Educação sexual: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Já está na categoria principal
 
(Há 122 revisões intermédias de 87 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1:
[[File:Human reproductive system charts used by Lao students.jpg|thumb|[[Cartaz]]es sobre o [[aparelho reprodutor]] humano numa feira em [[Luang Prabang]], no [[Laos]]]]
Trata-se de uma questão extremamente complexa num país com os radicais conservadores como são os países PALOP. Apesar de a Igreja Católica continuar a ser o grande bode expiatório que vai servindo para a maior parte dos discuros inanimistas nesta área em países como Portugal ou Moçambique é realmente devido à baixíssima educação superior que se deve a total ausência de informação nesta área. Um exempo dessa situação foram os resultados do GTES, presidido pelo Dr. Daniel Sampaio, que visava introduzir a Educação Sexual como uma disciplina curricular. Logo o assunto da sexualidade foi dissipado por 8 temas também considerados estruturantes para a personalidade do adolescente e de disciplina a entrar já em vigor em 2006/2007 actualmente (em entrevista ao Jornal Público de 18/05/2006) pensa-se que o processo está com um atraso de, pelo menos, 2 anos. Não existe ainda uma Lei Orgânica que estabeleça os financiamentos para esta nova disciplina. No Brasil a Educação Sexual está muito ligada à epidemia da SIDA, que tem afectado de forma crescente o país. Como se pode ler na tese de mestrado de Nailda Marinho da Costa Bonato EDUCAÇÃO [SEXUAL] E SEXUALIDADE: O VELADO E O APARENTE, de 1996:
'''Educação sexual''' é o [[ensino]] sobre a [[anatomia]], a [[psicologia]] e [[Comportamento sexual humano|aspectos comportamentais]] relacionados à [[reprodução]] [[Homo sapiens|humana]]. Costuma ter, como principal [[público alvo]], os [[Adolescência|adolescentes]], visando à construção de uma vida sexual [[Saúde sexual|saudável]] e a prevenir problemas como a [[gravidez indesejada]], as [[infecções sexualmente transmissíveis]] e o [[abuso sexual]].<ref>''Brasil Escola''. Disponível em http://www.brasilescola.com/sexualidade/educacao-sexual.htm. Acesso em 20 de novembro de 2015.</ref><ref>''BBC Brasil''. Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/03/150318_educacao_sexual_mdb. Acesso em 20 de novembro de 2015.</ref> "A discussão acerca da sexualidade no contexto da educação envolve a prática de projetos abrangentes que visam oferecer espaços para reflexões emancipatórias relacionadas aos fenômenos afetivos e sexuais. Do caráter informativo até a problematização da sexualidade e do gênero, a educação sexual é disciplina em evidência na contemporaneidade por sua necessidade [[histórica]], [[política]], [[social]] e [[Humanidades|humana]]".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Zerbinati|primeiro=João Paulo|ultimo2=Bruns|primeiro2=Maria Alves de Toledo|data=2017-05-11|titulo=Sexualidade e educação: revisão sistemática da Literatura Científica Nacional|jornal=Travessias|volume=11|numero=1|paginas=76–92|issn=1982-5935|url=http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/16602|idioma=pt}}</ref>
 
Em relação à discussão sobre [[gêneros]] e [[sexualidades]] no espaço educativo, percebe-se a resistência de grupos e instituições enviesados por percepções individuais e pessoais ainda que estudos e pesquisas evidenciam que a ação é relevante para a sociedade. Autores argumentam que o espaço educativo é sim um ambiente apropriado para tais debates e defendem que eles sejam oportunizados no perspectivado respeito e da inclusão das políticas educacionais.<ref>{{Citar periódico |url=https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/45278 |título=Gêneros e sexualidades: um olhar a partir de planos municipais de educação |data=2022-12-12 |acessodata=2023-01-09 |periódico=Linhas Crí­ticas |ultimo=Gomes |primeiro=Joanderson de Oliveira |ultimo2=Miranda |primeiro2=Joseval dos Reis |paginas=e45278–e45278 |lingua=pt |doi=10.26512/lc28202245278 |issn=1981-0431}}</ref>
 
