Educação sexual: diferenças entre revisões
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No entanto não são conhecidas medidas concretas das Autoridades para propiciarem informação aos cidadãos portugueses tendo em vista formação nesta área, notoriamente deficitária em Portugal em relação à Europa.
A Educação Sexual vem passando por discussões entre os educadores e estudiosos do tema, resultando em uma crescente publicação na área. Entretanto há, ainda, alguns conceitos extremamente retrógrados no tocante à sexualidade humana.
Hoje, a dimensão que a sexualidade tomou no cotidiano cresceu muito em relação a alguns anos, graças principalmente a maior liberdade política que começamos a vivenciar no Brasil a partir da década de 80. Desde então, a Educação Sexual vem passando por discussões entre os educadores e estudiosos do tema, resultando em uma crescente publicação na área. É imprescindível uma Educação Sexual livre de preconceitos, mitos e tabus. Apesar do inquestionável avanço nas idéias, ainda há alguns conceitos extremamente retrógrados, além de terem sido criados outros extremamente consumistas, os quais associam a realização de homens e mulheres exclusivamente à aquisição de bens de consumo. A nova ordem da Educação Sexual enfatiza não apenas a informação, mas também a formação integral, capaz de transformar os valores sociais e culturais ligados à sexualidade de forma construtiva. Entre as publicações que tratam desse tema, encontra-se a de Figueiró (2001), sob o título “Educação Sexual: retomando uma proposta, um desafio”. Nessa obra, a autora realizou o Estado da Arte das publicações brasileiras relativas ao período de 1980 a 1993 fazendo, então, análise e classificação das mesmas. Entre outras conclusões, constatou que 51,52% das publicações foram produzidas dentro da Abordagem Pedagógica, 36,36% da Abordagem Política, e que as abordagens Médica e Religiosa contribuíram, juntas, com apenas 6,06%. A classificação das publicações foi direcionada para a postura ideológica, pedagógica e metodológica que cada autor adotou ao produzir o texto. Isso porque, por exemplo, o fato de um médico, ao redigir um texto ou produzir uma pesquisa na área da Educação Sexual não implica, necessariamente que tais textos ou pesquisa estejam dentro da Abordagem Médica. Eles poderão estar dentro de qualquer outra abordagem com a qual o autor esteja engajado.
Educação Sexual Religiosa Tradicional possuem as seguintes características:
-liga a vivência da sexualidade ao amor de Deus e à submissão às normas religiosas oficiais;
-tem como metas básicas a preservação dos valores morais cristãos e o desenvolvimento da vida espiritual;
-vincula sexo ao amor pelo parceiro, ao casamento e à procriação;
-encara o matrimônio e a virgindade/castidade como os dois únicos modos de viver a aliança com Deus;
-valoriza a informação de conteúdos específicos da sexualidade (encarando-a, porém, como uma meta secundária);
-pode estar comprometido com uma educação para o pudor; (FIGUEIRÓ, 2001, p. 23, grifo da autora).
A preocupação da Abordagem Religiosa é a formação cristã dos indivíduos, sendo que os católicos seguem as orientações oficiais da Igreja e os protestantes (cada denominação a seu modo), a interpretação literal da Bíblia.
Abordagem Religiosa Liberadora apresenta as seguintes características:
-liga a vivência da sexualidade ao amor a Deus e ao próximo;
-tem como metas básicas a conservação dos princípios cristãos fundamentais, o desenvolvimento da vida espiritual e a conscientização do cristão para a participação na transformação social;
-valoriza a informação de conteúdos, num contexto de debate, para, através da discussão da sexualidade, levar a tomada de consciência da cidadania;
-vê de maneira crítica as normas oficiais da Igreja sobre a sexualidade e procura levar o cristão a ser sujeito de sua sexualidade, com liberdade, consciência e responsabilidade;
-vê a Educação Sexual como um ato político, ou seja, como uma atitude de engajamento com a transformação social [...]. (FIGUEIRÓ, 2001, p. 23 - 24).
Abordagem Política de Educação Sexual possui as seguintes características:
-orienta para o resgate do gênero, do erótico e do prazer na vida das pessoas;
-ajuda a compreender (ou alerta para a importância de se compreender) como as normas sexuais foram construídas socialmente;
-considera importante o fornecimento das informações e auto-repressão;
-propicia questionamentos filosóficos e ideológicos (ou mostra a importância desses questionamentos);
-encara a questão sexual com uma questão ligada diretamente ao contexto social, influenciando e sendo influenciada por este;
-da ênfase à participação em lutas coletivas para transformações sociais;
-considera importantes as mudanças de valores, atitudes e preconceitos sexuais do indivíduo para o alcance de sua libertação e realização sexual. Porém, isto é encarado como um meio para se chegar a novos valores sexuais, que possibilitem a vivência de uma sexualidade com liberdade e responsabilidade, em nível não apenas do indivíduo, mas da sociedade como um todo (FIGUEIRÓ, 2001, p. 108, grifo da autora).
Abordagem Pedagógica:
-volta-se mais diretamente para o processo ensino-aprendizagem de conteúdos relacionados com a sexualidade;
-valoriza o aspecto informativo desse processo, podendo também dar ênfase ao aspecto formativo, onde se propicie a discussão de valores, atitudes e preconceitos; pode ainda considerar a importância da discussão de dúvidas, sentimentos e emoções;
-direciona mais acentuadamente a reformulação de valores, atitudes e preconceitos, bem como todo o ‘processo de libertação’, para o nível individual (FIGUEIRÓ, 2001, p. 90, grifo da autora).
Fazendo um paralelo entre as duas Abordagens, Pedagógica e Política, é possível verificar que a última se propõe a entender os processos que compõem a dinâmica cultural do relacionamento entre os gêneros, e, refletindo sobre os fenômenos sociais que fazem parte da temática da sexualidade, volta-se para a transformação social de todas as questões ligadas à sexualidade. Já a Pedagógica considera o educando individualmente, com seus medos e anseios próprios, ou seja, volta-se para a saúde e o bem estar do sujeito que aprende, apenas.
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