Educação sexual: diferenças entre revisões

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[[File:Human reproductive system charts used by Lao students.jpg|thumb|[[Cartaz]]es sobre o [[aparelho reprodutor]] humano numa feira em [[Luang Prabang]], no [[Laos]]]]
'''Educação sexual''' é o ensino sobre a [[anatomia]] e [[psicologia]] da [[reprodução]] [[humana]] e demais aspectos do [[comportamento]] que se relacionam ao [[sexo]].
'''Educação sexual''' é o [[ensino]] sobre a [[anatomia]], a [[psicologia]] e [[Comportamento sexual humano|aspectos comportamentais]] relacionados à [[reprodução]] [[Homo sapiens|humana]]. Costuma ter, como principal [[público alvo]], os [[Adolescência|adolescentes]], visando à construção de uma vida sexual [[Saúde sexual|saudável]] e a prevenir problemas como a [[gravidez indesejada]], as [[infecções sexualmente transmissíveis]] e o [[abuso sexual]].<ref>''Brasil Escola''. Disponível em http://www.brasilescola.com/sexualidade/educacao-sexual.htm. Acesso em 20 de novembro de 2015.</ref><ref>''BBC Brasil''. Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/03/150318_educacao_sexual_mdb. Acesso em 20 de novembro de 2015.</ref> "A discussão acerca da sexualidade no contexto da educação envolve a prática de projetos abrangentes que visam oferecer espaços para reflexões emancipatórias relacionadas aos fenômenos afetivos e sexuais. Do caráter informativo até a problematização da sexualidade e do gênero, a educação sexual é disciplina em evidência na contemporaneidade por sua necessidade [[histórica]], [[política]], [[social]] e [[Humanidades|humana]]".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Zerbinati|primeiro=João Paulo|ultimo2=Bruns|primeiro2=Maria Alves de Toledo|data=2017-05-11|titulo=Sexualidade e educação: revisão sistemática da Literatura Científica Nacional|jornal=Travessias|volume=11|numero=1|paginas=76–92|issn=1982-5935|url=http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/16602|idioma=pt}}</ref>
É imprescindível uma Educação Sexual livre de preconceitos, mitos e tabus. Porém, apesar do inquestionável avanço nas idéias, ainda há alguns conceitos extremamente retrógrados, além de terem sido criados outros extremamente consumistas, os quais associam a realização de homens e mulheres exclusivamente à aquisição de bens de consumo. Seu principal objetivo é não apenas a informação, mas também a formação integral do educando, capaz de transformar os valores sociais e culturais ligados à sexualidade de forma construtiva.
Graças, principalmente, a maior liberdade política que o Brasil começou a vivenciar a partir da década de 80 a dimensão que a sexualidade tomou no cotidiano cresceu muito em relação a alguns anos. A Educação Sexual vem passando por discussões entre os educadores e estudiosos do tema, resultando em uma crescente publicação na área. Houve, e ainda há, questionamentos em relação aos tabus e a alguns preconceitos presentes na sociedade. Formularam-se novos conceitos, houve descobertas importantes na área da Medicina, Psicologia, Pedagogia, Sociologia entre outras, e ainda não podemos ignorar a ênfase que o tema vem ganhando na mídia.
Mas o consenso sobre a temática da Educação Sexual, ao contrário do que se possa imaginar, não é tarefa simples. Dependendo da área de conhecimento em que a pesquisa ou o texto for produzido, eles terão características específicas da área. Figueiró (2001) percebeu que “posturas variadas estavam sendo adotadas pelos autores, quanto à maneira de encarar a Educação Sexual, o que refletia diferentes concepções filosóficas, pedagógicas e metodológicas” (p. xv). Nessa obra, a autora classificou as publicações brasileiras na área da Educação Sexual e, entre outras conclusões, constatou que 51,52% das publicações foram produzidas dentro da Abordagem Pedagógica, 36,36% da Abordagem Política, e que as abordagens Médica e Religiosa contribuíram, juntas, com apenas 6,06%.
 
