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Forte de Bragança: diferenças entre revisões

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O '''Forte de Bragança''' localizava-se na margem direita do [[rio Guaporé]], a cerca de dois quilômetros a jusante do local do atual [[Real Forte Príncipe da Beira]], no munícipio de [[Costa Marques]], estado de [[Rondônia]], no [[Brasil]].
O '''Forte de Bragança''', anteriormente ''' Presídio de Nossa Senhora da Conceição''' localizava-se na margem direita do [[rio Guaporé]], a cerca de dois quilômetros a jusante do local do atual [[Real Forte Príncipe da Beira]], no município de [[Costa Marques]], estado de [[Rondônia]], no [[Brasil]].


==História==
== História ==
===Antecedentes===
=== Antecedentes: a Guarda de Santa Rosa ===
Quando da criação da [[Capitania do Mato Grosso]], em [[1748]], as instruções da Coroa portuguesa para o seu primeiro Governador e Capitão General, [[Antônio Rolim de Moura Tavares]] (1751-1764), foram as de que mantivesse - a qualquer custo - a ocupação da margem direita do rio Guaporé, referida como "''a chave do sertão''" do Mato Grosso, ameaçado por incursões [[Espanha|espanholas]] e [[indígena]]s, oriundas das reduções jesuíticas instaladas à margem esquerda desse rio desde [[1743]]: Sant'Ana, São Miguel e Santa Rosa. Esta última tem a sua fundação atribuída ao padre [[Atanázio Teodori]] (BORZACOV, 1981:67).
{{Ver artigo principal|[[Presídio de Nossa Senhora da Conceição]]}}


Tendo tomado as primeiras providências para a defesa da Capitania e atendido as necessidades requeridas pelas demarcações do [[Tratado de Madrid]] ([[1750]]), o governador Rolim de Moura desceu o rio Guaporé e desalojou a redução espanhola (fortim) de Santa Rosa, que nesse interim, diante da notícia da assinatura do Tratado, havia se deslocado para a margem direita do rio. No local instalou um pequeno posto de vigilância, a '''Guarda de Santa Rosa''' ([[1753]]) (BORZACOV, 1981:67).
===O Forte de Bragança===
Ante a ruína do [[Presídio de Nossa Senhora da Conceição|Forte de Nossa Senhora da Conceição]], devido ao rigor do [[clima equatorial]] e às investidas espanholas, a estrutura foi reconstruída a partir de [[26 de setembro]] de [[1767]] ([[1768]] cf. LEVERGER, 1884:360), e rebatizada, em [[1769]], pelo governador e Capitão-general da [[Capitania do Mato Grosso]], [[Luís Pinto de Sousa Coutinho]] (1769-1772), como '''Forte de Bragança''' (SOUZA, 1885:137).


Em represália, cerca de duzentos índios e alguns [[Companhia de Jesus|jesuítas]] espanhóis, sob o comando do Padre Laines, contra-atacaram essa Guarda ([[1754]]), gerando vivos protestos do Governador português, por carta de [[17 de junho]] de 1754 ao Vice-diretor das Missões espanholas, Padre [[Nicolau Altogrado]] e, sem que tivesse tido resposta, a novo protesto, solene, a [[3 de dezembro]] desse mesmo ano (s.a., 1983:10).
GARRIDO (1940) cita [[Antônio Leôncio Pereira Ferraz]] (''Memória sobre as fortificações em Mato Grosso''), para complementar-nos as informações sobre o '''Forte de Bragança''':


=== O Presídio de Nossa Senhora da Conceição ===
:"''(...) a elevou [a fortificação de Nossa Senhora da Conceição, o governador e Capitão General] Antônio Rolim [de Moura Tavares] no mesmo local onde ele destruíra cinco anos antes [1759-5=1754] a missão espanhola de Santa Rosa, situada à margem direita do [rio] Guaporé, em frente à boca do [rio] Itonamas, onde teria havido um entrincheiramento e palissada [Guarda de Santa Rosa], procurando já em 1756 assegurar a posse daquele ponto conquistado com a criação de um distrito militar. Foi construída e armada com material de guerra vindo do [[Pará]] pela via fluvial do [rio] Madeira, nada se sabendo quanto a seu primitivo traçado, pois que a primeira noticia que a seu respeito se tem data da época em que nela introduziu modificações um outro Capitão General, João Pedro da Câmara, que lhe deu a forma abaluartada, de [[Vauban|sistema Vauban]], medindo o corpo principal do forte 40 braças de frente por oitenta de profundidade.''
A partir de então, Rolim de Moura estabeleceu um posto militar em [[Presídio das Pedras Negras|Pedras Negras]], procurando militarizar o rio Guaporé, a fim de impedir o estabelecimento dos espanhóis em território português.