A importância da educação sexual precisa ser debatida e respeitada, pois o preconceito, bullying e as infecções sexualmente transmissíveis diz respeito ao Estado. A sexualidade está permeada de preceitos éticos e morais que regem as nossas condutas, alguns nos dizem o que não devemos fazer e outros o que devemos, como por exemplo o cuidado com o próprio corpo e o do seu parceiro, cuidado com o prazer, da igualdade de condições a homem e mulher, a responsabilidade perante um possível filho. A educação sexual ajuda a uma pessoa a identificar um abuso, a uma criança entender onde não pode deixar alguém a tocar e se ocorrer aquilo não é carinho, ensinar também a adolescentes e jovens que estão iniciando a vida sexual como usar um preservativo e que é importante usá-lo nas suas relações, ensinar que a gravidez é o mínimo problema se for comparado a uma IST, que durante a primeira relação nem toda mulher irá sangrar e se sangrar não é em muita quantidade, e que não é normal sentir dor e ter muito sangramento.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/er/a/LwmhPjksPdYrwjkM4NdRXCw/ |título=Educação Sexual: ética, liberdade e autonomia |data=2009 |acessodata=2024-04-29 |periódico=Educar em Revista |ultimo=Altmann |primeiro=Helena |ultimo2=Martins |primeiro2=Carlos José |paginas=63–80 |lingua=pt |doi=10.1590/S0104-40602009000300006 |issn=0104-4060}}</ref>
"Ainda em 1991, em nível estadual, a lei nº 1.892, de 20 de novembro de 1991, dispõe sobre a inclusão, no programa da disciplina Ciências Físicas e Biológicas, de informações e orientações científicas sobre a Síndrome de Insuficiência Imunológica Adquirida-AIDS (sic), nas Escolas de 1º e 2º graus situadas no Estado do Rio de Janeiro. Em seu artigo 1º, inciso 1º, estabelece que constarão obrigatoriamente as informações do programa de "Ciências" da 8ª série do 1º grau, da 1ª série do 2º grau, e no inciso 2º - Serão veiculadas as citadas informações e orientações através de palestras e conferências mensais proferidas por professores de Ciências ou médicos especialistas na matéria. E em seu artigo 2º - Caberão às Secretarias de Estado de Educação e de Saúde, em conjunto ou isoladamente, a divulgação das palestras e conferências através de cartazes ilustrativos em todas as escolas localizadas no território do Estado do Rio de Janeiro. (92)"
Ora é precisamente a partir desta altura que as diferenças entre o Brasil e todos os outros países dos PALOP se começa a acentuar. Actualmente, apesar de o Brasil ser um país com um PIB per capita bastante inferior ao português apresenta taxas de progressão da SIDA e melhorias em termos de gravidezes adolescentes que estão acima dos resultados no país aderente à União Europeia. Portugal apresenta mesmo alguns lugares despristigiantes dentro da União Europeia em termos de sexualidade:
 
==Histórico==
As discussões sobre a inclusão de temáticas relativas à [[sexualidade humana]] no [[currículo]] das [[escola]]s de [[ensino fundamental]] e [[Ensino médio|médio]] vêm se intensificando desde a [[década de 1970]]. Acredita-se que isso se deu provavelmente em função das [[Revolução sexual|mudanças comportamentais dos jovens dos anos 1960]], mas principalmente pelas cobranças por parte dos [[Feminismo|movimentos feministas]] e de grupos que pregavam o [[Contracepção|controle da natalidade]]. Com diferentes enfoques, há registros de discussões e de trabalhos em escolas desde a [[década de 1920]]. De acordo com Figueiró (1998) as primeiras tentativas de incluir a Educação Sexual nas escolas começaram nas décadas de 1920 e 1930, com o apoio de médicos e educadores que a defendiam.
 