Em relação à discussão sobre [[gêneros]] e [[sexualidades]] no espaço educativo, percebe-se a resistência de grupos e instituições enviesados por percepções individuais e pessoais ainda que estudos e pesquisas evidenciam que a ação é relevante para a sociedade. Autores argumentam que o espaço educativo é sim um ambiente apropriado para tais debates e defendem que eles sejam oportunizados no perspectivado respeito e da inclusão das políticas educacionais.<ref>{{Citar periódico |url=https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/45278 |título=Gêneros e sexualidades: um olhar a partir de planos municipais de educação |data=2022-12-12 |acessodata=2023-01-09 |periódico=Linhas Crí­ticas |ultimo=Gomes |primeiro=Joanderson de Oliveira |ultimo2=Miranda |primeiro2=Joseval dos Reis |paginas=e45278–e45278 |lingua=pt |doi=10.26512/lc28202245278 |issn=1981-0431}}</ref>
'''''== Abordagem Pedagógica ==
 
A importância da educação sexual precisa ser debatida e respeitada, pois o preconceito, bullying e as infecções sexualmente transmissíveis diz respeito ao Estado. A sexualidade está permeada de preceitos éticos e morais que regem as nossas condutas, alguns nos dizem o que não devemos fazer e outros o que devemos, como por exemplo o cuidado com o próprio corpo e o do seu parceiro, cuidado com o prazer, da igualdade de condições a homem e mulher, a responsabilidade perante um possível filho. A educação sexual ajuda a uma pessoa a identificar um abuso, a uma criança entender onde não pode deixar alguém a tocar e se ocorrer aquilo não é carinho, ensinar também a adolescentes e jovens que estão iniciando a vida sexual como usar um preservativo e que é importante usá-lo nas suas relações, ensinar que a gravidez é o mínimo problema se for comparado a uma IST, que durante a primeira relação nem toda mulher irá sangrar e se sangrar não é em muita quantidade, e que não é normal sentir dor e ter muito sangramento.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.scielo.br/j/er/a/LwmhPjksPdYrwjkM4NdRXCw/ |título=Educação Sexual: ética, liberdade e autonomia |data=2009 |acessodata=2024-04-29 |periódico=Educar em Revista |ultimo=Altmann |primeiro=Helena |ultimo2=Martins |primeiro2=Carlos José |paginas=63–80 |lingua=pt |doi=10.1590/S0104-40602009000300006 |issn=0104-4060}}</ref>
Possui as seguintes características:
 
==Histórico==
* Volta-se mais diretamente para o processo ensino-aprendizagem de conteúdos relacionados com a [[sexualidade]];
As discussões sobre a inclusão de temáticas relativas à [[sexualidade humana]] no [[currículo]] das [[escola]]s de [[ensino fundamental]] e [[Ensino médio|médio]] vêm se intensificando desde a [[década de 1970]]. Acredita-se que isso se deu provavelmente em função das [[Revolução sexual|mudanças comportamentais dos jovens dos anos 1960]], mas principalmente pelas cobranças por parte dos [[Feminismo|movimentos feministas]] e de grupos que pregavam o [[Contracepção|controle da natalidade]]. Com diferentes enfoques, há registros de discussões e de trabalhos em escolas desde a [[década de 1920]]. De acordo com Figueiró (1998) as primeiras tentativas de incluir a Educação Sexual nas escolas começaram nas décadas de 1920 e 1930, com o apoio de médicos e educadores que a defendiam.
* Valoriza o aspecto informativo desse processo, podendo também dar ênfase ao aspecto formativo, onde se propicie a discussão de valores, atitudes e preconceitos; pode ainda considerar a importância da discussão de dúvidas, sentimentos e emoções;
* Direcciona mais acentuadamente a reformulação de valores, atitudes e [[preconceitos]], bem como todo o ‘processo de libertação’, para o nível individual (FIGUEIRÓ, 2001, p. 90, grifo da autora).'''''
 