Em [[1759]] ([[1760]] segundo outras fontes), uma nova tentativa de recuperar a margem direita do Guaporé leva forças espanholas a incursionar sobre a posição portuguesa em Santa Rosa Velha, a cuja defesa Rolim de Moura acorreu novamente com forças de Vila Bela. Nesse contexto, a fortificação de Santa Rosa Velha foi transformada em um fortim, com planta no formato pentagonal (BORZACOV, 1981:67). Denominado de '''Presídio de Nossa Senhora da Conceição''', certamente erguido em faxina e terra, era cercado por uma [[paliçada]] de madeira e, em poucos anos, se encontrava em ruínas, diante as renovadas incursões espanholas, entre as quais se sobressaiu a de abril de [[1762]]. Na ocasião, forças espanholas, (800 ou 1.200 homens conforme as fontes), em quarenta [[canoa]]s pelo [[rio Itonamas]], atacaram o forte, guarnecido com cerca de duzentos homens, levando o Governador Rolim de Moura a retirar-se com seu efetivo, em busca de reforços e suprimentos para desalojar os espanhóis. Para esse fim, Rolim de Moura equipou a sua flotilha fluvial de canoas com artilharia leve, solicitando auxílio a [[Cuiabá]], a [[Vila Boa de Goiás]] e a [[Belém do Pará]]. Suspeitando que a intenção dos espanhóis era a de lhe cortar as comunicações (e suprimentos) de Vila Bela, determinou que um pequeno efetivo de vinte homens, sob o comando do tenente de [[Dragão (militar)|Dragões]] [[Francisco Xavier Tejo]], subisse o curso do [[rio Baurés]], atingindo a Missão de San Miguel. Ali foram capturados os padres [[Juan Romariz]] e [[Francisco Espino]], rendendo-se com eles um contingente de 600 a 700 indígenas, sem resistência. Daí, o pelotão português partiu para Vila Bela, em busca dos reforços e de víveres necessários. Com eles, Rolim de Moura voltou ao ataque, conseguindo ultrapassar a primeira paliçada do forte, sendo rechaçado na segunda. Após uma hora e meia de combate encarniçado, de parte a parte, os portugueses foram vitoriosos, tendo sofrido vinte e quatro baixas contra mais de uma centena pelo lado espanhol (BORZACOV, 1981:68).
:''(...) [De acordo com o médico Dr. João] [[João Severiano da Fonseca|Severiano da Fonseca]] [(autor da "''Viagem ao Redor do Brasil''")], que esteve no local das ruínas, quando por ali passou [em 1876] a comissão chefiada pelo [[Barão de Maracaju]] [Comissão Demarcadora dos Limites do Brasil com a Bolívia], diz que a cortina do lado de terra media 88 metros [de comprimento] e a muralha tinha de espessura 22 decímetros; as dos flancos conquanto menores, eram mais grossas dois decímetros.''" (op. cit., p. 5-6)


Rolim de Moura foi sucedido no Governo da Capitania pelo seu sobrinho, [[João Pedro da Câmara]] (1764-1769). Aproveitando a oportunidade da sucessão, os espanhóis reabriram as hostilidades, concentrando um efetivo considerável (4200 homens segundo o historiador matogrossense [[Estevão de Mendonça]], 8000 segundo [[João Severiano da Fonseca]], cf. OLIVEIRA, 1968:756) às margens do rio Guaporé (outubro de [[1765]]), sob o comando de D. [[Juan de Pestaña]] (governador da Real Audiência de [[Charcas]] no [[Alto Peru]], atual [[Sucre]] na [[Bolívia]], ou da Real Audiência de la Plata) (GARRIDO, 1940:5). Ante a ameaça, o novo governador português solicitou reforços ao [[Pará]], alertou o Capitão-mor de Cuiabá, e guarneceu o sítio das Pedras com quarenta homens, reforçando as defesas do '''Forte de Nossa Senhora da Conceição''' (s.a., 1983:11). Neste período a fortificação "''tomou forma abaluartada, do sistema Vauban, medindo o corpo principal do forte 40 [[braça]]s (88 metros) de frente, por 20 (44 metros) de fundo''". (OLIVEIRA, 1968:756)
O mesmo autor prossegue, referindo que, em [[1768]], o Sargento-mór do [[Real Corpo de Engenheiros]] [[José Matias de Oliveira]], condenou, em Relatório, o local em que fora erguido o forte, pela falta de material adequado próximo à construção. O Governador Sousa Coutinho, entretanto, determinou o prosseguimento dos trabalhos, tendo-se gasto 82:803$200 reis no período entre [[1769]] e [[1771]], ano em que uma grande enchente do rio Guaporé, causou-lhe estragos consideráveis (op. cit., p. 6).


