de Piratininga.

Naquela época, a principal atividade econômica era o fornecimento de gado que percorria algumas estradas, onde ficavam fazendas e alguns casas foram construídas.

== Transformações ao longo dos tempos ==
O relevo elevado da região da Liberdade dividia a região central da zona periférica até meados do século XIX, quando a região passou a ser conhecida como Bairro da Pólvora, graças à Casa de Pólvora, construída em 1754 no atual Largo com o mesmo nome.

Em 1779, próximo ao antigo Largo da Forca (hoje [[Praça da Liberdade (São Paulo)|praça da Liberdade]]) , foi estabelecido o primeiro cemitério público em São Paulo, localizado entre as ruas Galvão Bueno, Glória e Estudantes, destinado ao sepultamento de indigentes, escravos e condenados à forca até 1858, quando foi inaugurado o Cemitério da Consolação.

A partir de 1810, no então Bairro da Pólvora, houve um aumento na concessão de terras, vendas e divisões de sítios na área, devido ao crescimento populacional em São Paulo, até que em 1850, as autoridades pressionaram os proprietários de diversos terrenos na cidade para que melhor aproveitassem suas terras, isso levou muitos latifundiários a abrir ruas, alamedas e largos em suas propriedades, fazendo arruamentos e loteamentos, o que teve um impacto decisivo na transformação da região.


A partir de [[1560]], a vila de [[Santo André da Borda do Campo]], fundada alguns anos antes por João Ramalho, foi transferida, por ordem do para as imediações da aldeia, que se tornou o núcleo da povoação da vila de [[São Paulo dos Campos de Piratininga]].{{Sfn|Monteiro|1994|p=39}}
Com o avanço da colonização e urbanização de São Paulo, a região onde se situava Inhapuambuçu passou por mudanças significativas.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.11606/t.16.2017.tde-19122016-161242 |título=A presença e a ausência dos rios de São Paulo: acumulação primitiva e valorização da água |acessodata=2024-03-13 |ultimo=Gouvêa |primeiro=José Paulo Neves}}</ref> A expansão da cidade, o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano transformaram a paisagem e a dinâmica social da área, levando ao desaparecimento gradual da aldeia indígena, para dar lugar às necessidades dinâmicas da moderna cidade que surge.


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Revisão das 01h08min de 11 de junho de 2024

 Nota: Este artigo é sobre a aldeia indígena localizada onde hoje se situa a cidade de São Paulo. Para o vilarejo colonial, veja São Paulo dos Campos de Piratininga.
Vista Geral da Cidade de São Paulo. Aquarela de Jean-Baptiste Debret representando a cidade de São Paulo no começo do século XIX sobre o promontório onde, provavelmente, também se localizava a vila de Inhapuambuçu.

Inhapuambuçu (em tupi antigo: i(nh)apu'ãm-busú, ou, y(nh)apu'ãm-busú, significando "grande cume" ou "grande ponto do rio", respectivamente) ou Piratininga (em tupi antigo: pi'ra-tininga, significando "peixe a secar") são dois nomes utilizados para se referir a uma aldeia indígena tupiniquim que se situava na região correspondente ao Centro Histórico da cidade de São Paulo antes da chegada dos colonizadores portugueses. A aldeia era liderada pelo morubixaba Tibiriçá e veio a abrigar, a partir de 1554, o Colégio de São Paulo.[1]

Etimologia

Inhapuambuçu, segundo Augusto Bicalho, vem do tupi antigo i(nh)apu'ãm-busú, significando "o grande cume" ou y(nh)apu'ãm-busú, significando "o grande ponto do rio, nome que faz referência a um morro alto que se pode avistar de longas distâncias.[2]

Piratininga, por sua vez, significa algo como "peixe secando" ou "peixe a secar", através da junção do substantivo pi'ra, que significa "peixe" e (mo)tininga, o gerúndio de forma aferética do verbo (mo)tining, que corresponde ao verbo "secar" na língua portuguesa.[3] O termo, além de se referir à aldeia indígena, também era utilizado para se referir ao rio Tamanduateí, que banhava as proximidades do lugar.[4]

História

Cacique Tibiriçá e Neto. Óleo sobre tela de José Wasth Rodrigues representando o morubixaba da aldeia de Inhapuambuçu.

A aldeia de Inhampuambuçu, ou Piratininga, era, a que tudo indica, um dos mais importantes assentamentos tupiniquins da Capitania de São Vicente. Devido à falta de registros escritos antes da colonização, é muito difícil precisar quando a aldeia foi fundada. O que se sabe é que ela, por volta de 1532, era chefiada pelo morubixaba Tibiriçá - depois batizado como Martim Afonso. - e que havia acolhido, já há alguns anos, o português João Ramalho. Em 1554, foi fundado, pelas mãos dos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, junto da aldeia, o Colégio de São Paulo. Alguns anos depois, em 1557, a aldeia, assim como Jurubatuba, mais ao sul, já estava em processo de fragmentação.[5]

A partir de 1560, a vila de Santo André da Borda do Campo, fundada alguns anos antes por João Ramalho, foi transferida, por ordem do para as imediações da aldeia, que se tornou o núcleo da povoação da vila de São Paulo dos Campos de Piratininga.[6]

Referências

  1. Monteiro, John M. (1994). Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, Brazil: Companhia das Letras. p. 21 
  2. Kehl, Luis Augusto Bicalho (27 de junho de 2005). Simbolismo e Profecia na Fundação de São Paulo. [S.l.]: Editora Terceiro Nome 
  3. Cunha, Evandro L. T. P.; Lourenço, Lorenza (3 de novembro de 2020). «Toponímia de influência indígena nos bairros de Belo Horizonte». Cadernos de Linguística (2): 12. ISSN 2675-4916. doi:10.25189/2675-4916.2020.v1.n2.id149. Consultado em 11 de junho de 2024 
  4. Monteiro 1994, p. 229.
  5. Monteiro 1994, p. 22.
  6. Monteiro 1994, p. 39.
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