Especificamente no caso do [[Brasil]], a retomada contemporânea dessa questão deu-se juntamente com os [[Movimento social|movimentos sociais]] que propunham, com a [[abertura política]] ([[1974]]-[[1988]]), repensar, de forma crítica, o papel da escola e dos conteúdos por ela trabalhados. Mesmo assim, as ações práticas, tanto na [[escola pública|rede pública]] como na rede privada de ensino, não foram muitas.
== Abordagem Religiosa Tradicional ==
 
A partir de meados dos [[Década de 1980|anos 1980]], a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou em virtude da preocupação dos educadores e de toda a população com o grande crescimento da incidência de [[Gravidez na adolescência|gravidez indesejada entre as adolescentes]] e principalmente com o risco crescente da [[infecção]] pelo [[vírus da imunodeficiência humana]] entre os jovens.<ref name=":0">Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual. p.111</ref> Acreditava-se, a princípio, que as famílias apresentavam receio quanto à essa abordagem no âmbito escolar, mas atualmente é reconhecido a importância dessas questões para as crianças e jovens dentro da escola, como também facilita a abertura sobre esse assunto em casa.<ref name=":0" />
 
'''''== Abordagem Pedagógicapedagógica ==
Possui as seguintes características:
 
* Volta-se mais diretamente para o processo "ensino [[Aprendizagem|aprendiz]]" de sexualidade;
* liga a vivência da sexualidade ao amor de Deus e à submissão às normas religiosas oficiais;
* Valoriza o aspecto informativo desse processo, podendo também dar ênfase ao aspecto formativo, onde se propicie a discussão de [[Valor (ética)|valores]], atitudes e preconceitos[[preconceito]]s; pode, ainda, considerar a importância da discussão de dúvidas[[dúvida]]s, sentimentos[[sentimento]]s e [[emoções]];
* tem como metas básicas a preservação dos valores morais cristãos e o desenvolvimento da vida espiritual;
* DireccionaDireciona mais acentuadamente a reformulação de valores, atitudes e [[preconceitos]], bem como todo o ‘processo"processo de libertação’libertação", para o nível individual;<ref (name="Figueiró">FIGUEIRÓ, 2001Mary Neide Damico. Educação sexual: retomando uma proposta, pum desafio. 902. ed. Londrina: UEL, grifo2001. da183 autora)pag.'''''</ref>
* vincula sexo ao amor pelo parceiro, ao casamento e à procriação;
* Formar profissionais que respeitem a diversidade humana, e nesse quesito se inclui a diversidade sexual dentro das particularidades de cada um.<ref>{{Citar periódico |url=https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/19655 |titulo=Escola e diversidade sexual: Narrativa sobre identidade de gênero |data=2017 |acessodata=2022-08-26 |jornal=Linhas Crí­ticas |número=52 |ultimo=Júnior |primeiro=José Miranda Oliveira |ultimo2=Moreira |primeiro2=Nubia Regina |lingua=pt |doi=10.26512/lc.v23i52.19655 |issn=1981-0431 |ultimo3=Crusoé |primeiro3=Nilma Margarida de Castro}}</ref>
* encara o matrimônio e a virgindade/castidade como os dois únicos modos de viver a aliança com Deus;
 
== Abordagens religiosas ==
PossuiA abordagem religiosa tradicional possui as seguintes características:
 
* liga a vivência da [[sexualidade]] ao [[amor de Deus]] e à [[Redenção|submissão]] às [[Religião|normas religiosas]] oficiais;
* tem, como metas básicas, a preservação dos valores morais cristãos e o desenvolvimento da vida espiritual;
* vincula o sexo ao [[amor]] pelo [[Parceiro sexual|parceiro]], ao [[casamento]] e à [[procriação]];
* encara o matrimôniocasamento e a [[virgindade]]/[[castidade]] como os dois únicos modos de viver a [[Aliança (Bíblia)|aliança com Deus]];
* valoriza a informação de conteúdos específicos da sexualidade (encarando-a, porém, como uma meta secundária);
* pode estar comprometido com uma [[educação]] para o [[pudor; (FIGUEIRÓ, 2001, p]].<ref 23,name="Figueiró" grifo da autora)./>
 
A preocupação da Abordagemabordagem Religiosareligiosa é a formação [[Cristianismo|cristã]] dos indivíduos, sendo que os [[Catolicismo|católicos]] seguem as orientações oficiais da [[Igreja Católica]] e os protestantes[[Protestantismo|protestante]]s, (cada [[Denominação cristã|denominação]] a seu modo), a [[Literalismo bíblico|interpretação literal]] da [[Bíblia]].
 