=== Do Forte de Bragança aos nossos dias ===
Em ruínas devido às enchentes regulares na região, o Governador e Capitão-general [[Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres]], determinou a sua substituição, a partir de [[1776]], por uma estrutura permanente: o [[Real Forte Príncipe da Beira]] (SOUZA, 1885:137).
Novamente arruinada em poucos anos, a estrutura foi reconstruída a partir de [[26 de setembro]] de [[1767]] ([[1768]] cf. LEVERGER, 1884:360), e rebatizada, em [[1769]], pelo Governador e Capitão-general [[Luís Pinto de Sousa Coutinho]] (1769-1772), como '''Forte de Bragança''' (SOUZA, 1885:137).


BARRETTO (1958) informa que, no local onde se ergueu o antigo '''Forte da Conceição''', existia, à época (1958), uma pista de pouso denominada Fazenda Conceição (op. cit., p. 58).
{{Ver artigo principal|[[Real Forte Príncipe da Beira]]}}


=={{Bibliografia}}==
== Bibliografia ==
*BARBOSA, Francisco de Assis; NUNES, José Maria de Sousa. ''Real Forte Príncipe da Beira''. Rio de Janeiro: Spala Editora/Fundação Emílio Odebrecht, 1985.
* BARBOSA, Francisco de Assis. NUNES, José Maria de Souza. ''Real Forte Príncipe da Beira''. Rio de Janeiro: Spala Editora/Fundação Emílio Odebrecht, 1985.
*BARRETO, Aníbal (Cel.). ''Fortificações no Brasil (Resumo Histórico).'' Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
* BARRETO, Aníbal (Cel.). ''Fortificações no Brasil (Resumo Histórico).'' Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
*BORZACOV, Yêdda Maria Pinheiro. Forte Príncipe da Beira. apud: Governo de Rondônia/Secretaria de Educação e Cultura. ''Calendário Cultural 1981/85''. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1981. p. 65-72.
* BORZACOV, Yêdda Maria Pinheiro. Forte Príncipe da Beira. apud: Governo de Rondônia/Secretaria de Educação e Cultura. ''Calendário Cultural 1981/85''. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1981. p. 65-72.
*GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. ''Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil.'' Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
* GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. ''Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil.'' Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
*[[Augusto Leverger|LEVERGER, Augusto]] (Almte.). Apontamentos para o Diccionário Chorografico da Província do Mato Grosso. ''RIHGB''. Rio de Janeiro: Tomo XLVII, Partes I e II, 1884. p. 307-504.
* [[Augusto Leverger|LEVERGER, Augusto]] (Almte.). Apontamentos para o Diccionário Chorografico da Província do Mato Grosso. ''RIHGB''. Rio de Janeiro: Tomo XLVII, Partes I e II, 1884. p. 307-504.
* OLIVEIRA, José Lopes de (Cel.). "Fortificações da Amazônia". in: ROCQUE, Carlos (org.). ''Grande Enciclopédia da Amazônia (6 v.).'' Belém do Pará, Amazônia Editora Ltda, 1968.
*s.a. ''Histórico do Real Forte Príncipe da Beira (2ª ed.)''. Porto Velho (Brasil): Governo do Estado de Rondônia; Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Turismo; Departamento de Cultura, 1983. 22 p. il.
* s.a. ''Histórico do Real Forte Príncipe da Beira (2ª ed.)''. Porto Velho (Brasil): Governo do Estado de Rondônia; Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Turismo; Departamento de Cultura, 1983. 22 p. il.
*[[Augusto Fausto de Sousa|SOUSA, Augusto Fausto de]]. Fortificações no Brazil. ''RIHGB.'' Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.
* [[Augusto Fausto de Sousa|SOUSA, Augusto Fausto de]]. Fortificações no Brazil. ''RIHGB.'' Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.