Especificamente no caso do [[Brasil]], a retomada contemporânea dessa questão deu-se juntamente com os [[Movimento social|movimentos sociais]] que propunham, com a [[abertura política]] ([[1974]]-[[1988]]), repensar, de forma crítica, o papel da escola e dos conteúdos por ela trabalhados. Mesmo assim, as ações práticas, tanto na [[escola pública|rede pública]] como na rede privada de ensino, não foram muitas.
País da União Europeia com a idade média mais baixa de inacção sexual feminina (57 anos)
País da União Europeia com a mais elevada taxa de prevalência de disfunções sexuais feminas (57%, segundo um estudo recentemente apresentado no Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica.
País da União Europeia com o maior crescimento na percentagem de novas infecções pelo HIV entre heterosesxuais.
País da União Europeia com menor gasto público em Educação Sexual per capita.
Um dos dois únicos países da União Europeia em que a mulher tem de levar por lei a gravidez até ao seu termo salvo violação ou mal-formação grave do feto.
País da União Europeia com o maior índice de maus tratos sexuais infligidos ás mulheres dentro de relação reconhecida legalmente (segundo relatório da Amnistia Internacional).
Um dos 3 países da União Europeia em que a mulher, depois de dar o consentimento para o acto sexual, não está protegida legalmente caso o queira interromper e seja obrigada a mantê-lo pelo parceiro.
Juntamente com Espanha, e ainda segundo o último relatório da Amnistia Internacional, Portugal é o país da União Europeia com o maior índice de violações de mulheres.
 
A partir de meados dos [[Década de 1980|anos 1980]], a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou em virtude da preocupação dos educadores e de toda a população com o grande crescimento da incidência de [[Gravidez na adolescência|gravidez indesejada entre as adolescentes]] e principalmente com o risco crescente da [[infecção]] pelo [[vírus da imunodeficiência humana]] entre os jovens.<ref name=":0">Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual. p.111</ref> Acreditava-se, a princípio, que as famílias apresentavam receio quanto à essa abordagem no âmbito escolar, mas atualmente é reconhecido a importância dessas questões para as crianças e jovens dentro da escola, como também facilita a abertura sobre esse assunto em casa.<ref name=":0" />
No entanto não são conhecidas medidas concretas das Autoridades para propiciarem informação aos cidadãos portugueses tendo em vista formação nesta área, notoriamente deficitária em Portugal em relação à Europa.
 
== Abordagem pedagógica ==
Possui as seguintes características:
 
* Volta-se mais diretamente para o processo "ensino [[Aprendizagem|aprendiz]]" de sexualidade;
* Valoriza o aspecto informativo desse processo, podendo também dar ênfase ao aspecto formativo, onde se propicie a discussão de [[Valor (ética)|valores]], atitudes e [[preconceito]]s; pode, ainda, considerar a importância da discussão de [[dúvida]]s, [[sentimento]]s e [[emoções]];
* Direciona mais acentuadamente a reformulação de valores, atitudes e preconceitos, bem como todo o "processo de libertação", para o nível individual;<ref name="Figueiró">FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação sexual: retomando uma proposta, um desafio. 2. ed. Londrina: UEL, 2001. 183 pag.</ref>
* Formar profissionais que respeitem a diversidade humana, e nesse quesito se inclui a diversidade sexual dentro das particularidades de cada um.<ref>{{Citar periódico |url=https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/19655 |titulo=Escola e diversidade sexual: Narrativa sobre identidade de gênero |data=2017 |acessodata=2022-08-26 |jornal=Linhas Crí­ticas |número=52 |ultimo=Júnior |primeiro=José Miranda Oliveira |ultimo2=Moreira |primeiro2=Nubia Regina |lingua=pt |doi=10.26512/lc.v23i52.19655 |issn=1981-0431 |ultimo3=Crusoé |primeiro3=Nilma Margarida de Castro}}</ref>
 
== Abordagens religiosas ==
A abordagem religiosa tradicional possui as seguintes características:
 