A abordagem religiosa [[Teologia da libertação|liberadora]] apresenta as seguintes características:
== Abordagem Religiosa Liberadora ==
 
Apresenta as seguintes características:
 
* liga a vivência da sexualidade ao amor a Deus e ao próximo;
* tem, como metas básicas, a conservação dos princípios cristãos fundamentais, o desenvolvimento da vida espiritual e a conscientizaçãoconsciencialização do cristão para a participação na transformação [[Sociedade|social]];
* valoriza a informação de conteúdos, num contexto de debate, para, através da discussão da sexualidade, levar aà tomada de consciência da [[cidadania]];
* vê, de maneira crítica, as normas oficiais da Igreja sobre a sexualidade e procura levar o cristão a ser sujeito de sua sexualidade, com liberdade, consciência e responsabilidade;
* vê a Educaçãoeducação Sexualsexual como um ato [[Política|político]], ou seja, como uma atitude de engajamento com a transformação social [...].<ref (FIGUEIRÓ,name="Figueiró" 2001, p. 23 - 24)./>
 
== Abordagem Política ==
 
== Abordagem Religiosa Tradicionalpolítica ==
Possui as seguintes características:
 
* orienta para o resgate do gênero[[Género (sociedade)|género]], do [[Erotismo|erótico]] e do [[prazer]] na vida das pessoas;
* ajuda a compreender (ou alerta para a importância de se compreender) como as normas sexuais foram construídas socialmente;
* considera importante o fornecimento dasde informações e auto-repressãoa autorrepressão;
* propicia questionamentos [[Filosofia|filosóficos]] e [[Ideologia|ideológicos]] (ou mostra a importância desses questionamentos);
* encara a questão sexual com uma questão ligada diretamente ao contexto social, influenciando e sendo influenciada por este;
* da ênfase à participação em lutas coletivas para transformações sociais;
* considera importantes as mudanças de valores, atitudes e preconceitos sexuais do indivíduo para o alcance de sua libertação e realização sexual. Porém, isto é encarado como um meio para se chegar a novos valores sexuais, que possibilitem a vivência de uma sexualidade com [[liberdade]] e [[responsabilidade]], em nível não apenas do indivíduo, mas da [[sociedade]] como um todo (FIGUEIRÓ, 2001, p.<ref 108,name="Figueiró" grifo da autora)./>
* a questão do gênero é abordada buscando dialogar sobre as lutas das mulheres e sua história.<ref>NASCIMENTO, Arthur Jonatha Souza do. História, Gênero e Sexualidade: Algumas reflexões para uma Educação Sexual Multidisciplinar. Simpósio Online de História e Historiografia. Mata Sul: FAMASUL, 2017. </ref>
 
== ReferênciasVer também ==
{{Commons|Category:Sex education}}
 
* FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação sexual: retomando uma proposta, um desafio. 2. ed. Londrina: UEL, 2001. 183 p.
 
==Ver também==
* [[Sexo]]
* [[Sexualidade infantil]]
* [[Doença sexualmente transmissível]]
* [[Anticoncepção]]
* [[Anticoncepcional]]
 
{{Referências|refs=ALTMANN, H.; MARTINS, C. J. Educação Sexual: ética, liberdade e autonomia. Educar, Curitiba, n. 35, p. 63-80, 2009. Editora UFPR.}}
{{educação-rodapé}}
{{Portal3|Educação|Sexualidade|Saúde|Biologia|Sociedade}}
 
[[Categoria:SexoEducação sexual| ]]
[[Categoria:Educação]]
 
[[cs:Sexuální výchova]]
[[da:Seksualoplysning]]
[[de:Sexuelle Aufklärung]]
[[es:Educación Sexual]]
[[fr:Éducation sexuelle]]
[[he:חינוך מיני]]
[[ja:性教育]]
[[nl:Seksuele voorlichting]]
[[zh:性教育]]