=={{Ver também}}==
== Ver também ==
* [[Fortificações da Amazônia]]
*[[Anexo:Lista de fortificações do Brasil#Rondônia|Lista de fortificações em Rondônia]]
* [[Lista de fortificações do Brasil#Rondônia|Lista de fortificações em Rondônia]]
* [[Guerra Mojeña]]


=={{Ligações externas}}==
== Ligações externas ==
* [http://www.fortalezasmultimidia.com.br/fortalezas/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=399 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (Bragança)] in Fortalezas.org
*[http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaInicial.do Iphan]
*[http://www.funceb.org.br/espacocultural.html Fundação Cultural Exército Brasileiro]


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[[Categoria:Fortificações de Rondônia|Braganca]]
[[Categoria:Fortificações de Rondônia|Nossa Senhora Conceicao]]
[[Categoria:Costa Marques]]
[[Categoria:Costa Marques]]
[[Categoria:Fundações no Brasil em 1735]]

[[es:Fuerte de Braganza]]

Edição atual tal como às 09h03min de 3 de setembro de 2024

O Forte de Bragança, anteriormente Presídio de Nossa Senhora da Conceição localizava-se na margem direita do rio Guaporé, a cerca de dois quilômetros a jusante do local do atual Real Forte Príncipe da Beira, no município de Costa Marques, estado de Rondônia, no Brasil.

Antecedentes: a Guarda de Santa Rosa

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Quando da criação da Capitania do Mato Grosso, em 1748, as instruções da Coroa portuguesa para o seu primeiro Governador e Capitão General, Antônio Rolim de Moura Tavares (1751-1764), foram as de que mantivesse - a qualquer custo - a ocupação da margem direita do rio Guaporé, referida como "a chave do sertão" do Mato Grosso, ameaçado por incursões espanholas e indígenas, oriundas das reduções jesuíticas instaladas à margem esquerda desse rio desde 1743: Sant'Ana, São Miguel e Santa Rosa. Esta última tem a sua fundação atribuída ao padre Atanázio Teodori (BORZACOV, 1981:67).

Tendo tomado as primeiras providências para a defesa da Capitania e atendido as necessidades requeridas pelas demarcações do Tratado de Madrid (1750), o governador Rolim de Moura desceu o rio Guaporé e desalojou a redução espanhola (fortim) de Santa Rosa, que nesse interim, diante da notícia da assinatura do Tratado, havia se deslocado para a margem direita do rio. No local instalou um pequeno posto de vigilância, a Guarda de Santa Rosa (1753) (BORZACOV, 1981:67).

Em represália, cerca de duzentos índios e alguns jesuítas espanhóis, sob o comando do Padre Laines, contra-atacaram essa Guarda (1754), gerando vivos protestos do Governador português, por carta de 17 de junho de 1754 ao Vice-diretor das Missões espanholas, Padre Nicolau Altogrado e, sem que tivesse tido resposta, a novo protesto, solene, a 3 de dezembro desse mesmo ano (s.a., 1983:10).

O Presídio de Nossa Senhora da Conceição

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A partir de então, Rolim de Moura estabeleceu um posto militar em Pedras Negras, procurando militarizar o rio Guaporé, a fim de impedir o estabelecimento dos espanhóis em território português.