* liga a vivência da [[sexualidade]] ao [[amor de Deus]] e à [[Redenção|submissão]] às [[Religião|normas religiosas]] oficiais;
* tem, como metas básicas, a preservação dos valores morais cristãos e o desenvolvimento da vida espiritual;
* vincula o sexo ao [[amor]] pelo [[Parceiro sexual|parceiro]], ao [[casamento]] e à [[procriação]];
* encara o casamento e a [[virgindade]]/[[castidade]] como os dois únicos modos de viver a [[Aliança (Bíblia)|aliança com Deus]];
* valoriza a informação de conteúdos específicos da sexualidade (encarando-a, porém, como uma meta secundária);
* pode estar comprometido com uma [[educação]] para o [[pudor]].<ref name="Figueiró" />
 
A preocupação da abordagem religiosa é a formação [[Cristianismo|cristã]] dos indivíduos, sendo que os [[Catolicismo|católicos]] seguem as orientações oficiais da [[Igreja Católica]] e os [[Protestantismo|protestante]]s, cada [[Denominação cristã|denominação]] a seu modo, a [[Literalismo bíblico|interpretação literal]] da [[Bíblia]].
 
A abordagem religiosa [[Teologia da libertação|liberadora]] apresenta as seguintes características:
 
* liga a vivência da sexualidade ao amor a Deus e ao próximo;
* tem, como metas básicas, a conservação dos princípios cristãos fundamentais, o desenvolvimento da vida espiritual e a consciencialização do cristão para a participação na transformação [[Sociedade|social]];
* valoriza a informação de conteúdos, num contexto de debate, para, através da discussão da sexualidade, levar à tomada de consciência da [[cidadania]];
* vê, de maneira crítica, as normas oficiais da Igreja sobre a sexualidade e procura levar o cristão a ser sujeito de sua sexualidade, com liberdade, consciência e responsabilidade;
* vê a educação sexual como um ato [[Política|político]], ou seja, como uma atitude de engajamento com a transformação social [...]<ref name="Figueiró" />
 
== Abordagem política ==
Possui as seguintes características:
 
* orienta para o resgate do [[Género (sociedade)|género]], do [[Erotismo|erótico]] e do [[prazer]] na vida das pessoas;
* ajuda a compreender (ou alerta para a importância de se compreender) como as normas sexuais foram construídas socialmente;
* considera importante o fornecimento de informações e a autorrepressão;
* propicia questionamentos [[Filosofia|filosóficos]] e [[Ideologia|ideológicos]] (ou mostra a importância desses questionamentos);
* encara a questão sexual com uma questão ligada diretamente ao contexto social, influenciando e sendo influenciada por este;
* dá ênfase à participação em lutas coletivas para transformações sociais;
* considera importantes as mudanças de valores, atitudes e preconceitos sexuais do indivíduo para o alcance de sua libertação e realização sexual. Porém, isto é encarado como um meio para se chegar a novos valores sexuais, que possibilitem a vivência de uma sexualidade com [[liberdade]] e [[responsabilidade]], em nível não apenas do indivíduo, mas da [[sociedade]] como um todo.<ref name="Figueiró" />
* a questão do gênero é abordada buscando dialogar sobre as lutas das mulheres e sua história.<ref>NASCIMENTO, Arthur Jonatha Souza do. História, Gênero e Sexualidade: Algumas reflexões para uma Educação Sexual Multidisciplinar. Simpósio Online de História e Historiografia. Mata Sul: FAMASUL, 2017. </ref>
 
== Ver também ==
{{Commons|Category:Sex education}}
* [[Sexo]]
* [[Sexualidade infantil]]
 
{{Referências|refs=ALTMANN, H.; MARTINS, C. J. Educação Sexual: ética, liberdade e autonomia. Educar, Curitiba, n. 35, p. 63-80, 2009. Editora UFPR.}}
{{educação-rodapé}}
{{Portal3|Educação|Sexualidade|Saúde|Biologia|Sociedade}}
 
[[Categoria:Educação sexual| ]]