Em 1759 (1760 segundo outras fontes), uma nova tentativa de recuperar a margem direita do Guaporé leva forças espanholas a incursionar sobre a posição portuguesa em Santa Rosa Velha, a cuja defesa Rolim de Moura acorreu novamente com forças de Vila Bela. Nesse contexto, a fortificação de Santa Rosa Velha foi transformada em um fortim, com planta no formato pentagonal (BORZACOV, 1981:67). Denominado de Presídio de Nossa Senhora da Conceição, certamente erguido em faxina e terra, era cercado por uma paliçada de madeira e, em poucos anos, se encontrava em ruínas, diante as renovadas incursões espanholas, entre as quais se sobressaiu a de abril de 1762. Na ocasião, forças espanholas, (800 ou 1.200 homens conforme as fontes), em quarenta canoas pelo rio Itonamas, atacaram o forte, guarnecido com cerca de duzentos homens, levando o Governador Rolim de Moura a retirar-se com seu efetivo, em busca de reforços e suprimentos para desalojar os espanhóis. Para esse fim, Rolim de Moura equipou a sua flotilha fluvial de canoas com artilharia leve, solicitando auxílio a Cuiabá, a Vila Boa de Goiás e a Belém do Pará. Suspeitando que a intenção dos espanhóis era a de lhe cortar as comunicações (e suprimentos) de Vila Bela, determinou que um pequeno efetivo de vinte homens, sob o comando do tenente de Dragões Francisco Xavier Tejo, subisse o curso do rio Baurés, atingindo a Missão de San Miguel. Ali foram capturados os padres Juan Romariz e Francisco Espino, rendendo-se com eles um contingente de 600 a 700 indígenas, sem resistência. Daí, o pelotão português partiu para Vila Bela, em busca dos reforços e de víveres necessários. Com eles, Rolim de Moura voltou ao ataque, conseguindo ultrapassar a primeira paliçada do forte, sendo rechaçado na segunda. Após uma hora e meia de combate encarniçado, de parte a parte, os portugueses foram vitoriosos, tendo sofrido vinte e quatro baixas contra mais de uma centena pelo lado espanhol (BORZACOV, 1981:68).

Rolim de Moura foi sucedido no Governo da Capitania pelo seu sobrinho, João Pedro da Câmara (1764-1769). Aproveitando a oportunidade da sucessão, os espanhóis reabriram as hostilidades, concentrando um efetivo considerável (4200 homens segundo o historiador matogrossense Estevão de Mendonça, 8000 segundo João Severiano da Fonseca, cf. OLIVEIRA, 1968:756) às margens do rio Guaporé (outubro de 1765), sob o comando de D. Juan de Pestaña (governador da Real Audiência de Charcas no Alto Peru, atual Sucre na Bolívia, ou da Real Audiência de la Plata) (GARRIDO, 1940:5). Ante a ameaça, o novo governador português solicitou reforços ao Pará, alertou o Capitão-mor de Cuiabá, e guarneceu o sítio das Pedras com quarenta homens, reforçando as defesas do Forte de Nossa Senhora da Conceição (s.a., 1983:11). Neste período a fortificação "tomou forma abaluartada, do sistema Vauban, medindo o corpo principal do forte 40 braças (88 metros) de frente, por 20 (44 metros) de fundo". (OLIVEIRA, 1968:756)

Do Forte de Bragança aos nossos dias

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Novamente arruinada em poucos anos, a estrutura foi reconstruída a partir de 26 de setembro de 1767 (1768 cf. LEVERGER, 1884:360), e rebatizada, em 1769, pelo Governador e Capitão-general Luís Pinto de Sousa Coutinho (1769-1772), como Forte de Bragança (SOUZA, 1885:137).

BARRETTO (1958) informa que, no local onde se ergueu o antigo Forte da Conceição, existia, à época (1958), uma pista de pouso denominada Fazenda Conceição (op. cit., p. 58).

  • BARBOSA, Francisco de Assis. NUNES, José Maria de Souza. Real Forte Príncipe da Beira. Rio de Janeiro: Spala Editora/Fundação Emílio Odebrecht, 1985.
  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
  • BORZACOV, Yêdda Maria Pinheiro. Forte Príncipe da Beira. apud: Governo de Rondônia/Secretaria de Educação e Cultura. Calendário Cultural 1981/85. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1981. p. 65-72.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • LEVERGER, Augusto (Almte.). Apontamentos para o Diccionário Chorografico da Província do Mato Grosso. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVII, Partes I e II, 1884. p. 307-504.
  • OLIVEIRA, José Lopes de (Cel.). "Fortificações da Amazônia". in: ROCQUE, Carlos (org.). Grande Enciclopédia da Amazônia (6 v.). Belém do Pará, Amazônia Editora Ltda, 1968.
  • s.a. Histórico do Real Forte Príncipe da Beira (2ª ed.). Porto Velho (Brasil): Governo do Estado de Rondônia; Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Turismo; Departamento de Cultura, 1983. 22 p. il.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ligações externas

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